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Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada: Carolina Maria de Jesus

Lista de 11 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada: Carolina Maria de Jesus com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada: Carolina Maria de Jesus.




01. (FAMECA) Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café puro. O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia.

Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para residir, procuro lhe dar uma refeição condigna.

Terminaram a refeição. Lavei os utensilios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casa confortavel, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela.

Fui no rio lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo.Ela e o esposo tratam-se com iducação. Visam apenas viverem paz. E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse--me que o Binidito da D. Geralda todos os dias ia preso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para ele na cadeia. Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho que levar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o peso do saco na cabeça e suporto o peso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me. Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo.

Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguem no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem um homem no lar.

(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada, 1993. Adaptado.)

As informações do texto permitem reconhecê-lo como

  1. uma análise, na qual o narrador questiona a sua condição de vida, mostrando que, apesar de sonhar com privilégios, prefere viver de forma simples.
  2. um comparativo, no qual o narrador reconhece que vive bem, ressaltando as vantagens de vestir-se com roupas caras e de morar em uma casa confortável.
  3. uma narrativa poética, na qual o narrador expõe seu sofrimento, deixando claro que ele decorre do fato de ter vários filhos para cuidar.
  4. um relato, no qual o narrador apresenta situações do seu cotidiano, evidenciando as dificuldades que enfrenta para sobreviver como catadora de papel.
  5. um resumo, no qual o narrador desmerece sua família e sua comunidade, as quais lhe representam empecilhos para uma vida melhor e com mais conforto.

02. (UFRGS) Instrução: A questão refere-se à obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.

Um tema em Quarto de despejo é encontrado também no poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, transcrito a seguir.

O bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras.

  1. A revolta e a indignação daqueles que sofrem a miséria e a marginalização social.
  2. O problema da fome, que avilta a dignidade humana.
  3. A aceitação da pobreza, que se tornou uma condição inerente às sociedades modernas.
  4. A esperança como forma de enfrentar o sofrimento da fome e de garantir a sobrevivência.
  5. O ato de escrever funciona como modo de driblar a fome.

03. (UFRGS) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.

( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua rotina de fome e violência através da escrita.

( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto.

( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva.

( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias de hoje.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

  1. F – V – F – F.
  2. V – F – V – V.
  3. V – F – F – V.
  4. V – V – V – F.
  5. F – V – V – V.

04. (ENEM Libras 2017) Quarto de despejo

Carolina Maria de Jesus

Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos

Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua atualidade.

JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007.

Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa do livro Quarto de despejo

  1. retomar trechos da obra.
  2. resumir o enredo da obra.
  3. destacar a biografia da autora.
  4. analisar a linguagem da autora.
  5. convencer o interlocutor a ler a obra.

05. (ACAFE) Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, exceto a:

  1. Mesclando a oralidade da gíria com o português formal, os 13 capítulos da obra empolgam pela linguagem ágil e narrativa naturalmente realista. Não por acaso, o livro despertou o interesse de produtores de cinema e de editores estrangeiros, interessados em explorar aspectos sociais inerentes à vida nas favelas.
  2. A protagonista relata seu “desgosto por ser mulher”, e diante das rivalidades e disputas entre as mulheres da favela (incluindo a narradora), ela afirma que gostaria de ter nascido homem e que isso tornaria sua vida mais fácil.
  3. Os textos que deram origem ao livro foram escritos entre 1955 e 1960 por uma moradora da favela que se expandia às margens do rio Tietê, no bairro do Canindé, e selecionados pelo repórter Audálio Dantas.
  4. Carolina em seu diário contrasta a ideologia desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, então presidente da república, com sua condição de vida na favela, o que a impede de nutrir simpatias por: "[...] o que o senhor Juscelino tem de aproveitável é a voz. Parece um sabiá [...] residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá, para não perder esta gaiola, porque os gatos, quando estão com fome, contemplam as aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Têm fome."

06. (UEL) Leia o trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e responda a questão

15 de maio

Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz:

– Os políticos protegem os favelados.

Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café, bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais.

... Eu classifico São Paulo assim: o Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2014. p.32.

