Hannah Arendt
Lista de 10 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema Hannah Arendt com questões de Vestibulares.
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Hannah Arendt foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX. A privação de direitos e perseguição de pessoas de origem judaica ocorrida na Alemanha a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar. Wikipédia
01. (FGV) Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, estão em jogo quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu...
ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.
A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no sentido do que já havia pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial, em sua obra As Origens do Totalitarismo. Nela, a autora sustenta que o mais fundamental de todos os direitos humanos é o direito a ter direitos, o que não ocorre com os apátridas.
Segundo a obra em referência, assinale a opção que apresenta a razão pela qual o homem perde sua qualidade essencial de homem e sua própria dignidade.
- Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico pátrio.
- Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liberdade de expressão.
- Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob condições desumanas.
- Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir quaisquer direitos.
Resposta: D
Resolução: Hannah Arendt argumenta que o mais fundamental de todos os direitos humanos é o "direito a ter direitos", que é a condição de pertencer a uma comunidade política organizada que seja capaz de garantir e proteger os direitos dos indivíduos. Quando alguém se torna apátrida, ou seja, quando deixa de pertencer a uma comunidade em que possa desfrutar de direitos e proteções, perde sua qualidade essencial de pessoa, bem como sua dignidade, pois fica privado dos direitos e do pertencimento social que definem a humanidade em sua plenitude.
02. (UEG) As histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas este agente não é autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.
A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto, o papel histórico das massas etc. No trecho citado, ela reflete sobre a importância da ação e do discurso como fomentadores do que chama de “negócios humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte ponto de vista:
- a condição humana atual não está condicionada por ações anteriores, já que cada um é autor de sua existência.
- a necessidade do ser humano de ser autor e produtor de ações históricas lhe tira a responsabilidade sobre elas.
- o agente de uma nova ação sempre age sob a influência de teias preexistentes de ações anteriores.
- o produtor de novos discursos sempre precisa levar em conta discursos anteriores para criar o seu.
Resposta: C
Resolução: No trecho citado, Arendt destaca que as histórias, que são resultado da ação e do discurso, revelam um agente que não é autor nem produtor. Isso significa que cada ação ou discurso tem suas raízes em eventos e contextos anteriores, formando uma teia de influências que moldam as ações e discursos subsequentes. Os agentes são sujeitos da ação, mas não são autores no sentido de serem totalmente independentes das influências do passado. As ações humanas estão conectadas e condicionadas por ações anteriores, formando uma continuidade histórica que influencia o curso dos "negócios humanos".
03. (UFPR) Segundo Hannah Arendt, "para os gregos, forçar alguém mediante violência, ordenar ao invés de persuadir, eram modos pré-políticos de lidar com as pessoas, típicos da vida fora da polis, característicos do lar e da vida em família, na qual o chefe da casa imperava com poderes incontestes e despóticos”.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Trad. Celso Lafer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997, p. 36.)
Considerando a passagem acima e a obra de que foi extraída, segundo H. Arendt, para os gregos antigos:
- a família era considerada um tipo inferior de associação política.
- não havia igualdade política, posto que havia dominação no âmbito familiar.
- as mulheres, apesar de dominadas no âmbito familiar, eram livres para participar da esfera pública.
- a comunidade política (a polis) deveria persuadir o chefe de família a abdicar de seus poderes despóticos.
- a comunidade doméstica (a família) e a comunidade política (a polis) eram entendidas como formas de associação fundamentalmente distintas.
Resposta: E
Resolução: Arendt afirma que, para os gregos, forçar alguém através da violência e ordenar em vez de persuadir eram modos pré-políticos de lidar com as pessoas, típicos da vida fora da polis (comunidade política), característicos do lar e da vida em família.
Nesse contexto, a família e a polis eram entendidas como formas de associação com características e propósitos diferentes. Na polis, buscava-se a persuasão e o diálogo entre os cidadãos para a tomada de decisões políticas, enquanto, na família, predominava a figura do chefe de família com poderes despóticos e incontestes. Portanto, as duas comunidades eram consideradas fundamentamente distintas em suas dinâmicas políticas.
