O Santo e a Porca: Ariano Suassuna
Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema O Santo e a Porca: Ariano Suassuna com questões de Vestibulares.
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01. (UFRN) O pano abre na casa de EURICO ARÁBE, mais conhecido como
EURICÃO ENGOLE-COBRA.
[...] CAROBA – E foi então que o patrão dele disse: “Pinhão, você sele o cavalo e vá na minha frente procurar Euricão...”
EURICÃO – Euricão, não. Meu nome é Eurico.
CAROBA – Sim, é isso mesmo. Seu Eudoro Vicente disse: “Pinhão, você sele o cavalo e vá na minha frente procurar Euriques...” EURICÃO – Eurico!
CAROBA – “Vá procurar Euríquio...”
EURICÃO – Chame Euricão mesmo.
CAROBA – “Vá procurar Euricão Engole-Cobra...”
EURICÃO – Engole cobra é a mãe! Não lhe dei licença de me chamar de Engole-Cobra, não! Só de Euricão!
CAROBA – “Vá na minha frente procurar Euricão para entregar essa carta a ele.”
EURICÃO – Onde está a carta? Dê cá! Que quererá Eudório Vicente comigo?
PINHÃO – Eu acho que é dinheiro emprestado.
EURICÃO – (Devolvendo a carta.) Hein?
PINHÃO – Toda vez que ele me manda assim na frente, a cavalo, é para isso. [...]
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005. (Primeiro Ato).
O texto é, predominantemente,
- explicativo, considerando-se a interação dos personagens marcada pela alternância entre perguntas e respostas.
- descritivo, considerando-se a relação entre os substantivos e os adjetivos, responsável pela caracterização dos personagens.
- injuntivo, considerando-se o uso de verbos no modo imperativo, característico de textos que apresentam instruções de uso.
- dialogal, considerando-se a interação verbal dos personagens e as alternâncias de fala, marcadas pelo uso de travessões.
02. (UFU) Depreende-se, da leitura de O santo e a porca, que Ariano Suassuna, ao dialogar com a tradição, retomando a comédia Aululária, de Plauto, e O avarento, de Moliére, recriando-as a partir de aspectos regionais e universais, associa
- o popular ao erudito.
- a arte renascentista ao pós-moderno.
- o grotesco ao sublime.
- o cômico ao trágico.
03. (UFU) Morte e vida severina e O santo e a porca foram concebidas como peças de teatro, ou seja, foram projetadas para interpretação no palco.
Considerando-se tal especificidade e seus enredos, assinale a alternativa que apresenta características comuns às obras.
- Estrutura do texto dramático; humor como recurso prevalente; crítica social.
- Retrato do sertão nordestino; divisão em três atos; presença de rubricas.
- Estrutura do texto dramático; retrato do sertão nordestino; presença de rubricas.
- Humor como recurso prevalente; escrita em versos; crítica social.
04. (UFRN) Leia os fragmentos extraídos, respectivamente, de Capitães da areia e de O santo e a porca.
Texto I
Tá com outra, não é? Mas meu Senhor do Bonfim há de fazer com que os dois fique entrevado. Senhor do Bonfim é meu santo.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 43.
Texto II
Ah, isso é o que eu não digo. Queria saber, hein? Está bem, saia. Afinal de contas, já o revistei todo. Fora daqui! E que Santo Antônio lhe cegue os olhos e lhe dê par alisia nos dois braços e nas duas pernas duma vez.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 106
Os fragmentos trazem cenas que apresentam
- um tom anticlerical em virtude de as entidades sagradas serem representadas como seres de caráter vingativo.
- um tom cômico em decorrência da forma como as entidades sagradas são tratadas.
- uma situação irônica, visto que o mal que as personagens desejam aos outros também as acometerá.
- uma situação humorística, uma vez que as personagens sabiam que seus desejos não seriam atendidos.
05. (UFRN) Leia abaixo o trecho de O santo e a porca, de Ariano Suassuna.
EURICÃO — Ai, gritaram "Pega o ladrão!". Quem foi? Onde está? Pega, pega! Santo Antônio, Santo Antônio, que diabo de proteção é essa? Ouvi gritar ?Pega o ladrão!". Ai, a porca, ai meu sangue, ai minha vida, ai minha porquinha do coração! Levaram, roubaram! Ai, não, está lá, graças a Deus! Que terá havido, minha Nossa Senhora? Terão desconfiado porque tirei a porca do lugar? Deve ter sido isso, desconfiaram e começaram a rondar para furtá-la! É melhor deixá-la aqui mesmo, à vista de todos, assim ninguém lhe dará importância! Ou não? Que é que eu faço, Santo Antônio? Deixo a porca lá, ou trago-a para aqui, sob sua proteção?
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 97. Nessa passagem, a recorrência da interrogação é um recurso literário revelador da
- desconfiança da personagem em relação a Santo Antônio e a Nossa Senhora.
- perplexidade da personagem resultante da perda da proteção divina.
- angústia da personagem perante uma situação tragicômica.
- ironia da personagem mediante uma situação cômica.
06. (UFRN) O texto abaixo, um fragmento da peça O santo e a porca, de Ariano Suassuna, encenada primeiramente em 1957, serve de referência para a questão 17:
Entra EUDORO VICENTE. BENONA lança-lhe um olhar provocante e terno.
BENONA — Eudoro, meu irmão vem já. Com licença, malvado! (Sai.)
EUDORO — Que foi que houve aqui, meu Deus, para Benona me olhar assim. Que coisa esquisita!
CAROBA — Ah, e o senhor ainda não soube de nada não?
EUDORO — Não, o que foi que houve?
CAROBA — O que houve, Seu Eudoro, foi que o povo daqui está desconfiado de que o senhor veio noivar.
EUDORO — E por que estão pensando nisso?
CAROBA — O senhor mandou dizer na carta que ia roubar o tesouro de Seu Euricão e todo mundo está pensando que isso quer dizer "casar com Dona Margarida".
EUDORO — Pois estão pensando certo, Caroba. Desde que Dodó saiu de casa para estudar, estou me sentindo muito só. Simpatizei com a filha de Euricão e resolvi pedi-la, apesar da diferença de idade.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. São Paulo: José Olympio, 2010. p. 33
Entra EUDORO VICENTE. BENONA lança-lhe um olhar provocante e terno. BENONA — Eudoro, meu irmão vem já. Com licença, malvado! (Sai.) EUDORO — Que foi que houve aqui, meu Deus, para Benona me olhar assim. Que coisa esquisita! CAROBA — Ah, e o senhor ainda não soube de nada não? EUDORO — Não, o que foi que houve? CAROBA — O que houve, Seu Eudoro, foi que o povo daqui está desconfiado de que o senhor veio noivar. EUDORO — E por que estão pensando nisso? CAROBA — O senhor mandou dizer na carta que ia roubar o tesouro de Seu Euricão e todo mundo está pensando que isso quer dizer "casar com Dona Margarida". EUDORO
— Pois estão pensando certo, Caroba. Desde que Dodó saiu de casa para estudar, estou me sentindo muito só. Simpatizei com a filha de Euricão e resolvi pedi-la, apesar da diferença de idade.
Sobre Caroba e Dona Margarida, personagens femininas de O santo e a porca, pode-se afirmar que
- demonstram comportamento ativo, utilizando-se da esperteza como instrumento para a materialização de seus desejos.
- manifestam timidez, especialmente quando se encontram diante da presença masculina.
- representam toda a comunidade, valendo-se da sabedoria popular para denunciar as injustiças masculinas.
- utilizam o olhar para expressar, sobretudo, o que não podem falar, revelando passividade.
07. (UFRN) “Mando na frente meu criado Pinhão, homem de toda confiança para avisá-lo de minha chegada aí. Mas quero logo avisá-lo: pretendo privá-lo de seu mais precioso tesouro!” (p. 39-40)
A avareza da personagem central da peça O santo e a porca está representada na seguinte fala:
- “Não gosto desses criminosos que prejudicam os outros e depois vêm pedir desculpas! Você sabia que ela não era sua, não devia ter tocado nela!” (p. 137)
- “Margarida, você quer me desmoralizar? Sustente o pudor, Margarida! Olhe o recato, Margarida!” (p. 64)
- “Trancarei a porta e não abrirei mais para ninguém. Porque não quero ficar mais num mundo em que acontecem estas coisas impossíveis de prever.” (p. 151)
- “Eudoro Vicente pensa que, pelo simples fato de ter hospedado minha filha, eu estou obrigado a hospedá-lo?” (p. 39)
08. (UFU) Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida — mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação para ser fiel à vida. [...] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo, tentador e belo [...] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa realidade transfigurada.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17.
Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto afirmar que
- com o claro objetivo de retratar a vida como ela é no sertão, Suassuna investe em um teatro realista, que não “esconda as traves da arquitetura teatral”.
- Suassuna recusa “apelar para as muletas do verismo”, motivo pelo qual a peça contém elementos chamados “fantásticos”, como a porca falante.
- faz parte da “generosidade” do leitor aceitar momentos da trama pouco verossímeis, como o sumiço e a reaparição espontâneos da estátua de Santo Antônio.
- há momentos da peça, como os disfarces múltiplos dos personagens, que dependem da “ilusão consentida do público”.
09. (UFPR) Sobre as peças O santo e a porca e O pagador de promessas, considere as seguintes afirmativas:
1. O drama da peça O pagador de promessas relata o processo de transformação do universo rural e inculto do Zé do Burro a partir do contato com a diversidade cultural do universo urbano.
2. Em O santo e a porca elementos nordestinos são conjugados a personagens tradicionais do teatro humorístico.
3. O santo e a porca explora o potencial revolucionário da cultura popular, ao pôr em cheque os valores sociais estabelecidos.
4. A peça O santo e a porca explora figuras folclóricas típicas, como o senhor sovina e a serviçal esperta, personagens populares que conduzem a um desfecho positivo da trama.
Assinale a alternativa correta.
- Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
- Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
- Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
- Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
- As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
10. (UDESC) Texto 1
EURICÃO – Ai, gritaram “Pega o ladrão!”. Quem foi? Onde está? Pega, pega! Santo
Antônio, Santo Antônio, que diabo de proteção é essa? Ouvi gritar “Pega o ladrão!”. Ai, a
porca, ai meu sangue, ai minha vida, ai minha porquinha do coração! Levaram, roubaram!
Ai, não, está lá, graças a Deus! Que terá havido, minha Nossa Senhora? Terão
desconfiado porque tirei a porca do lugar? Deve ter sido isso, desconfiaram e começaram
a rondar para furtá-la! É melhor deixá-la aqui mesmo, à vista de todos, assim ninguém lhe
dará importância! Ou não? Que é que eu faço, Santo Antônio? Deixo a porca lá, ou trago-a
para aqui, sob sua proteção? Desde que ela saiu daqui que começaram as ameaças! É
melhor trazê-la. Com a capa, porque alguém pode aparecer. Santo Antônio, faça com que
não apareça ninguém! Não deixe ninguém entrar aqui. Vou buscar minha porquinha, mas
não quero ninguém aqui.
SUASSUNA Ariano. O santo e a porca. 30a ed. José Olympio. RJ 2015, pp.97 e 98.
Analise as proposições em relação à obra O santo e a porca, Ariano Suassuna, e ao Texto 1.
I. Na peça, Ariano Suassuna procura passar uma visão satirizada entre o sagrado e o profano na cultura do sertanejo nordestino.
II. Da leitura da peça, percebe-se que no momento em que Caroba esconde o dinheiro dentro de um santo de pau-oco – Santo Antônio, Ariano Suassuna traz uma visão acerca da história do Brasil, de como procediam os traficantes de ouro, durante o auge da mineração.
III. A peça encerra com um final feliz de todas as personagens com seus pares, exceto o protagonista, Euricão, que acaba sozinho, fazendo uma reflexão sobre o significado da existência.
IV. A leitura da peça leva o leitor a inferir que, embora seja uma obra do período Modernista, o fato de a personagem Euricão viver a dualidade entre o divino e o material, há uma referência à estética barroca, pois alude ao homem sempre dividido entre o mundo espiritual e o material.
V. A obra reflete a carência do sertão nordestino quando a personagem Euricão depara-se pobre, pois o dinheiro, agora sem valor algum, fora guardado na porca devido à inexistência de alguma agência bancária ou instituição financeira, na região.
Assinale a alternativa correta.
- Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
- Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
- Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
- Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
- Todas as afirmativas são verdadeiras.