Assinale a alternativa que estabelece a exata correlação entre Quarto de despejo e os romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto

  1. A miséria dos favelados de Quarto de despejo é experimentada também pelos moradores da pensão e pelos parentes do protagonista no romance Casa de pensão.
  2. As dificuldades enfrentadas pelas personagens de Quarto de despejo numa cidade grande como São Paulo têm pontos de contato com o individualismo que cerca as personagens de Casa de pensão.
  3. A distância do acesso ao poder representada em Quarto de despejo é equivalente ao caráter desprotegido que atinge o protagonista de Casa de pensão e as personagens que com ele convivem.
  4. A associação da favela ao lixo em Quarto de despejo é uma retomada das condições de moradia de personagens como Clara dos Anjos e Cassi Jones na narrativa de Lima Barreto.
  5. O descaso dos políticos focalizado em Quarto de despejo é o comportamento que conduz a protagonista Clara ao desespero quando ela se vê abandonada por Cassi Jones e pelas autoridades.

07. (IFSulDeMinas) Considerando os livros “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, e “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, é correto afirmar que:

  1. o segundo apresenta perspectiva naturalista e determinista para seus personagens enquanto que o primeiro apresenta aposta na mudança de realidade por meio da escrita em um diário.
  2. Bertoleza, personagem de “O Cortiço”, assemelha-se à Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, pois ambas são dependentes e falta-lhes proatividade.
  3. os dois livros em questão reforçam a imagem de sexo frágil para a mulher.
  4. a metáfora do quarto de despejo não estabelece qualquer relação com o contexto do cortiço descrito no romance de Aluísio de Azevedo.

08. (Unimontes) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO

  1. A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo” da grande cidade de São Paulo.
  2. O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada
  3. O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas.
  4. Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora.

09. (Unimontes) 1 DE JULHO... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me ver passar saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar. (...) Quando passei perto da fabrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando carregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 1997, p. 69.)

Sobre o excerto acima e sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a única afirmativa

INCORRETA é:

  1. Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita dos seus diários.
  2. Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da memória.
  3. A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora.
  4. A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora.

10. (Unimontes) A narrativa "Quarto de despejo (24 de dezembro de 1958)", da escritora Carolina Maria de Jesus, texto que integra a coletânea Nós e os outros, de Marisa Lajolo, apresenta todas as características abaixo, EXCETO

  1. O discurso é bem elaborado e erudito, demarcando o lugar social da personagem narradora.
  2. As marcas temporais do discurso possibilitam pensar o texto como uma página de diário.
  3. A narrativa, assim como outras da coletânea, representa personagens que vivenciam experiências de exclusão social.
  4. Com linguagem poeticamente construída, o texto da autora exemplifica um modo de vida específico.

11. (UFPR 2025) Considere o seguinte texto:

Eu deixei o leito as 3 da manhã porque quando a gente perde o sono começa pensar nas miserias que nos rodeia […] Deixei o leito para escrever. Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol.

Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades […] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela.

Fiz o café e fui carregar agua. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama.

Jesus, C. M. de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 58.

Com base na leitura desse fragmento de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e na integralidade da leitura do livro, assinale a alternativa correta.

  1. A visão da estrela Dalva, assim como a ideia de viver em um castelo dourado, são fantasias causadas pela fome e pelo excesso de esforço físico.
  2. Mesmo enquanto escreve seu diário, Carolina tem consciência de que vive num lugar insalubre, o que não a impede de sonhar com uma situação menos desumana.
  3. Um desejo de Carolina é se mudar da favela para o quarto de despejo de alguma casa de alvenaria em um bairro mais próximo do centro.
  4. Por privilegiar a fantasia, Quarto de despejo se afasta do registro realista, tendência predominante na literatura brasileira da década de 1950.
  5. Por idealizar uma vida impossível para quem vive na favela, Carolina presenteia seus filhos com brinquedos incompatíveis com sua situação econômica.

12. (UFPR) Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, apresenta o relato de sua vida na favela, na forma de um diário. Considerando o trecho seguinte e a integridade do livro, assinale a alternativa correta.

