Clarice Lispector
Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Clarice Lispector com questões de Vestibulares.
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01. (UEA - SIS) Depois de receber o aviso [de demissão] foi ao banheiro para ficar sozinha porque estava toda atordoada. Olhou-se maquinalmente ao espelho que encimava a pia imunda e rachada, cheia de cabelos, o que tanto combinava com sua vida. Pareceu-lhe que o espelho baço e escurecido não refletia imagem alguma. Sumira por acaso sua existência física? Logo depois passou a ilusão e enxergou a cara toda deformada pelo espelho ordinário: o nariz tornado enorme como o de um palhaço de nariz de papelão. Olhou-se e levemente pensou: tão jovem e já com ferrugem.
(Clarice Lispector. A hora da estrela, 1998.)
Considerando o contexto do romance, o trecho poderia ser interpretado como uma alegoria da
- repulsa de Macabéa à sociedade.
- ânsia de Macabéa por isolamento.
- insignificância social de Macabéa.
- vaidade ingênua de Macabéa.
- inclinação de Macabéa à futilidade.
02. (UNICAMP) “Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.”
(Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20º ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, p. 39.
Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reune valores opostos, remetendo simultaneamente à compaixão e à ferocidade.
É correto afirmar que, no conto “Amor”, essa formulação
- revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na personagem.
- expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem.
- indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar.
- alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de angústia.
03. (UENP) Todos olharam a aniversariante, compungidos, respeitosos, em silêncio.
Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Os meninos, embora crescidos – provavelmente já além dos cinquenta anos, que sei eu! – os meninos ainda conservavam os traços bonitinhos. Mas que mulheres haviam escolhido! E que mulheres os netos – ainda mais fracos e mais azedos – haviam escolhido. Todas vaidosas e de pernas finas, com aqueles colares falsificados de mulher que na hora não aguenta a mão, aquelas mulherzinhas que casavam mal os filhos, que não sabiam pôr uma criada em seu lugar, e todas elas com as orelhas cheias de brincos – nenhum, nenhum de ouro! A raiva a sufocava.
– Me dá um copo de vinho! Disse.
O silêncio se fez de súbito, cada um com o copo imobilizado na mão.
– Vovozinha, não vai lhe fazer mal? Insinuou cautelosa a neta roliça e baixinha.
– Que vovozinha que nada! Explodiu amarga a aniversariante. – Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! Me dá um copo de vinho, Dorothy! – ordenou.
(LISPECTOR, C. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.61-62.)
Com base no trecho, assinale a alternativa correta que apresenta um aspecto central da prosa de Clarice Lispector.
- Demonstração de vínculo com o Regionalismo literário.
- Exposição de um forte componente científico na narrativa.
- Perspectiva intimista da realidade retratada por meio do cotidiano familiar.
- Uso de personagens pitorescos em um cenário rural.
- Visão religiosa em conflito com o apego mundano do homem.
04. (UFU) Esta história poderia chamar-se "As estátuas". Outro nome possível é "O assassinato". E também "Como matar baratas". Farei então pelo menos três histórias, verdadeiras, porque nenhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e uma, se mil e uma noites me dessem.
LISPECTOR, Clarice, “A quinta história”, In: Felicidade clandestina, Rio de Janeiro: Rocco, 2013. p. 128.
O parágrafo acima inicia o conto “A quinta história”, de Clarice Lispector.
Considerando-se as características peculiares à obra da escritora, presentes no conto, é correto afirmar que
- a linguagem simbólica e as reflexões existenciais justificam por que Clarice foi considerada uma importante representante da “corrente espiritualista” do Modernismo brasileiro.
- como é comum nas obras da escritora, o enredo desencadeado a partir de um fato banal leva suas personagens a se questionarem, repensando suas certezas estabelecidas.
- a metalinguagem e as referências às obras literárias do passado revelam o cuidado da escritora com a forma, fruto de sua busca por uma arte pura, afastada das questões sociais.
- a angústia da mulher com a morte das baratas pode ser vista como uma crítica ao patriarcado e ao seu domínio violento sobre os seres vulneráveis, tema central na obra de Clarice.
