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Simbolismo e o Parnasianismo

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Simbolismo e o Parnasianismo com questões do Enem.

O Simbolismo surgiu no Século 19, e tem o seu marco, no Brasil com com as publicações de Missal, (prosa poética) e de Broquéis (poesia), de Cruz e Souza, em 1893. Já o parnasiano surgiu em 1866 na França, e se iniciou no Brasil com o livro Poesias, de Olavo Bilac. No Enem o principais escritores do Simbolismo e Parnasianismo são respectivamente Cruz e Souza e o Olava Bilac.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Simbolismo e o Parnasianismo.




01. (Enem 2023) A escravidão

Esses meninos que aí andam jogando peteca não viram nunca um escravo... Quando crescerem, saberão que já houve no Brasil uma raça triste, votada à escravidão e ao desespero; e verão nos museus a coleção hedionda dos troncos, dos vira-mundos e dos bacalhaus; e terão notícias dos trágicos horrores de uma época maldita: filhos arrancados ao seio das mães, virgens violadas em pranto, homens assados lentamente em fornos de cal, mulheres nuas recebendo na sua mísera nudez desvalida o duplo ultraje das chicotadas e dos olhares do feitor bestial. [...]

Mas a sua indignação nunca poderá ser tão grande como a daqueles que nasceram e cresceram em pleno horror, no meio desse horrível drama de sangue e Iodo, sentindo dentro do ouvido e da alma, numa arrastada e contínua melopeia, o longo gemer da raça mártir — orquestração satânica de todos os soluços, de todas as impressões, de todos os lamentos que a tortura e a injustiça podem arrancar a gargantas humanas.

BILAC, O. Disponível em: www.escritas.org.

Acesso em: 29 out. 2021

Publicado em 1902, o texto de Olavo Bilac enfatiza as mazelas da escravidão no Brasil ao

  1. descrever de modo impessoal as consequências da exploração racial sobre as gerações futuras.
  2. contrapor a infância privilegiada das crianças da época à infância violentada das crianças escravizadas.
  3. antecipar o futuro apagamento das marcas da escravidão no contexto social.
  4. criticar a atenuação da violência contra os povos escravizados nas memórias retratadas pelos museus.
  5. imaginar a reação de indiferença de seus contemporâneos com os escravizados libertos.

02. (Enem PPL 2019) A

Esbraseia o Ocidente na agonia

O sol... Aves em bandos destacados,

Por céus de ouro e púrpura raiados,

Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...


Delineiam-se além da serrania

Os vértices de chamas aureolados,

E em tudo, em torno, esbatem derramados

Uns tons suaves de melancolia.


Um mundo de vapores no ar flutua...

Como uma informe nódoa avulta e cresce

A sombra à proporção que a luz recua.


A natureza apática esmaece...

Pouco a pouco, entre as árvores, a lua

Surge trêmula, trêmula... Anoitece.

CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017.

Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia parnasiana.

No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética

  1. as metáforas inspiradas na visão da natureza.
  2. a ausência de emotividade pelo eu lírico.
  3. a retórica ornamental desvinculada da realidade.
  4. o uso da descrição como meio de expressividade.
  5. o vínculo a temas comuns à Antiguidade Clássica.

03. (Enem 2015) A pátria

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!

Criança! não verás nenhum pais como este!

Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!

A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,

É um seio de mãe a transbordar carinhos.

Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,

Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!

Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!

Vê que grande extensão de matas, onde impera,

Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha

O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece

,

Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás pais nenhum como este:

Imita na grandeza a terra em que nasceste!

(BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929)

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que: A

  1. a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
  2. a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
  3. os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
  4. a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
  5. a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

04. (Enem 2014) Vida obscura

“Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro

ó ser humilde entre os humildes seres,

embriagado, tonto de prazeres,

o mundo para ti foi negro e duro.


Atravessaste no silêncio escuro

a vida presa a trágicos deveres

e chegaste ao saber de altos saberes

tornando-te mais simples e mais puro.


Ninguém te viu o sofrimento inquieto,

magoado, oculto e aterrador, secreto,

que o coração te apunhalou no mundo,


Mas eu que sempre te segui os passos

sei que a cruz infernal prendeu-te os braços

e o teu suspiro como foi profundo!

(SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em:

  1. sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
  2. tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
  3. extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
  4. frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
  5. vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

05. (Enem PPL 2014) Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.