3 de fevereiro (1959) Tenho de dizer que não escrevi nos dias que decorreram porque eu fiquei doente. Vou recapitular o que ocorreu comigo nestes dias (...) A Fernanda veio e perguntou-me se eu sei onde está o cigano. É a mesma coisa que ela perguntar-me onde é a casa do vento.

Disse que ele é muito bonito e que ela ia lá comprar pimenta só para vê-lo.

Durante os dias que eu estive doente o senhor Manoel não me deixou sem dinheiro.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 159.

  1. Cigano pede Carolina em casamento, depois de ele ter lido a reportagem sobre ela publicada na revista O cruzeiro.
  2. Senhor Manoel é descrito como um homem igual aos demais moradores da favela e por isso Carolina se recusa a aceitar a afeição dele por ela.
  3. O pai de Vera Eunice pede muitas vezes à Carolina para ter seu nome citado nos diários dela.
  4. Orlando Lopes promove uma festa para receber Carolina na favela, após a publicação da reportagem.
  5. As poesias de Carolina que estão no livro tratam do cotidiano e de sentimentos experimentados por ela.

13. (UFGD) Não tomei café, ia andando meio tonta. A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível só ter ar no estômago. Comecei a sentir a boca amarga. Pensei: já não bastam as amarguras da vida? Parece que quando nasci o destino marcou-me para passar fome. Catei um saco de papel. Ia catando tudo que encontrava.

JESUS, Carolina Maria de, 1914-1977. Quarto de despejo: diário de uma favelada / Carolina Maria de Jesus; ilustração Vinicius Rossignol Felipe. – 10. ed. – São Paulo : Ática, 2014. 200p. : il.

Com base nos elementos e na interpretação da obra Quarto de Despejo, Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus, assinale a alternativa correta.

  1. A obra elabora o cotidiano da narradora-personagem e revela a discriminação e a marginalização da mulher negra na sociedade brasileira.
  2. A obra explora a questão da liberdade de expressão em um contexto de Ditadura Militar.
  3. A narrativa da autora em terceira pessoa aborda a questão da miséria humana e da subalternidade em sociedades autoritárias.
  4. A narrativa que compõe a obra denuncia a exploração dos empregados domésticos no contexto neoliberal nas três últimas décadas, no Brasil.
  5. A ascensão da chamada Classe “C” e o consumismo são os temas principais dos poemas que compõem a obra.

14. (ACAFE) Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, exceto a:

  1. Mesclando a oralidade da gíria com o português formal, os 13 capítulos da obra empolgam pela linguagem ágil e narrativa naturalmente realista. Não por acaso, o livro despertou o interesse de produtores de cinema e de editores estrangeiros, interessados em explorar aspectos sociais inerentes à vida nas favelas.
  2. A protagonista relata seu “desgosto por ser mulher”, e diante das rivalidades e disputas entre as mulheres da favela (incluindo a narradora), ela afirma que gostaria de ter nascido homem e que isso tornaria sua vida mais fácil.
  3. Os textos que deram origem ao livro foram escritos entre 1955 e 1960 por uma moradora da favela que se expandia às margens do rio Tietê, no bairro do Canindé, e selecionados pelo repórter Audálio Dantas.
  4. Carolina em seu diário contrasta a ideologia desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, então presidente da república, com sua condição de vida na favela, o que a impede de nutrir simpatias por: "[...] o que o senhor Juscelino tem de aproveitável é a voz. Parece um sabiá [...] residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá, para não perder esta gaiola, porque os gatos, quando estão com fome, contemplam as aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Têm fome."

15. (UFT) Leia o fragmento para responder a QUESTÃO

3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.

6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la

9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.

10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: Se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades.

... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora.

Quem passa fome aprende a pensar no proximo, e nas crianças.

16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer

... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos politicos.

Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29. (fragmento).

Assinale a alternativa CORRETA.

  1. submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela.
  2. crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre.
  3. otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família.
  4. culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.

