Campo Geral: Guimarães Rosa
Lista de 14 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Campo Geral: Guimarães Rosa com questões de Vestibulares.
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01. (UFG) Diversos motivos narrativos compõem a trama de "Campo Geral", texto da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa. Qual o motivo narrativo principal para a composição do enredo desse conto?
- As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.
- A instabilidade sentimental da mãe de Miguilim.
- A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
- A rivalidade entre o Tio Terêz e o pai de Miguilim.
- A solidariedade entre os irmãos de Miguilim
Texto para as duas próximas questões
Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora!
Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: – “Miguilim, você é piticego...” E ele respondeu: – “Donazinha...”
Quando voltou, o doutor José Lourenço já tinha ido embora. (Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. “Campo Geral”)
02. (ITA) A narrativa
I. desenvolve-se num universo fantástico, corroborado pela subversão da linguagem.
II. não retrata as experiências afetivas entre Miguilim e as outras personagens, pois o foco está nas ações dele.
III. é escrita em terceira pessoa, mas a história é filtrada pela perspectiva do menino Miguilim.
Está(ão) correta(s)
- apenas I.
- apenas I e II.
- apenas II.
- apenas III.
- todas.
03. (ITA) Os diminutivos do segmento contribuem para criar uma linguagem
- afetada.
- afetiva.
- arcaica.
- objetiva.
- rebuscada.
04. (UEG) ― “Mãe, que é que fizeram com o resto da roupinha do Dito?” ― agora ele queria saber. ― “Está guardada, Miguilim. Depois ela ainda vai servir para Tomezinho.” “― Mãe, e as alpercatinhas do Dito?” “― Também, Miguilim. Agora descansa.” Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a força de aluir com um dedo. Suava. Suava.
ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilim: (Corpo de baile). 11 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 143.
A respeito da prosa de Guimarães Rosa, na obra Manuelzão e Miguilim, exemplificada pelo trecho citado de “Campo geral”, assinale a alternativa INCORRETA:
- O uso de palavras no diminutivo, como “roupinha”, “alpercatinhas”, “Tomezinho”, nesse trecho, revela o clima de afetividade que permeia o universo infantil da personagem Miguilim, em meio aos costumes rudes em que ele nasce, cresce e vai descobrindo o mundo.
- “A rola fôgo-apagou cantava continuado, o dia, mesmo na calada do calor, quando dormiam os outros pássaros.” Nesse trecho de “Uma história de amor”, percebe-se um uso mais convencional e menos inovador da língua, o que se opõe à narrativa de “Campo geral”.
- As inovações, no aspecto lingüístico, apresentam-se na exploração criativa das possibilidades da língua, como ocorre na sugestividade sonora da repetição em “Suava. Suava.” Ou na expressividade sintáticosemântica do verbo aluir, em “Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a força de aluir com um dedo.”
- Ainda na passagem “Miguilim tinha mesmo que descansar, perdera a força de aluir com um dedo” e em toda a narrativa de “Campo geral” é notória a simpatia que o narrador tem por seu protagonista.
05.(IFNMG) Com base em seus conhecimentos acerca da prosa 1roduzida por Guimarães Rosa, pode-se afirmar que as características comuns a sua escrita comparecem nesse trecho, EXCETO:
- Uso de neologismos e de uma linguagem escrita muito parecida com a linguagem oral.
- Escrita sem rigor estético, cheia de erros de português, a fim de criticar a falta de cultura do homem sertanejo.
- Narrativa com ideais filosóficos que levam à reflexão da existência humana.
- Os fatos narrados têm como cenário o sertão mineiro, por isso são retratados hábitos, paisagens e dialetos típicos dessa região.
06. (Fuvest) Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chica, Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: – “Tio Terêz, o senhor parece com Pai...” Todos choravam. O doutor limpou a goela, disse: – “Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem d’água...” Miguilim entregou a ele os óculos outra vez. Um soluçozinho veio. Dito e a Cuca Pingo-de-Ouro. E o Pai. SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM... SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite nas algibeiras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto, falava.
In: Manuelzão e Miguilim; João Guimarães Rosa.
Neste trecho de “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, as expressões em maiúsculo retomam, ao final da narrativa,
- os versos sertanejos cantados pelo vaqueiro Salúz, em seu desejo de consolar Miguilim.
- a mensagem inicial de Tio Terêz, unindo, assim, o princípio e o fim da história.
- as lições de conformidade e alegria de Mãitina a Miguilim, enraizados no catolicismo popular.
- a derradeira lição da sabedoria do Dito, reforçada depois por seu Aristeu.
- o ensinamento do Grivo, cuja pobreza extrema era, no entanto, fonte de doçura e alegria.
07. (Fuvest) Considere atentamente as seguintes afirmações sobre a novela “Campo geral” (“Miguilim”), de Guimarães Rosa:
I. A sabedoria precoce do pequeno Dito é decisiva para o aprendizado de Miguilim, seja nas experiências imediatas do cotidiano, seja na investigação do valor e do sentido profundos dessas experiências.
II. Por meio da personagem Miguilim, o autor nos mostra que a vida rústica do sertanejo é pobre como experiência - o que pode ser compensado pela imaginação poética de quem sabe desligar-se daquela vida.
III. No momento final da narrativa, é em sentido literal e simbólico que um novo mundo se revela para Miguilim - mundo que também se abre para uma vida de novas experiências.
A leitura atenta da novela permite concluir que apenas:
- as afirmações I e III são corretas.
- as afirmações I e II são corretas.
- as afirmações II e III são corretas.
- a afirmação II é correta.
- a afirmação III é correta.
08. (UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre sentimentos de personagens de Campo Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa.
( ) Miguilim odiava seu Pai, pela violência das surras e castigos que ele lhe impunha: mandar embora a cadela, ou soltar os passarinhos que estavam nas gaiolas.
( ) As rezas da avó e os feitiços de Mãitina enfim surtiram efeito: Miguilim passou a se sentir culpado pela morte do irmão.
( ) Miguilim detestava o Mutum, mas, com a ajuda dos óculos do doutor, acabou finalmente descobrindo que se tratava de um lugar bonito.
( ) Dito sentiu inveja de Miguilim porque Papaco-o-Paco era capaz de dizer “ – Miguilim, Miguilim, me dá um beijim”, mas não conseguia pronunciar “Dito”.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
- F – V – F – F.
- F – V – F – V.
- V – V – F – V.
- V – F – V – V.
- V – F – V – F.
09. (ENEM) “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo. – Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome? – Miguilim. Eu sou irmão do Dito. – E o seu irmão Dito é o dono daqui? – Não, meu senhor. O Ditinho está em glória. O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia: – Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é que há, Miguilim? Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava. – Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa? – É Mãe, e os meninos... Estava Mãe, estava Tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: – Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica explicitado em:
- O homem trouxe o cavalo cá bem junto.
- Ele era de óculos, corado, alto (...).
- O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...).
- Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele (...).
- Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos.
10. (PUCCamp) Na novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, o leitor compreenderá que as sofridas experiências de menino no Mutum permitirão que o protagonista, quando adulto,
- procure esquecê-las, valorizando a vida que passou a ter depois de superar as privações de sua infância vazia.
- a elas se refira de modo a compensar aqueles momentos negativos com as fantasias que agora lhes acrescenta.
- as retome para valorizar o aprendizado profundo da infância, que inclui as perdas afetivas e o ganho de quem as descobre.
- as retome para analisar sua fragilidade de criança, em meio às condições penosas daquela rotina sem revelações.
11. (UFRGS) Com base no texto Campo Geral, da obra Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa, associe adequadamente cada uma das descrições da coluna da esquerda, abaixo, ao respectivo personagem, citado na coluna da direita.
( ) Tinha má índole; pregava peças nos outros e tinha interesse nos assuntos da sexualidade.
( ) Destacava-se pela sensatez e pela coragem; queria tudo observar e dava respostas sábias.
( ) Vestia-se de preto e chamava atenção pela magreza; gostava do escuro e de rezar.
( ) Pensava muito na morte; era sensível, solitário e não compreendia o mundo dos adultos.
1 - Dito
2 - Patori
3 - Maitiña
4 - Miguilim
5 - Vovó Izidra
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
- 3 – 4 – 5 – 2
- 4 – 1 – 3 – 5.
- 5 – 2 – 3 – 4.
- 2 – 1 – 5 – 4.
- 2 – 4 – 1 – 3.
12. (Faculdade Ciências Médicas-MG) A questão refere-se à obra “Campo Geral”, incluída no livro Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa, indicada para este concurso.
“Resta explicar, rapazes, por que ligo tanto à Medicina. É ainda uma questão de pachorra, uma espécie de mal-aventurada dor-de-corno. Ninguém ignora que uma das... pegas infantis mais vulgarizadas no Brasil, e talvez no mundo, é perguntarem ao rapazinho o que ele vai ser na vida. Foi o que fizeram também comigo uma vez, eu não teria dez anos. Fiquei atrapalhado, com muita vergonha de mim, e de repente escapei: – Vou ser médico. [...] Me tornei médico às avessas, isto é, doente. Mais ou menos imaginário. Sou duma perfeição perfeccional no descrever os sintomas das doenças. Das minhas doenças. E finalmente a Medicina entorpeceu minhas leituras. [...] E quando encontro, em leituras outras, qualquer referência sobre Medicina, ficho.”
(ANDRADE, Mário de. Namoros com a medicina. São Paulo: Martins; Brasília, INL, 1972, p.7-8.)
Mário de Andrade certamente ficharia as passagens a seguir, transcritas de “Campo Geral”, EXCETO:
- “Mas o Dito, de repente, pegava a fazer caretas sem querer, parecia que ia dar ataque. Miguilim chamava Vovó Izidra. Não era nada. Era só a cara da doença na carinha dele.”
- “Era Vovó Izidra, moendo pó em seu fornilho, que era o moinho-de-mão, de pedra-sabão, com o pião no meio, mexia com o moente, que era pau cheiroso de sassafrás.”
- “Vovó Izidra espremia no corte talo de bálsamo da horta, depois puderam amarrar um pano em cima de outro, muitos panos, apertados.”
- “Vovó Izidra fez um pano molhado, com folhas-santas amassadas, amarrou na cabeça dele.”
13. (UFMG) Leia este texto:
“Vede, eis a pedra brilhante dada ao contemplativo; ela traz um nome novo, que ninguém conhece, a não ser aquele que a recebe.” (Ruysbroek, o Admirável)
O uso de expressões populares são frequentes em Campo Geral.
Assinale a alternativa em que essa afirmativa NÃO se confirma.
- “ Vez em quando, comiam, de sal, ou cocadas de buriti, dôce de leite, (...)”
- “Ter um lugarim, reunir certa quantidade de meninos de por aqui por em volta, tão precisados, assim é que vale. O bom real é o legal de todos...”
- “Só Drelina era quem queria gostar: - “Fumaça percura é formosura...”
- “Tomezinho e o Dito corriam, no pátio, cada um com uma vara de pau, eram cavalinhos que tinham até nomes dados”
Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão 14.
Estava Mãe, estava tio Terêz, estavam todos.
O senhor alto e claro se apeou.
O outro, que vinha com ele, era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.
Depois perguntava a ele mesmo:
– “Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando?
E agora?”Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder.
– Este nosso rapazinho tem a vista curta.
Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
– Olha, agora! Miguilim olhou.
Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as
árvores, as caras das pessoas.
Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no
chão de uma distância.
E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo...
O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como
era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada: mas o senhor dizia que aquilo era do modo
mesmo, só que Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com
eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia
descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria pretinha, à Mãitina. A Chica
veio correndo atrás, mexeu:
– Miguilim, você é piticego...
” E ele respondeu:
– “Donazinha...”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
14. (UFMG) texto 1
A cegueira e o saber 6
Leio notícia de que foi inaugurado em Paris um restaurante onde as pessoas têm
a oportunidade de viver a experiência da vida de um cego, pois aí os clientes comem
no mais completo escuro. Chama-se, apropriadamente, Dans Le noir (“No escuro”).
Os garçons são cegos, e não apenas servem, mas atuam como guias levando os
fregueses até suas mesas. O restaurante está na moda. Situa-se ali perto do Beaubourg
e até o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin foi experimentar comer no escuro.
A coisa ocorre assim: “Antes de entrar na sala totalmente escura, os clientes
deixam em armários com cadeados, no bar do restaurante, relógios, isqueiros,
celulares e qualquer outro objeto que emita a mínima luz. Os pratos também são
escolhidos antes de entrar no recinto. Entre as opções, ‘ menu surpresa’, que só
será descoberto quando o garfo for levado à boca”. A experiência supera qualquer
instalação. As pessoas passam por três ambientes com cortinas nos quais a luz vai
rareando até a sala escura, onde há muito barulho, pois, para compensar a falta de
visão, as pessoas falam alto. A surpresa aumenta quando o cliente descobre que tem
outras pessoas à sua mesa.
Foi um ex-banqueiro e consultor de marketing social quem teve essa idéia.
E diz a matéria veiculada num site da BBC e mandada pela médica brasileira Mônica
Campos, residente nos Estados Unidos, que alguns clientes acham-se ridículos durante
a experiência, outros têm crise de choro e angústia, mas o fato é que o restaurante
está sempre lotado. As pessoas pagam para não ver.
É pitoresco, mas repito: as pessoas pagam para não ver, pagam para comerem
no escuro.
Não deixa de ser sintomático que se abra um restaurante onde os que veem
vão experimentar a cegueira, exatamente numa cultura de hipervisualização. Como
se estivéssemos fatigados de ver, agora queremos não-ver. Que seja por algumas
horas, não importa. É como se a poluição visual tivesse chegado a tal extremo, que
se sente a necessidade de recuperar outros sentidos, experimentando o “desver”
para, quem sabe, ver de novo.
Tomo esse restaurante como uma metáfora paradoxal de nossa época. A
modernidade que descobriu e aperfeiçoou a fotografia, e que, tendo conseguido
essa façanha, mobilizou-a criando o cinema e logo a seguir instalou a televisão
dentro de nossas casas para que víssemos o mundo e o universo 24 horas por dia;
a mesma modernidade que vem com essa enxurrada de letras e palavras em camisetas,
vitrines, anúncios luminosos, que nos manda imagens dos planetas mais distantes
e de detalhes das guerras e misérias mais horrendas; essa modernidade que é um
constante espetáculo de striptease, no qual o público e o privado, ou melhor, a sala de
visitas e a privada se acoplaram, essa modernidade, de tanto ver, já não vê. O mundo
é projetado como clipe de imagens esfaceladas acompanhadas por um ruído ou ritmo
qualquer. E, de repente, na “Cidade Luz ”, pagamos caro para comer no escuro.
SANTA’NNA, Affonso Romano de. A cegueira e o saber 6. IN_: A cegueira e o saber. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p. 26-27. (Fragmento).
Em todas as alternativas abaixo, apresentam-se afirmativas que associam elementos da narrativa de Campo Geral ao texto 1.
Preencha os parênteses em branco usando V para afirmativas verdadeiras e F para afirmativas FALSAS.
I - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em espaços distintos. ( )
II - O narrador do texto 1 é o mesmo que o narrador de Campo Geral. ( )
III - Em ambos os textos, a ação na narrativa ocorre em um tempo mítico. ( )
IV - Em ambos os textos, o ato de comer ultrapassa o paladar. ( )
V - No texto 1, as experiências são fabricadas; em Campo Geral, são naturais. ( )
Assinale a sequência CORRETA.
- V F F F V
- V V F F F
- F F V F V
- F V F F F