Terceira Geração Modernista, Terceira Fase do Modernismo ou Geração Pós-modernista II
Lista de 15 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Terceira Geração Modernista, Terceira Fase do Modernismo ou Geração Pós-modernista II com questões de Vestibulares.
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01. (UERJ) Guimarães Rosa afirmou, em uma entrevista, que somente renovando a língua é que se pode renovar o mundo. Visando a essa renovação, recorria a neologismos e inversões pouco usuais de termos, explorando novos sentidos em seus textos.
Um exemplo dessas inversões encontra-se em:
- Nossa mãe era quem regia,
- Nossa mãe muito não se demonstrava.
- Nossa mãe terminou indo também, de uma vez,
- Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura;
02. (UENP) Todos olharam a aniversariante, compungidos, respeitosos, em silêncio.
Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Os meninos, embora crescidos – provavelmente já além dos cinquenta anos, que sei eu! – os meninos ainda conservavam os traços bonitinhos. Mas que
mulheres haviam escolhido! E que mulheres os netos – ainda mais fracos e mais azedos – haviam escolhido. Todas vaidosas e de pernas finas, com aqueles colares falsificados de mulher que na hora não aguenta a mão, aquelas mulherzinhas que casavam mal os filhos, que não sabiam pôr uma criada em seu lugar, e todas elas com as orelhas cheias de brincos – nenhum, nenhum de ouro! A raiva a sufocava.
– Me dá um copo de vinho! Disse.
O silêncio se fez de súbito, cada um com o copo imobilizado na mão.
– Vovozinha, não vai lhe fazer mal? Insinuou cautelosa a neta roliça e baixinha.
– Que vovozinha que nada! Explodiu amarga a aniversariante. – Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! Me dá um copo de vinho, Dorothy! – ordenou.
(LISPECTOR, C. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.61-62.)
Com base no trecho, assinale a alternativa correta que apresenta um aspecto central da prosa de Clarice Lispector.
- Demonstração de vínculo com o Regionalismo literário.
- Exposição de um forte componente científico na narrativa.
- Perspectiva intimista da realidade retratada por meio do cotidiano familiar.
- Uso de personagens pitorescos em um cenário rural.
- Visão religiosa em conflito com o apego mundano do homem.
03. (PUC-SP) Em cima das rapaduras, o defunto.
Com os balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava espichado, horrendo. O lenço de amarrar o queixo, atado no alto da cabeça, não tinha valido de nada: da boca, dessorava um mingau pardo, que ia babujando e empestando tudo. E um ror de moscas, encantadas com o carregamento duplamente precioso, tinham vindo também.
O trecho acima integra um dos contos de Sagarana, obra de João Guimarães Rosa, publicada em 1946.
Considerando o trecho indicado podemos afirmar que se trata de
- “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos humanos, e é acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada.
- “O Burrinho Pedrez” que conta um episódio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam nas águas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia.
- “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vítima de um atentado que, após, marcado com ferro em brasa, é lançado num despenhadeiro.
- “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mútua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um crime passional.
04. (UNIFESP) O uso intensivo da metáfora insólita, a entrega ao fluxo da consciência, a ruptura com o enredo factual foram constantes do seu estilo de narrar. Os analistas à caça de estruturas não deixarão tão cedo em paz seus textos complexos e abstratos. Há na gênese dos seus contos e romances tal exacerbação do momento interior que, a certa altura do seu itinerário, a própria subjetividade entra em crise. O espírito, perdido no labirinto da memória e da autoanálise, reclama um novo equilíbrio.
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.)
Tal comentário refere-se
- Jorge Amado.
- José Lins do Rego.
- Graciliano Ramos.
- Guimarães Rosa.
- Clarice Lispector.
05. (UFU) Levando-se em consideração a leitura dos contos de Clarice Lispector e o conceito de EPIFANIA, isto é, o instante de revelação, a súbita percepção ou a transformação na consciência, assinale a alternativa que exemplifica um desses momentos.
- Em O primeiro beijo, o garoto bebe água diretamente da boca da estátua.
- Em Os obedientes, o marido e a esposa conversavam a respeito de política.
- Em A legião estrangeira, Ofélia encontrava-se com a narradora no elevador.
- Em Os desastres de Sofia, a narradora enfrenta o professor para ser expulsa da sala.
06. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre as escritoras Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector e sobre suas obras.
I - Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) e Clarice Lispector (1920 – 1977) pertencem à mesma geração cronológica, mas não tiveram a mesma trajetória no campo literário, dada a diferença de classe e raça.
II - Quarto de despejo, publicado em 1960, é o testemunho, em primeira pessoa, de Carolina Maria de Jesus sobre sua vida de miséria em uma favela paulista. Editado por Audalio Dantas, está presente no livro a tensão entre a linguagem dominada por Carolina e aquela que, para ela, seria a linguagem literária.
III- Clarice Lispector, em A hora da estrela (1977), cria uma personagem, Macabéa, que narra, em primeira pessoa, as dificuldades de sua vida de empregada doméstica e moradora de uma favela carioca.
Quais estão corretas?
- Apenas I.
- Apenas III.
- Apenas I e II.
- Apenas II e III.
- I, II e III.
07. (UFRGS) No bloco superior abaixo, estão listados os títulos dos romances de Carolina Maria de Jesus e de Clarice Lispector; no inferior, trechos desses romances.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - Quarto de despejo
2 - A hora da estrela
( ) Ela me incomoda tanto que fiquei oco. Estou oco desta moça. E ela tanto mais me incomoda quanto menos reclama. [...] Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? Já sei: amando meu cão que tem mais comida do que a moça. Por que ela não reage? Cadê um pouco de fibra? Não, ela é doce e obediente.
( ) Achei um saco de fubá no lixo e trouxe para dar ao porco. Eu já estou tão habituada com as latas de lixo, que não sei passar por elas sem ver o que há dentro. [...] Ontem eu li aquela fábula da rã e a vaca. Tenho a impressão que sou rã. Queria crescer até ficar do tamanho da vaca.
( ) A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro.
( ) “Una Furtiva Lacrima” fora a única coisa belíssima na sua vida. [...] Era a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. [...] Não chorava por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era “assim”. Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
- 1 – 2 – 2 – 1.
- 2 – 1 – 1 – 2.
- 2 – 1 – 2 – 1.
- 1 – 2 – 1 – 2.
- 1 – 1 – 2 – 2
08. (ACAFE) Assinale a citação extraída da peça teatral Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
- “Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: – Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.”
- “A solução é apressar a morte a que se decida e pedir a este rio, que vem também lá de cima, que me faça aquele enterro que o coveiro descrevia [...].”
- “Sabe, era eu e mais quatro primas, todas nós, queríamos porque queríamos esse broche da minha avó. Cada uma achava que merecia mais do que a outra. Mas, minha vozinha deu pra mim! Pra mim! O senhor não sabe o que eu tive que aguentar das minhas primas! Todas invejosas! Fui chamada de mimada, puxa-saco, netinha queridinha da vovó, protegida e até de filha da p...!”
- “Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.”
09. (PUC-SP) A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que
- se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco.
- compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô.
- estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam “Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional.
- apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro.
10. (PUC-PR) Leia atentamente o trecho do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, e assinale a alternativa CORRETA.
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada. ”
- O conto critica a falta de leitura dos adolescentes nas escolas brasileiras, tendo como principal razão a preguiça, o que evidencia nosso atraso cultural.
- Uma das marcas da escritora é sua capacidade de descrição de paisagens externas, que retratam da seca no Nordeste aos problemas sociais das grandes metrópoles.
- Pelo trecho em destaque, nota-se que a narradora em terceira pessoa investiga os reais motivos que a levaram a ser uma pessoa feliz, sendo os livros parte da construção deste sentimento.
- Prosadora da chamada primeira geração modernista, observa-se pelo texto da autora que esta opta por radicalizar no uso da oralidade, rompendo com a tradição realista, utilizando-se do chamado fluxo de consciência.
- O trecho analisado nos mostra características marcantes da escrita da autora, que com base em reflexões existenciais e da subjetividade, nos revela a intimidade dos seus personagens.
11. (UFGD) Com relação a Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar:
I. Nesta coletânea de contos, as personagens - sejam adultos ou adolescentes - debatem-se nas cadeias de violência latente que podem emanar do círculo doméstico. Homens ou mulheres, os laços que os unem são, em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento.
II. E, como se pouco a pouco se desnudasse uma estratégia, o cotidiano dos personagens de Laços de família, cuja primeira edição data de 1960, vai-se desnudando como um ambiente falsamente estável, em que vidas aparentemente sólidas se desestabilizam de súbito, justo quando o dia-a-dia parecia estar sendo marcado pela ameaça de nada acontecer.
III. O texto de Clarice Lispector não costuma apresentar ilusória facilidade. Seu vocabulário não é simples, as imagens voltam-se para animais e plantas, quando não para objetos domésticos e situações da vida diária, com frequência numa voltagem de intenso lirismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
- As alternativas I e II estão corretas.
- As alternativas II e III estão corretas.
- Apenas a alternativa I está correta.
- Apenas a alternativa II está correta.
- Apenas a alternativa III está correta
12. (UNICAMP) No conto “Amor”, de Clarice Lispector, após ver um cego mascando chicletes, a personagem passa por uma situação que, segundo o narrador, ela própria chama de “crise”:
“O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas.”
(Clarice Lispector, Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p.23.)
Essa crise, que transforma a relação da personagem com o mundo e com a família,
- nasce do colapso da vontade de viver da personagem, em razão do doloroso prazer com que passou a ver as coisas.
- revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar.
- constitui, para a personagem, uma alteração no modo de vida que antes a fazia sofrer e do qual agora havia se libertado.
- remete à excitação da personagem por ter conseguido harmonizar sua antiga vida com os novos desejos e sensações.
13. (PUC-Campinas) Ao longo da década de 1950, período marcado pelo que se chamou de “desenvolvimentismo”, manifestou-se uma nova geração de escritores, bastante viva, apostando em profundo mergulho num Brasil histórico e mítico, como no caso singular de Guimarães Rosa, ou em tendências de vanguarda, como a dos poetas do “Concretismo”, que concebiam a linguagem como objeto visual, disposta na página em relação funcional com o espaço branco ou colorido, e aproveitando ainda, por vezes, o chamamento de recursos gráficos usuais nas mensagens de propaganda.
(MOREIRA, Tibúrcio. Inédito)
A singularidade de Guimarães Rosa, de cuja obra é ponto culminante o romance Grande sertão: veredas, está sobretudo no fato de ter conseguido, nessa obra prima,
- expressar aspectos regionais numa narração excepcionalmente criativa e de alcance universal.
- combinar os gêneros de um poema em prosa modernista e de uma exemplar novela de cavalaria.
- alternar o falar caipira e o falar urbano, numa sucessão de quadros de diferentes regiões brasileiras.
- retomar o gênero épico por meio de uma narrativa que dramatiza nosso processo colonial.
- estabelecer um novo padrão linguístico com base na valorização criativa da norma culta.
14. (PUC-PR) No conto O ovo e a galinha, de Clarice Lispector, uma das características da 3ª fase do Modernismo está presente no fragmento: “As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a palavra “ovo”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o ovo precisava. Pois se elas não estivessem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, atrapalhariam o ovo. Comecei a falar da galinha e há muito já não estou falando mais da galinha. Mas ainda estou falando do ovo”.
Fonte: (LISPECTOR, Clarice. O ovo e a galinha, de Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.)
Essa característica é:
- A realidade objetiva que situa o ovo e a galinha num mesmo plano.
- O fluxo de consciência já que por meio dele se cruzam vários planos narrativos.
- A autoanálise feita pela autora por meio da galinha que é mais importante que o ovo.
- A ficção científica representada pelas galinhas que são figuras distraídas.
- A linearidade dos eventos que termina com a extinção da galinha.
15. (UFAM) Assinale a alternativa CORRETA quanto à prosa de Clarice Lispector:
- São narrativas surrealistas, preocupadas com o virtuosismo do relato.
- Apresenta exclusivamente um painel da sociedade burguesa brasileira, a partir de suas personagens.
- Renova, intensifica e aprimora tendências introspectivas de parte da ficção da geração de 1930.
- Aprofunda na prosa as investigações transcendentais, presentes na lírica da geração anterior.
- Prende-se a uma crítica aos valores femininos em voga na década de 1945, no Brasil