16. (Unicerp) “[...] em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos. [...]” “[...] Eu classifico São Paulo assim: o Palácio é a sala de visita, a Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o seu jardim. A favela é o quintal onde jogam os lixos. [...]” “Quando estou na cidade, tenho a impressão que estou na sala de visita, com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludo, almofadas de cetim. E quando estou na favela, tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.” “[...] nós somos pobres, viemos para as margens do rio. As margens do rio são os lugares do lixo e dos marginais. Gente da favela é considerada marginal. Não mais se vê os corvos voando às margens dos rios, perto dos lixos. Os homens desempregados substituíram os corvos.” “Os políticos sabem que eu sou poetisa. E que o poeta enfrenta a morte quando vê o seu povo oprimido.” “O Brasil devia ser dirigido por quem passou fome.” “Não digam que fui rebotalho, que vivi à margem da vida. Digam que eu procurava trabalho, mas fui sempre preterida. Digam ao povo brasileiro que meu sonho era ser escritora, mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora.”

(Trechos extraídos do livro Quarto de Despejo – diário de uma favelada, 1960, de Carolina Maria de Jesus).

A primeira edição saiu com 30 mil exemplares. A obra foi reimpressa sete vezes em 1960. No total, vendeu 80 mil exemplares e foi traduzido para 14 línguas em 20 países. Julgue as questões abaixo e a seguir, marque a alternativa incorreta:

  1. Considerando o conjunto das informações dadas e em relação aos trechos “eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade” e em “...quando estou na favela, tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.”, a autora justifica o título do livro.
  2. “Digam ao povo brasileiro que meu sonho era ser escritora, mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora.” Se quisermos manter a coesão e a coerência textuais do período, podemos substituir a conjunção em destaque por entretanto ou porque.
  3. É uma obra que foi traduzida para 14 línguas em 20 países, pertence ao gênero textual diário, com foco narrativo em 1ª pessoa, gênero literário Memorialista, pois é um relato das memórias de Carolina de Jesus, mulher negra que sai de uma cidadezinha e Minas Gerais, para a cidade grande e vai morar em uma favela.
  4. A fome, as brigas e o ódio na favela são temas recorrentes na narrativa. Às segundas-feiras Carolina consegue coletar mais materiais para vender, enquanto nos sábados é o dia de maior preocupação, uma vez que ela precisa trabalhar dobrado para o domingo.

17. (UFN) O editor da obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, foi o jornalista Audálio Dantas que havia ido ao Canindé, São Paulo, para realizar uma reportagem sobre a favela e, ao visitar a casa de Carolina, ficou admirado com o diário da escritora. A partir disso, eles mantiveram contato e o resultado foi a publicação da obra, em 1960.

Ainda com base na obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, é correto afirmar que:

  1. Carolina Maria de Jesus comove o leitor com sua linguagem autêntica, precisão formal na escrita e realismo, enquanto narra acerca de sua vida e de seus quatro filhos no Canindé.
  2. a narrativa apresenta os problemas sociais que ocorrem no Rio de Janeiro, os quais são decorrentes dos preconceitos de classe, gênero e raça.
  3. não pode ser considerada uma obra literária, pois trata-se de uma narrativa autobiográfica que corresponde às situações vivenciadas no cotidiano da autora.
  4. pode ser considerada uma literatura marginal e periférica a qual apresenta uma narrativa que não é fiel à vida da autora.
  5. trata-se de uma narrativa literária importante por trazer representatividade para a autoria feminina e negra, de localização periférica e marginalizada.

18. (Unicerp) Em uma conjuntura tão conturbada em nosso país, em que as instituições e seus representantes protagonizam os noticiários e dominam os debates na esfera pública, é necessário que voltemos à realidade, que voltemos a nos chocar com a vida que está nas ruas dos bairros de nossas cidades, que observemos os problemas e injustiças sociais em seu caráter humano. É sempre valioso ouvir e amplificar a voz de quem nos oferece a lucidez de que há seres e problemas humanos demais, concretos demais, apesar das instituições.

O livro Quarto de Despejo (1960), escrito por Carolina Maria de Jesus (1914 –1977) entre 1955 e 1960, é um retrato literário que cumpre perfeitamente essa função.