(Olavo Bilac. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927)

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na constituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a

  1. transformação da cultura brasileira.
  2. religiosidade do povo brasileiro.
  3. abertura do Brasil para a democracia.
  4. importância comercial do Brasil.
  5. autorreferência do povo como brasileiro.

06. (Enem 2013) Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;


Se se pudesse, o espírito que chora,

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!


Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!


Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995)

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:

  1. a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
  2. o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
  3. a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
  4. o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
  5. a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

07. (Enem 2009) Cárcere das almas

“Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades

Do calabouço olhando imensidades,

Mares, estrelas, tardes, natureza.


Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.


Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!


Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves

para abrir-vos as portas do Mistério?!”

(CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. )

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são:

  1. a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
  2. a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
  3. o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
  4. a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
  5. a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

08. (Enem PPL 2009) Violoncelo

(...)

Chorai, arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas

Pontes aladas

De pesadelo...

(...)

De que esvoaçam,

Brancos, os arcos...

Por baixo passam,

Se despedaçam,

No rio, os barcos.

(PESSANHA, Camilo. Violoncelo. In: GOMES, Á. C. O Simbolismo, São Paulo: Editora Ática, 1994, p.45)

Os poetas simbolistas valorizaram as possibilidades expressivas da língua e sua musicalidade. Aprofundaram a expressão individual até o nível do subconsciente. Desse esforço resultou, quase sempre, uma visão desencantada e pessimista do mundo. Nas estrofes destacadas do poema Violoncelo, as características do Simbolismo revelam-se na:

  1. relação entre sonoridade e sentimento explorada nos versos musicais.
  2. combinação das rimas que funde estados de alma opostos.
  3. pureza da alma feminina, representada pelo ritmo musical do poema.
  4. temática do texto, retomada da vertente sentimentalista do Romantismo.
  5. expressão do sofrimento diante da brevidade da vida

09. (Enem 2009) Ouvir estrelas

“Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo

perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

que, para ouvi-las, muita vez desperto

e abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto

a Via-Láctea, como um pálio aberto,

cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,

inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas?” Que sentido

tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

(BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde, 1919)

Ouvir estrelas

Ora, direis, ouvir estrelas!

Vejo que estás beirando a maluquice extrema.

No entanto o certo é que não perco o ensejo

De ouvi-las nos programas de cinema.


Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo

que mais eu gozo se escabroso é o tema.

Uma boca de estrela dando beijo

é, meu amigo, assunto p’ra um poema.


Direis agora: Mas, enfim, meu caro,

As estrelas que dizem? Que sentido

têm suas frases de sabor tão raro?


Amigo, aprende inglês para entendê-las,

Pois só sabendo inglês se tem ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.

(TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961)

A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que,

  1. no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa.
  2. no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e as entendem.
  3. no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”.
  4. no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrela dando beijo/é, meu amigo, assunto p’ra um poema.”
  5. no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas.

10. (Enem PPL 2009) Sorriso interior

O ser que é ser e que jamais vacila

Nas guerras imortais entra sem susto,

Leva consigo esse brasão augusto

Do grande amor, da nobre fé tranquila.


Os abismos carnais da triste argila

Ele os vence sem ânsias e sem custo...

Fica sereno, num sorriso justo,

Enquanto tudo em derredor oscila.


Ondas interiores de grandeza

Dão-lhe essa glória em frente à Natureza,

Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.


O ser que é ser transforma tudo em flores...

E para ironizar as próprias dores

Canta por entre as águas do Dilúvio!

(CRUZ e SOUZA, João da. Sorriso interior. Últimos sonetos. Rio de Janeiro: UFSC/Fundação Casa de Rui Barbosa/FCC, 1984)

O poema representa a estética do Simbolismo, nascido como uma reação ao Parnasianismo por volta de 1885. O Simbolismo tem como característica, entre outras, a visão do poeta inspirado e capaz de mostrar à humanidade, pela poesia, o que esta não percebe.

O trecho do poema de Cruz e Souza que melhor exemplifica o fazer poético, de acordo com as características dos simbolistas, é:

  1. “Leva consigo esse brasão augusto”.
  2. “Os abismos carnais da triste argila/Ela os vence sem ânsias e sem custo...”.
  3. “Fica sereno, num sorriso justo/Enquanto tudo em derredor oscila”.
  4. “O ser que é ser transforma tudo em flores.../E para ironizar as próprias dores/Canta por entre as águas do Dilúvio!”.
  5. “O ser que é ser e que jamais vacila/Nas guerras imortais entra sem susto”.

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