04. (UEMG) LEIA, abaixo, o comentário que a filósofa Hannah Arendt fez sobre as ações do comandante do Reich, Adolf Karl Eichmann, acusado de crimes contra o povo judeu:
“Os feitos eram monstruosos, mas o executante (...) era ordinário, comum, e nem demoníaco nem monstruoso.”
Hannah Arendt, A vida do espírito.In: Eduardo Jardim de Moraes e Newton Bignotto, Hannah Arendt: diálogos, reflexões e memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, p.138.
Assinale a alternativa em que o fator cultural presente nas ações comentadas explica CORRETAMENTE o fenômeno histórico acima mencionado:
- A execução de atos criminosos com requintes de crueldade, ordenada pelas autoridades, foi praticada por pessoas comuns, afetadas principalmente pela falta de alimento e de emprego.
- A banalidade na execução de crimes contra a humanidade se deve à burocratização do genocídio, implementada pela cúpula nazista, para liberar as pessoas de preocupações com a moral comum e com as leis.
- A participação da juventude hitlerista no processo de construção do nacionalismo reforçou o senso político de oposição aos regimes socialistas autoritários.
- A experiência nazista é um exemplo de fortalecimento da sociedade pelo Estado, criador de símbolos e valores culturais, que reforçam os princípios autoritários de governo.
Resposta: B
Resolução: Hannah Arendt, ao analisar as ações de Adolf Eichmann durante o regime nazista, cunhou o conceito da "banalidade do mal". Ela argumentou que Eichmann e outros perpetradores dos crimes nazistas eram pessoas comuns, aparentemente "normais" e não necessariamente psicopatas ou monstros. O que os tornou capazes de executar tais atrocidades foi a sua cumplicidade na burocratização do genocídio, ou seja, a sua participação em um sistema organizado e institucionalizado que retirava a responsabilidade individual, permitindo-lhes seguir ordens sem questionar sua moralidade ou a ética das ações.
Arendt criticou a ideia de que os perpetradores dos crimes nazistas eram excepcionais em sua maldade, argumentando que essa perspectiva não explicava adequadamente o fenômeno histórico. Em vez disso, ela enfatizou a importância de compreender a influência do contexto cultural, social e político na forma como as pessoas comuns podem ser levadas a cometer atos terríveis sob regimes autoritários e sistemas totalitários.
05. (PUC-PR) “A verdadeira dificuldade na educação moderna está no fato de que, a despeito de toda a conversa da moda acerca de um novo conservadorismo, até mesmo aquele mínimo de conservação e de atitude conservadora sem o qual a educação simplesmente não é possível se torna, em nossos dias, extraordinariamente difícil de atingir”.
ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.
No trecho extraído do texto A Crise na Educação, a filósofa Hannah Arendt tece considerações sobre o que ela considera como uma das razões do problema educacional moderno. Para a autora, essa questão passa por questões de conservadorismo, renovação, autoridade e tradição.
Com base no trecho acima apresentado e nos seus conhecimentos sobre o texto, assinale a resposta CORRETA.
- De acordo com a filósofa, a educação não deve ter nenhuma relação com a tradição ou com a autoridade, devendo promover um ambiente inteiramente libertário em que as crianças possam desenvolver-se sem os impedimentos do passado e visando unicamente o futuro.
- Segundo Hannah Arendt, o apelo irrestrito ao novo e a ausência de um elemento de conservação são pontos centrais da crise na educação, uma vez que a formação das crianças depende, em certa medida, de uma relação com a noção de tradição para que se possa desenvolver um senso crítico e uma abertura de renovação.
- Conforme pontua Hannah Arendt, a educação deve servir para formar crianças para o mundo, sendo que o respeito pela autoridade e pela tradição são fatores intrinsecamente ligados com a preparação para a vida pública, de tal modo que não deve haver separação entre o âmbito educacional e o âmbito público, com vistas a se formar, acima de tudo, cidadãos de bem.
- Para Arendt, uma vez que a educação deve ter em si um elemento de conservação, é importante que os educadores considerem unicamente o presente como tempo crucial para a formação das crianças, sendo que é a perpetuação do conservadorismo no presente o que garante a aplicação de valores éticos e políticos importantes para a coesão social.
- A crise na educação é decorrente de um tratamento diferenciado dado às crianças, sendo que essas não se distinguem dos adultos e, por essa razão, deveriam receber um tratamento igual ao dado aos adultos, com isso visando prepará-las para o inevitável amadurecimento.
Resposta: B
Resolução: Hannah Arendt destaca que a verdadeira dificuldade na educação moderna está relacionada à ausência de um elemento de conservação e atitude conservadora. Ela critica o apelo irrestrito ao novo e a falta de valorização da tradição na educação contemporânea. Para a autora, é importante que a formação das crianças se dê em um contexto que permita uma relação equilibrada com o passado (conservadorismo) e a abertura para o novo (renovação).
Arendt não defende uma educação totalmente libertária, nem a ausência de relação com a autoridade ou a tradição. Pelo contrário, ela enfatiza a importância de uma educação que promova o desenvolvimento de um senso crítico e uma capacidade de renovação por meio da reflexão sobre a tradição e a história. Essa abordagem permite formar indivíduos mais preparados para lidar com os desafios do presente e do futuro, contribuindo para uma sociedade mais coesa e consciente de sua própria história.
06. (ENEM 2011) Subjaz na propaganda tanto política quanto comercial a ideia de que as massas podem ser conquistadas, dominadas e conduzidas, e, por isso, toda e qualquer propaganda tem um traço de coerção. Nesse sentido, a filósofa Hanna Arendt diz que “não apenas a propaganda política, mas toda a moderna publicidade de massa contém um elemento de coerção".
AGUIAR, O. A. Veracidade e propaganda em Hannah Arendt.
In: Cadernos de Ética e Filosofia Política 10. São Paulo: EdUSP, 2007 (adaptado).
À luz do texto, qual a implicação da publicidade de massa para a democracia contemporânea?
- O fortalecimento da sociedade civil.
- A transparência política das ações do Estado.
- A dissociação entre os domínios retóricos e a política.
- O combate às práticas de distorção de informações.
- O declínio do debate político na esfera pública.
Resposta: E
Resolução: Segundo Hannah Arendt, tanto a propaganda política quanto a publicidade de massa contêm um elemento de coerção. Essa coerção presente na propaganda pode levar a um declínio do debate político na esfera pública. Quando a comunicação de massa é utilizada para conquistar e manipular as massas, as discussões políticas podem ser substituídas por mensagens persuasivas e manipuladoras, prejudicando a formação de debates sólidos e a troca de ideias verdadeiramente significativas para a democracia.
Assim, a publicidade de massa pode impactar negativamente a qualidade do debate político e enfraquecer a participação cidadã na tomada de decisões, tornando mais difícil para a democracia contemporânea atingir seus objetivos de participação, transparência e engajamento cívico.
07. (PUC-PR) Leia o texto a seguir.
Esta é a situação básica do homem. O mundo é criado por mãos humanas para servir de casa aos humanos durante um tempo limitado. Porque o mundo é feito por mortais, ele é perecível. Porque os seus habitantes estão continuamente a mudar, o mundo corre o risco de se tornar tão mortal como eles. Para preservar o mundo contra a mortalidade dos seus criadores e habitantes, é necessário constantemente restabelecê-los de novo. O problema é saber como educar de forma a que essa recolocação continue a ser possível, ainda que, de forma absoluta, nunca possa ser assegurada.
ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.
No trecho extraído do texto A Crise na Educação, a filósofa Hannah Arendt tece considerações sobre o que ela considera como uma das razões do problema educacional moderno. Para a autora, essa questão passa por noções de conservadorismo, renovação, autoridade e tradição. Com base no trecho apresentado e nos seus conhecimentos sobre o texto, assinale a resposta CORRETA.
