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Variação Linguística e Patrimônio Linguístico

Lista de 10 exercícios de Linguagens com gabarito sobre o tema Variação Linguística e Patrimônio Linguístico com questões do Enem.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Variação Linguística e Patrimônio Linguístico.




E

42. (Enem 2024) Evanildo Bechara prepara a sua aposentadoria de pouco em pouco, como se a adiasse ao máximo. Aos 95 anos, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) alcançou um status de astro pop no mundo da filologia e da gramática. Quando ainda tinha saúde para viagens mais longas, o filólogo lotava plateias em suas palestras na Europa e no Brasil, que não raro terminavam com filas para selfies.

A idade acentuou o lado “cientista” e professoral de Bechara, que adota um tom técnico na conversa até mesmo diante das perguntas mais pessoais. — “Qual o seu tipo preferido de leitura?”, — “A minha leitura está dividida em duas partes, a científica e a literária, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre elas.”

— responde.

Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexicologia. Um “novo mundo” se abriu para o pernambucano, que se mantém atento às metamorfoses do nosso idioma. Seu colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere, se lembra de quando deu carona para o mestre e este encucou com os estrangeirismos do aplicativo de navegação instalado no veículo. — “A vozinha do aplicativo avisou que havia um radar de velocidade ‘reportado’ à frente”, lembra Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”, notou Bechara.

Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

Nesse texto, as falas atribuídas a Evanildo Bechara são representativas da variedade linguística

  1. situacional, pois o contexto exige o uso da linguagem formal.
  2. regional, pois ele traz marcas do falar de seu local de nascimento.
  3. sociocultural, pois sua formação pressupõe o uso de linguagem rebuscada.
  4. geracional, pois ele emprega termos característicos de sua faixa etária.
  5. ocupacional, pois ele faz uso de termos específicos de sua área de atuação.

Resposta: E

Resolução: As falas de Evanildo Bechara refletem o uso de termos técnicos e específicos, característicos de sua área de atuação (filologia e gramática). Portanto, a alternativa correta é a E: "ocupacional, pois ele faz uso de termos específicos de sua área de atuação". A linguagem formal e técnica demonstra a influência de sua formação acadêmica na forma de expressão.

E

24. (Enem 2024) Falar errado é uma arte, Arnesto!

No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.

Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.

Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.

Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.

PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).

O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso

  1. marcava a linguagem dos comediantes no mesmo período.
  2. prejudicava a compreensão das canções pelo público.
  3. denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
  4. restringia a criação poética nas letras do compositor.
  5. transgredia a norma-padrão vigente à época.

Resposta: E

Resolução: A resposta correta é "E" porque o uso de expressões informais por Adoniran Barbosa transgredia a norma-padrão da época, o que gerava preconceito linguístico. Ele propositalmente usava uma linguagem que representava o "povo", desafiando a norma culta e trazendo autenticidade a suas composições, que eram mais acessíveis ao público comum.

C

27. (Enem 2024) Maranhenses que moram longe matam a saudade da terra natal usando expressões próprias do estado. Se o maranhês impressiona e desperta a curiosidade de quem mora no próprio Maranhão, imagine de quem vem de outros estados e países? A variedade linguística local é enorme e o modo de falar tão próprio e característico dos maranhenses vem conquistando muita gente e inspirando títulos e muito conteúdo digital com a criação de podcasts, blogs, perfis na internet, além de estampar diversos tipos de produtos e serviços de empresas locais.

Com saudades do Maranhão, morando há 16 anos no Rio de Janeiro, um fotógrafo maranhense criou um perfil na internet no qual compartilha a culinária, brincadeiras e o ‘dicionário’ maranhês. “A primeira vez que fui a uma padaria no Rio, na inocência, pedi 3 reais de ‘pães misturados’. Quando falei isso, as pessoas pararam e me olharam de uma forma bem engraçada, aí já fiquei ‘encabulado, ó’ e o atendente sorriu e explicou que lá não existia pão misturado e, sim, pão francês e suíço. Depois foi a minha vez de explicar sobre os pães ‘massa grossa e massa fina”’, contou o fotógrafo, com humor.

