Interpretação de Texto
Lista de 17 exercícios de Linguagens com gabarito sobre o tema Interpretação de Texto com questões do Enem.
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06. (Enem 2024) O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23.o título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso; e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.
DYNLEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br. Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).
A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a
- escolha de um local específico para a festa.
- importância atribuída pelos turistas aos bois.
- interação social estabelecida após o evento.
- aproximação da manifestação folclórica com o esporte.
- composição de enredos musicais pelos “garanchosos”
Resposta: D
Resolução: A questão destaca a rivalidade entre as torcidas dos bois no festival de Parintins, semelhante à competitividade presente em eventos esportivos. A opção D, que aponta para a “aproximação da manifestação folclórica com o esporte”, é a mais adequada, pois o texto reflete essa característica ao mencionar torcidas e gritos de guerra, elementos típicos de competições esportivas.
11. (Enem 2024) É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal, que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente popular, ligado às formas essenciais da música característica dessa província. O cavaquinho minhoto tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do “rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete, ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.
OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em: https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).
O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os instrumentos mencionados no texto
- refletem a dependência da utilização de matéria-prima europeia.
- adaptam suas características a cada cultura, assumindo nova identidade.
- comprovam a hegemonia portuguesa na invenção de cordófonos dedilhados.
- ilustram processos de dominação cultural, evidenciando situações de choque cultural.
- mantêm nomenclatura própria para garantir a fidelidade às formas originais de confecção.
Resposta: B
Resolução: Os instrumentos mencionados no texto, como o cavaquinho e o ukulele, refletem o processo de adaptação cultural. Cada um deles foi ajustado conforme o contexto cultural onde foi utilizado, assumindo novas formas e características. Isso mostra como a música e os instrumentos evoluem ao serem adotados por diferentes culturas, criando assim uma identidade única para cada variante do instrumento.
12. (Enem 2024) Marília acorda Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios ressequidos. Como pão em pedacinhos para não engasgar com um farelo mais duro. Marília come também, mas olha o tempo todo para baixo. Parece que tem um acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho mais uma vez pela janela. O dia está bom. Quero caminhar pelo pátio. Marília levanta, pega o andador e põe ao lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar sozinha, e levanto. O lance de escadas, apesar de pequeno, ainda me causa problemas, mas não quero um elevador na casa e não vou tolerar descer uma rampa de cadeira de rodas. Marília abre a porta e saímos para a manhã. O dia está mais fresco do que eu imaginava. Ela pega uma manta de tricô que temos desde não sei quando e põe sobre as minhas costas. Ela aperta meus ombros com muita força, porque mesmo depois de todos esses anos, não descobriu a medida certa do carinho. Eu gosto. Porque entendo que naquele ato, naquela força está o nosso carinho.
POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015.
Nesse trecho, o drama do declínio físico da narradora transmite uma sensibilidade lírica centrada na
- necessidade de fazer adaptações na casa.
- atmosfera de afeto fortalecido pelo convívio.
- condição de dependência de outras pessoas.
- determinação de manter a regularidade da rotina.
- aceitação das restrições de mobilidade da personagem
Resposta: B
Resolução: O trecho revela uma atmosfera de carinho e proximidade entre a narradora e Marília. Esse vínculo afetivo é enfatizado pelos pequenos gestos e pela compreensão mútua que desenvolveram ao longo dos anos, destacando um afeto que se fortaleceu pelo convívio diário e pela parceria, sem focar na dependência ou nas adaptações físicas.
16. (Enem 2024) Os Jogos Olímpicos já não são mais os mesmos. E isso não é nem uma crítica, nem um elogio. É uma constatação. Esse movimento começou com o vôlei de praia tornando-se esporte olímpico em 1996, passou pela chegada do BMX Racing como primeiro “radical” a entrar no programa em 2008, e agora atinge seu momento mais insólito com a inclusão do break dance como modalidade dos Jogos de Paris, em 2024. Para os mais tradicionalistas, o cruzamento da linha que delimitava o que é esporte e o que é cultura e arte é uma afronta ao espírito dos Jogos Olímpicos. Skate e surfe, que há anos têm competições na televisão, pareciam estar na divisa entre esses dois mundos, o limite do aceitável pelos puristas. O break dance estaria do lado de “lá” dessa fronteira. Para o Comitê Olímpico Internacional, a decisão faz parte de uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma maneira muito diferente da dos seus avós.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado)
A mudança no programa olímpico mencionada no texto mostra que o esporte está se
- aproximando da aventura.
- mantendo em sua forma padrão.
- tornando uma forma de dança.
- afastando de elementos culturais.
- adaptando às demandas do seu tempo
Resposta: E
Resolução: A inclusão de modalidades como o break dance nos Jogos Olímpicos mostra a adaptação do esporte às novas demandas culturais, especialmente as dos jovens urbanos. Ao incorporar modalidades que ultrapassam os limites tradicionais, o Comitê Olímpico Internacional visa atualizar e diversificar o evento, refletindo as transformações sociais e os interesses contemporâneos.
24. (Enem 2024) Falar errado é uma arte, Arnesto!
No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.
Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.
Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.
Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.
PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).
O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso
- marcava a linguagem dos comediantes no mesmo período.
- prejudicava a compreensão das canções pelo público.
- denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
- restringia a criação poética nas letras do compositor.
- transgredia a norma-padrão vigente à época.
Resposta: E
Resolução: A resposta correta é "E" porque o uso de expressões informais por Adoniran Barbosa transgredia a norma-padrão da época, o que gerava preconceito linguístico. Ele propositalmente usava uma linguagem que representava o "povo", desafiando a norma culta e trazendo autenticidade a suas composições, que eram mais acessíveis ao público comum.
43. (Enem 2024) Um estudo norte-americano analisou os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a saúde mental e a manutenção da atividade física, revelando que um fator está diretamente ligado ao outro. De acordo com os dados, famílias de baixa renda foram mais impactadas pelo ciclo vicioso de falta de motivação e pelo sedentarismo. Diante da necessidade de distanciamento social e do início da quarentena, as opções de espaços seguros para exercícios físicos diminuíram, o que dificultou que as pessoas mantivessem seus níveis de atividade. Os dados evidenciaram que as pessoas mais ativas tinham melhor estado de saúde mental. As pessoas com menor renda tiveram mais dificuldade para manter os níveis de atividade física durante a pandemia, sendo aproximadamente duas vezes menos propensas a continuarem no mesmo ritmo de exercícios de antes da pandemia. Habitantes de áreas urbanas mostraram maior probabilidade de não conseguirem manter os níveis de atividade física semelhantes aos de pessoas que vivem em zonas rurais, onde há mais oportunidades de sair para espaços abertos.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2021 (adaptado).
O texto evidencia a perspectiva ampliada de saúde ao abordar criticamente a pandemia da covid-1 9 a partir do(a)
- busca por espaços para a prática de exercícios físicos.
- necessidade de se manter ativo para ter equilíbrio emocional.
- distanciamento social e sua vinculação com a prática de atividades físicas.
- relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios.
- benefício de morar em áreas rurais para preservar a estabilidade psicológica.
Resposta: D
Resolução: O texto evidencia que fatores socioeconômicos influenciaram a prática de atividades físicas e, consequentemente, a saúde mental, especialmente durante a pandemia. A alternativa correta é a D: "relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios". O autor destaca que a situação econômica impactou a capacidade das pessoas de se manterem ativas, influenciando também a saúde mental.
