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Modernismo II

Lista de 13 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Modernismo II com questões do Enem.

Para responder as questões abaixo é necessário o conhecimento sobre os Modernistas, tais como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes etc


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Modernismo II.




01. (Enem PPL 2014) Evocação do Recife

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós O que fazemos

É macaquear A sintaxe lusíada...

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007)

Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes populares devem ser:

  1. satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua portuguesa autêntica.
  2. questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa.
  3. subestimadas, pois o português "gostoso" de Portugal deve ser a referência de correção linguística.
  4. reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo.
  5. reelaboradas, pois o povo "macaqueia" a língua portuguesa original.

02. (Enem 2014, 3ª aplicação) Olhou para o teto, a telha parecia um quadrado de doce.

Ah! — falou sem se dar conta de que descobria, durando desde a infância, aquela hora do dia, mais um galo cantando, um corte de trator, as três camadas de terra, a ocre, a marrom, a roxeada.

Um pasto, não tinha certeza se uma vaca e o sarilho da cisterna desembestado, a lata batendo no fundo com estrondo.

Quando insistiram, vem jantar, que esfria, ele foi e disse antes de comer: "Qualidade de telha é essas de antigamente".

(PRADO, A. Bagagem. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2006)

A poesia brasileira sofreu importantes transformações após a Semana de 1922, sendo a aproximação com a prosa uma das mais significativas. O poema da poeta mineira Adélia Prado rompe com a lírica tradicional e se aproxima da prosa por apresentar:

  1. travessão, estrutura do verso com pontuação comum a orações e aproximação com a oralidade, elementos próprios da narrativa.
  2. uma estrutura narrativa que não segue a sequência de estrofes nem utiliza de linguagem metafórica.
  3. personagem situado no tempo e espaço, descrevendo suas memórias da infância.
  4. discurso direto e indireto alternados na voz do eu lírico e localização espacial.
  5. narrador em primeira pessoa, linguagem discursiva e elementos descritivos.

03. (Enem 2013) O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem:

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem:

  1. direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
  2. forma clássica da construção poética brasileira.
  3. rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
  4. intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética
  5. lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

4. (Enem 2009 PPL) Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e [comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e [sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!

(ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003)

Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano

Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima:

  1. representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
  2. apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
  3. evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo
  4. critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.
  5. apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.

05. (Enem 2012) O trovador

Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras...
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom... Sou um tupi tangendo um alaúde!

(ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005)

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é:

  1. abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.
  2. verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
  3. lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
  4. problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
  5. exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

06. (Enem 2011) Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,

Interessa mais que uma avenida urbana.

Nas cidades todas as pessoas se parecem.

Todo mundo é igual.

Todo mundo é toda a gente.

Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.

Cada criatura é única.

Até os cães.

Estes cães da roça parecem homens de negócios:

Andam sempre preocupados.

E quanta gente vem e vai.

E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:

Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um

bodezinho manhoso.

Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,

Que a vida passa! Que a vida passa!

E que a mocidade vai acabar.

(BANDEIRA, M. K. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967)

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para:

  1. o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade.
  2. a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.
  3. a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
  4. a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
  5. a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

07. (Enem PPL 2012) Sambinha

Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas braços dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos...
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.

Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
— Você vai?
— Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha cor-de-rosa.

Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas...
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é...
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.

(ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988)

Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de seu projeto de configuração de uma identidade linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse projeto revela-se, pois

  1. a sensibilidade do artista não escapa do viés machista que marcava a sociedade do início do século XX, machismo expresso em “que até dão vontade pros homens da rua”.
  2. o poema capta uma cena do cotidiano — o caminhar de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras — mas o andamento dos versos é truncado, o que faz com que o evento perca a naturalidade.
  3. a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última instância, representam um Brasil de “todas as cores”.
  4. o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar regras gramaticais, como as de pontuação, prejudica a compreensão do poema.
  5. o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz questão de afirmar as origens africana e italiana das mesmas.

08. (Enem PPL 2012) TEXTO I

Poema de sete faces

Mundo mundo vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.

(ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2001

TEXTO II

CDA (imitado)

Ó vida, triste vida!
Se eu me chamasse Aparecida
dava na mesma.