Dentre as funções da literatura, a que predomina nessa obra é:

  1. Função político-social – realizar críticas sociais e políticas;
  2. Função cognitiva – transmitir conhecimento;
  3. Função estética – gerar admiração pelo belo;
  4. Função lúdica – entreter, relaxar, envolver

19. (UFT) Leia o fragmento de texto para responder a QUESTÃO.

20 de janeiro Passei o dia na cama. Vomitei bilis e melhorei um pouco. Fui carregar agua. O João ficou contente. Perguntoume se eu estou melhor. (...) fiquei com tontura, deitei novamente. ...os filhos estão com receio de eu morrer. Não me deixam sozinha. Quando um sai, outro vem vigiar-me. [...] ...O José Carlos foi na feira catar qualquer coisa. Catou milho, tomate e beringelas. Eu almocei, fiquei mais disposta. Quando eu dou um gemido os filhos choram com medo do Juiz.

Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014, p.158-159. (fragmento).

Considerando o fragmento de Carolina Maria de Jesus, é CORRETO afirmar que:

  1. mostra uma mãe apegada aos filhos, protetora e dedicada aos afazeres domésticos.
  2. narra o amor materno, os cuidados e zelo pelos filhos, em situações adversas.
  3. apresenta uma mãe que se encontra em situação de escassez de alimentos e pobreza.
  4. revela um olhar culpado da mãe no trato diário com os filhos.

20. (Unicerp) Na obra Quarto de Despejo, a autora em diversos momentos critica a postura dos políticos. Um exemplo, extraído da obra, que integra o conjunto de observações da autora, se encontra no texto do dia 20 de maio de 1956: “[...] Quando um político diz nos seus discursos que está ao lado do povo, que visa incluir-se na política para melhorar as nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar os preços, já está ciente que abordando este grave problema ele vence nas urnas. Depois divorcia-se do povo.”

Considerando o conjunto dessas observações, a autora quer dizer que:

I- Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.

II- Os políticos se aproximam do povo, faz promessas e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.

III - Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.

A alternativa que melhor traduz a posição da autora sobre a lógica das eleições, é

  1. I
  2. I e II
  3. II e III
  4. II

21. (UFN) O gênero textual “diário”, de uso pessoal em algumas situações cotidianas, migra, por vezes, para o âmbito literário, como é o caso da obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus. Nele, o tempo é ______________ e a narrativa é _____________, apresentando um registro ________________ que inicia em 15 de julho de 1955 e termina em 01 de janeiro de 1960, com o relato: “Levantei as 5 horas e fui carregar agua."

A alternativa cuja sequência completa corretamente as lacunas do texto é

  1. cronológico – não linear – ininterrupto.
  2. psicológico – linear – ininterrupto.
  3. cronológico – linear – intervalado.
  4. psicológico – não linear – intervalado.
  5. cronológico – linear – ininterrupto.

22. (Unicerp) De acordo com o fragmento retirado do texto, Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus (1960), “A democracia está perdendo os seus adeptos. No nosso país, tudo está enfraquecendo. O dinheiro é fraco. A democracia é fraca e os políticos, fraquíssimos. E tudo o que está fraco, morre um dia”, pede-se que assinale a alternativa que evidencia o adjetivo no grau superlativo absoluto sintético:

  1. A democracia está perdendo seus adeptos.
  2. No nosso país, tudo está enfraquecendo.
  3. O dinheiro é fraco.
  4. A democracia é fraca e os políticos, fraquíssimos.

23. (Unicerp) No trecho “Eu durmi. E tive um sonho maravilhoso. Sonhei que era um anjo. Meu vistido era amplo. Mangas longas cor de rosa”, do livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria de Jesus (1960), observa-se que existe:

  1. A modalidade oral, presente nas mídias atuais e presença de imagens metafóricas; B. A forma arcaica do uso da língua portuguesa que utiliza-se de termos obsoletos para se referir a fatos e coisas do cotidiano; C. A compreensão do uso das variedades linguísticas sobre a forma de falar reproduzida na escrita; D. A língua portuguesa é um sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística.