Disponível em: https://oimparcial.com.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

A vivência relatada no texto evidencia que as variedades linguísticas

  1. impedem o entendimento mútuo.
  2. enaltecem o português do Maranhão.
  3. são constitutivas do português brasileiro.
  4. exigem a dicionarização dos termos usados.
  5. são restritas a situações coloquiais de comunicação

Resposta: C

Resolução: O texto apresenta a experiência de um maranhense em outro estado, ilustrando como o modo de falar varia entre regiões e pode causar estranhamento. Essa vivência exemplifica a diversidade do português brasileiro, ressaltando que as variedades linguísticas são constitutivas do português brasileiro e fazem parte das diferentes maneiras como a língua é usada no país.

E

09. (Enem 2024) Expressões e termos utilizados no Amazonas são retratados em livro e em camisetas “Na linguagem, podemos nos ver da forma mais verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar no mundo”, afirmou o doutor em linguística e professor da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas as suas “cunhantãs” e “curumins”, acaba por encontrar um lugar no mundo e formar uma unidade linguística, informalmente denominada de português “caboco”, que muito se diferencia do português “mineiro”, “gaúcho”, “carioca” e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O livro, que conta com cerca de 1100 expressões e termos típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é registrar a linguagem.

Um designer amazonense também acha o amazonês “xibata”, tanto é que criou uma série de camisetas estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que mistura o bom humor com as expressões típicas da região. A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles: Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como objetivo “resgatar o orgulho do povo manauara, do povo do Norte”.

Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em comum, essas iniciativas

  1. recomendam produtos feitos por empreendedores da região Norte.
  2. ressaltam diferenças entre o falar manauara e outros falares.
  3. reverenciam o trabalho feito por pesquisadores brasileiros.
  4. destacam a descontração no jeito de ser do amazonense.
  5. valorizam o repertório linguístico do povo do Amazonas.

Resposta: E

Resolução: Tanto o livro quanto as camisetas promovem e valorizam as expressões linguísticas do Amazonas, reforçando o repertório cultural da região. Assim, a alternativa correta é a E, que indica a “valorização do repertório linguístico do povo do Amazonas”.

B

14. (Enem 2024) Teclado amazônico

Em novembro de 2023, uma professora indígena recebeu uma missão: verter as regras de um jogo de tabuleiro infantil do português para o tukano, sua língua nativa. Com vinte anos de experiência como professora de línguas em Taracuá, no Amazonas, ela já se dedicava à tradução havia tempos. O trabalho ficou mais fácil graças a um aplicativo lançado no ano anterior: com o Linklado em seu computador, ela traduziu as sete páginas das instruções do jogo em dois dias. Sem esse recurso, a tarefa seria bem mais trabalhosa. Antes dele, diz a professora, as transcrições de línguas indígenas exigiam o esforço quase manual de produzir diacríticos (acentos gráficos) e letras que não constam no teclado de aplicativos de mensagens ou programas de texto.

Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (lnpa), idealizadora do aplicativo, o Linklado representa uma revolução. O programa não restringe combinações de acentos, e isso poderá facilitar a criação de representações gráficas para fonemas que ainda não têm forma escrita. “Eu mirei em uma dor e atingimos várias outras”, diz.

“O Linklado possibilita que o Brasil reconheça a sua diversidade linguística”, afirma uma antropóloga que é colega da pesquisadora no Inpa e faz parte da equipe do aplicativo. Ela defende que escrever na língua materna é uma das principais formas de preservá-la.

Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

De acordo com esse texto, o aplicativo Linklado contribuiu para a

  1. criação de fonemas representativos de línguas indígenas no meio digital.
  2. democratização do registro escrito de línguas dos povos originários.
  3. adaptação de regras de jogos de tabuleiro de origem indígena.
  4. divulgação das técnicas de tradução de línguas indígenas.
  5. aprendizagem da língua portuguesa pelos indígenas.

Resposta: B

Resolução: O aplicativo Linklado facilita o registro escrito de línguas indígenas, democratizando o processo de escrita e documentação dessas línguas, que possuem fonemas específicos e diacríticos não suportados pelos teclados comuns. Isso representa um avanço no reconhecimento e preservação das línguas dos povos originários, promovendo a diversidade linguística no meio digital.

B

23. (Enem 2024) pessoas com suas malas

mochilas e valises

chegam e se vão

se encontram

se despedem

e se despem

de seus pertences

como se pudessem chegar

a algum lugar

onde elas mesmas

não estivessem

RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas. Porto Alegre: TAG, 2018.