(FONTELA, O. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7Letras, 2006)

Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Carlos Drummond de Andrade, e entre parênteses indica “imitado” porque, como nos versos de Drummond,

  1. adota tom melancólico para evidenciar a desesperança com a vida.
  2. apresenta o receio de colocar os dramas pessoais no mundo vasto.
  3. invoca a tristeza da vida para potencializar a ineficácia da rima.
  4. expõe o egocentrismo de sentir o coração maior que o mundo.
  5. aponta a insuficiência da poesia para solucionar os problemas da vida.

09. (Enem 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas

  1. buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais.
  2. defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional.
  3. representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa.
  4. mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada a tradição acadêmica.
  5. buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

10. (Enem 2009) Texto 1

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. [...]

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à
noite —
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as
palmeiras Onde canta o Sabiá.

(DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998)

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra
São Paulo Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo

(ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Círculo do Livro, s/d)

Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:

  1. o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que nasceu, é o tom de que se revestem os dois textos.
  2. a exaltação da natureza é a principal característica do texto 2, que valoriza a paisagem tropical realçada no texto 1.
  3. o texto 2 aborda o tema da nação, como o texto 1, mas sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
  4. o texto 1, em oposição ao texto 2, revela distanciamento geográfico do poeta em relação à pátria.
  5. ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

11. (Enem 2009) Esta gramática, pois que gramática implica no seu conceito o conjunto de normas com que torna consciente a organização de uma ou mais falas, esta gramática parece estar em contradição com o meu sentimento. É certo que não tive jamais a pretensão de criar a Fala Brasileira. Não tem contradição. Só quis mostrar que o meu trabalho não foi leviano, foi sério. Se cada um fizer também das observações e estudos pessoais a sua gramatiquinha muito que isso facilitará pra daqui a uns cinquenta anos se salientar normais gerais, não só da fala oral transitória e vaga, porém da expressão literária impressa, isto é, da estilização erudita da linguagem oral. Essa estilização é que determina a cultura civilizada sob o ponto de vista expressivo. Linguístico

(ANDRADE, Mário. Apud PINTO, E. P. A gramatiquinha de Mário de Andrade. São Paulo: Duas Cidades: Secretaria de Estado da Cultura, 1990)

O fragmento é baseado nos originais de Mário de Andrade destinados à elaboração da sua Gramatiquinha. Muitos rascunhos do autor foram compilados, com base nos quais depreende-se do pensamento de Mário de Andrade que ele:

  1. demonstra estar de acordo com os ideais da gramática normativa.
  2. é destituído da pretensão de representar uma linguagem próxima do falar.
  3. dá preferência à linguagem literária ao caracterizá-la como estilização erudita da linguagem oral.
  4. reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e literária.
  5. reflete a respeito dos métodos de elaboração das gramáticas, para que ele se torne mais sério, o que fica claro na sugestão de que cada um se dedique a estudos pessoais.

12. (Enem 2009 - 3ª aplicação) Oferta

Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor

(ANDRADE, Oswald de. Obras Completas de Oswald de Andrade. Rio Jan: Civilização Brasileira, 78, p. 33

O poema Oferta, de Oswald de Andrade, apresenta em sua estrutura e temática uma relação evidente com um aspecto da modernização da sociedade brasileira. Trata-se da:

  1. ausência do lirismo amoroso no poema e impossibilidade de estabelecer relações amorosas na sociedade regida pelo consumo de mercadorias.
  2. adesão do eu lírico ao mundo mecanizado da modernidade, justificada pela certeza de que as facilidades tecnológicas favorecem o contato humano.
  3. recusa crítica em inserir no texto poético elementos advindos do discurso publicitário, avesso à sensibilidade lírica do autor.
  4. associação crítica entre as invenções da modernidade e a criação poética modernista, entre o lirismo amoroso e a automatização das ações.
  5. impossibilidade da poesia de incorporar as novidades do mundo moderno já inseridas nas novas relações sociais da vida urbana.

13. (Enem 2009) Sentimental

1 Ponho-me a escrever teu nome
Com letras de macarrão
No prato, a sopa fria, cheia de escamas
4 e debruçados na mesa todos conteplam
esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,
7 uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

10 Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar."

(ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995)

Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar que:

  1. por meio dos versos “Ponho-me a escrever teu nome” (v. 1) e “esse romântico trabalho” (v. 5), o poeta faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.
  2. a linguagem essencialmente poética que constitui os versos “No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam” (v. 3 e 4) confere ao poema uma atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista.
  3. na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.
  4. em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em expressar algo sobre si mesmo.
  5. no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. 12), o poeta abandona a linguagem poética para fazer uso da função referencial, informando sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v. 11) presente no local.

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