22. (Enem 2023) Alguém muito recentemente cortara o mato, que na época das chuvas crescia e rodeava a casa da mãe de Ponciá Vicêncio e de Luandi. Havia também vestígios de que a terra fora revolvida, como se ali fosse plantar uma pequena roça. Luandi sorriu.
A mãe devia estar bastante forte, pois ainda labutava a terra. Cantou alto uma cantiga que aprendera com o pai, quando eles trabalhavam na terra dos brancos. Era uma canção que os negros mais velhos ensinavam aos mais novos. Eles diziam ser uma cantiga de voltar, que os homens, lá na África, entoavam sempre, quando estavam regressando da pesca, da caça ou de algum lugar.
O pai de Luandi, no dia em que queria agradar à mulher, costumava entoar aquela cantiga ao se aproximar de casa. Luandi não entendia as palavras do canto; sabia, porém, que era uma língua que alguns negros falavam ainda, principalmente os velhos. Era uma cantiga alegre. Luandi, além de cantar, acompanhava o ritmo batendo com as palmas das mãos em um atabaque imaginário.
Estava de regresso à terra. Voltava em casa. Chegava cantando, dançando a doce e vitoriosa cantiga de regressar.
EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2018.
A leitura do texto permite reconhecer a “cantiga de voltar’ como patrimônio linguístico que
- representa a memória de uma língua africana extinta.
- exalta a rotina executada por jovens afrodescendentes.
- preserva a ancestralidade africana por meio da tradição oral.
- resgata a musicalidade africana por meio de palavras inteligíveis.
- remonta à tristeza dos negros mais velhos com saudade da África.
44. (Enem 2023) Por que é tão importante amamentar?
Essa campanha publicitária do Ministério da Saúde visa
- divulgar um conjunto de benefícios proporcionados pela amamentação.
- apresentar tratamentos para infecções respiratórias em bebês.
- defender o direito das mulheres de amamentar em público.
- orientar sobre os exercícios para uma boa amamentação.
- informar sobre o aumento de anticorpos nas mães.
15. (Enem 2023) As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas — ou sequer feitas — por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo.
O acervo do local continha gravações de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, muitas feitas durante a década de 1960 com antigos gravadores de rolo e que ainda não haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já extintas sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é que outras instituições tenham registros dessas línguas’, diz a linguista Marília Facó Soares. A pesquisadora, que trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que fazer novas viagens de campo para recompor meus arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.
Disponível em: https://brasil.elpais.com.
Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).
A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado, uma vez que
- exige a retomada das pesquisas por especialistas de diferentes áreas.
- representa danos irreparáveis à memória e à identidade nacionais.
- impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área.
- resulta na extinção da cultura de povos originários.
- inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna.
24. (Enem 2023) Esse anúncio publicitário, veiculado durante o contexto da pandemia de covid-19, tem por finalidade
- divulgar o canal telefônico de atendimento a casos de violência contra a mulher.
- informar sobre a atuação de uma entidade defensora da mulher vítima de violência.
- evidenciar o trabalho da Defensoria Pública em relação ao problema do abuso contra a mulher.
- alertar a sociedade sobre o aumento da violência contra a mulher em decorrência do coronavírus.
- incentivar o público feminino a denunciar crimes de violência contra a mulher durante o período de isolamento.
26. (Enem 2023) A escravidão
Esses meninos que aí andam jogando peteca não viram nunca um escravo... Quando crescerem, saberão que já houve no Brasil uma raça triste, votada à escravidão e ao desespero; e verão nos museus a coleção hedionda dos troncos, dos vira-mundos e dos bacalhaus; e terão notícias dos trágicos horrores de uma época maldita: filhos arrancados ao seio das mães, virgens violadas em pranto, homens assados lentamente em fornos de cal, mulheres nuas recebendo na sua mísera nudez desvalida o duplo ultraje das chicotadas e dos olhares do feitor bestial. [...]
Mas a sua indignação nunca poderá ser tão grande como a daqueles que nasceram e cresceram em pleno horror, no meio desse horrível drama de sangue e Iodo, sentindo dentro do ouvido e da alma, numa arrastada e contínua melopeia, o longo gemer da raça mártir — orquestração satânica de todos os soluços, de todas as impressões, de todos os lamentos que a tortura e a injustiça podem arrancar a gargantas humanas.
BILAC, O. Disponível em: www.escritas.org.
Acesso em: 29 out. 2021
Publicado em 1902, o texto de Olavo Bilac enfatiza as mazelas da escravidão no Brasil ao
- descrever de modo impessoal as consequências da exploração racial sobre as gerações futuras.
- contrapor a infância privilegiada das crianças da época à infância violentada das crianças escravizadas.
- antecipar o futuro apagamento das marcas da escravidão no contexto social.
- criticar a atenuação da violência contra os povos escravizados nas memórias retratadas pelos museus.
- imaginar a reação de indiferença de seus contemporâneos com os escravizados libertos.
40. (Enem 2023) A neozelandesa Laurel Hubbard fez história nos Jogos Olímpicos. Apesar de ter ficado de fora da disputa por medalhas, a levantadora de peso deixou sua marca na edição de Tóquio por ser a primeira mulher abertamente transgênero a participar de uma competição olímpica.
No início da carreira, na década de 1990, a neozelandesa participava de disputas na categoria masculina. Em 2001, aos 23 anos, ela se afastou da atividade.
“A pressão de tentar me encaixar em um mundo que talvez não tenha sido feito para pessoas como eu se tornou um fardo muito grande para suportar”. Em 2012, Laurel começou sua transição de gênero por meio de terapias hormonais e, em 2013, declarou abertamente ser uma mulher trans.
Para o Comitê Olímpico Internacional, a participação de mulheres trans nos Jogos é permitida caso o nível de testosterona, hormônio que aumenta a massa muscular, esteja abaixo de 10 nanomols por litro por pelo menos 12 meses.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.
Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).
No texto, os limites do potencial inclusivo do esporte são dados pela
- dificuldade de conseguir bons resultados esportivos.
- dependência de características biológicas padronizadas.
- inexistência de uma categoria para pessoas transgênero.
- necessidade de afastamento temporário das competições.
- impossibilidade de uso controlado de substâncias exógenas.
41. (Enem 2023) “Ganhei 25 medalhas em mundiais, sete em Jogos Olímpicos, e sou uma sobrevivente de abuso sexual.” Foi assim que Simone Biles se apresentou ao comitê do Senado norte-americano que investiga as supostas falhas do FBI no caso Larry Nassar.
Biles e outras três atletas, vítimas dos abusos do ex-médico da equipe de ginástica feminina dos EUA, exigiram que os agentes da investigação sejam processados por falta de ação prévia contra Nassar agora preso.
Biles esclareceu que culpa Larry Nassar e “todo o sistema que o permitiu e o perpetrou”, acusando a Federação de Ginástica e o Comitê Olímpico dos Estados Unidos de saberem “muito antes” que ela havia sofrido abusos. A melhor ginasta do mundo é um ícone. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma lesão psicológica a impediu de competir como previa.
No entanto, ela chegou ao topo como uma líder no trabalho de acabar com o preconceito com os problemas de saúde mental. “Não quero que nenhum outro atleta olímpico sofra o horror que eu e outras centenas suportamos e continuamos suportando até hoje”, afirmou.
Disponível em: https//brasil.elpais.com.
Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).
O fato relatado na notícia chama a atenção acerca da necessidade de reflexão sobre a relação entre o esporte e
- o desempenho atlético internacional.