Esse poema, por meio da ideia de deslocamento, metaforiza a tentativa de pessoas

  1. buscarem novos encontros.
  2. fugirem da própria identidade.
  3. procurarem lugares inexplorados.
  4. partirem em experiências inusitadas.
  5. desaparecerem da vida em sociedade.

Resposta: B

Resolução: A resposta correta é "B" porque o poema explora a ideia de que as pessoas, ao se deslocarem e se desfazerem de seus pertences, buscam escapar de si mesmas. A imagem da "despedida" de pertences sugere uma tentativa de abandonar traços de identidade ou de buscar um novo lugar onde possam se transformar ou se distanciar de sua própria essência.

D

25. (Enem 2024) A Língua da Tabatinga, falada na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo estigmatizada devido à sua origem e à própria classe social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisadora, era falada por “meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz de Monte – ruas da periferia da cidade cujos habitantes sempre foram tidos por marginais”. Conhecida por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na praça da matriz, a Língua da Tabatinga era utilizada por negros escravizados como uma espécie de “língua secreta”, um código para trocarem informações de como conseguir alimentos, ou para planejar fugas de seus senhores sem risco de serem descobertos por eles.

De acordo com um documento do Iphan (2011), os falantes da língua apresentam uma forte consciência de sua relação com a descendência africana e da importância de preservar a “fala que os identifica na região”. Essa mudança de compreensão tangencia aspectos de pertencimento, pois, à medida que o falante da Língua da Tabatinga se identifica com a origem afro-brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado recebido e tem o cuidado de transmiti-la para outras gerações. A concentração de falantes dessa língua está na faixa entre 21 e 60 anos de idade.

Disponível em: www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org. Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque o(a)

  1. seu registro passou da forma oral para a escrita.
  2. classe social de seus usuários ganhou prestígio.
  3. sua função inicial se manteve ao longo dos anos.
  4. sentimento de identidade linguística tem se consolidado.
  5. perfil etário de seus falantes tem se tornado homogêneo.

Resposta: D

Resolução: A resposta correta é "D" porque a preservação da Língua da Tabatinga está associada ao fortalecimento do sentimento de identidade linguística entre seus falantes. O texto explica que essa língua passou a ser valorizada como um legado afro-brasileiro, o que promove seu uso contínuo e a transmissão para as gerações futuras.

D

38. (Enem 2024) — Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.

— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009. Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que

  1. diferencia a produção artística do registro padrão da língua.
  2. aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.
  3. defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.
  4. contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
  5. associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais

Resposta: D

Resolução: No trecho, a discussão entre os personagens reflete um debate sobre o uso da linguagem coloquial versus uma linguagem mais erudita na literatura. Azevedo Gondim representa uma visão tradicional e formal da escrita, enquanto Paulo defende uma abordagem mais próxima da fala cotidiana. Isso contrapõe a formalidade e o preciosismo literário a uma forma mais coloquial de expressão.

D

21. (Enem 2023) Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará desenvolveu um dicionário para traduzir sintomas de doenças da linguagem popular para os termos médicos. Defruço, chanha e piloura, por exemplo, podem ser termos conhecidos para muitos, mas, durante uma consulta médica, o desconhecimento pode significar um diagnóstico errado.

“Isso é um registro histórico e pode ser muito útil para estudos dessas comunidades, na abordagem médica delas. É de certa forma pioneiro no Brasil e, sem dúvida, um instrumento de trabalho importante, porque a comunicação é fundamental na relação médico-paciente”, avalia o reitor da instituição.

Disponível em: https://g1.globo.com.

Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

Ao registrarem usos regionais de termos da área médica, Pesquisadores

  1. apontaram erros motivados pelo desconhecimento da variedade linguística local.
  2. explicaram problemas provocados pela incapacidade de comunicação.
  3. descobriram novos sintomas de doenças existentes na comunidade.
  4. propiciaram melhor compreensão dos sintomas dos pacientes.
  5. divulgaram um novo rol de doenças características da localidade.
B

45. (ENEM 2022) As línguas silenciadas do Brasil

Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição. “Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA).

Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes — e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa identidade.

Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil.

Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado).

O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar na medida em que

  1. denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas.
  2. conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural.
  3. associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica.
  4. estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem.
  5. aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil.
E

21. (ENEM 2022) Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”. Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.

Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.

PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).

Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da

  1. citação a referências literárias tradicionais.
  2. alusão à inocência das crianças da época.
  3. estratégia de questionar a bondade humana.
  4. descrição detalhada das pessoas do interior.
  5. representação anedótica de atos de violência.
D

34. (ENEM 2022) TEXTO I

A língua não é uma nomenclatura, que se opõe a uma realidade pré-categorizada, ela é que classifica realidade. No léxico, percebe-se, de maneira mais imediata, o fato de que a língua condensa as experiências de um dado povo.

FIORIN, J. L. Língua, modernidade e tradição.

Diversitas, n. 2, mar.-set. 2014.

TEXTO II

As expressões coloquiais ainda estão impregnadas de discriminação contra os negros. Basta recordar algumas delas, como passar um “dia negro”, ter um “lado negro”, ser a “ovelha negra” da família ou praticar “magia negra”.

Disponível em: https:/brasil.elpais.com. Acesso em: 22 maio 2018.

O Texto II exemplifica o que se afirma no Texto I, na medida em que defende a idea de que as escolhas lexicais são resultantes de um

  1. expediente próprio do sistema linguístico que nos apresenta diferentes possibilidades para traduzir estados de coisas.
  2. ato inventivo de nomear novas realidades que surgem diante de uma comunidade de falantes de uma língua.
  3. mecanismo de apropriação de formas linguísticas que estão no acervo da formação do idioma nacional.
  4. processo de incorporação de preconceitos que são recorrentes na história de uma sociedade.
  5. recurso de expressão marcado pela objetividade que se requer na comunicação diária.
B

40. (ENEM 2022) Papos

— Me disseram...

— Disseram-me.

— Hein?

— O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.

— Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?

— O quê?

— Digo-te que você...

— O “te” e o “você” não combinam.

— Lhe digo?

— Também não. O que você ia me dizer?

— Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. [...]

— Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo

como bem entender. Mais uma correção e eu...

— O quê?

— O mato.

— Que mato?

— Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu

bem? Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é

elitismo!

— Se você prefere falar errado...

— Falo como todo mundo fala. O importante é me

entenderem. Ou entenderem-me?

VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (adaptado).

Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos personagens torna-se inadequado em razão do(a)

  1. falta de compreensão causada pelo choque entre gerações.
  2. contexto de comunicação em que a conversa se dá.
  3. grau de polidez distinto entre os interlocutores.
  4. diferença de escolaridade entre os falantes.
  5. nível social dos participantes da situação.
E

41. (ENEM 2022) Urgência emocional

Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo. Temos pressa para ouvir “eu te amo”.

Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes? Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao AMOR: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: “paciência”. Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada. É uma refeição que pode durar uma vida.

MEDEIROS, M. Disponível em: http:/porumavidasimples. blogspot.com.br. Acesso em: 20 ago. 2017 (adaptado).

Nesse texto de opinião, as marcas linguísticas revelam uma situação distensa e de pouca formalidade, o que se evidencia pelo(a)

  1. impessoalização ao longo do texto, como em: “se não há mais tempo”.
  2. construção de uma atmosfera de urgência, em palavrascomo: “pressa”.
  3. repetição de uma determinada estrutura sintática, como em: “Se tudo é para ontem”.
  4. ênfase no emprego da hipérbole, como em: “uma refeição que pode durar uma vida”.
  5. emprego de metáforas, como em: “a vida engata uma primeira e sai em disparada”.
E

42. (ENEM 2022) O complexo de falar difícil

O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do notável saber jurídico saiba quando e como deve fazer uso desse português versão 2.0, até porque não tem necessidade de alguém entrar numa padaria de manhã com aquela cara de sono falando o seguinte:

“Por obséquio, Vossa Senhoria teria a hipotética possibilidade de estabelecer com minha pessoa uma relação de compra e venda, mediante as imposições dos códigos Civil e do Consumidor, para que seja possível a obtenção de 10 pãezinhos em temperatura estável para que a relação pecuniária no valor de R$ 5,00 seja plenamente legítima e capaz de saciar minha fome matinal?”.

O problema é que temos uma cultura de valorizar quem demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem é. Pela nossa lógica, todo mundo que fala difícil tende a ser mais inteligente do que quem valoriza o simples, e 99,9% das pessoas que estivessem na padaria iriam ficar boquiabertas se alguém fizesse uso das palavras que eu disse acima em plenas 7 da manhã em vez de dizer: “Bom dia! O senhor poderia me vender cinco reais de pão francês?”.

Agora entramos na parte interessante: o que realmente é falar difícil? Simplesmente fazer uso de palavras que a maioria não faz ideia do que seja é um ato de falar difícil? Eu penso que não, mas é assim que muita gente age. Falar difícil é fazer uso do simples, mas com coerência e coesão, deixar tudo amarradinho gramaticalmente falando. Falar difícil pode fazer alguém parecer inteligente, mas não por muito tempo. É claro que em alguns momentos não temos como fugir do português rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como no caso de documentos jurídicos, entre outros.

ARAÚJO, H. Disponível em: www.diariojurista.com. Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).

Nesse artigo de opinião, ao fazer uso de uma fala rebuscada no exemplo da compra do pão, o autor evidencia a importância de(a)

  1. se ter um notável saber jurídico.
  2. valorização da inteligência do falante.
  3. falar difícil para demonstrar inteligência.
  4. coesão e da coerência em documentos jurídicos.
  5. adequação da linguagem à situação de comunicação.
D

29. (ENEM 2022 PPL)

Esse cartaz tem como função social conquistar clientes para um evento turístico, e, por isso, seria recomendável que fosse escrito na norma-padrão da língua portuguesa.

O comentário acrescentado por um interlocutor sugere que a grafia incorreta da palavra “excursão”

  1. interfere na pronúncia do vocábulo.
  2. reflete uma interferência da fala na escrita.
  3. caracteriza uma violação proposital para chamar a atenção dos clientes.
  4. diminui a confiabilidade nos serviços oferecidos pela prestadora.
  5. compromete o entendimento do conteúdo da mensagem.
D

28. (ENEM 2022 PPL) Cuidadora humilhada por erros de português ao enviar currículo para asilo recebe ofertas de emprego

Nessa conversa por aplicativo, em que se evidencia uma forma de preconceito, a atendente avaliou a candidata a uma vaga de emprego pelo(a)

  1. ausência de autocorreção durante um diálogo.
  2. desleixo com a pontuação adequada durante um bate-papo.
  3. desprezo pela linguagem utilizada em entrevistas de emprego.
  4. descuido com os padrões linguísticos no contexto de busca por emprego.
  5. negligência com a correção automática de palavras pelo corretor de textos do celular.
A

33. (ENEM 2022 PPL) A historiografia do país demonstra que foi necessário considerável esforço do colonizador português em impor sua língua pátria em um território tão extenso.

Trata-se de um fenômeno político e cultural relevante o fato de, na atualidade, a língua portuguesa ser a língua oficial e plenamente inteligível de norte a sul do país, apesar das especificidades e da grande diversidade dos chamados “sotaques” regionais. Esse empreendimento relacionado à imposição da língua portuguesa foi adotado como uma das estratégias de dominação, ocupação e demarcação das fronteiras do território nacional, sucessivamente, em praticamente todos os períodos e regimes políticos. Da Colônia ao Império, da República ao Estado Novo e daí em diante.

Tomemos como exemplo o nheengatu, uma língua baseada no tupi antigo e que foi fruto do encontro, muitas vezes belicoso e violento, entre o colonizador e as populações indígenas da costa brasileira e de grande parte da Amazônia. Foi a língua geral de comunicação no período colonial até ser banida pelo Marquês de Pombal, a partir de 1758, caindo em pleno processo de desuso e decadência a partir de então. Foram falantes de nheengatu que nominaram uma infinidade de lugares, paisagens, acidentes geográficos, rios e até cidades. Atualmente, resta um pequeno contingente de falantes dessa língua no extremo norte do país. É utilizada como língua franca em regiões como o Alto Rio Negro, sendo inclusive fator de afirmação étnica de grupos indígenas que perderam sua língua original, como os Barés, Arapaços, Baniwas e Werekenas.

Disponível em: http://desafios.ipea.gov.br. Acesso em: 20 out. 2021 (adaptado).

Da leitura do texto, depreende-se que o patrimônio linguístico brasileiro é

  1. constituído por processos históricos e sociais de dominação e violência.
  2. decorrente da tentativa de fusão de diferentes línguas indígenas.
  3. exemplificativo da miscigenação étnica da sociedade nacional.
  4. caracterizado pela diversidade de sotaques e regionalismos.
  5. resultado de sucessivas ações de expansão territorial.
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01. (Enem 2019)

Toca a sirene na fábrica,

e o apito como um chicote

bate na manhã nascente

e bate na tua cama

no sono da madrugada.

Ternuras da áspera lona

pelo corpo adolescente.

É o trabalho que te chama.

Às pressas tomas o banho,

tomas teu café com pão,

tomas teu lugar no bote

no cais do Capibaribe.

Deixas chorando na esteira

teu filho de mãe solteira.

Levas ao lado a marmita,

contendo a mesma ração

do meio de todo o dia,

a carne-seca e o feijão.

De tudo quanto ele pede

dás só bom-dia ao patrão,

e recomeças a luta

na engrenagem da fiação.

MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais

  1. ajuda a localizar o enredo num ambiente estático.
  2. auxilia na caracterização física do personagem principal.
  3. acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens.
  4. alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto.
  5. está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes.

02. (Enem 2018)

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado,

E diga o verde-louro dessa flâmula

— “Paz no futuro e glória no passado.”

Mas, se ergues da justiça a clava forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada, Brasil!

Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)

  1. reverência de um povo a seu país.
  2. gênero solene de característica protocolar.
  3. canção concebida sem interferência da oralidade.
  4. escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
  5. artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

03. (Enem 2017)

Sítio Gerimum

Este é o meu lugar [...]

Meu Gerimum é com g

Você pode ter estranhado

Gerimum em abundância

Aqui era plantado

E com a letra g

Meu lugar foi registrado.

OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo

  1. valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
  2. confirmar o uso da norma-padrão em contexto da língua poética.
  3. enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
  4. registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
  5. reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.

04. (Enem PPL 2016) A carta manifesta reconhecimento de uma empresa pelos serviços prestados pelos consultores da PC Speed. Nesse contexto, o uso da norma-padrão

Disponível em: www.pcspeed.com.br. Acesso em: 1 maio 2012 (adaptado).

A carta manifesta reconhecimento de uma empresa pelos serviços prestados pelos consultores da PC Speed. Nesse contexto, o uso da norma-padrão

  1. constitui uma exigência restrita ao universo financeiro e é substituível por linguagem informal.
  2. revela um exagero por parte do remetente e torna o texto rebuscado linguisticamente.
  3. expressa o formalismo próprio do gênero e atribui profissionalismo à relação comunicativa.
  4. torna o texto de difícil leitura e atrapalha a compreensão das intenções do remetente.
  5. sugere elevado nível de escolaridade do diretor e realça seus atributos intelectuais.

05. (Enem PPL 2015) Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte da mesa, mas também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos, com toda certeza, está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino do Galego incorporado à grande família lusófona.

E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira de Letras.

Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser uma academia de Letras, portanto, de literatos.

BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.

No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galega da Língua Portuguesa, verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua. Esse uso

  1. torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.
  2. contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado para a situação.
  3. atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua portuguesa.
  4. dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.
  5. evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos do gênero palestra.

06. (Enem 2014)Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!

Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.

POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber

  1. descartar as marcas de informalidade do texto.
  2. reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
  3. moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
  4. adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
  5. desprezar as formas da língua previstas

07. (Enem 2013) Secretaria de Cultura Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é: Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é:

  1. Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser derrubados.
  2. Até que enfim! Os edificios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto arquitetônico da Rua Augusta.
  3. Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos moradores locais.
  4. Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de moradias populares.
  5. Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser preservado.

08. (Enem 2012) O senhor

Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora:

Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.

Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.

BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:

  1. “Essa palavra, ‘Senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio triste.”
  2. “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
  3. “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
  4. “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
  5. “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

09. (Enem 2012) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.

ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece

  1. a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
  2. a necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
  3. a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
  4. a importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo
  5. a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados

10. (Enem 2012) Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.

No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.

Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!

Informativo Parábola Editorial, s/d.

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele

  1. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão.
  2. apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
  3. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
  4. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
  5. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.

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