Ceticismo e Pirronismo

Lista de 08 exercícios de Filosofia com gabarito sobre o tema Ceticismo e Pirronismo (Pirro e Sexto Empírico) com questões de Vestibulares.


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Ceticismo ou cepticismo é qualquer atitude de questionamento para com o conhecimento, fatos, opiniões ou crenças estabelecidas. Filosoficamente, é a doutrina da qual a mente humana não pode atingir certeza alguma a respeito da verdade. Wikipédia






01. (Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:

  1. Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
  2. Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.
  3. Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.
  4. Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.
  5. Agir de forma virtuosa e sáiba a fim de anltecer o homem bom e belo.

Resposta: C

Resolução: O ceticismo é uma doutrina filosófica que defende a indiferença e a impossibilidade de obter certezas sobre a realidade. Segundo o texto, Pirro afirmava que nada é nobre ou vergonhoso, justo ou injusto, e que nada existe do ponto de vista da verdade, o que sugere que ele defendia o ceticismo. A opção A está incorreta porque o ceticismo não despreza as convenções e obrigações da sociedade, mas sim a possibilidade de obter certezas sobre a realidade. As outras opções também estão incorretas, pois não correspondem à doutrina do ceticismo.

02. (UFPR) A Filosofia como investigação

Todos sabem que o cético duvida de tudo. E todos sabem que duvidar de tudo não tem sentido: as idéias céticas podem ser sedutoras, mas dizer que não sabemos nada, que não temos certeza de nada é algo exagerado, absurdo e auto-refutável. O ceticismo, usualmente, é tido como algo negativo, enquanto na filosofia, freqüentemente é descrito como uma posição que deve ser desafiada, enfrentada e vencida.

Essa atitude negativa que se atribui ao filósofo cético, porém, não é mais que um aspecto incidental e parcial do ceticismo. Na verdade, tal dúvida universal é inventada por filósofos modernos. Por isso, muitos autores que lidam com a questão cética são responsáveis pela difusão de uma imagem do ceticismo que não faz plena justiça à tradição intelectual que lhe deu origem. Oswaldo Porchat, um dos mais importantes filósofos brasileiros, já disse que a filosofia moderna e contemporânea costuma recorrer a "caricatas figurações" da filosofia cética: "cada filósofo fabrica seu inimigo cético particular e atribui-lhe esdrúxulas doutrinas ad hoc forjadas de modo que melhor sejam refutadas".

Quando nos defrontamos diretamente com os escritos e as idéias dos céticos, em especial dos céticos gregos antigos que sobreviveram ao tempo, encontramos uma imagem surpreendentemente rica e interessante do ceticismo, bem como uma maneira peculiar de questionar as doutrinas filosóficas. Há, assim, uma diferença crucial entre o cético moderno e o cético antigo. O primeiro lança uma dúvida radical sobre todos os domínios do conhecimento. Lembremo-nos, por exemplo, dos cenários onde são traçados os argumentos do sonho e do gênio maligno nas Meditações de Descartes: tenho o pensamento de que estou aqui, neste momento, sentado nesta cadeira, segurando uma folha de papel, mas posso estar sonhando ou sendo enganado por um deus poderoso. Por essa razão, uma questão central da epistemologia moderna é a seguinte: já que um pensamento que eu tomo como verdadeiro pode ser falso ou ilusório, o que deve ocorrer a um pensamento para lhe conferir a qualidade de conhecimento? O cético antigo, por sua vez, não supõe que todas as nossas crenças são ou podem ser simultaneamente falsas. A postura dubitativa do cético é ainda mais radical, pois a sua questão cética central não seria "é possível conhecer?" ou "como conhecemos?", mas a pergunta mais fundamental: "temos alguma razão para acreditar?" [...]

(SILVA FILHO, Waldomiro José da. Cult n. 116, ago. 2007.)

Segundo o texto, qual é a principal diferença entre o ceticismo antigo e o moderno?

  1. Enquanto o ceticismo moderno é otimista, o antigo é pessimista.
  2. O ceticismo antigo tinha uma visão caricaturada do mundo, que foi modificada no moderno.
  3. O ceticismo antigo aplica-se a todos os domínios do conhecimento; o moderno é mais restrito.
  4. O ceticismo moderno questiona as condições do conhecimento; o antigo, se há por que crer.
  5. O ceticismo moderno é mais rico e interessante que o antigo.

Resposta: D

Resolução: A principal diferença entre o ceticismo antigo e o moderno é que o ceticismo moderno lança uma dúvida radical sobre todos os domínios do conhecimento, questionando se é possível ter certeza de alguma coisa e como se adquire conhecimento. Já o ceticismo antigo não supõe que todas as nossas crenças são ou podem ser simultaneamente falsas, mas questiona se há alguma razão para acreditarmos em algo.

03. (UNESP) As certezas do homem comum, as verdades comuns da experiência cotidiana, os filósofos vivem-nas, por certo, e não as negam, enquanto homens. Mas, enquanto filósofos, não as assumem. Nesse sentido em que as desqualificam, pode-se dizer que as recusam. Desqualificação teórica, recusa filosófica, empreendidas em nome da racionalidade que postulam para a filosofia. Assim é que boa parte das filosofias opta por esquecer “metodologicamente” a visão comum do Mundo, recusando-se a integrá-la ao seu saber racional e teórico. Não podendo furtar-se, enquanto homens, à experiência do Mundo, não o reconhecem como filósofos. O Mundo não é, para eles, o universo reconhecido de seus discursos. Desconsiderando filosoficamente as verdades cotidianas, o bom senso, o senso comum, instauram de fato o dualismo do prático e do teórico, da vida e da razão filosófica. Instauram, consciente e propositadamente, o divórcio entre o homem comum que são e o filósofo que querem ser

(Oswaldo Porchat Pereira. Rumo ao ceticismo, 2007. Adaptado.)

O “divórcio” entre o homem comum e o filósofo, segundo o autor, ocorre em função da

  1. negação do homem comum em entender a realidade.
  2. restrição do saber comum no fazer filosófico.
  3. diferença de mundos que buscam compreender.
  4. falta de correspondência factual do saber comum.
  5. proposição de respostas necessariamente divergentes.

Resposta: B

Resolução: O "divórcio" entre o homem comum e o filósofo, segundo o autor, ocorre em função da restrição do saber comum no fazer filosófico. Isso significa que, enquanto os filósofos buscam compreender a realidade de forma teórica e racional, o homem comum se baseia na experiência cotidiana e no senso comum para compreender o mundo. A filosofia, então, recusa a integração dessas verdades comuns em seu saber teórico e procura desqualificá-las em nome da racionalidade. Isso cria um divórcio entre o conhecimento prático do homem comum e o conhecimento teórico da filosofia.

04. (Unioeste) “Quem procura alguma coisa acaba chegando a este ponto: ou diz que a encontrou, ou que ela não pode ser encontrada, ou ainda está buscando. Toda a filosofia está distribuída por estes três gêneros. Seu intento é buscar a verdade, a ciência e a certeza. Os peripatéticos, epicuristas, estoicos e outros pensaram havê-la encontrado. Estes estabeleceram as ciências que temos e trataram-nas como conhecimentos certos. Clitômaco, Carnéades e os acadêmicos desesperaram de sua busca e declararam que a verdade não podia ser compreendida com nossos meios. [...]. Pirro e outros céticos ou eféticos – [...] – dizem que estão ainda em busca da verdade. Estes declaram que os que pensam havê-la encontrado enganam-se infinitamente; e que há ainda vaidade ousada demais nesse segundo escalão que assegura que as forças humanas não são capazes de atingila. Pois, estabelecer a medida de nossa capacidade de conhecer e julgar a dificuldade das coisas é uma ciência grande e extrema, da qual duvidam que o homem seja capaz” (MONTAIGNE, Ensaios II, 12).

Sobre o excerto acima que trata dos partidos dos filósofos, seguem as seguintes afirmações:

I. De acordo com os Acadêmicos e outros, a verdade, a ciência e a certeza podem ser encontradas mediante esforço mental.

II. Pirro e outros céticos ou eféticos estão seguros de ter encontrado a verdade porque são vaidosos.

III. Os peripatéticos, epicuristas e estoicos estabelecem que ainda não encontraram a verdade, mas continuam buscando.

IV. Não há diferença entre os três gêneros de filosofia.

A partir dessas afirmações,

  1. apenas uma está correta.
  2. somente uma está incorreta.
  3. duas estão corretas e duas incorretas.
  4. todas estão corretas.
  5. todas estão incorretas.

Resposta: E

Resolução: I. De acordo com os Acadêmicos e outros, a verdade, a ciência e a certeza não podem ser encontradas mediante esforço mental.

II. O texto afirma que os céticos ou eféticos dizem que estão ainda em busca da verdade e que os que pensam havê-la encontrado enganam-se infinitamente. Portanto, eles não estão seguros de ter encontrado a verdade, mas sim questionando a possibilidade de se chegar a ela.

III. O texto diz que "Os peripatéticos, epicuristas, estoicos e outros pensaram havê-la encontrado."

05. (UFPR) Ampliando suas investigações para além de suas capacidades, e deixando seus pensamentos vagarem em profundezas, a tal ponto de lhes faltar apoio seguro para o pé, não é de admirar que os homens levantem questões e multipliquem disputas acerca de assuntos insolúveis, servindo apenas para prolongar e aumentar suas dúvidas, e para confirmá-los ao fim num perfeito ceticismo.

(LOCKE. Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. Anoar Aiex. Coleção Os Pensadores, vol. XVIII. São Paulo: Victor Civita, 1973, introdução, p. 147.)

Considerando a passagem acima e a obra de que foi extraída, segundo Locke, os homens tornam-se céticos porque:

  1. são capazes de obter apenas um conhecimento provável acerca das coisas.
  2. não limitam suas investigações ao que é possível conhecer.
  3. dependem da experiência sensível para conhecer, sendo essa experiência enganosa.
  4. não são capazes de encontrar um apoio seguro para os seus pensamentos.
  5. encontram prazer na mera disputa.

Resposta: B

Resolução: De acordo com a passagem, os homens tornam-se céticos porque não limitam suas investigações ao que é possível conhecer e acabam levantando questões e multiplicando disputas sobre assuntos insolúveis, o que serve apenas para prolongar e aumentar suas dúvidas. Isso indica que a opção correta é a B.

06. (UFSJ) Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar que

  1. os céticos buscaram uma mediação entre “o ser” e o “poder-ser”.
  2. o ceticismo relativo tem no subjetivismo e no relativismo doutrinas manifestamente apoiadas em seu princípio maior: toda interatividade possível.
  3. Protágoras (séc. V a.C.), relativista, afirmou que “o Homem só entende a natureza porque o conhecimento emana dela e nela se instala”.
  4. Górgias (485-380 a.C.) e Pirro (365-275 a.C.) são apontados como possíveis fundadores do ceticismo

Resposta: D

Resolução: De acordo com as informações fornecidas, a opção correta é a D, pois Górgias e Pirro são apontados como possíveis fundadores do ceticismo. Protágoras, por outro lado, é um relativista e não um cético. Além disso, o ceticismo relativo não é baseado no subjetivismo e no relativismo, mas sim na dúvida quanto à possibilidade de alcançar verdades absolutas e conhecimento certo. A opção A também não está correta, pois o ceticismo não busca uma mediação entre "o ser" e "o poder-ser".

07. (UEG) Em meados do século IV a.C., Alexandre Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que incluía, entre outros territórios, a Grécia. Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de outro império, o romano. Esse período ficou conhecido como helenístico e representou uma transformação radical na cultura grega. Nessa época, um pensador nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola filosófica que pregava a ideia de que:

  1. seria impossível conhecer a verdade.
  2. seria inadmissível permanecer na mera opinião.
  3. os princípios morais devem ser inferidos da natureza.
  4. os princípios morais devem basear-se na busca pelo prazer.

Resposta: A

Resolução: De acordo com a informação fornecida, Pirro defendia que seria impossível conhecer a verdade, o que indica que a opção correta é a A. Pirro foi um importante filósofo cético que defendia a ideia de que a verdade é inacessível e que não podemos ter certeza de nossas crenças e opiniões.

08. (Unioeste) Sexto Empírico, em Hipotiposis Pirrônicas, escreve:

Se, portanto, as coisas que nos afetam por natureza afetam todos do mesmo modo, mas os assim chamados bens não nos afetam todos do mesmo modo, então nada é bom por natureza. Não é possível ser convencido por todas as opiniões apresentadas (...), por causa do conflito, nem por alguma delas. Pois aquele que diz que devemos achar convincente esta e não aquela, tem contra si opostos os argumentos daqueles que sustentam concepções diferentes e se torna parte da disputa. Assim, ele precisará, como os demais, antes ser julgado do que ser juiz dos outros. Uma vez, então, que não há critério ou prova, em razão da disputa indecidível a respeito destes, ele terminará suspendendo o juízo e assim não será capaz de afirmar acerca do que é por natureza bom (...).

Hipotiposis Pirrônicas III, 192.

Com base no texto de Sexto Empírico, examine, agora, as afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRETA.

  1. Sexto Empírico argumenta que somente mediante o critério racional podemos resolver com certeza as divergências filosóficas.
  2. Sexto nos diz que contra um mesmo argumento podemos opor, indefinidamente, outros argumentos contrários.
  3. Sexto afirma que, como desconhecemos o que é por bom por natureza, não podemos suspender o juízo.
  4. Conforme Sexto, somente um juiz pode dizer o que é bom por natureza.
  5. Todas as alternativas estão corretas.

Resposta: B

Resolução: De acordo com o texto de Sexto Empírico, as divergências filosóficas não podem ser resolvidas com certeza, pois contra um mesmo argumento podemos opor indefinidamente outros argumentos contrários. Isso significa que a opção B está correta.

A opção A está incorreta, pois Sexto argumenta que não há um critério ou prova para resolver as divergências filosóficas.

A opção C também está incorreta, pois Sexto afirma que, como desconhecemos o que é bom por natureza, devemos suspender o juízo.

A opção D também está incorreta, pois Sexto afirma que, como não há um critério ou prova para determinar o que é bom por natureza, não podemos afirmar o que é bom por natureza e, portanto, não podemos ser juízes dos outros.

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