- a dimensão emocional dos atletas.
- os comitês olímpicos nacionais.
- as instituições de inteligência.
- as federações esportivas.
42. (Enem 2023) O acesso às Práticas Corporais/Atividades Físicas (PC/AF) é desigual no Brasil, à semelhança de outros indicadores sociais e de saúde. Em geral, PC/AF prazerosas, diversificadas, mais afeitas ao período de lazer estão concentradas nas populações mais abastadas.
As atividades físicas de deslocamento, trajetos a pé ou de bicicleta para estudar ou trabalhar, por exemplo, são mais frequentes na classe social menos favorecida. Aqui, há uma relação inversa e perversa entre variáveis socioeconômicas de acesso às PC/AF.
As maiores prevalências de inatividade física foram em mulheres, pessoas com 60 anos ou mais, negros, pessoas com autoavaliação de saúde ruim ou muito ruim, com renda familiar de até quatro salários mínimos por pessoa, pessoas que desconhecem programas públicos de PC/AF e residentes em áreas sem locais públicos para a prática.
KNUTH, A. G.; ANTUNES. P. C.
Saúde e Sociedade, n. 2, 2021 (adaptado).
O fator central que impacta a realização de práticas cor -porais/atividades físicas no tempo de lazer no Brasil é a
- diferença entre homens e mulheres.
- inexistência de políticas públicas.
- diversidade de faixa etária.
- variação de condição étnica.
- desigualdade entre classes sociais.
43. (Enem 2023) Mestre e companheiro, disse eu que nos íamos despedir. Mas disse mal. A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima.
Um dia supuseste “morta e separada” a consorte dos teus sonhos e das tuas agonias, que te soubera “pôr um mundo inteiro no recanto” do teu ninho; e, todavia, nunca ela te esteve mais presente, no íntimo de ti mesmo e na expressão do teu canto, no fundo do teu ser e na face de tuas ações.
Esses catorze versos inimitáveis, em que o enlevo dos teus discípulos resume o valor de toda uma literatura, eram a aliança de ouro do teu segundo noivado, um anel de outras núpcias, para a vida nova do teu renascimento e da tua glorificação, com a sócia sem nódoa dos teus anos de mocidade e madureza, da florescência e frutificação de tua alma.
Para os eleitos do mundo das ideias a miséria está na decadência, e não na morte. A nobreza de uma nos preserva das ruínas da outra. Quando eles atravessavam essa passagem do invisível, que os conduz à região da verdade sem mescla, então é que entramos a sentir o começo do seu reino, o reino dos mortos sobre os vivos.
BARBOSA. R. O adeus da Academia a Machado de Assis.
Rio de Janeiro: Agir, 1962.
Esse é um trecho do discurso de Rui Barbosa na Academia Brasileira de Letras em homenagem a Machado de Assis por ocasião de sua morte. Uma das características desse discurso de homenagem é a presença de
- metáforas relacionadas à trajetória pessoal e criadora do homenageado.
- recursos fonológicos empregados para a valorização do ritmo do texto.
- frases curtas e diretas no relato da vida e da morte do homenageado.
- contraposição de ideias presentes na obra do homenageado.
- seleção vocabular representativa do sentimento de nostalgia.
06. (Enem 2023) A sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou uma mudança histórica e inédita no lema olímpico, criado em 1894 pelo Barão Pierre de Coubertin para expressar os valores e a excelência do esporte. Mais de 120 anos depois, o lema tem sua primeira alteração para ressaltar a solidariedade e incluir a palavra "juntos": mais rápido, mais alto, mais forte – juntos. A mudança foi aprovada por unanimidade pelos membros do COI e celebrada pelo presidente da entidade.
Disponível em: https://ge.globo.com.
Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).
De acordo com o texto, a alteração do lema olímpico teve como objetivo a
- unificação do lema anterior ao atual.
- aproximação entre o lema olímpico e o COl.
- junção do lema olímpico com os princípios esportivos.
- associação entre o lema olímpico e a cooperatividade.
- vinculação entre o lema olímpico e os eventos atléticos.
08. (Enem 2023) De quem é esta língua?
Uma pequena editora brasileira, a Urutau, acaba de lançar em Lisboa uma "antologia antirracista de poetas estrangeiros em Portugal", com o título Volta para a tua terra.
O livro denuncia as diversas formas de racismo a que os imigrantes estão sujeitos. Alguns dos poetas brasi leiros antologiados queixam-se do desdém com que um grande número de portugueses acolhe o português bra sileiro. É uma queixa frequente.
"Aqui em Portugal eles dizem /– eles dizem – / que nosso português é errado, que nós não falamos português", escreve a poetisa paulista Maria Giulia Pinheiro, para concluir: "Se a sua linguagem, a lusitana, / ainda conserva a palavra da opressão / ela não é a mais bonita do mundo./ Ela é uma das mais violentas".
AGUALUSA, J. E. Disponível em: https://oglobo.globo.com.
Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).
O texto de Agualusa tematiza o preconceito em relação ao português brasileiro. Com base no trecho citado pelo autor, infere-se que esse preconceito se deve
- à dificuldade de consolidação da literatura brasileira em outros países.
- aos diferentes graus de instrução formal entre os falantes de língua portuguesa.
- à existência de uma língua ideal que alguns falantes lusitanos creem ser a falada em Portugal.
- ao intercâmbio cultural que ocorre entre os povos dos diferentes países de língua portuguesa.
- à distância territorial entre os falantes do português que vivem em Portugal e no Brasil.
09. (Enem 2023) Na Idade Média, as notícias se propagavam com surpreendente eficácia. Segundo uma emérita professora de Sorbonne, um cavalo era capaz de percorrer 30 quilômetros por dia, mas o tempo podia se acelerar dependendo do interesse da notícia. As ordens mendicantes tinham um papel importante na disseminação de informações, assim como os jograis, os peregrinos e os vagabundos, porque todos eles percorriam grandes distâncias.
As cidades também tinham correios organizados e selos para lacrar mensagens e tentar certificar a veracidade das correspondências. Graças a tudo isso, a circulação de boatos era intensa e politicamente relevante. Um exemplo clássico de fake news da era medieval é a história do rei que desaparece na batalha e reaparece muito depois, idoso e transformado.
Disponível em: www.elpais.com.br. Acesso em: 18 jun. 2018 (adaptado).
A propagação sistemática de informações é um fenômeno recorrente na história e no desenvolvimento das sociedades. No texto, a eficácia dessa propagação está diretamente relacionada ao(à)
- velocidade de circulação das notícias.
- nível de letramento da população marginalizada.
- poder de censura por parte dos serviços públicos.
- legitimidade da voz dos representantes da nobreza.
- diversidade dos meios disponíveis em uma época histórica.
10. (Enem 2023) Se a interferência de contas falsas em discussões políticas nas redes sociais já representava um perigo para os sistemas democráticos, sua sofisticação e maior semelhança com pessoas reais têm agravado o problema pelo mundo.
O perigo cresceu porque a tecnologia e os métodos evoluíram dos robôs, os “bots” — softwares com tarefas on-line automatizadas —, para os “ciborgues” ou “trolls”, contas controladas diretamente por humanos com ajuda de um pouco de automação.
Mas pesquisadores começam agora a observar outros padrões de comportamento: quando mensagens não são programadas, sua publicação se concentra só em horários de trabalho, já que é controlada por pessoas cuja profissão é exatamente essa, administrar um perfil falso durante o dia.
Outra pista: a pobreza vocabular das mensagens publicadas por esses perfis. Um funcionário de uma empresa que supostamente produzia e vendia perfis falsos explica que às vezes “faltava criatividade” para criar mensagens distintas controlando tantos perfis falsos ao mesmo tempo.
GRAGNANI, J. Disponível em: www.bbc.com.
Acesso em: 16 dez. 2017.
De acordo com o texto, a análise de características da linguagem empregada por perfis automatizados contribui para o(a)
- controle da atuação dos profissionais de TI.
- desenvolvimento de tecnologias como os “trolls”.
- flexibilização dos turnos de trabalho dos controladores.
- necessidade de regulamentação do funcionamento dos “bots”.
- identificação de padrões de disseminação de informações inverídicas.
11. (Enem 2023) Maio foi colorido de amarelo, e o foi porque mundialmente amarelo é a cor convencionada para as advertências. No trânsito, essas advertências têm sido fatais. A estimativa, caso nada seja feito, é a de que se atinjam assustadoras 2,4 milhões de mortes no trânsito em 2030 em todo o mundo.
A pressa constante, o sentimento de invencibilidade, a certeza de invulnerabilidade, a necessidade de poder, a falta de civilidade, a certeza de impunidade, a ausência de solidariedade, a inexistência de compaixão e o desrespeito por si próprio são circunstâncias reais que, não raro, concorrem para o comportamento violento no trânsito.
O Maio Amarelo, que preconiza a atenção pela vida, é uma das iniciativas nesse sentido. E é precisamente a atenção pela vida que está esquecida. Essa atenção, por certo, requer menos pressa, mais civilidade, limites assegurados, consciência de vulnerabilidade, solida riedade, compaixão e respeito por si e pelo outro. Reafirmar e praticar esses princípios e valores talvez seja um caminho mais seguro e menos violento, que garanta a vida e não celebre a morte.
Disponível em: http://portaldotransito.com.br.
Acesso em: 11 dez. 2018 (adaptado).
Considerando os procedimentos argumentativos utilizados, infere-se que o objetivo desse texto é
- enumerar as causas determinantes da violência no trânsito.
- contextualizar a campanha de advertência no cenário mundial.
- divulgar dados numéricos a alarmantes sobre acidentes de trânsito.
- sensibilizar o público para a importância de uma direção responsável.
- restringir os problemas da violência no trânsito a aspectos emocionais.
12. (Enem 2023) Ainda daquela vez pude constatar a bizarrice dos costumes que constituíam as leis mais ou menos constantes do seu mundo: ao me aproximar, verifiquei que o Sr. Timóteo, gordo e suado, trajava um vestido de franjas e lantejoulas que pertencera a sua mãe.
O corpete descia-lhe excessivamente justo na cintura, e aqui e ali rebentava através da costura um pouco da carne aprisionada, esgarçando a fazenda e tornando o prazer de vestir-se daquele modo uma autêntica espécie de suplício.
Movia-se ele com lentidão, meneando todas as suas franjas e abanando-se vigorosamente com um desses leques de madeira de sândalo, o que o envolvia numa enjoativa onda de perfume. Não sei direito o que colocara sobre a cabeça, assemelhava-se mais a um turbante ou a um chapéu sem abas de onde saíam vigorosas mechas de cabelos alourados.
Como era costume seu também, trazia o rosto pintado — e para isto, bem como para suas vestimentas, apoderara-se de todo o guarda-roupa deixado por sua mãe, também em sua época famosa pela extravagância com que se vestia — o que sem dúvida fazia sobressair-lhe o nariz enorme, tão característico da família Meneses.
CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.
Pela voz de uma empregada da casa, a descrição de um dos membros da família exemplifica a renovação da ficção urbana nos anos 1950, aqui observada na
- opção por termos e expressões de sentido ambíguo.
- crítica social inspirada pelo convívio com os patrões.
- descrição impressionista do fetiche do personagem.
- presença de um foco narrativo de caráter impreciso.
- ambiência de mistério das relações entre familiares.
14. (Enem 2023) Dão Lalalão
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir por escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros, Assim estavam jantando, vinham os do povoado receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca...
Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. — “A estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não rende...” – explicava o Zuz ao Dalberto.
Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem trabalho, se recordava das palavras, até com clareza — disso se admirava. Contava com prazer de demorar, encher a sala com o poder de outros altos personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O capítulo da novela estava terminando.
ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile).
São Paulo: Global, 2021.
Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoado por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se ao(à)
- qualidade do som do rádio.
- estabilidade do enredo contado.
- ineditismo do capítulo da novela.
- jeito singular de falar aos ouvintes.
- dificuldade de compreensão da história.
16. (Enem 2023) Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol também significam a mesma coisa. O que muda é só o hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, existem sinais que variam em relação à região, à idade e até ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais.
Essas variações são um dos temas da disciplina Linguística na língua de sinais, oferecida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre.
“Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é uni versal, o que não é verdade”, explica a professora e chefe do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre variação em relação à localização geográfica, à faixa etária e até ao gênero dos usuários” completa a especialista.
Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meiavolta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.
Disponível em: www.educacao.sp.gov.br.
Acesso em 1 nov. 2021 (adaptado)
Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
- passa por fenômenos de variação linguística como qualquer outra língua.
- apresenta variações regionais, assumindo novo sentido para algumas palavras.
- sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais diferentes para algumas palavras.
- diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada região a sua própria língua de sinais.
- é ininteligível para parte dos usuários em razão das mudanças de sinais motivadas geograficamente.
17. (Enem 2023) Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultura[, este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias.
O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por longos anos montamos nossas edições com assuntos saídos das estantes de uma grande livraria – e assim continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.
HERZ, P. ]cultura[ n. 1. jun. 2018 (adaptado).
O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(à)
- perfil de público-alvo, constituído por leitores exi -gentes e especializados em leitura acadêmica.
- propósito do editor, chamando a atenção para o rigor normativo nos textos da revista.
- exclusividade na seleção temática, direcionada para a área das ciências humanas.
- identidade da revista, voltada para a recepção e a promoção de ideias circulantes em livros.
- padrão editorial dos artigos, organizados em torno de uma proposta de design inovador.
19. (Enem 2023)
A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, preparando jovens — em quase sua totalidade negros — para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo estrutural no país.
É a partir da arte que Baticum consegue envolver a juventude em um projeto de fortalecimento dessa população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da violência, em 2019, os negros representaram 77% das vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes, a maioria deles jovens.
O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que justifica o movimento de resistência crescente no Brasil.
MENDONÇA. F. Disponível em: www.cartacapital.com.br.
Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).
O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o objetivo de
- ressaltar a importância da poesia para denunciar a morte de negros, que cresce a cada dia.
- destacar o crescimento exponencial da temática do preconceito na produção literária no Brasil.
- demonstrar o incremento no quantitativo de expressões artísticas na discussão de problemas sociais.
- evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os negros são vítimas em potencial da violência.
- salientar o aumento da participação de jovens nos movimentos de resistência na área da cultura.
21. (ENEM 2022) Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”. Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.
Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.
PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).
Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da
- citação a referências literárias tradicionais.
- alusão à inocência das crianças da época.
- estratégia de questionar a bondade humana.
- descrição detalhada das pessoas do interior.
- representação anedótica de atos de violência.
23. (ENEM 2022) O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu.
Foi aí que, em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali.
Era a hora e a vez de os caranguejos – aos quais os músicos recifenses gostavam de se comparar – mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar para o Recife.
A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos.
FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta.
Revista Esquinas, n. 87, set 2019 (adaptado).
Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana, fato que se deu pela
- utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos tradicionais.
- ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos musicais memoráveis.
- substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e harmonias inovadoras.
- recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em grandes festivais.
- integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova combinação estética.
31. (ENEM 2022) É ruivo? Tem olhos azuis? É homem ou mulher? Usa chapéu? Quem jogou Cara a Cara na infância sabe de cor o roteiro de perguntas para adivinhar quem é o personagem misterioso do seu oponente.
Agora, o jogo está prestes a ganhar uma nova versão.
A designer polonesa Zuzia Kozerska-Girard está desenvolvendo uma variação do Guess Who? (nome do Cara a Cara em inglês), em que as personalidades do tabuleiro são, na verdade, mulheres notáveis da história e da atualidade, como a artista Frida Kahlo, a ativista Malala Yousafzai, a astronauta Valentina Tereshkova e a aviadora Amelia Earhart. O Who’s She? (“Quem é ela?”, em português) traz, no total, 28 mulheres que representam diversas profissões, nacionalidades e idades.
A ideia é que, em vez de perguntar sobre a aparência das personagens, as questões sejam direcionadas aos feitos delas: ganhou algum Nobel, fez alguma descoberta? Para cada personagem há um cartão com fatos divertidos e interessantes sobre sua vida. Uma campanha entrou no ar com o objetivo de arrecadar dinheiro para desenvolver o Who’s She?. A meta inicial era reunir 17 mil dólares. Oito dias antes de a campanha acabar, o projeto já angariou quase 350 mil dólares.
A chegada do jogo à casa do comprador varia de acordo com a quantia doada — quanto mais você doou, mais rápido vai poder jogar.
Disponível em: www.super.abril.com.br.
Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).
Ao divulgar a adaptação do jogo para questões relativas a ações e habilidades de mulheres notáveis, o texto busca
- contribuir para a formação cidadã dos jogadores.
- refutar modelos estereotipados de beleza e elegância.
- estimular a competitividade entre potenciais compradores.
- exemplificar estratégias de arrecadação financeira pela internet.
- desenvolver conhecimentos lúdicos específicos dos tempos atuais.
08. (ENEM 2022) O bebê de tarlatana rosa
– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim.
É o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os sentidos e o beijo se desata naturalmente.
Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.
RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: Antíqua, 2002.
No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações coletivas diante das quais expressa
- consagração da alegria do povo.
- atração e asco perante atitudes libertinas.
- espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
- intenção de confraternizar com desconhecidos.
- reconhecimento da festa como manifestação cultural.
10. (ENEM 2022) “Vida perfeita” em redes sociais pode afetar a saúde mental
Nas várias redes sociais que povoam a internet, os chamados digital influencers estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo para milhares de seguidores, ditando tendências e mostrando um estilo de vida sonhando por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem improvável de ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do Instituto Feliciência.
A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para as redes sociais. Para manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica, o uso racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psquiatra Renata Nayara Figueiredo, presidante da Associação Psquiatra de Brasília (APBr).
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br.
Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).
Associada ao ideário de uma “vida perfeita”, a positividade tóxica mencionada no texto é um fenômeno social recente, que se constitui com base em
- representações estereotipadas e superficiais de felicidade.
- ressignificações contemporâneas do conceito de alegria.
- estilos de vida inacessíveis para a sociedade brasileira.
- atitudes contraditórias de influenciadores digitais.
- padrões idealizados e nocivos de beleza física.
16. (ENEM 2022) MANUAL DE ORIENTAÇÃO
O primeiro guia prático da Sociedade Brasileira de Pediatria para ajudar pais e pediatras no desafio de educar nativos digitais
A criança não deve ser exposta passivamente às telas TV, tablet, celular etc., principalmente durante as refeições e até 2 horas antes de dormir.
A criança não deve ser exposta passivamente às telas TV, tablet, celular etc., principalmente durante as refeições e até 2 horas antes de dormir.
O tempo de exposição às telas deve ser limitado a 1 hora por dia. Crianças dessa faixa etária devem ser mais protegidas da violência virtual, pois não sabem separar fantasia de realidade.
O tempo de exposição às telas deve ser limitado a 1 hora por dia. Crianças dessa faixa etária devem ser mais protegidas da violência virtual, pois não sabem separar fantasia de realidade.
Devem ter acesso controlado a computadores e dispositivos móveis. Crianças de até 10 anos não devem usar TV ou computador no próprio quarto.
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado).
O texto sobre os chamados nativos digitais traz informações com a função de
- propor ações específicas para cada etapa da infância.
- estabelecer regras que devem ser seguidas à risca.
- explicar os efeitos do acesso precoce à internet.
- determinar a incorporação de rituais à educação dos filhos.
- educar com base em um conjunto de estratégias formativas.
33. (ENEM 2022) São vários os fatores, internos e externos, que influenciam os hábitos das pessoas no acesso à internet, assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A utilização das tecnologias de informação e comunicação está diretamente relacionada aos aspectos como: conhecimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de instrução, escolaridade, letramento digital etc. Os que detêm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais acessam a rede e também os que possuem maior índice de acumulatividade das práticas.
A análise dos dados nos possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mesmas adversidades e exclusões já verificadas na sociedade brasileira no que se refere a analfabetos, menos escolarizados, negros, população indígena e desempregados. Isso significa dizer que a internet, se não produz diretamente a exclusão, certamente a reproduz, tendo em vista que os que mais a acessam são justamente os mais jovens, escolarizados, remunerados, trabalha dores qualificados, homens e brancos.
SILVA, F. A. B.; ZIVIANE, P.; GHEZZI, D. R. As tecnologias digitais e seus usos. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2019 (adaptado).
Ao analisarem a correlação entre os hábitos e o perfil socioeconômico dos usuários da internet no Brasil, os pesquisadores
- apontam o desenvolvimento econômico como solução para ampliar o uso da rede.
- questionam a crença de que o acesso à informação é igualitário e democrático.
- afirmam que o uso comercial da rede é a causa da exclusão de minorias.
- refutam o vínculo entre níveis de escolaridade dificuldade de acesso.
- condicionam a expansão da rede à elaboração de políticas inclusivas.
38. (ENEM 2022) Ciente de que, no campo da criação, as inovações tecnológicas abrem amplo leque de possibilidades – ao permitir, e mesmo estimular, que o artista explore a fundo, em seu processo criativo, questões como a aleatoriedade, o acaso, a não linearidade e a hipermídia –, Leo Cunha comenta que, no que tange ao campo da divulgação, as alternativas são ainda mais evidentes:
“Afinal, é imensa a capacidade de reprodução, multiplicação e compartilhamento das obras artísticas/culturais. Ao mesmo tempo, ganham dimensão os dilemas envolvidos com a questão da autoria, dos direitos autorais, da reprodução e intervenção não autorizadas, entre outras questões”.
Já segundo a professora Yacy-Ara Froner, o uso de ferramentas tecnológicas não pode ser visto como um fim em si mesmo. Isso porque computadores, samplers, programas de imersão, internet e intranet, vídeo, televisão, rádio, GPD etc. são apenas suportes com os quais os artistas exercem sua imaginação.
SILVA JR., M. G. Movidas pela dúvida. Minas faz Ciências, n. 52, dez-fev. 2013 (adaptado).
Segundo os autores citados no texto, a expansão de possibilidades no campo das manifestações artísticas promovida pela internet pode pôr em risco o(a)
- sucesso dos artistas.
- valorização dos suportes.
- proteção da produção estética.
- modo de distribuição de obras.
- compartilhamento das obras artísticas.
39. (ENEM 2022) Ora, sempre que surge uma nova técnica, ela quer demonstrar que revogará as regras e coerções que presidiram o nascimento de todas as outras invenções do passado. Ela se pretende orgulhosa e única.
Como se a nova técnica carreasse com ela, automaticamente, para seus novos usuários, uma propensão natural a fazer economia de qualquer aprendizagem. Como se ela se preparasse para varrer tudo que a precedeu, ao mesmo tempo transformando em analfabetos todos os que ousassem repeli-la.
Fui testemunha dessa mudança ao longo de toda a minha vida. Ao passo que, na realidade, é o contrário que acontece. Cada nova técnica exige uma longa iniciação numa nova linguagem, ainda mais longa na medida em que nosso espírito é formatado pela utilização das linguagens que precederam o nascimento da recém-chegada.
ECO, U.; CARRIÈRE, J.-C. Não contem com o fim do livro. Rio de Janeiro: Record, 2010 (adaptado).
O texto revela que, quando a sociedade promove o desenvolvimento de uma nova técnica, o que mais impacta seus usuários é a
- dificuldade na apropriação da nova linguagem.
- valorização da utilização da nova tecnolgia.
- recorrência das mudanças tecnológicas.
- suplantação imediata dos conhecimentos prévios.
- rapidez no aprendizado do manuseio das novas invenções.
07. (ENEM 2022 PPL) TEXTO I
O homem atual está sacrificando conhecimentos profundos de qualidade em prol de informações cada vez mais reduzidas, o que dá uma imagem incompleta do mundo em que cremos viver. Por isso as numerosas notícias de hoje serão esquecidas amanhã, uma vez que serão substituídas por outras numerosas notícias. Quanto mais informações tem uma sociedade, um acúmulo excessivo, menos memória guardamos, o que diminui sua profundidade histórica, e, por conseguinte, também a capacidade que se tem para conduzi-la com as nossas próprias mãos.
Disponível em: www.revistaesfinge.com.br. Acesso em: 13 out. 2021 (adaptado).
TEXTO II
Esc (Caverna digital)
O que Maria vê
Seu João não vê
Dentro de cada universo
Cada um enxerga e sente
Com seu cada qual
O que Francisco diz
Bia num entendeu
Já tinha visto tanta coisa
Que na sua cabeça tudo logo se perdeu
Me faz lembrar onde estamos
Digitalmente perdidos
Me faz lembrar nosso rumo
Liquidamente entretidos [...]
Lá fora um vendaval (aqui na)
Caverna digital
Ficamos inventando histórias
Uma ilusão perfeita do que era pra ser
Olho que tudo vê
Ela ele você
SCALENE. Magnitite. São Paulo: Red Bull Studios, 2017 (fragmento).
Na comparação entre os dois textos, constata-se que a crítica comum a ambos refere-se ao(à)
- aversão ao controverso.
- incompreensão entre as pessoas.
- esvaziamento das relações sociais.
- distanciamento sistemático da realidade.
- incredulidade frente aos acontecimentos.
12. (ENEM 2022 PPL) Os homens estavam tratando de negócios e eu fiquei longe pra não atrapalhar. Já tinha ido com meu pai a muitos lugares e sabia que, quando ele queria falar de negócio, não gostava que eu ficasse por perto pedindo isso e aquilo. O secos e molhados era um mundo, enorme, eu me perdi lá dentro. Gostei de circular de um canto a outro [...].
Percebi que as vozes se alteravam e escutei a do meu pai apertada, mais baixa que as outras. Não sei por que, em vez de ver o que estava acontecendo, me escondi atrás das prateleiras e tentei ouvir o que eles diziam. Não entendi nada, mas pelo tom da conversa, percebi que meu pai estava triste. [...] O dono do armazém, cigarro pendurado na boca, sorriu, anotou qualquer coisa num saco de papel e enfiou a caneta sobre a orelha. Tinha uma cara feia e, ao mesmo tempo, me deu raiva e dó dele. [...] Meu pai disse, “Vamos, tá na hora”, e pagou a conta, a mercadoria não era boa, que ele compreendesse.
Saímos. Antes de chegar na Kombi, olhei de rabo de olho e vi, surpreso, que meu pai estava chorando. Na hora eu achei que seria melhor não olhar, até procurei fingir, pra ele se controlar. Eu senti que ele se envergonharia se eu percebesse. Andamos depressa, a grande mão dele no meu ombro, num toque leve, um carinho resignado. Como quem não quer nada, fiz que estava atento ao movimento das ruas, mas via a dor cobrindo o rosto dele quando o sol cintilou seus olhos.
CARRASCOZA, J. A. Aos 7 e aos 40. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
No texto, a relação entre os personagens adquire uma representação tensa, na perspectiva do narrador-personagem, que reconhece a
- humilhação sofrida pelo pai na negociação.
- ameaça nas atitudes do dono do comércio.
- compaixão pelo comportamento paterno.
- tensão entre os homens do armazém.
- hierarquia entre adulto e criança.
16. (ENEM 2022 PPL) Duas castas de considerações fez de si para consigo o cauto Conselheiro. Primeiramente foi saltar-lhe ao nariz a evidência de que ministro não visita empregado público, ainda que in extremis, mesmo a uma braça, ou duas, acima do chapéu do amanuense mais bisonho. Também não visita escritor enfermo por ser escritor, e por estar enfermo. Seriam trabalhos, ambos, a que não se daria um ministro, nem sempre ocupado das cousas, altas ou baixas, do Estado.
O tempo ministerial não se vai perdulariamente, não se faz em farinhas. Os titulares esquivam-se até a suspirar, que os suspiros implicam o desperdício de minutos se o suspiro é de minutos, além de permitirem ilações perigosas sobre a estabilidade do ministro, quando não do próprio gabinete.
A segunda ponderação remeteu-o à certeza de que terminantemente chegavam ao cabo seus dias; e de que as esperanças eram aéreas, atado agora à cama até que o encerrassem na urna, como um voto eleitoral frio.
MARANHÃO, H. Memorial do fim: a morte de Machado de Assis. São Paulo: Marco Zero, 1991.
O texto relata o momento em que, no leito de morte, Machado de Assis recebe a visita do Barão do Rio Branco, ministro de Estado. Criando a cena, o narrador obtém expressividade ao
- representar com fidelidade os fatos históricos.
- caracterizar a situação com profundidade dramática.
- explorar a sensibilidade dos personagens envolvidos.
- assumir a perspectiva irônica e o estilo narrativo do personagem.
- recorrer a metáforas sutis e comparações de sentido filosófico.
22. (ENEM 2022 PPL) TEXTO I
Há uma geração inteira sem conseguir emprego. Grande parte sonha com um concurso público. Não é novidade, multidões sempre correram atrás de emprego municipal, estadual ou federal. Espanta é a disposição para trabalhar em qualquer área, fora do que consideravam sua vocação. Em crise, vocação é ter salário. Há quem continue na casa dos pais, indefinidamente. Ou quem volte. O problema é que nem sempre dá certo. Mães e pais que têm aposentadoria ainda asseguram a sobrevivência dos filhos. É uma geração à deriva.
CARRASCO, W. Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
TEXTO II
Ah, a casa da avó! Sinônimo de comidinha gostosa, muita brincadeira, vontades feitas. O imaginário de muita gente traz da infância as melhores lembranças da casa da avó. Mas o que para muitos é apenas um local para brincadeiras e férias, para outros, nos últimos tempos, tem sido sinônimo da casa principal, onde os netos moram e são criados.
Não só o mercado de trabalho levou as crianças para a casa das avós em tempo integral, mas também a sociedade moderna, com o divórcio e as novas constituições familiares. Com o divórcio, a correria do dia a dia no mercado de trabalho e a própria emancipação da mulher, muitas mães delegaram aos avós a tarefa de criar seus filhos.
MAIA, K. Disponível em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).
Esses dois textos têm temáticas diferentes, na medida em que o Texto I trata da volta dos filhos à casa dos pais, e o Texto II, da permanência dos netos na casa dos avós. Entretanto, eles se aproximam no que diz respeito
- ao aconchego que os filhos e netos encontram nesses lugares.
- ao fator econômico, que é a causa do problema nos dois casos.
- aos problemas de relacionamento que surgem nessas situações.
- ao divórcio, que é apontado como comum nos dias de hoje.
- à independência da mulher, que causa a ausência das mães.
42. (ENEM 2022 PPL) Em nenhum outro tipo de literatura a fantasia desempenha papel tão importante. Sapos se transformam em príncipes, animais conversam com humanos, mesas se põem sozinhas e contratempos insolúveis se resolvem de um parágrafo para outro.
Essa falta de verossimilhança não afasta o leitor. Pelo contrário, juntamente com o anonimato dos príncipes e princesas, que não têm personalidade definida e vivem em terras distantes sem localização exata, ela facilita a identificação com os personagens.
O mundo da fantasia abre espaço para que coisas desagradáveis, que não seriam toleradas em outros tipos de história, passem incólumes, como bruxas comedoras de criancinha e anões cruéis que roubam bebês. Boa parte do fascínio dos contos tem origem justamente nesse mundo sombrio.
Contos de fadas não constituem sempre histórias agradáveis polvilhadas com açúcar, como a casa de pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tramas são recheadas de malvadezas que sobrevivem às dezenas de adaptações. Podem passar despercebidas, mas estão lá. Ou é inofensiva a história de uma menina e sua avó que são devoradas vivas por um lobo? Ou é inocente o conto da menina que é sequestrada e obrigada a passar a juventude trancada no alto de uma torre? E o que dizer do bebê condenado à morte no dia do seu batizado?
Disponível em: https://super.abril.com.br. Acesso em: 20 jun. 2019 (adaptado).
As perguntas ao final do texto estão relacionadas ao argumento segundo o qual contos de fadas
- manifestam aspectos obscuros da condição humana.
- estimulam a fantasia e a imaginação dos leitores.
- favorecem a identificação com os personagens.
- são inadequados para a maioria das crianças.
- são adaptados aos valores de cada época.
1. (Enem 2017) Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […].
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta, Disponível em: www.dominimopublico.gov.br Acesso em: 9 out. 2015.
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
- indignação face à suspeita do adultério da esposa.
- tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
- espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
- prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio.
- superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.
2. (Enem 2017) TEXTO I
Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Todos os três de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem Tereza deu a mão
ATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).
TEXTO II
Outra interpretação é feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua vida.
Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.
O comentário do texto II sobre o texto I evoca a mobilização da língua oral que, em determinados contextos,
- assegura a existência de pensamentos contrários à ordem vigente.
- mantém a heterogeneidade das formas de relações sociais.
- conserva a influência religiosa sobre certas culturas.
- preserva a diversidade cultural e comportamental.
- reforça comportamentos e padrões culturais.
3. (Enem 2017)
O consumidor do século XXI, chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associação das características apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influência da
- cultura do comércio eletrônico.
- busca constante pelo menor preço.
- divulgação de informações pelas empresas.
- necessidade recorrente de consumo.
- postura comum aos consumidores tradicionais.
4. (Enem 2017) A língua tupi no Brasil
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao Sertão em busca de escravos índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Ouilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua. “
Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
ÂNGELO, C. Disponível em: <http: //super.abril.com.br>. Acesso em: 8 ago. 2012. (Adaptado).
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Ouanto ao papel do tupinaformação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena
- contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares designados.
- originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
- desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de Lisboa.
- misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas contra o Ouilombo dos Palmares.
- expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas.
5. (Enem 2017) TEXTO I
Criatividade em publicidade: teorias e reflexões
Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos departamentos de Criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico, no qual os Conceitos são tratados à luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano.
Depexe, S D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008.
TEXTO II
Os dois textos apresentados versam sobre o tema Criatividade. O Texto I é um resumo de Caráter Científico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira O Texto II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto I?
- Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos.
- Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.
- Explorando a polissemia do termo “criação”.
- Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
- Utilizando recursos gráficos diversificados.
6. (Enem 2017) A ascensão social por meio do esporte mexe com o imaginário das pessoas, pois em poucos anos um adolescente pode se tornar milionário caso tenha um bom desempenho esportivo. Muitos meninos de famílias pobres jogam com o objetivo de conseguir dinheiro para oferecer uma boa qualidade de vida à família. Isso aproximou mais ainda o futebol das camadas mais pobres da sociedade, tornando-o cada vez mais popular.
Acontece que esses jovens sonham com fama e dinheiro, enxergando no futebol o único caminho possível para o sucesso. No entanto, eles não sabem da grande dificuldade que existe no início dessa jornada em que a minoria alcança a carreira profissional. Esses garotos abandonam a escola pela ilusão de vencer no futebol, à qual a maioria sucumbe.
O caminho até o profissionalismo acontece por meio de um longo processo seletivo que os jovens têm de percorrer. Caso não seja selecionado, esse atleta poderá ter que abandonar a carreira involuntariamente por falta de uma equipe que o acolha. Alguns podem acabar em subempregos, à margem da sociedade, ou até mesmo em vícios de correntes dese fracasso e dessa desilusão. Isso acontece porque no auge da sua formação escolar e na Condição juvenil de desenvolvimento, eles não se preparam e não são devidamente orientados para buscar alternativas de experiências mais amplas de ocupação fora e além do futebol.
BALZANO, O N MORAIS, J. S. A formação do jogador de futebol e sua relação Com a escola EFDeportes, n. 172, set 2012 (adaptado)
Ao abordar o fato de, no Brasil, muitos jovens depositarem suas esperanças de futuro no futebol, o texto critica o(a)
- despreparo dos jogadores de futebol para ajudarem suas famílias a superar a miséria.
- garantia de ascensão social dos jovens pela carreira de jogador de futebol.
- falta de investimento dos clubes para que os atletas possam atuar profissionalmente e viver do futebol.
- investimento reduzido dos atletas profissionais em sua formação escolar, gerando frustração e desilusão profissional no esporte.
- despreocupação dos sujeitos com uma formação paralela à esportiva, para habilitá-los a atuar em Outros setores da vida.
7. (Enem 2017) TEXTO II
TEXTO II
Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu caminho pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre os intensos aspectos mais latentes em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, caveiras, abandono, solidão, drama e medo.
ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política. Acesso em: 24 abr. 2017 (adaptado).
O gravador Oswaldo Goeldi recebeu influências de um movimento artístico europeu do início do século XX, que apresenta as características reveladas nos traços da obra de
- Alfredo Kubin, representante do Expressionismo. Sonho e desarranjo. Alfred Kubin.
- Henri Matisse, representante do Fauvismo. Bailarina deitada, Henri Matisse
- Diego Rivera, representante do Muralismo. Mineiro, Diego Rivera.
- Pablo Picasso, representante do Cubismo. Retrato de Igor Stravinsky, Pablo Picasso.
- René Magritte, representante do Surrealismo. Os amantes, René Magritte.
8. (Enem 2017) E aqui, antes de continuar este espetáculo, e necessário que façamos uma advertência a todos e a cada um. Neste momento, achamos fundamental que cada um tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma posição definida, não é possível continuarmos. É fundamental que cada um tome uma posição, seja para a esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro rangem muito e ninguém ouve nada.
FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009,
A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento pelo(a)
- barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do teatro.
- indicação da neutralidade como a melhor opção ideológica naquele momento.
- constatação da censura em função do engajamento social do texto dramático.
- correlação entre o alinhamento politico e a posição corporal dos espectadores.
- interrupção do espetáculo em virtude do comportamento inadequado do público.
9. (Enem 2017) Apesar de muitas crianças e adolescentes terem a Barbie como um exemplo de beleza, um infográfico feito pelo site Rehabs.com comprovou que, caso uma mulher tivesse as medidas da boneca de plástico, ela nem estaria viva.
Não é exatamente uma novidade que as proporções da boneca mais famosa do mundo são absurdas para o mundo real. Ativistas que lutam pela construção de uma autoimagem mais saudável, pesquisadores de distúrbios alimentares e pessoas que se preocupam com o impacto da indústria cultural na psique humana apontam, há anos, a influência de modelos como a Barbie na distorção do corpo feminino.
Pescoço
Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centímetros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria incapaz de manter sua cabeça levantada.
Cintura
Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino.
Quadril
O índice que mede a relação entre a cintura e o quadril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida da sua cintura representa 56% da circunferência de seu quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana média, é de 0,8.
Disponivel em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2 maio 2015.
Ao abordar as possíveis influências da indústria de brinquedos sobre a representação do corpo feminino, o texto analisa a
- noção de beleza globalizada veiculada pela indústria cultural.
- influência da mídia para a adoção de um estilo de vida salutar pelas mulheres.
- relação entre a alimentação saudável e o padrão de corpo instituído pela boneca.
- proporcionalidade entre a representação do corpo da boneca e a do corpo humano.
- influência mercadológica na construção de uma auto imagem positiva do corpo feminino.
10. (Enem 2017)
Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas sociais. O Cartaz tem como finalidade
- alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos, Conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica.
- instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão.
- despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica.
- exigir das autoridades ações preventivas contra a Violência doméstica.
11. (Enem 2017) No esporte-participação ou esporte popular, a manifestação ocorre no princípio do prazer lúdico, que tem como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes. Está associado intimamente com o lazer e o tempo livre e ocorre em espaços não comprometidos com o tempo e fora das obrigações da vida diária. Tem como propósitos a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento com as pessoas. Pode-se afirmar que o esporte-participação, por ser a dimensão social do esporte mais inter-relacionada com os caminhos democráticos, equilibra o quadro de desigualdades de oportunidades esportivas encontrado na dimensão esporte-performance. Enquanto o esporte-performance só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporte-participação favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte.
GODTSFRIEDT, J. Esporte e sua relação com a sociedade: uma síntese bibliográfica. EFDeportes, n. 142, mar. 2010.
O sentido de esporte-participação construído no texto está fundamentalmente presente
- nos Jogos Olímpicos, uma vez que reúnem diversos países na disputa de diferentes modalidades esportivas.
- nas competições de esportes individuais, uma vez que o sucesso de um indivíduo incentiva a participação dos demais.
- nos campeonatos oficiais de futebol, regionais e nacionais, por se tratar de uma modalidade esportiva muito popular no país.
- nas competições promovidas pelas federações e confederações, cujo objetivo é a formação e a descoberta de talentos.
- nas modalidades esportivas adaptadas, cujo objetivo é o maior engajamento dos cidadãos.
12. (Enem 2017) João/Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publicamente durante uma festa e perdeu Helena (Alinne Moraes), uma antiga e eterna paixão. Certo dia, uma experiência com um de seus inventos permite que ele faça uma viagem no tempo, retornando para aquela época e podendo interferir no seu destino. Mas quando ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, nem que para isso tenha que voltar novamente ao passado. Será que ele conseguirá acertar as coisas?
Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011.
Qual aspecto da organização gramatical atualiza os eventos apresentados na resenha, contribuindo para despertar o interesse do leitor pelo filme?
- O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20 anos atrás foi humilhado”.
- A descrição dos fatos com verbos no presente do indicativo, como “retorna” e “descobre”.
- A repetição do emprego da conjunção “mas” para contrapor ideias.
- A finalização do texto com a frase de efeito "Será que ele conseguirá acertar as coisas?".
- O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto para fazer referência ao protagonista "João/Zero".
13. (Enem 2017) Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas.
GUIÂO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado)
A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da
- localização dos eventos de fala no tempo ficcional
- composição da verossimilhança do ambiente retratado.
- restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas.
- construção mística das personagens femininas pelo autor do texto.
- caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina.
14. (Enem 2017) Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz:
Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/
Um corpo alvo sem par/ E os pés muito pequenos./Enfim eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus.
CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).
O comentário do narrador do romance “[…] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística
- detentora de grande prestígio social.
- específica da modalidade oral da língua.
- previsível para o contexto social da narrativa.
- constituída de construções sintáticas complexas.
- valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.
15. (Enem 2017) A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisse o outro de viver.
HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção das relações humanas e sociais demarcada pelo
- predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência.
- discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores.
- desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança.
- sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família.
- rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa.
16. (Enem 2017)
Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a associação de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 1999 (adaptado).
Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a combinação dos elementos verbais e não verbais visa
- justificar os prejuízos ao meio ambiente, ao vincular a empresa à difusão da cultura. incentivar a leitura de obras literárias, ao referir-se a títulos consagrados do acervo mundial.
- seduzir o consumidor, ao relacionar o anunciante às histórias clássicas da literatura universal.
- promover uma reflexão sobre a preservação ambiental ao aliar o desmatamento aos clássicos da literatura.
- construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.
17. (Enem 2017) Fim de semana no parque
Olha o meu povo nas favelas e vai perceber
Daqui eu vejo uma caranga do ano
Toda equipada e o tiozinho guiando
Com seus filhos ao lado estão indo ao parque
Eufóricos brinquedos eletrônicos
Automaticamente eu imagino
A molecada lá da área como é que tá
Provavelmente correndo pra lá e pra cá
Jogando bola descalços nas ruas de terra
É, brincam do jeito que dá
[…]
Olha só aquele clube, que da hora
Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha
Olha quanta gente
Tem sorveteria, cinema, piscina quente
[…]
Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo
Pra molecada frequentar nenhum incentivo
O investimento no lazer é muito escasso
O centro comunitário é um fracasso
RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwue, 1994 (fragmento)
A letra da canção apresenta uma realidade social quanto à distribuição distinta dos espaços de lazer que
- retrata a ausência de opções de lazer para a população de baixa renda, por falta de espaço adequado.
- ressalta a irrelevância das opções de lazer para diferentes classes sociais, que o acessam à sua maneira.
- expressa o desinteresse das classes sociais menos favorecidas economicamente pelas atividades de lazer.
- implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos.
- aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas.