Hans Jonas
Lista de 11 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema Hans Jonas com questões de Vestibulares.
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01. (PUC-PR) Em seu livro, Técnica, Medicina e Ética, o filósofo Hans Jonas faz uma análise das existentes relações entre a ciência, a técnica, a ética e a natureza. Na avaliação do filósofo, a ciência e a técnica modernas desenvolveram-se de tal maneira independente que acabaram se distanciando do fenômeno da vida e de certa reflexão crítica sobre o seu próprio atuar. Hans Jonas indica ainda que esse distanciamento que opõe, de um lado a ciência e a técnica, e de outro o fenômeno da vida, legaria um problema que teria de ser enfrentado pela filosofia contemporânea e, nesse caso, pela ética.
Com base nos seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa CORRETA.
- Para Hans Jonas, o avanço da ciência e da técnica é a única maneira de se garantir a continuidade da vida e da natureza, de tal modo que é preciso confiar todo nosso futuro aos progressos técnicos e científicos para que esses consigam preservar da melhor maneira a vida futura.
- Muito embora a técnica moderna seja capaz de causar danos à natureza, Hans Jonas afirma que a ética deve ser responsável por indicar os melhores caminhos para a ação humana, mas nunca poderá apresentar nenhuma forma de restrição à atividade científica.
- Segundo considera Hans Jonas, os perigos da técnica moderna são muito preocupantes uma vez que são capazes de causar danos permanentes à vida futura, o que leva o filósofo a afirmar que a ética da responsabilidade deveria servir para impedir e restringir toda forma de pesquisa científica e de avanço tecnológico.
- Conforme afirma Hans Jonas, em decorrência do maior controle e domínio da ciência e da técnica sobre a natureza, é preciso que a ética sirva como um ponto de reflexão crítica sobre quais os rumos futuros que serão tomados com relação à manutenção da vida, de tal modo que a ética tenha de ser científica para realizar tal reflexão.
- A proposta de uma ética da responsabilidade é formulada tendo por base a necessidade de se restringir as ações e os avanços da ciência e da técnica modernas com base em um princípio de preservação da vida futura, sendo que tanto a ciência quanto a técnica não devem progredir sem antes refletir sobre os danos que poderiam ser causados à vida.
02. (ENEM PPL 2016) Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo poder de destruição, fruto dos últimos séculos que significaram um transtorno perverso do equilíbrio do sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação nunca ocorrida antes de forma globalizada e profunda? Temos pessoalmente trabalhado os paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza. Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade.
BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: http://leonardoboff.wordpress.com. Acesso em: 14 maio 2013.
A ética da responsabilidade protagonizada pelo filosófo alemão Hans Jonas e reinvindicada no texto é expressa pela máxima:
- "A tua ação possa valer como norma para todos os homens."
- "A norma aceita por todos advenha da ação comunicativa e do discurso."
- "A tua ação possa produzir a máxima felicidade para a maioria das pessoas."
- "O teu agir almeje alcançar determinados fins que possam justificar os meios."
- "O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade futura da vida das novas gerações."
03. (PUC-PR) Na obra O princípio responsabilidade, Hans Jonas propõe um ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Entre as principais teses defendidas pelo autor destacam-se:
I. Todas as éticas até hoje partilharam de alguns pressupostos em comum, tais como: a natureza humana e extra-humana eram consideradas imodificáveis pelo agir; todas as éticas foram essencialmente antropocêntricas; e a responsabilidade da ação humana limitava-se ao tempo presente.
II. Enquanto no passado a natureza humana e extrahumana eram invioláveis pela capacidade do poder tecnológico, a técnica moderna coloca em perigo a autenticidade da vida futura.
III. Ninguém pode ser responsabilizado pelos efeitos involuntários posteriores de um ato bem intencionado.
IV. A natureza deve, sobretudo, ser protegida porque, sem ela, o homem não poderá assegurar a sua sobrevivência.
V. O homem, com o poder da técnica moderna, passou a figurar como um objeto da própria técnica, perdendo sua autonomia, ou seja, o homo faber passou a dominar o homo sapiens.
Estão corretas APENAS as assertivas:
- I, II e III.
- I, II e IV.
- III, IV e V.
- I, III e V.
- I, II e V.
04. (PUC-PR) A preocupação sobre o futuro da natureza e a ação da civilização tecnológica apresenta-se como traços constitutivos do pensamento de Hans Jonas. Neste sentido, o princípio responsabilidade pretende superar as éticas tradicionais, as quais o autor chama de “éticas da similitude”. A respeito da reflexão ética de Hans Jonas, assinale a alternativa INCORRETA.
- A responsabilidade adquire uma nova dimensão pela técnica que as éticas tradicionais (por exemplo, a ética aristotélica) não comportam, uma vez que estas não apontam para as consequências futuras.
- As éticas tradicionais primam pelo antropocentrismo, tornando-se, assim, um problema, pois não buscam um fim imanente também na natureza.
- A responsabilidade pelas futuras gerações e pelo todo orgânico são elementos fundamentais na proposta ética de Hans Jonas.
- A responsabilidade não pode ser uma relação recíproca, uma vez que tal relação se move incidindo numa ética futurista.
- A responsabilidade não tem nenhuma implicância e relevância com relação às futuras gerações, associando- se, assim, com a ética de Kant.
05. (PUC-PR) Ao analisar os valores éticos que serão importantes para o futuro no livro Técnica, Medicina e Ética, o filósofo Hans Jonas estabelece a necessidade de se perceber a relevância da responsabilidade com relação à técnica: “Com a aparição de uma possível tarefa para a responsabilidade e a mais ampla pergunta, implícita nela, de até que ponto podemos nos permitir amanhã a permissiva sociedade de hoje, passamos de mores à moralia, do costume à moralidade e suas obrigações, e nos aproximamos ao mesmo tempo das exigências mais concretas do futuro tecnológico”.
Com base no texto apontado e de acordo com os seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa CORRETA.
- Para Hans Jonas, muito embora o desenvolvimento da técnica possa ser uma ameaça para a vida, não se pode deixar com que o temor anule os progressos científicos, de modo que é necessário manter uma perspectiva positiva com relação aos avanços da técnica.
- A técnica moderna, segundo Hans Jonas, é baseada no avanço científico e na produção de inovações que visam melhorar a vida humana; neste sentido, cabe ao homem usufruir da natureza ao máximo para obter as mais vantajosas condições de vida para os próprios seres humanos.
- Segundo considera Hans Jonas, a ética da responsabilidade afirma que é preciso estipular um controle restritivo de todas as formas de utilização de tecnologia, de modo que a diminuição dos avanços tecnológicos produza, por consequência, a proteção do meio ambiente.
- Conforme posiciona-se Hans Jonas, a ética da responsabilidade, que visa estabelecer uma nova relação entre os valores éticos e os limites do uso da técnica moderna, não pode influenciar, no entanto, a liberdade humana, uma vez que é a própria liberdade que torna possível toda forma de consideração ética.
- Em decorrência dos avanços da técnica e da permissividade da sociedade atual, que consome os recursos naturais de forma desenfreada, o sentimento de temor produz, para Hans Jonas, a necessidade de se atentar para o princípio de responsabilidade como um importante valor ético a ser considerado para o futuro.
06. (PUC-PR) “O enorme impacto do Princípio Responsabilidade não se deve somente a sua fundamentação filosófica, mas ao sentimento geral, que até então os mais atentos observadores poderão permitir cada vez menos de que algo poderia ir mal para a humanidade, inclusive o tempo poderia estar em posição no marco de crescimento exagerado e crescente das interferências técnicas sobre a natureza, de pôr em jogo a própria existência. Entretanto, se havia comentado que era evidente a vinda da chuva ácida, o efeito estufa, a poluição dos rios e muitos outros efeitos perigosos, fomos pegos de cheio na destruição de nossa biosfera.”
A partir do comentário de Hans Jonas em O princípio responsabilidade é possível pensar que a maioria das pessoas tende a se preocupar mais com o futuro da vida no planeta. Contudo, parece muito difícil haver de fato uma mudança que leve a espécie humana a assumir a responsabilidade por sua missão terrena. Nesse sentido, seria necessário desenvolver uma heurística do temor, a fim de favorecer o desenvolvimento da responsabilidade.
