René Descartes
Lista de 15 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema René Descartes com questões de Vestibulares.
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01. (UNESP) Texto
Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou-se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir.
(Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, no 2, vol. 16, 2019.)
Texto
As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após os índices de cobertura vacinal caírem em 2017.
(Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.)
Os textos tratam de uma prática que é contrária ao princípio da fundamentação racional sustentado por Descartes, que propôs a
- busca por um conhecimento seguro proveniente do ato de duvidar.
- construção da compreensão a partir da lógica dialética.
- eliminação da subjetividade na produção do conhecimento.
- fundamentação das certezas a partir da experiência sensível.
- percepção da realidade por meio da associação entre fé e razão.
02. (UFPR) Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.
(DESCARTES. Discurso do método. Col. Os Pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46.)
O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes da filosofia de Descartes, um filósofo considerado por muitos intérpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de racionalismo, é correto afirmar:
- O racionalismo tem como garantia de verdade a experiência.
- Descartes é um filósofo empirista, visto que faz experiências de pensamento.
- Descartes inaugura um tipo de busca pela verdade que se ampara no exercício.
- A expressão “penso, logo existo” é uma das suposições dos céticos sobre o conhecimento.
- Descartes não buscava um princípio seguro, pois duvidava de todas as coisas.
03. (Enem 2021) A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica: o tronco, a física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
DESCARTES. R Principios da Alosofis Luboa Edições TO. 1997 (adaptado)
Essa construção alegórica de Descartes, acerca da condição epistemológica da filosofia, tem como objetivo
- sustentar a unidade essencial do conhecimento.
- refutar o elemento fundamental das crenças.
- impulsionar o pensamento especulativo.
- recepcionar o método experimental.
- incentivar a suspensão dos juízos.
04. (UNESP) De um lado, dizem os materialistas, a mente é um processo material ou físico, um produto do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas, a mente é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia de que tudo é composto de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos, Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma sobrevive à morte do corpo.
(Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”. www.archivespsy.com, 2015.)
A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-se que
- a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro teve origem no método científico.
- a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes como separação entre pensamento e extensão.
- o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses empiristas análogas às do materialismo.
- os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica, favorecendo hipóteses de natureza espiritualista.
- o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para resolver um debate originalmente filosófico.
05. (UFU) René Descartes (1596–1650) pode ser considerado o pai da filosofia moderna, pois, em vários aspectos, permitiu uma visão crítica da filosofia medieval, especialmente no que se referia à possibilidade do conhecimento da natureza. Seu livro O discurso do método é um marco para esse ponto de virada filosófica e coloca, em destaque, a importância da dúvida metódica para a investigação científica.
Nesse sentido, essa dúvida cartesiana implicava
- exercitar o método, obter e aceitar apenas ideias claras e distintas.
- duvidar de tudo, exceto das verdades da fé cristã já estabelecidas.
- aceitar os conceitos da filosofia tomista como verdades absolutas.
- só aceitar como indubitáveis as certezas que vierem dos sentidos.
06. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.
DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
- investigação de natureza empírica.
- retomada da tradição intelectual.
- imposição de valores ortodoxos.
- autonomia do sujeito pensante.
- liberdade do agente moral.
07. (UNESP) Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio […].
(René Descartes. Meditações, 1973.)
Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes que o levou ao cogito (“penso, logo sou”) foi
- a análise das partes.
- a síntese das partes analisadas.
- o prevalecimento da alma sobre o raciocínio.
- o reconhecimento de um Deus enganador.
- a arte da persuasão grega.
08. (UFU) Na obra Discurso do método, o filósofo francês Renê Descartes descreve as quatro regras que, segundo ele, podem levar ao conhecimento de todas as coisas de que o espírito é capaz de conhecer.
Quanto a uma dessas regras, ele diz que se trata de “dividir cada dificuldade que examinasse em tantas partes quantas possíveis e necessárias para melhor resolvê-las”. Descartes.
Discurso do método,I-II, citado por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução de Marcus Penchel.
Essa regra, transcrita acima, é denominada
- regra da análise.
- regra da síntese.
- regra da evidência.
- regra da verificação.
09. (UFPR) Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que “recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 153.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso:
- confiar nas próprias opiniões.
- certificar-se de que os outros pensam como nós.
- seguir as opiniões dos mais sábios.
- partir de princípios seguros e proceder com método.
- aceitar que o conhecimento é duvidoso e incerto.
10. (UNESP) Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira que ela não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente representadas pelo entendimento, não pode acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
(René Descartes. “Vida e Obra”. Os pensadores, 2000.)
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que
- sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande influência na renovação religiosa da época.
- sua valorização da clareza e distinção do conhecimento científico baseou-se no irracionalismo.
- desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecanicismo como método de conhecimento.
- formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu.
- se tratou de um pensamento responsável pela fundamentação do método científico moderno.
11. (Enem PPL 2020) Na primeira meditação, eu exponho as razões pelas quais nós podemos duvidar de todas as coisas e, particularmente das coisas materiais, pelo menos enquanto não tivermos outros fundamentos nas ciências além dos que tivemos até o presente. Na segunda meditação, o espírito reconhece entretanto que é absolutamente impossível que ele mesmo, o espírito, não exista.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar os seus próprios pensamentos tem como objetivo
- identificar um ponto de partida para a consolidação de um conhecimento seguro.
- observar os eventos particulares para a formação de um entendimento universal.
- analisar as necessidades humanas para a construção de um saber empírico.
- estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da memória.
- investigar totalidades estruturadas para dotá-las de significação.
12. (UPE) O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens.
(DESCARTES, René. Discurso do Método, 1973, p. 37)
Na perspectiva de René Descartes,
- o conhecimento filosófico prioriza a sensação, deixando à margem o valor da razão, isto é, o que vale é ter bom senso.
- o conhecimento filosófico é natural em todos os homens, mesmo sem fazerem uso do bom senso.
- o conhecimento filosófico salienta a importância capital de bem conduzir a própria razão para a aquisição da ciência.
- o conhecimento filosófico delimita a faculdade de julgar o absoluto, desprezando o valor do conhecimento.
- o conhecimento filosófico enfatiza que a essência do homem consiste nos sentidos, uma vez que o bom senso acentua o caráter relativo e particular da razão.
13. (UECE) “[É] uma coisa bem notável que não haja homens [...] que não sejam capazes de arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-las num discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; [...] os homens que, tendo nascido surdos e mudos, são desprovidos dos órgãos que servem aos outros para falar, [...] costumam inventar eles próprios alguns sinais, pelos quais se fazem entender por quem, estando comumente com eles, disponha de lazer para aprender a sua língua.”
DESCARTES, R. Discurso do método, V.
A passagem acima informa sobre a relação entre pensamento e linguagem no racionalismo moderno.
Sobre essa relação, pode-se afirmar corretamente que
- a linguagem, quer seja sonora quer seja em sinais, tem a função de fazer o pensamento ser entendido pelos outros.
- a capacidade de produzir discursos, isto é, a linguagem, é o que permite aos homens ter pensamentos.
- o entendimento entre homens se dá através da linguagem, que, todavia, é anterior ao pensamento.
- o pensamento existe independentemente do discurso e, como ocorre entre surdos e mudos, não precisa ser entendido.
14. (UNEMAT) Há elementos para acreditar que, embora os meios que o progresso técnico e científico colocou à disposição dos homens tenha um alcance incalculável, a capacidade de servir-se de tais meios para promover os fins mais compatíveis com a dignidade e a felicidade humanas é limitada. Para Descartes, a sabedoria deveria aproximar meios e fins. Mas a experiência nos ensinou que o progresso do saber nem sempre caminha junto com o progresso da sabedoria e que os homens por vezes parecem ter dificuldades para lidar com os frutos do conhecimento: os produtos da ciência ameaçam voltar-se contra nós.
LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Descartes, a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 1993. (Adaptado)
Ao criticar o modelo de ciência desenvolvido a partir da filosofia de Descartes, o texto propõe que a ciência deve
- redefinir seus procedimentos.
- estruturar-se sobre bases mais racionais.
- lembrar que tanto seus meios quanto seus fins devem ter em vista a felicidade humana.
- reduzir o ritmo do progresso.
- contestar as relações entre fins e meios.
15. (UECE) “O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada [...] o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, [...] a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas.”
DESCARTES, René. Discurso do método, I. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1979. Coleção Os Pensadores.
Tomando-se por base o que diz Descartes na citação acima, explica-se a diversidade de opiniões em que
I. alguns são mais racionais do que os outros.
II. usamos de modos distintos nossa razão.
III. as emitimos sobre coisas diferentes.
Estão corretas as complementações contidas em
- I e III apenas.
- I e II apenas.
- I, II e III.
- II e III apenas.