Existencialismo II
Lista de 10 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema Existencialismo com questões de Vestibulares.
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O existencialismo é uma forma de investigação filosófica que explora o problema da existência humana e centra-se na experiência, vivida, do indivíduo que pensa, sente e age. Wikipédia
01. (UEA) O homem não está fechado em si mesmo mas presente sempre num universo humano, é isso que chamamos humanismo existencialista. Humanismo, porque recordamos ao homem que não há outro legislador além dele próprio, e que é no abandono que ele decidirá de si.
(Jean-Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo, 1973. Adaptado.)
O existencialismo é um humanismo foi, a princípio, uma conferência proferida por Sartre, posteriormente publicada em livro, em 1946. O filósofo resumiu, nesse livro, o conteúdo humanista da sua filosofia, sustentado pela noção que
- a existência é definida aprioristicamente, os homens nascem no interior de um universo social que determinará inflexivelmente a sua vida.
- a fraternidade entre os homens, fortalecida nas ações religiosas de que participam, é a justificativa e a razão de sua existência.
- o homem, ao nascer, recebe como herança gratuita os tesouros culturais e materiais criados pela humanidade, a qual deve ser cultuada como uma divindade.
- o sentido da vida depende da vida de cada um, depende do sentido que os homens dão a ela pelas escolhas que fazem.
- as decisões dos seres humanos ganham um significado humanista apenas quando forem guiadas pelo instinto e pelo sentimento de solidariedade.
02. (UEA) O existencialismo foi um movimento filosófico do século XX. Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty escreveram e publicaram livros sobre o existencialismo. Embora houvesse diferenças entre pensamentos e pensadores existencialistas, um princípio filosófico lhes era comum, segundo o qual
- o homem está no topo da vida animada, depois de ter passado por um longo processo de transformação e de evolução.
- o homem alcança a sabedoria quando adquire o conhecimento das leis que regem a sua existência.
- o prazer é o bem mais soberano do homem; os prazeres naturais e necessários à existência devem ser favorecidos.
- a existência precede a essência; o homem é o que ele faz de si mesmo por meio de seus atos.
- o homem existe porque pensa; ele é, desde o início de sua existência, um ser caracterizado pela racionalidade.
03. (UEMA) O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre, particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional.
Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:
- O homem primeiramente tem uma essência divinizada e depois uma existência manifestada na história de sua vida.
- O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.
- O homem primeiramente existe porque sendo consciente é um ser-em-si e para-o-outro.
- O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois, primeiramente não é nada.
- O homem primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.
04. (UFU) Leia o texto abaixo
“A doutrina que lhes estou apresentando é justamente o contrário do quietismo, visto que ela afirma: a realidade não existe a não ser na ação; aliás, vai longe ainda, acrescentando: o homem nada mais é do que o seu projeto; só existe na medida em que se realiza; não é nada além do conjunto de seus atos, nada mais que sua vida”.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, Col. Os Pensadores. p. 13.
Tomando o texto acima como referência, assinale a alternativa correta.
- A frase “a realidade não existe a não ser na ação” significa que é o homem aquele que cria toda a realidade possível e imaginável, que o homem é o ser que cria o mundo todo a partir de sua existência.
- O existencialismo sartreano é uma espécie muito particular de quietismo, porque afirma que o homem é livre a partir do momento em que deixa a decisão sobre a própria existência nas mãos dos outros.
- Quando Sartre afirma que o homem “nada mais é do que a sua vida”, ele está dizendo que todos são iguais na indeterminação de seus atos e que, portanto, é indiferente ser responsável ou não pelas ações praticadas.
- O existencialismo de Sartre é o contrário do quietismo, porque defende que a vida humana é feita a partir das ações e escolhas que cada ser humano realiza juntamente com outros homens. A vida do homem é um projeto que se realiza em plena liberdade.
05. (UENP) Leia o texto a seguir.
Que significará, aqui, o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo.
(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.12.)
Segundo o conhecimento sobre as ideias de Sartre, assinale a alternativa correta.
- A essência humana é que define a sua existência.
- Deus não existe e, por isso, a liberdade é absoluta.
- Deus existe e por isso temos liberdade.
- O existencialismo centraliza sua filosofia na religiosidade.
- O ser humano é definido antes do seu nascimento.
06. (UFU) Para J.P. Sartre, o conceito de ― "para-si" diz respeito
- a uma criação divina, cujo agir depende de princípio metafísico regulador.
- apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é.
- ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder nadificador que o constitui.
- a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, completo.
07. (UFSJ) Na obra “O existencialismo é um humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta
- desenvolver a ideia de que o existencialismo é definido pela livre escolha e valores inventados pelo sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza humana essencial.
- mostrar o significado ético do existencialismo.
- criticar toda a discriminação imposta pelo cristianismo, através do discurso, à condição de ser inexorável, característica natural dos homens.
- delinear os aspectos da sensação e da imaginação humanas que só se fortalecem a partir do exercício da liberdade.
08. (Ufu) Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) encontrou um motivo de reflexão sobre a liberdade na obra de Dostoiévski Os irmãos Karamazov: “se Deus não existe, tudo é permitido”. A partir daí teceu considerações sobre esse tema e algumas consequências que dele podem ser derivadas.
[...] tudo é permitido se Deus não existe e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. [...] Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9 (coleção “Os Pensadores”).
Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia existencialista de Sartre e nas informações acima, assinale a alternativa correta.
- Porque entende que somos livres, Sartre defendeu uma filosofia não engajada, isto é, uma filosofia que não deve se importar com os acontecimentos sociais e políticos de seu tempo.
- Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em Deus e não do fato de sermos absolutamente livres ou como ele afirma “o homem está condenado a ser livre”.
- As ações humanas são o reflexo do equilíbrio entre o livre-arbítrio e os planos que Deus estabelece para cada pessoa, consistindo nisto a verdadeira liberdade.
- Para Sartre, as ações das pessoas dependem somente das escolhas e dos projetos que cada um faz livremente durante a vida e não da suposição da existência e, portanto, das ordens de Deus.
09. (UFSJ) “Subjetividade” e “intersubjetividade” são conceitos com os quais Sartre pontua o seu existencialismo. Nesse contexto, tais conceitos revelam que
- o cogito cartesiano desabou sobre o existencialismo na mesma proporção com que a virtu socrática precipitou-se sobre o materialismo dialético do século XX.
- “Penso, logo existo” deve ser o ponto de partida de qualquer filosofia. Tal subjetividade faz com que o Homem não seja visto como objeto, o que lhe confere verdadeira dignidade. A descoberta de si mesmo o leva, necessariamente, à descoberta do outro, implicando uma intersubjetividade.
- o Homem é dado, é unidade, é união e é intersubjetividade; portanto, a sua existência é agregadora e desapegada da tão apregoada subjetividade clássica, por isso mesmo tão crucial para Sartre.
- não há um só lampejo de subjetividade que não tenha se reinaugurado na intersubjetividade, isto é, na idealidade que instrui as prerrogativas para se instalarem as escolhas do sujeito, definindo-o.
10. (Unb) Entramos no quarto. Encurvada em semicírculo sobre o leito, outra criatura que não a minha avó, uma espécie de animal que se tivesse disfarçado com os seus cabelos e deitado sob os seus lençóis, arquejava, gemia, sacudia as cobertas com as suas convulsões. As pálpebras estavam fechadas, e era porque fechavam mal, antes que porque se abrissem, que deixavam ver um canto da pupila, velado, remeloso, refletindo a obscuridade de uma visão orgânica e de um sofrimento interno.
Quando meus lábios a tocaram, as mãos de minha avó agitaram-se, ela foi percorrida inteira por um longo frêmito, ou reflexo, ou porque certas afeições possuam a sua hiperestesia, que 2reconhece, através do véu da inconsciência, aquilo que elas quase não têm necessidade dos sentidos para querer. Súbito, minha avó ergueu-se a meio, fez um esforço violento, como alguém que defende a própria vida. Françoise não pôde resistir, ao vê-lo, e rompeu em soluços. Lembrando-me do que o médico havia dito, quis fazê-la sair do quarto. Nesse momento, minha avó abriu os olhos. Precipitei-me sobre Françoise para lhe ocultar o pranto, enquanto meus pais falassem à enferma. O ruído do oxigênio calara-se, o médico afastou-se do leito. Minha avó estava morta.
A vida, retirando-se, acabava de carregar as desilusões da vida. Um sorriso parecia pousado nos lábios de minha avó. Sobre aquele leito fúnebre, a morte, como o escultor da Idade Média, tinha-a deitado sob a aparência de menina e moça.
Marcel Proust. Em busca do tempo perdido: o caminho de Guermantes. vol. 3, 3ª ed. rev. Trad. Mario Quintana. São Paulo: Globo, 2006, p. 376-7 (com adaptações).
Para Sartre, os seres dividem-se em seres-em-si e seres-parasi. Os seres-em-si não possuem, segundo esse filósofo, consciência, ao passo que os seres-para-si são dotados de uma consciência que lhes possibilita constituírem-se sempre como projeto, pelo qual dirigem seu presente a partir de sua liberdade. Com base na divisão sartreana entre seres-em-si e seres-para-si e suas relações com a temporalidade, a vida e a morte, verifica-se, na passagem do texto de Proust apresentada, que
- a personagem acamada, a despeito de ser, quando ainda viva, biologicamente um ser humano, não é mais um ser-para-si na situação narrada.
- a transição do ser-para-si ao ser-em-si só ocorre, efetivamente, com a morte biológica da personagem acamada, uma vez que a temporalidade do ser-em-si é a de um eterno presente.
- a noção de vida e a de morte que perpassam a descrição do estado da personagem acamada ocupam, respectivamente, os lugares semânticos de ser-para-si e ser-em-si.
- a proposição de Sartre de que “o ser humano não pode não ser livre” estabelece uma relação de subordinação entre sua concepção do que é um ser humano e a concepção biológica desse conceito.