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Padre Antônio Vieira (1608-1697)

Lista de 09 exercícios de História com gabarito sobre o tema Padre Antônio Vieira (1608-1697) com questões de Vestibulares.


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01. (UEMA) Sabeis quem traz as pragas à terra? Cativeiros injustos. Quem trouxe ao Maranhão a praga dos Holandeses? Quem trouxe a praga das bexigas? Quem trouxe a fome e a esterilidade? Estes cativeiros. [...] Todo o homem que deve serviço ou liberdade alheia, e podendo-a restituir, não restitui, é certo que se condena: todos, ou quase todos os homens do Maranhão devem serviços e liberdades alheias, e podendo restituir, não restituem; logo, todos os quase todos se condenam.

Cleonice Berardinellí. Pretos, Índios e Judeus nos Sermões de Vieira. In. João Adolfo Hansen, Adma Muhana, Hélder Garm (Orgs). Estudos sobre Vieira - São Paulo: Ateliê Editorial. 2011.

Este Sermão do Pe. Antônio Vieira (1608-1697) faz uma crítica à escravização dos indígenas e expõe a grande demanda por essa mão de obra no Estado Colonial do Maranhão até meados do século XVIII.

A assertiva que explica o cativeiro dos indígenas no Maranhão colonial é a seguinte:

  1. As guerras contra os indígenas eram a única forma de abastecimento de mão de obra escrava para as atividades produtivas.
  2. A escravização dos indígenas só poderia ocorrer em áreas onde houvesse uma profunda pobreza dos moradores.
  3. A escravidão indígena foi uma prática sistemática dos colonos e gerou uma disputa entre esses e os missionários pelo controle dessa mão de obra.
  4. A mão de obra indígena era utilizada nos serviços domésticos e substituiu os africanos escravizados que trabalhavam na lavoura.
  5. A escravidão indígena foi estimulada pela Coroa Portuguesa para evitar o extermínio dos nativos pelos colonos.

02. (UEFS) Padre Antônio Vieira (1608-1697) ressaltava nos nativos brasileiros a tendência à ociosidade, não sendo o trabalho cotidiano e voluntário parte das suas vidas. Os colonizadores tentavam compreender o indígena usando como parâmetros a cultura e a visão de mundo, difundidas na Europa, como se estas fossem um padrão universal. (PEREIRA, 2007, p. 24).

A visão dos indígenas brasileiros, construída pelos colonizadores europeus, como está registrada no texto, resultava

  1. da forma agressiva e resistente que marcou os primeiros contatos dos descobridores com os donos da terra.
  2. da comprovação de que os povos indígenas viviam em um paraíso, semelhante ao Éden bíblico.
  3. do desconhecimento, do preconceito e do sentimento de superioridade dos europeus, em relação aos povos desconhecidos.
  4. da organização do trabalho nas sociedades indígenas, baseada na produção para a acumulação e venda.
  5. da observação das relações familiares dos indígenas, essencialmente monogâmicas e nucleares.

03. (ENEM PPL 2014) Quando Deus confundiu as línguas na torre de Babel, ponderou Filo Hebreu que todos ficaram mudos e surdos, porque, ainda que todos falassem e todos ouvissem, nenhum entendia o outro. Na antiga Babel, houve setenta e duas línguas; na Babel do rio das Amazonas, já se conhecem mais de cento e cinquenta. E assim, quando lá chegamos, todos nós somos mudos e todos eles, surdos. Vede agora quanto estudo e quanto trabalho serão necessários para que esses mudos falem e esses surdos ouçam.

VIEIRA, A. Sermões pregados no Brasil. In: RODRIGUES, J. H. História viva. São Paulo: Global, 1985 (adaptado).

No decorrer da colonização portuguesa na América, as tentativas de resolução do problema apontado pelo padre Antônio Vieira resultaram na

  1. ampliação da violência nas guerras intertribais.
  2. desistência da evangelização dos povos nativos.
  3. indiferença dos jesuítas em relação à diversidade de línguas americanas.
  4. pressão da Metrópole pelo abandono da catequese nas regiões americanas.
  5. sistematização das línguas nativas numa estrutura gramatical facilitadora da catequese.

04. (Albert Einstein) “Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço, e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abrelhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.”

Antônio Vieira. Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959.

O texto, escrito no século XVII, pode ser interpretado como

  1. o reconhecimento da humanidade intrínseca dos indígenas e africanos, que deveriam possuir os mesmos direitos dos europeus.
  2. uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus.
  3. a exigência da escravização dos indígenas que, através do trabalho forçado, poderiam alcançar a salvação eterna.
  4. um discurso contra o trabalho desenvolvido nas missões jesuíticas implantadas pelos europeus nas colônias americanas.

05. (Fuvest) Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.

P. Antônio Vieira, Sermão décimo quarto. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial. São Paulo: Ática, 1993, p.73-75.

A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar, corretamente, que, nas terras portuguesas da América,

  1. a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se revoltar.
  2. as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
  3. a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto, de justificá-la com base na Bíblia.
  4. clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
  5. havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo estas, assim, pouco significativas.

06. (ESPM) Quem vir na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas perpetuamente ardentes, o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda da cor da mesma noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo tempo sem momento de tréguas, nem de descanso; quem vir enfim toda a máquina e aparato confuso e estrondoso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que tenha visto Etnas e Vesúvios, que é uma semelhança de inferno.

(Padre Antonio Vieira. Citado por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling in Brasil uma Biografia)

A leitura do trecho deve ser relacionada com:

  1. o trabalho indígena na extração do pau-brasil;
  2. o trabalho indígena na lavoura da cana-de-açúcar;
  3. o trabalho de escravos negros africanos no engenho de cana-de-açúcar;
  4. o trabalho de escravos negros africanos no garimpo, na mineração;
  5. o trabalho de imigrantes italianos na lavoura cafeeira.

07. (ENEM 2012) Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e

  1. a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
  2. a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
  3. o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
  4. o papel dos senhores na administração dos engenhos.
  5. o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

08. (UPF) Um dos jesuítas mais importantes que viveu no Brasil, ao escrever para seu superior, afirmou:

Na primeira carta disse a V. Rev. a grande perseguição que padecem os índios, pela cobiça dos portugueses em os cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua a mesma cobiça e perseguição, a qual cresceu ainda mais. (...) No ano de 1649 partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de índios distantes daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de suas terras e os trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam.

(Pe. Antônio Vieira, Carta ao padre Provincial, 1653, Maranhão, apud RIBEIRO, Darcy; MOREIRA NETO, Carlos de Araujo (orgs.).A fundação do Brasil: Testemunhos, 1500-1700. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 300-1.)

Considerando o texto de Padre Antônio Vieira, é correto afirmar que:

  1. o Padre Vieira, bem como os demais jesuítas, era contrário à escravidão dos indígenas e dos africanos, posição que provocou conflitos constantes com o governo português.
  2. um dos momentos que marcou a crise entre o governo português e os jesuítas foi representado pela proibição da atuação dos bandeirantes, que culminou com a expulsão dos membros da Companhia de Jesus do território brasileiro.
  3. o ponto crucial dos confrontos entre os padres jesuítas e os colonos estava relacionado à escravização dos indígenas e, em especial, à forma como os bandeirantes agiam.
  4. a preocupação demonstrada pelo Padre Vieira foi um episódio isolado na luta contra a escravização indígena no estado do Maranhão, o qual se utilizava da ação dos bandeirantes para caçar os nativos.
  5. os padres jesuítas, na luta contra os colonos paulistas, contavam com o apoio do governo português na defesa contra a escravização indígena.

09. (PUC-SP) “Ao longo da segunda metade do século XVI, a Bahia se tornou a principal capitania do Brasil colonial. Juntou-se a Pernambuco como região de grande lavoura e engenhos produtores de açúcar; tornou-se polo de imigração portuguesa, com destaque para os cristãos-novos, atraídos pela nova frente de expansão açucareira e desejosos de escapar do braço comprido do Santo Ofício português, criado entre 1536 e 1540; abrigou número crescente de missionários, não só jesuítas, mas professos de outras ordens religiosas.”

Ronaldo Vainfas. Antônio Vieira. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 31.

Podemos afirmar que o texto indica uma concepção acerca do estudo da história do Brasil colonial em que se

  1. privilegia a dimensão religiosa dos vínculos entre colônia e metrópole, pois tal dimensão é necessariamente determinante das demais relações presentes na sociedade colonial.
  2. valoriza a liberdade de crença e a pluralidade das manifestações religiosas na colônia, possível a partir da aceitação, pela Igreja Católica, das formas de religiosidade das comunidades indígenas.
  3. caracteriza a divisão internacional do trabalho, pois as colônias americanas e suas metrópoles europeias mantiveram, antes e depois da independência, papéis hegemônicos no contexto global de circulação de mercadorias.
  4. reconhece o caráter complexo e plural das relações entre colônia e metrópole a partir da identificação de diversos elementos da ocupação e organização da sociedade colonial.
  5. define o caráter flexível das relações entre colônia e metrópole, pois estas se estruturam a partir do perfeito equilíbrio político entre a periferia e o centro econômico.

10. (Fuvest) A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar:

  1. Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.
  2. Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava.
  3. Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos mundanos.
  4. Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os acontecimentos políticos e sociais.
  5. Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.

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