24. (Unicerp) No fragmento do livro de Carolina Maria de Jesus (1960), Quarto de Despejo, “As vezes mudam algumas famílias para a favela, com crianças. No início são educadas, amáveis. Dias depois usam o calão são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visitas e foram para o quarto de despejo. (JESUS, p. 39), percebe-se a presença

  1. da escrita que evidencia a rotina dos moradores marginalizados que sofriam com a miséria urbana
  2. da alusão metafórica que a autora utiliza para conquistar espaço na sociedade
  3. da manifestação de euforia em relação às mudanças na esfera política e da prosperidade social
  4. de situações que permeiam o poder público para que alcancem as conquistas sociais e públicas

25. (UDESC) Texto

22 de maio Eu hoje estou triste. Estou nervosa. Não sei se choro ou saio

correndo sem parar até cair inconciente. É que hoje amanheceu chovendo. E eu não

saí para arranjar dinheiro. Passei o dia escrevendo. Sobrou macarrão, eu vou

esquentar para os meninos. Cosinhei as batatas, eles comeram. Tem uns metais e um

[5]. pouco de ferro que eu vou vender no Seu Manuel. Quando o João chegou da escola eu

mandei ele vender os ferros. Recebeu 13 cruzeiros. Comprou um copo de agua

mineral, 2 cruzeiros. Zanguei com ele. Onde já se viu favelado com estas finezas?

...Os meninos come muito pão. Eles gostam de pão mole. Mas quando não tem

eles comem pão duro.

[10] Duro é o pão que nós comemos. Dura é a cama que dormimos. Dura é a vida do

favelado.

Oh! São Paulo rainha que ostenta vaidosa a tua coroa de ouro que são os

arranha-céus. Que veste viludo e seda e calça meias de algodão que é a favela.

...O dinheiro não deu para comprar carne, eu fiz macarrão com cenoura. Não

[15] tinha gordura, ficou horrivel. A Vera é a única que reclama e pede mais. E pede:

- Mamãe, vende eu para a Dona Julita, porque lá tem comida gostosa.

Eu sei que existe brasileiros aqui dentro de São Paulo que sofre mais do que eu.

Em junho de 1957 eu fiquei doente e percorri as sedes do Serviço Social. Devido eu

carregar muito ferro fiquei com dor nos rins. Para não ver os meus filhos passar fome

20. fui pedir auxilio ao propalado Serviço Social. Foi lá que eu vi as lagrimas deslisar dos

olhos dos pobres. Como é pungente ver os dramas que ali se desenrola. A ironia com

que são tratados os pobres. A unica coisa que eles querem saber são os nomes e os

endereços dos pobres.

Jesus, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma favelada. 102.ed. São Paulo: Ática. pp.41 e 42.

Analise as proposições em relação à obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus, e ao Texto.

I. Da leitura da obra, percebe-se que a escritora emprega uma linguagem que ora se aproxima da oralidade, a exemplo “viludo” (linha 13), por não ter concluído o ensino básico; ora faz uso de palavras mais cultas como “ostenta” (linha 12) e “propalado” (linha

20), evidenciando o conhecimento de suas leituras.

II. Da leitura da obra, infere-se que Carolina não gostava de dias chuvosos, uma vez que

nestes dias não conseguia catar papelão, outros materiais e, consequentemente, eram dias em que não obtinha dinheiro para o sustento dela e da família.

Il. No período “ - Mamãe, vende eu para a Dona Julita” (linha 16) a palavra destacada é, na morfossintaxe, substantivo e sujeito.

IV. A obra pertence ao gênero “diário”, está em 1º pessoa, e registra, entre 1955 e primeiro de janeiro de 1960, a vida de Carolina, dos filhos dela e de outras pessoas que viviam na favela do Canindé (SP).

V. No período “Tem uns metais e um pouco de ferro que eu vou vender no Seu Manuel” (linhas 4 e 5) destacou-se o personagem que juntamente com Raimundo, um belo cigano, e também Orlando, um corajoso nortista, disputavam o amor de Carolina e com ela desejavam casar.

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras
  2. Somente as afirmativas Il, III e IV são verdadeiras.
  3. Somente as afirmativas I, Il e V são verdadeiras.
  4. Somente as afirmativas Il e IV são verdadeiras.
  5. Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.

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