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Figuras de Linguagem

Lista de 06 exercícios de Linguagens com gabarito sobre o tema Figuras de Linguagem com questões do Enem.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Figuras de Linguagem.




01. (ENEM 2022) Urgência emocional

Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir “eu te amo”.

Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes? Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao AMOR: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: “paciência”. Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada. É uma refeição que pode durar uma vida.

MEDEIROS, M. Disponível em: http:/porumavidasimples. blogspot.com.br. Acesso em: 20 ago. 2017 (adaptado).

Nesse texto de opinião, as marcas linguísticas revelam uma situação distensa e de pouca formalidade, o que se evidencia pelo(a)

  1. impessoalização ao longo do texto, como em: “se não há mais tempo”.
  2. construção de uma atmosfera de urgência, em palavrascomo: “pressa”.
  3. repetição de uma determinada estrutura sintática, como em: “Se tudo é para ontem”.
  4. ênfase no emprego da hipérbole, como em: “uma refeição que pode durar uma vida”.
  5. emprego de metáforas, como em: “a vida engata uma primeira e sai em disparada”.

Resposta: E

Resolução: O uso de metáforas é evidente na frase "a vida engata uma primeira e sai em disparada", que compara a pressa da vida a um carro em alta velocidade. Essa figura de linguagem reforça a sensação de urgência e caracteriza o tom descontraído e pouco formal do texto. O emprego de metáforas aproxima o autor do leitor, estabelecendo um diálogo acessível e envolvente.

02. (ENEM 2022 PPL) Foi o caso que um homenzinho, recém-aparecido na cidade, veio à casa do Meu Amigo, por questão de vida e morte, pedir providências. Meu Amigo sendo de vasto saber e pensar, poeta, professor, ex-sargento de cavalaria e delegado de polícia. Por tudo, talvez, costumava afirmar: — “A vida de um ser humano, entre outros seres humanos, é impossível.

O que vemos é apenas milagre; salvo melhor raciocínio.” Meu Amigo sendo fatalista.Na data e hora, estava-se em seu fundo de quintal, exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres, revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no mundo, ninguém, jamais, atirou quanto ele tão bem — no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gastava nisso, por dia, caixas de balas.

Estava justamente especulando: — “Só quem entendia de tudo eram os gregos. A vida tem poucas possibilidades”. Fatalista como uma louça, o Meu Amigo. Sucedeu nesse comenos que o vieram chamar, que o homenzinho o procurava.

ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1967.

Os procedimentos de construção conferem originalidade ao estilo do autor e produzem, no fragmento, efeito de sentido apoiado na

  1. reflexão filosófica em torno da brevidade da vida.
  2. tensão progressiva ante a chegada do estranho.
  3. nota irônica do perfil intelectual do personagem.
  4. curiosidade natural despertada pelo anonimato.
  5. erudição sutil da alusão ao pensamento grego.

Resposta: C

Resolução: Apesar de ser apresentado como uma figura de vasto saber, poeta e professor, a narração revela, de forma humorada, suas ações exageradas e seu fatalismo. Esse contraste entre a seriedade do discurso e o comportamento peculiar do personagem cria uma nota irônica marcante, típica do estilo de Guimarães Rosa.

03. (Enem 2013) Capítulo LIV — A pêndula

Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estireime na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tiquetaque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim:

— Outra de menos...

— Outra de menos...

— Outra de menos...

— Outra de menos...

O mais singular é que, se o relógio parava, eu davalhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.

Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque

  1. o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
  2. como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
  3. na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
  4. o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.
  5. o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio

Resposta: D

Resolução: A opção correta é a letra D, "o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas". No texto, o narrador menciona que, quando perde o sono, o tiquetaque da pêndula faz com que sinta que está tendo menos tempo de vida. Ele compara o relógio a um velho diabo sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e que conta os instantes perdidos. No entanto, no contexto do capítulo, o narrador está se lembrando de um momento de prazer e alegria, e o relógio passa a representar a materialização do tempo, fazendo com que o narrador se concentre no presente e não nas fantasias do futuro. Isso redireciona o comportamento idealista do narrador, que antes se preocupava em contar os instantes perdidos, mas agora se alegra com os minutos ganhados.

04. (Enem 2012) Labaredas nas trevas Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski

20 DE JULHO [1912] Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acrediteme, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe”.

20 DE DEZEMBRO [1919] Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.

FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmentado).

Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre dois fragmentos do texto em questão, uma relação semântica de

  1. Causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência.
  2. Temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão.
  3. Condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias apresentadas à outra.
  4. Adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e oposta à outra.
  5. Finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.

Resposta: B

Resolução: A opção correta é a letra B, "Temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão". No texto, o enunciado metafórico "Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal" é usado para estabelecer uma relação de temporalidade entre os dois fragmentos. O primeiro fragmento se refere a uma carta escrita por Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski em 1912, na qual ele afirma que nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coisa escrita por ele sobre Stephen Crane, pois Crane era praticamente desconhecido na época. Já no segundo fragmento, datado de 1919, o autor é reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa e é solicitado para escrever um artigo sobre um livro de Crane, que agora é considerado um "fenômeno hoje esquecido". A metáfora do peixe embrulhado nas folhas de jornal sugere que o reconhecimento de Crane e a fama de Korzeniowski só aconteceram muitos anos depois de suas mortes. Portanto, a metáfora estabelece uma relação de temporalidade entre os dois fragmentos, situando no tempo a evolução dos fatos narrados.

05. (Enem 2012) O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à

O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à

  1. polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular.
  2. ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
  3. homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica.
  4. personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
  5. antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família.

Resposta: A

Resolução: A opção correta é a letra A, "polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão 'rede social' para transmitir a ideia que pretende veicular". A expressão "rede social" pode ter diversos sentidos, como a rede de relacionamentos pessoais e profissionais que uma pessoa tem, ou ainda as redes de comunicação online que permitem a interação social, como as redes sociais na internet. No contexto da charge, a expressão "rede social" é usada para referir-se ao mundo virtual, enquanto a frase "outra coisa" se refere ao mundo real. Dessa forma, a expressão "rede social" é usada com o sentido de rede de comunicação online, e a combinação dessa informação com a imagem da criança jogando videogame contribui para o efeito de sentido da charge, que é criticar o excessivo uso de redes sociais e outras formas de tecnologia pelas crianças em detrimento de atividades mais saudáveis e aproveitamento do tempo livre. A polissemia, ou a possibilidade de uma palavra ter múltiplos sentidos, é um recurso linguístico que pode ser usado para criar efeitos de sentido e enriquecer a expressão.

06. ( Enem 2011) Não tem tradução

[...]

Lá no morro, se eu fizer uma falseta

A Risoleta desiste logo do francês e do inglês

A gíria que o nosso morro criou

Bem cedo a cidade aceitou e usou

[...]

Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição

Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês

Tudo aquilo que o malandro pronuncia

Com voz macia é brasileiro, já passou de português

Amor lá no morro é amor pra chuchu

As rimas do samba não são I love you

E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny

Só pode ser conversa de telefone

ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista Língua Portuguesa. Ano 4, n° 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba Não tem tradução, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe

  1. incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
  2. respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.
  3. valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.
  4. mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
  5. ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.

Resposta: C

Resolução: Isso é reforçado pela crítica às pessoas que tentam traduzir o samba para outros idiomas, como o francês, e pelo uso de termos e gírias típicos da fala popular brasileira, como "falseta", "Risoleta", "malandro" e "chuchu". Além disso, o poeta também critica o uso de termos estrangeiros, como "I love you" e "alô boy" e "alô Johnny", que são usados pelas pessoas que tentam exibir uma imagem moderna e cosmopolita, mas que, na verdade, não compreendem a essência do samba. Portanto, o poema defende a importância de valorizar e preservar a fala popular brasileira e sua relação com a identidade nacional.

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