05. (UFSM) No conto “Felicidade clandestina” (1971), de Clarice Lispector, a narradora-personagem, cuja ambição é obter emprestado o livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, descreve o exemplar como “um livro grosso, [...], um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o”. Na passagem destacada, o livro é representado como
- um objeto sagrado, merecedor de culto.
- um luxo, um prazer a ser ostentado.
- um objeto estranho e incompreensível, que deve permanecer oculto.
- uma companhia, que deve ser desfrutada plenamente.
- algo a ser devidamente decifrado e esquecido.
06. (UFU) Levando-se em consideração a leitura dos contos de Clarice Lispector e o conceito de EPIFANIA, isto é, o instante de revelação, a súbita percepção ou a transformação na consciência, assinale a alternativa que exemplifica um desses momentos.
- Em O primeiro beijo, o garoto bebe água diretamente da boca da estátua.
- Em Os obedientes, o marido e a esposa conversavam a respeito de política.
- Em A legião estrangeira, Ofélia encontrava-se com a narradora no elevador.
- Em Os desastres de Sofia, a narradora enfrenta o professor para ser expulsa da sala.
07. (EsPCEx) Sobre a narrativa de Clarice Lispector, pode-se afirmar que
- se utiliza do fluxo de consciência, quebrando os limites espaço-temporais que tornam a obra verossímil.
- mostra a dor e o sofrimento da mulher sertaneja, castigada pela seca e pelo preconceito social e cultural.
- apresenta em sua obra recursos como o ritmo, aliterações, metáforas e imagens, retomando o movimento concretista.
- recria a própria língua portuguesa, utilizando-se de termos em desuso, bem como neologismos.
- foi fortemente marcada pelo Simbolismo do séc. XIX, de cunho documental.
08. (UFU) Em relação aos contos da obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, é correto afirmar que, no conto
- Os obedientes, os falsos elogios do marido para a esposa desencadeiam uma crise de relacionamento que leva a mulher à morte.
- A legião estrangeira, Ofélia insiste em procurar a narradora para que essa a auxilie a deixar sua meninice e a crescer intelectualmente.
- A quinta história, o narrador procede a uma investigação sobre as várias maneiras de exterminar baratas de sua residência.
- Os desastres de Sofia, a narradora relata suas inquietações de criança antes de entrar na adolescência e se transformar em uma mulher.
09. (ACAFE) Assinale o fragmento extraído da obra De Amor e Amizade, de Clarice Lispector.
- “De volta à margem, cansado, apanha as longas vestes e se coça, rumando à cidade. Ainda é noite, quando bate na porta de Igreja de São Sebastião dos Humildes. Ao abrirem fez o sinal da cruz.”
- “– Minha pintura não está derretendo? Veja se o verde dos olhos não borrou... Nunca transpirei tanto, sinto o sangue ferver.”
- “Através de meus graves erros – que um dia eu talvez os possa mencionar sem me vangloriar deles – é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada.”
- “Ela sempre me estimara, eu via bem; ela sempre me quisera, eu percebia; ela mesma fora que nos casara; mas a loucura sua, que ia a passos largos, como sempre, virava-se para os parentes próximos e para as pessoas amigas.”
10. (PUC-PR) Leia atentamente o trecho do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, e assinale a alternativa CORRETA.
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada. ”
- O conto critica a falta de leitura dos adolescentes nas escolas brasileiras, tendo como principal razão a preguiça, o que evidencia nosso atraso cultural.
- Uma das marcas da escritora é sua capacidade de descrição de paisagens externas, que retratam da seca no Nordeste aos problemas sociais das grandes metrópoles.
- Pelo trecho em destaque, nota-se que a narradora em terceira pessoa investiga os reais motivos que a levaram a ser uma pessoa feliz, sendo os livros parte da construção deste sentimento.
- Prosadora da chamada primeira geração modernista, observa-se pelo texto da autora que esta opta por radicalizar no uso da oralidade, rompendo com a tradição realista, utilizando-se do chamado fluxo de consciência.
- O trecho analisado nos mostra características marcantes da escrita da autora, que com base em reflexões existenciais e da subjetividade, nos revela a intimidade dos seus personagens.