Sobre o conceito de heurística do temor, assinale a alternativa CORRETA.
- Hans Jonas entende que a superação do medo é primordial para uma ética da responsabilidade, pois é através dela que o ser humano poderá agir e refletir sobre o destino da humanidade.
- A heurística do medo é um medo paralisante e patológico, que impede o despertar para o pensar e para o agir em prol de um futuro melhor.
- A heurística do medo pode ser considerada a incapacidade humana de resolver problemas inesperados, visto que falta coragem para superar o medo.
- A heurística do temor não é seguramente a última palavra na busca do bem, mas um veículo extraordinariamente útil. Deveria ser aproveitada para o empreendimento de preservação do planeta, podendo, dessa forma, acordar para a possibilidade de uma catástrofe, provocando a necessidade do limite e da renúncia em relação ao uso de certas tecnologias.
- Trata-se de um medo que não tem a ver com o objeto da responsabilidade, pois, para assumir a responsabilidade pelo futuro do homem, é necessário livrar-se de qualquer sombra aterrorizante sobre um futuro que talvez nunca aconteça.
07. (PUC-PR) Leia o trecho abaixo sobre o pensamento de Hans Jonas e assinale a alternativa correlata quanto ao seu sentido e implicações.
“A marca distintiva do ser humano, de ser o único capaz de ter responsabilidade, significa igualmente que ele deve tê-la pelos seus semelhantes, eles próprios, potenciais sujeitos de responsabilidade, e que realmente ele sempre a tem, de um jeito ou de outro: a faculdade para tal é a condição suficiente para a sua efetividade. Ser responsável efetivamente por alguém ou por qualquer coisa em certas circunstâncias (mesmo que não assuma e nem reconheça tal responsabilidade) é tão inseparável da existência do homem quanto o fato de que ele seja genericamente capaz de responsabilidade da mesma maneira que lhe é inalienável a sua natureza falante, característica fundamental para a sua definição, caso deseje empreender essa duvidosa tarefa”
(JONAS, 2006, p. 175-176).
- Entende-se que a Heurística do Medo não é um medo paralisante e nem um medo patológico, mas sim, um medo que desperta para o pensar e para o agir.
- Compreende-se que Hans Jonas nega as premissas da ética tradicional e busca uma ponderação sobre o significado das mudanças sociais e econômicas para a nossa condição moral.
- Percebe-se que existe um Dever implícito de forma muito concreta no Ser, com obrigações objetivas sob a responsabilidade externa, como, por exemplo, a Responsabilidade Paterna.
- Fica claro que o imperativo de Kant é um caso extremo da ética da intenção, obedecendo à ação individual, válido no plano individual.
- Nota-se que não devemos ver a destruição física da humanidade como sendo algo mais catastrófico. Se chegamos a esse ponto é porque houve uma morte essencial, uma grande desconstrução e crise do ser com o meio.
08. (PUC-PR) Hans Jonas, na obra O Princípio Responsabilidade, afirma que “sob o signo da tecnologia, a ética tem a ver com ações de um alcance causal que carece de precedentes (...); tudo isso coloca a responsabilidade no centro da ética)”
(JONAS, 1995, p.16-17).
A esse respeito, podemos considerar que Jonas compreende o “princípio responsabilidade” como um princípio
- hipotético, que é válido exclusivamente para pensarmos as ações humanas.
- relativista, porque considera cada indivíduo responsável apenas pela sua própria conduta.
- que não é voltado exclusivamente para a ética humana, mas que baliza a conduta humana sobre a natureza em geral.
- ético, voltado exclusivamente para a conduta humana presente.
- responsável apenas pelas gerações atuais, desinteressado pela vida futura da humanidade e da natureza.
09. (PUC-PR) Hans Jonas, na obra “O Princípio Responsabilidade”, formulou um novo e característico imperativo categórico, relacionado a um novo tipo de ação humana: “Age de tal forma que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a terra”
(JONAS, 2006, p. 48).
A este respeito, assinale a alternativa CORRETA.
- Podemos deduzir que Hans Jonas propõe que o importante é o bem do indivíduo e não a coletividade futura.
- A ação de cada indivíduo não influencia na coletividade.
- O importante é viver o presente sem se importar com o futuro da humanidade.
