Filosofia Moderna III
Lista de 10 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema Filosofia Moderna III com questões do Enem.
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1. (Enem PPL 2013) O contrário de um fato qualquer é sempre possível, pois, além de jamais implicar uma contradição, o espírito o concebe com a mesma facilidade e distinção como se ele estivesse em completo acordo com a realidade. Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais contradição do que a afirmação de que ele nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e o espírito nunca poderia concebê-la distintamente, assim como não pode conceber que 1 + 1 seja diferente de 2.
(HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 - adaptado)
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais eventos, Hume considera que os fenômenos
- acontecem de forma inquestionável, ao serem apreensíveis pela razão humana.
- ocorrem de maneira necessária, permitindo um saber próximo ao de estilo matemático.
- propiciam segurança ao observador, por se basearem em dados que os tornam incontestáveis.
- devem ter seus resultados previstos por duas modalidades de provas, com conclusões idênticas.
- exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do conhecimento baseado em cálculo abstrato.
Resposta: E
Resolução: Segundo filósofo empirista David Hume, não podemos provar que o sol nascerá amanhã. O conhecimento que temos sobre os fatos do mundo, isto é, sobre os fenômenos, é diferente daquele que se baseia em cálculos abstratos. Enquanto este último é necessário, como 2 + 2 = 4, o primeiro é contingente na medida em que não há garantia, segundo Hume, de que as fenômenos irão se comportar da mesma forma como geralmente se comportam. Fonte: Descomplica
2. (ENEM 2013) Leia os textos abaixo:
TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.
(DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado))
TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
(SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado))
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se:
- retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
- questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
- investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
- buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
- encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
Resposta: B
Resolução:
3. (Enem PPL 2013) Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principa dos dos jamais vistos ou conhecidos como tendo realmente existido.
(MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013)
A partir do texto, é possível perceber a crítica maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há nesta a:
- elaboração de um ordenamento político com fundamento na bondade infinita de Deus.
- explicitação dos acontecimentos políticos do período clássico de forma imparcial.
- utilização da oratória política como meio de convencer os oponentes na ágora.
- investigação das constituições políticas de Atenas pelo método indutivo.
- idealização de um mundo político perfeito existente no mundo das ideias.
Resposta: E
Resolução:
4. (Enem 2012) TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979)
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
(HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 - adaptado)
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume:
- defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
- entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
- são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
- concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
- atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
Resposta: E
Resolução: Os autores possuem opiniões divergentes no que tange à natureza do conhecimento humano. Para Descartes os sentidos não são confiáveis e a formação do conhecimento humano só pode ser baseado na razão, já para o filósofo, historiador e ensaísta escocês David Hume (1711-1776) eram os sentidos que determinavam o conhecimento e as “impressões” eram mais fortes que os pensamentos e ideias. Globo Educação
5. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 - adaptado)
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao:
- valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
- rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
- afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
- romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
- redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão
Resposta: C
Resolução:
6. (ENEM 2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito
- ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
- ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
- à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
- ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências.
- ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.
Resposta: B
Resolução:
07. (ENEM 2012) Um Estado é uma multidão de seres humanos submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder executivo na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do juiz.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: EDIPRO, 2003.
De acordo com o texto, em um Estado de direito
- a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem o verdadeiro poder.
- a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação da vontade geral.
- o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.
- o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações.
- o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano.
Resposta: B
Resolução: O Estado de Direito caracteriza-se pela obediência de todos aos ditames legais, a qual corresponde a representação da vontade geral, sendo correta a Alternativa B.
O Estado é constituído por 3 Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), os quais são independentes e harmônicos entre si.
Não há que se falar em hierarquia, supremacia ou soberania entre os Poderes, estando incorretas as alternativas A, C e D, as quais denotam um soberania/supremacia de um Poder sobre o outro.
O Poder Legislativo possui como função principal a produção de leis, a qual corresponde a representação da vontade geral, uma vez que os legisladores são representantes do povo. Com isso, correta a Alternativa B.
08. (Enem 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Martin Claret, 09)
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexões sobre a monarquia e a função governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na:
- inércia do julgamento de crimes polêmicos.
- bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
- compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
- neutralidade diante da condenação dos servos.
- conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
Resposta: E
Resolução:
09. (Enem 2002) Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as guerras das sociedades Tupinambá com as chamadas “guerras de religião” dos franceses que, na segunda metade do século XVI, opunham católicos e protestantes
“(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. ( ...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos.
Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-Io a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer um homem previamente executado. (...) Podemos portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne,
- a idéia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem única do gênero humano e da sua religião.
- a diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar as diferentes sociedades.
- os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a virtude cristã da piedade.
- a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência de uma cultura civilizada e racional.
- a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos europeus, o que explica que os seus costumes são similares.
Resposta: B
Resolução:
10. (Enem 2001) I. Para o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de natureza é um estado de guerra universal e perpétua. Contraposto ao estado de natureza, entendido como estado de guerra, o estado de paz é a sociedade civilizada.
Dentre outras tendências que dialogam com as ideias de Hobbes, destaca-se a definida abaixo.
II. Nem todas as guerras são injustas e, correlativamente, nem toda paz é justa, razão pela qual a guerra nem sempre é um desvalor, e a paz nem sempre um valor.
BOBBIO, N. MATTEUCCI, N. e PASQUINO, G. Dicionário de Política. 5ed. Brasília: Universidade de Brasília. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000 .
Comparando as ideias de Hobbes (texto I) com a tendência citada no texto II, pode-se afirmar que:
- em ambos, a guerra é entendida como inevitável e injusta.
- para Hobbes, a paz é inerente à civilização e, segundo o texto II, ela não é um valor absoluto.
- de acordo com Hobbes, a guerra é um valor absoluto e, segundo o texto II, a paz é sempre melhor que a guerra.
- em ambos, a guerra ou a paz são boas quando o fim é justo.
- para Hobbes, a paz liga-se à natureza e, de acordo com o texto II, à civilização.
Resposta: B
Resolução: