Home > Banco de Questões > Literatura > Obras >Sagarana: João Guimarães Rosa

Sagarana: João Guimarães Rosa

Lista de 12 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Sagarana: João Guimarães Rosa com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Sagarana: João Guimarães Rosa.




01. (UFPR) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:

Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.

– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...

É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.

(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)

O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro.

Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.

  1. A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus.
  2. A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza.
  3. A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região.
  4. A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana.
  5. São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia.

02. (UNICAMP) “Sapo não pula por boniteza, mas porém por percisão.”

(“Provérbio capiau” citado em epígrafe no conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, em João Guimarães Rosa, Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015, p.287.)

Elementos textuais que antecedem a narrativa como, por exemplo, o provérbio citado, funcionam, em alguns autores, como pista para se entender o sentido das ações ficcionais. No excerto acima, as ideias de beleza e necessidade são contrapostas com vistas à produção de um sentido de ordem moral. Considerando-se a jornada heroica de Augusto Matraga, é correto afirmar que a narrativa

  1. contradiz o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista não é fiel ao seu propósito de mudar os hábitos antigos.
  2. confirma o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista realiza uma série de ações para corrigir seu caráter e reordenar eticamente sua vida.
  3. ratifica o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista é seduzido pelos encantos da natureza e pelos prazeres da bebida e do fumo.
  4. refuta o sentido moral do provérbio, uma vez que o protagonista não consegue agir sem as motivações da beleza física e do afeto femininos.

03. (PUC-SP) De Sagarana, obra de J G Rosa NÃO É CORRETO afirmar que

  1. compõe-se de nove contos de tamanhos diferentes, inseridos todos já na matéria do sertão.
  2. apresenta linguagem da maturidade roseana, baseada na oralidade sertaneja, com aproveitamento de regionalismos e arcaísmos.
  3. recebeu o nome Sagarana, termo de origem puramente tupi e que indicia o rol de atos heroicos praticados por valentes guerreiros no combate às injustiças sociais e de fundo político.
  4. opera uma gama diversificada de enredos que envolvem personagens características do sertão de Minas Gerais.

04. (UNEMAT) Conversa de bois é um dos contos que integram a obra Sagarana. Do seu enredo como um todo, é correto afirmar que:

  1. a viagem toda é muito serena e tranquila e nada de extraordinário acontece com os bois ou com os carreiros.
  2. os bois, puxando o carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois.
  3. nesse conto a objetividade de Guimarães Rosa é muito exercitada. Deixando de utilizar a linguagem poética, o autor é direto e seco na sua escrita.
  4. Buscapé, irmão de Tiãozinho, é uma das personagens fundamentais no desenrolar do conto.
  5. o defunto, que ia junto com as rapaduras, já estava ali há muito tempo e era pai de seu Agenor.

05. (FUVEST) Agora, o Manuel Fulô, este,sim! Um sujeito pingadinho, quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno” – cara de bobo de fazenda, do segundo tipo –; porque toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de caburé*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz peba, mongol.

Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.

*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço

O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no fragmento, permite afirmar que

  1. há clara antipatia do narrador para com a personagem, que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”.
  2. estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a refletir a mescla de culturas própria ao estilo do livro.
  3. A expressão “caburé insalubre” denota o determinismo biológico que norteia o livro.
  4. é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim da narrativa Manuel Fulô sofre derrota na luta física.
  5. se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés” para caracterizar a personagem como ingênua.

06. (FUVEST) E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:

– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...

– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.

– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...

*peixe elétrico.

Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,

  1. antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como epígrafe.
  2. assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
  3. reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga.
  4. representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐personagem José, em “São Marcos”.
  5. constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho.

07. (PUC-SP) Em cima das rapaduras, o defunto.

Com os balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava espichado, horrendo. O lenço de amarrar o queixo, atado no alto da cabeça, não tinha valido de nada: da boca, dessorava um mingau pardo, que ia babujando e empestando tudo. E um ror de moscas, encantadas com o carregamento duplamente precioso, tinham vindo também.

O trecho acima integra um dos contos de Sagarana, obra de João Guimarães Rosa, publicada em 1946.

Considerando o trecho indicado podemos afirmar que se trata de

  1. “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos humanos, e é acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada.
  2. “O Burrinho Pedrez” que conta um episódio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam nas águas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia.
  3. “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vítima de um atentado que, após, marcado com ferro em brasa, é lançado num despenhadeiro.
  4. “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mútua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um crime passional.

08. (PUC-SP) A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que

  1. se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco.
  2. compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô.
  3. estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam “Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional.
  4. apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro.

09. (PUC-SP) Do conto “A Volta do Marido Pródigo”, que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, não é correto afirmar que

  1. há, no protagonista, uma espécie de heroísmo gaiato, correlacionado às espertezas das histórias de sapos utilizadas na narrativa.
  2. a personagem principal é Lalino Salãtiel, mulatinho descarado, malandro, enganador, mas simpático. Sabe como poucos contar uma boa história e age na vida como se estivesse em contínua representação.
  3. traz no nome uma alusão bíblica que se concretiza nas ações de abandonar a família, gastar o pouco que tem com bandalheiras, retornar para casa fragilizado e ser de novo aceito.
  4. mostra total alheamento quanto a situações políticas e de disputas de poder, uma vez que os personagens, que atuam na história, são gente do povo e operários da construção de estradas.

10. (UFU) Mas, de supetão, uma espécie de frango esquisito, meio carijó, meio marrom, pulou no chão do terreiro e correu atrás da garnisé branquinha, que, espaventada, fugiu. O galo pedrês investiu, de porrete. Empavesado e batendo o monco, o peru grugulejou. A galinha choca saltou à frente das suas treze familiazinhas. E, aí, por causa do bico adunco, da extrema elegância e do exagero das garras, notei que o tal frango era mesmo um gavião. Não fugiu: deitou-se de costas, apoiado na cauda dobrada, e estendeu as patas, em guarda, grasnando ameaças com muitos erres.

Para assustá-lo, o galo separou as penas do pescoço das do corpo, fazendo uma garbosa gola; avançou e saltou, como um combatente malaio, e lascou duas cacetadas, de sanco e esporão.

Aí o gavião fez mais barulho, com o que o galo retrocedeu. E o gavião aproveitou a folga para voar para a cerca, enquanto o peru grugulejava outra vez, com vários engasgos.

— Nunca pensei que um gavião pudesse ser tão covarde e idiota... — eu disse.

Maria Irma riu.

¾ Mas este não é gavião do campo! É manso. É dos meninos do

Norberto... Vem aqui no galinheiro, só porque gosta de confusão e

algazarra. Nem come pinto, corre de qualquer galinha...

— Claro! Gavião civilizado...

— U’lalá... Perdeu duas penas...

O sorriso de Maria Irma era quase irônico. Não me zanguei, mas

também não gostei.

ROSA, Guimarães. Minha gente. In: Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 241-242. (fragmento)

No trecho acima, a briga entre as aves remete ao seguinte tema desenvolvido no conto Minha Gente:

  1. A humilhação da mulher em uma sociedade machista, não lhe restando mais do que obedecer aos homens, o que pode ser exemplificado pela prima Maria Irma, que se submete aos desejos dos homens da casa.
  2. A frivolidade dos amores do narrador, que, mesmo apaixonado por sua prima, em alguns momentos percebe-lhe modos bastante desagradáveis, motivo pelo qual, ao final, a troca por outra mulher.
  3. A violência nas sociedades rurais, especialmente o assassinato de Bento Porfírio, testemunhado pelo narrador e considerado um fato corriqueiro pela prima Maria Irma, o que o leva a afastar-se da região.
  4. O contraste entre o narrador e “suas gentes” do sertão, uma vez que suas habilidades de homem da cidade não lhe garantem conhecimentos suficientes para compreender e se situar naquela sociedade de feição rural.

11. (UFPR) A respeito da temática da violência nos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa correta.

  1. Em “Minha gente”, o narrador vai visitar o tio numa região rural e acaba testemunhando um assassinato a foice que tem motivação política, ligado ao envolvimento da família com a disputa eleitoral que está em curso na região.
  2. Em “Duelo”, a violência é um círculo vicioso, já que a mulher de Turíbio comete adultério com Cassiano, o que leva o marido a matar por engano o irmão do amante; a partir daí, Turíbio e Cassiano passam a se perseguir longamente e os dois acabam morrendo.
  3. Em “O burrinho pedrês”, um dos vaqueiros que saem de manhã para conduzir a boiada do fazendeiro Major Saulo até a cidade para embarcar no trem de carga planeja a morte de um companheiro por ciúme de uma moça, mas só executa o crime à noite, na volta para a fazenda.
  4. Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, o protagonista é um homem violento que acaba ele próprio sendo vítima de uma tentativa de homicídio à qual sobrevive; esse acontecimento o leva a uma mudança radical e ele abre mão definitivamente de seu comportamento violento.
  5. Em “Corpo fechado”, citam-se casos de vários valentões de uma pequena cidade, mas o tom é de humor e a violência não é diretamente encenada, já que o personagem principal é um rapaz que não tem medo dos valentões, porque desde pequeno tem o corpo fechado por um feiticeiro.

12. (UFPR) Considere o seguinte texto:

O homem está na cidade

como uma coisa está em outra

e a cidade está no homem

que está em outra cidade

mas variados são os modos

como uma coisa

está em outra coisa:

o homem, por exemplo, não está na cidade

como uma árvore está

em qualquer outra

nem como uma árvore

está em qualquer uma de suas folhas

(mesmo rolando longe dela)

O homem não está na cidade

como uma árvore está num livro

quando um vento ali a folheia.

Gullar, F. Poema sujo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. p. 102.

Com base na leitura desse fragmento, extraído da parte final de Poema sujo, de Ferreira Gullar, e na leitura da integralidade do poema, assinale a alternativa correta.

  1. As reflexões existenciais predominam em Poema sujo, afastando outras temáticas frequentes na poesia brasileira da década de 1970, tais como as diferenças sociais e os posicionamentos políticos.
  2. As memórias do menino e do adolescente se misturam de forma perturbadora na consciência do adulto que cria o poema, motivo pelo qual ele sempre desejou abandonar os lugares sujos em que viveu.
  3. Enquanto, no fragmento transcrito, as referências à linguagem e aos livros são genéricas, em outros versos do poema, as várias fases da trajetória literária de Ferreira Gullar são apresentadas em ordem cronológica.
  4. A sucessão de imagens e sensações recuperadas pela força da memória nas quais predomina o que é sujo ou degradado cede lugar, no final do poema, a imagens da natureza, considerada mais pura do que a cidade.
  5. Os versos “e a cidade está no homem / que está em outra cidade” indicam que o passado vivido em São Luís do Maranhão segue entranhado no poeta enquanto ele vive como exilado político em Buenos Aires.

Clique Para Compartilhar Esta Página Nas Redes Sociais



Você acredita que o gabarito esteja incorreto? Avisa aí 😰| Email ou WhatsApp