- Para Hannah Arendt, é preciso um mínimo de conservadorismo para se garantir a produção de uma educação capaz de formar bem as crianças, pois todo ensino baseia-se em apelo a uma tradição que deve servir como base para o aparecimento do novo e do revolucionário.
- Segundo considera a filósofa, a tradição não tem nenhuma função na produção da educação, sendo que todo ensino deve ser, por essência, revolucionário e inovador e os professores devem auxiliar os estudantes a criar novos conteúdos sem cuidado com o passado.
- Conforme pontua Hannah Arendt, o domínio da educação tem de ser estritamente vinculado aos outros domínios públicos, sobretudo com relação à vida política. O aprendizado só é possível por meio do emprego de autoridade, sendo que o uso da autoridade deve servir como uma ligação entre o meio educacional e o meio político.
- A educação deve ter esperança na novidade de cada nova geração. O respeito pelo passado não tem nenhuma utilidade para a fundamentação de uma educação formadora e a tradição deve servir apenas como uma oposição que deve ser combatida com vistas ao futuro.
- A crise na educação é decorrência de uma crise da tradição, sendo que os valores sociais do passado devem ser impostos às crianças por meio do uso da autoridade, buscando, assim, assegurar a conservação das verdades já alcançadas nos tempos passados.
Resposta: A
Resolução: Para Hannah Arendt, é preciso um mínimo de conservadorismo para se garantir a produção de uma educação capaz de formar bem as crianças, pois todo ensino baseia-se em apelo a uma tradição que deve servir como base para o aparecimento do novo e do revolucionário.
No trecho citado, Hannah Arendt destaca a importância do conservadorismo como um elemento necessário para a educação. Ela argumenta que o mundo é feito por mãos humanas e é perecível porque seus habitantes estão sempre mudando. Para preservar o mundo e garantir sua continuidade, é necessário restabelecer continuamente as novas gerações, e isso requer uma base de tradição.
Arendt não defende que todo o ensino deva ser revolucionário ou que a tradição não tenha função na produção da educação. Ela enfatiza a ideia de que o novo e o revolucionário surgem a partir de uma base de tradição, ou seja, é o diálogo entre o passado e o presente que permite a formação do futuro.
08. (UFPA) “O mundo tal como o compreende Arendt (...) designa o cenário onde comparecem gerações humanas completamente distintas. [Neste] Cada geração tomaria emprestado dos objetos do trabalho sua durabilidade, a fim de transmitir às vindouras suas mais preciosas e memoráveis experiências”.
FRANCISCO, M.P.S. “Preservar e renovar o mundo”, in Revista Educação, Nº 4. São Paulo: Editora Seguimento, p. 33-34.
Para que a transmissão desses objetos fabricados e dessas experiências culturais vivenciadas entre as gerações das sociedades em geral, e da brasileira em particular, chegue a bom termo é necessário:
I. Um juízo comum sobre o que, em suas experiências, é digno de ser salvo do esquecimento.
II. Que as gerações vindouras reconheçam as experiências que lhe são transmitidas como preciosas também para si.
III. Que os artefatos humanos, que podem perdurar para além das gerações, tenham um valor exclusivo para as gerações precedentes.
IV. Que as funções da tradição saibam relacionar as experiências que julgam valiosas para si, cuja inteligibilidade só possa ser reconhecida verdadeiramente pela geração que as vivenciou.
As afirmativas corretas são
- I e II.
- I e III.
- I e IV.
- II e III.
- III e IV.
Resposta: A
Resolução: De acordo com o texto apresentado, para que a transmissão de objetos fabricados e experiências culturais entre as gerações chegue a bom termo, é necessário:
I. Um juízo comum sobre o que, em suas experiências, é digno de ser salvo do esquecimento. (correto)
As gerações devem chegar a um acordo sobre quais experiências e elementos culturais devem ser preservados e transmitidos às gerações futuras.
II. Que as gerações vindouras reconheçam as experiências que lhe são transmitidas como preciosas também para si. (correto)
As gerações futuras devem valorizar e reconhecer a importância das experiências e artefatos culturais transmitidos pelas gerações anteriores.
09. (Enem Libras 2017) TEXTO
Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade ou que dela não tem necessidade, porque se basta a si mesmo, não é em nada parte da cidade, embora seja quer um animal, quer um deus.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
TEXTO
Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos.
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
Associados a contextos históricos distintos, os fragmentos convergem para uma particularidade do ser humano, caracterizada por uma condição naturalmente propensa à
- atividade contemplativa.
- produção econômica.
- articulação coletiva.
- criação artística.
- crença religiosa.
Resposta: C
Resolução: Ambos os fragmentos enfatizam a importância da comunidade e da presença de outros seres humanos na vida do indivíduo. No primeiro fragmento de Aristóteles, ele destaca que aquele que não pode pertencer a uma comunidade não é parte da cidade, sugerindo que a vida humana está intrinsecamente ligada à vida em comunidade. No segundo fragmento de Hannah Arendt, ela enfatiza que nenhuma vida humana é possível sem um mundo que testemunhe a presença de outros seres humanos.
Assim, a característica naturalmente propensa ao ser humano mencionada nos dois textos é a articulação coletiva, a necessidade de viver em comunidade e interagir com outros seres humanos.
10. (UFPR) O texto a seguir é referência para a questão.
Da Violência
Hannah Arendt
Estas reflexões foram causadas pelos eventos e debates dos últimos anos comparados com o background do século vinte, que se
tornou realmente, como Lênin tinha previsto, um século de guerras e revoluções; um século daquela violência que se acredita
comumente ser o denominador comum destas guerras e revoluções. Há, todavia, um outro fator na situação atual que, embora não
previsto por ninguém, é pelo menos de igual importância. O desenvolvimento técnico dos implementos da violência chegou a tal
[5] ponto que nenhum objetivo político concebível poderia corresponder ao seu potencial destrutivo, ou justificar seu uso efetivo num
conflito armado. Assim, a arte da guerra – desde tempos imemoriais o impiedoso árbitro final em disputas internacionais – perdeu
muito de sua eficácia e quase todo seu fascínio. O “apocalíptico” jogo de xadrez entre as superpotências, ou seja, entre os que
manobram no plano mais alto de nossa civilização, está sendo jogado segundo a regra “se qualquer um ‘ganhar’ é o fim de ambos”;
é um embate sem qualquer semelhança com os outros embates militares precedentes. Seu objetivo “racional” é intimidação e não
[10] vitória, e a corrida armamentista, já não sendo uma preparação para a guerra, só pode ser justificada agora pela ideia de que quanto
mais intimidação houver maior é a garantia de paz.
(Extraído e adaptado de: Arendt, H. Crises da República. SP: Perspectiva, 2017.)
Observe as seguintes afirmativas, relacionadas ao texto:
1. A autora não concorda com o político russo, Lênin, acerca da avaliação que ele fez a respeito da violência do século XX.
2. Segundo Arendt, existe um fator relativo à belicosidade e à violência na atualidade que não foi considerado pelo político russo.
3. Há, no jogo de poder das superpotências, um objetivo político cuja racionalidade é a corrida armamentista e a busca da superioridade majoritária.
Assinale a alternativa correta.
- Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
- Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
- Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
- Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
- As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Resposta: B
Resolução: No texto, Hannah Arendt menciona que o desenvolvimento técnico dos implementos da violência chegou a um ponto em que nenhum objetivo político concebível poderia corresponder ao seu potencial destrutivo, ou justificar seu uso efetivo em um conflito armado. Ela também destaca que o embate entre as superpotências não se assemelha a embates militares precedentes, e seu objetivo "racional" é intimidação e não vitória.
Portanto, a afirmativa 2 está correta, pois aponta que há um fator relativo à belicosidade e à violência na atualidade que não foi considerado pelo político russo, Lênin. As demais afirmativas (1 e 3) não estão de acordo com o texto apresentado.