- Podemos deduzir que não é importante a permanência da vida humana sobre a terra.
- O imperativo proposto por Hans Jonas é de ordem racional, para um agir coletivo como um bem público e não individual.
10. (PUC-PR) Leia o fragmento a seguir:
“O imperativo categórico de Kant dizia: ‘Aja de modo que tu também possas querer que tua máxima se torne lei geral’. Aqui, o ‘que tu possas’ invocado é aquele da razão e de sua concordância consigo mesma: a partir da suposição da existência de uma sociedade de atores humanos (seres racionais em ação), a ação deve existir de modo que possa ser concebida, sem contradição, como exercício geral da comunidade. Chame-se atenção aqui para o fato de que a reflexão básica da moral não é propriamente moral, mas lógica: o ‘poder’ ou ‘não poder’ querer expressa autocompatibilidade ou incompatibilidade, e não aprovação moral ou desa-provação. Mas não existe nenhuma contradição em si na ideia de que a humanidade cesse de existir, e des-sa forma também nenhuma contradição em si na ideia de que a felicidade das gerações presentes e seguin-tes possa ser paga com a infelicidade ou mesmo com a não-existência de gerações pósteras – tampouco, afinal, com a ideia contrária, de que a existência e a felicidade das gerações futuras seja paga com a infelici-dade e mesmo com a eliminação parcial da presente. O sacrifício do futuro em prol do presente não é logi-camente mais refutável do que o sacrifício do presente a favor do futuro”.
(JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006, p. 47).
Considerando esta passagem, é CORRETO afirmar que Hans Jonas:
- preserva o imperativo categórico de Kant, pois a ética deve tratar exclusivamente de seres humanos.
- preserva o imperativo categórico de Kant, uma vez que o imperativo da responsabilidade é voltado apenas para o momento.
- modifica o imperativo categórico de Kant porque, segundo Kant, a ética trata exclusivamente da civi-lização tecnológica.
- modifica o imperativo categórico de Kant, considerando que podemos arriscar a nossa própria vida para proteger a humanidade futura.
- preserva o imperativo categórico de Kant, pois o imperativo da responsabilidade assume a caracte-rística de universalidade de forma hipotética, não prática.
11. (PUC-PR) “Começaremos por dizer algo para esclarecer os conceitos: “responsabilidade” não é o mesmo que “obrigação” em geral, mas um caso especial dela. A obrigação pode subjazer a uma conduta mesma, a responsabilidade vai mais além dela, tem uma referência externa”. No livro Técnica, Medicina e Ética: sobre a prática do Princípio Responsabilidade, o filósofo Hans Jonas analisa quais são os limites do desenvolvimento científico e de que modo os próprios cientistas devem se comportar com relação à autocensura da pesquisa.
De acordo com os seus conhecimentos sobre o tema e baseando-se no livro mencionado, é CORRETO afirmar que
- para Hans Jonas, a pesquisa científica, por lidar com um poder técnico capaz de produzir o aniquilamento da vida, tem não só uma obrigação, no sentido interno de seu trabalho, mas uma responsabilidade, no sentido externo, com os limites de seu desenvolvimento e com os alcances práticos que ela pode obter.
- conforme aponta Hans Jonas, não se pode esperar que os cientistas tenham uma tomada de consciência sobre suas responsabilidades, de tal modo que é necessário que existam leis que restrinjam os avanços científicos com vistas a frear a destruição do meio ambiente.
- segundo Hans Jonas, uma vez que a natureza não tem valores éticos em si mesma, não é exigível que os cientistas tenham um posicionamento crítico e ético, dado que o desenvolvimento das ciências depende mais de uma relação com a natureza do que com os campos filosóficos.
- a técnica moderna e os cientistas precisam encontrar um ponto de equilíbrio em que a responsabilidade ética seja apresentada como um importante valor para definir os limites da ciência; nesse sentido, os cientistas precisarão abandonar a objetividade da ciência em prol de uma análise mais subjetiva com vistas a obter esse fundamento ético.
- o pesquisador científico, na perspectiva de Hans Jonas, não pode ser submetido a nenhum tipo de análise ética em sua pesquisa, uma vez que o único elemento importante para o trabalho científico é determinado pela própria ciência.