Música
Lista de 38 exercícios de História da Arte com gabarito sobre o tema Música com questões do Enem.
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01. (Enem 2024) TEXTO I
Capítulo 4, versículo 3
Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição
Na queda ou na ascensão, minha atitude vai além
E tem disposição pro mal e pro bem
Talvez eu seja um sádico ou um anjo, um mágico
Ou juiz, ou réu, o bandido do céu
Malandro ou otário, quase sanguinário
Franco atirador se for necessário
Revolucionário, insano, ou marginal
Antigo e moderno, imortal
Fronteira do céu com o inferno
Astral imprevisível, como um ataque cardíaco do verso.
RACIONAIS MCs. Sobrevivendo ao inferno. São Paulo: Cosa Nostra, 1997 (fragmento).
TEXTO II
Pode-se dizer que as várias experiências narradas nos discos do Racionais tratam no fundo de um só tema: a violência que estrutura a nossa sociedade. O grupo canta a violência que estrutura as relações entre os familiares, os amigos, o homem e a mulher, o traficante e o viciado. Canta a violência do crime. A violência causada por inveja ou por vaidade. Também canta que a relação entre as classes sociais é sempre violenta: o racismo, a miséria, os baixos salários, a concentração de renda, a esmola, a publicidade, o alcoolismo, o jornalismo, o poder policial, a justiça, o sistema penitenciário, o governo existem por meio da violência.
GARCIA, W. Ouvindo Racionais MCs. Teresa: revista de literatura brasileira, n. 5, 2004 (adaptado).
Na letra da canção, a tematização da violência mencionada no Texto lI manifesta-se
- como metáfora da desigualdade, que associa a ideia de justiça a valores históricos negativos.
- na referência a termos bélicos, que sinaliza uma crítica social à opressão da população das periferias.
- como procedimento metalinguístico, que concebe a palavra como uma forma de combate e insubordinação.
- nas definições ambíguas do enunciador, que inverte e relativiza as representações da maldade e da bondade.
- na menção à imortalidade, que sugere a possibilidade de resistência para além da dicotomia entre vida e morte.
Resposta: C
Resolução: A resposta correta é "C" porque o texto musical dos Racionais MCs utiliza a "palavra" como forma de combate e insubordinação, transformando-a em uma arma simbólica. Este recurso, metalinguístico, representa a violência que a sociedade impõe às periferias e a resistência que ela gera. A palavra é aqui usada para expressar resistência e confrontação.
02. (Enem 2024) Se você é feito de música, este texto é pra você
Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando: que graça teria a vida sem música? Sem ela não há paz, não há beleza. Nos dias de festa e nas madrugadas de pranto, nas trilhas dos filmes e nas corridas no parque, o que seria de nós sem as canções que enfeitam o cotidiano com ritmo e verso? Quem nunca curou uma dor de cotovelo dançando lambada ou terminou de se afundar ouvindo sertanejo sofrência? Quantos já criticaram funk e fecharam a noite descendo até o chão? Tudo bem... Raul nos ensinou que é preferível ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Já somos castigados com o peso das tragédias, o barulho das buzinas, os ruídos dos conflitos. É pau, é pedra, é o fim do caminho. Há uma nuvem de lágrimas sobre os olhos, você está na lanterna dos afogados, o coração despedaçado. Mas, como um sopro, da janela do vizinho, entra o samba que reanima a mente. Floresce do fundo do nosso quintal a batida que ressuscita o ânimo, sintoniza a alegria e equaliza o fôlego. Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.
BITTAR, L. Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).
Defendendo a importância da música para o bem-estar e o equilíbrio emocional das pessoas, a autora usa, como recurso persuasivo, a
- contradição, ao associar o coração despedaçado à alegria.
- metáfora, ao citar a imagem da metamorfose ambulante.
- intertextualidade, ao resgatar versos de letras de canções.
- enumeração, ao mencionar diferentes ritmos musicais.
- hipérbole, ao falar em “sofrência”, “tragédias” e “afogados”.
Resposta: C
Resolução: A resposta correta é "C" porque a autora utiliza intertextualidade ao resgatar versos de músicas conhecidas, o que fortalece a argumentação sobre a importância da música. Expressões como "É pau, é pedra" e "Levanta, sacode a poeira" fazem referência a músicas populares, tornando o texto mais envolvente e demonstrando o impacto emocional da música.
03. (Enem 2024) É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal, que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente popular, ligado às formas essenciais da música característica dessa província. O cavaquinho minhoto tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do “rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete, ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.
OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em: https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).
O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os instrumentos mencionados no texto
- refletem a dependência da utilização de matéria-prima europeia.
- adaptam suas características a cada cultura, assumindo nova identidade.
- comprovam a hegemonia portuguesa na invenção de cordófonos dedilhados.
- ilustram processos de dominação cultural, evidenciando situações de choque cultural.
- mantêm nomenclatura própria para garantir a fidelidade às formas originais de confecção.
Resposta: B
Resolução: Os instrumentos mencionados no texto, como o cavaquinho e o ukulele, refletem o processo de adaptação cultural. Cada um deles foi ajustado conforme o contexto cultural onde foi utilizado, assumindo novas formas e características. Isso mostra como a música e os instrumentos evoluem ao serem adotados por diferentes culturas, criando assim uma identidade única para cada variante do instrumento.
04. (Enem 2023) O sol começa a descer por trás da vegetação da Ilha da Restinga, na outra margem do rio Paraíba, colorindo o céu de amarelo, laranja e lilás.
Então se ouvem as primeiras notas do Bolero, do compositor francês Maurice Ravel, executadas pelo saxofonista Jurandy.
É assim o pôr do sol da praia do Jacaré, em Cabedelo (Grande João Pessoa). Depois do Bolero, Jurandy toca Asa branca, de Luiz Gonzaga, e Meu sublime torrão, de Genival Macedo, espécie de hino não oficial da Paraíba.
PINHEIRO, A. Sol se põe embalado pelo Bolero de Ravel.
Disponível em: http://tools.folha.com.br.
Acesso em: 16 set. 2012 (adaptado)
A interpretação musical de Jurandy do Sax, codinome de José Jurandy Félix, apresenta um repertório caracterizado pela
- inter-relação de referenciais estéticos aparentemente: distanciados.
- valorização de músicas que revelam mensagens de serenidade.
- consagração do repertório erudito como cultura dominante.
- iniciativa de estimulo à vocação turística da cidade.
- divisão hierárquica entre gêneros e estilos musicais.
05. (Enem 2023) TEXTO I
Alegria, alegria
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?
VELOSO, C. Alegria, alegria. Rio de Janeiro: Polygram, 1990 (fragmento).
TEXTO II
Anjos tronchos
Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Desses que vivem no escuro em plena luz
Disseram vai ser virtuoso no vício
Das telas dos azuis mais do que azuis
Agora a minha história é um denso algoritmo
Que vende venda a vendedores reais
Neurônios meus ganharam novo outro ritmo
E mais, e mais, e mais, e mais, e mais
VELOSO, C. Meu coco. Rio de Janeiro: Sony, 2021 (fragmento).
Embora oriundas de momentos históricos diferentes, essas letras de canção têm em comum a
- referência às cores como elemento de crítica a hábitos contemporâneos.
- percepção da profusão de informações gerada pela tecnologia.
- contraposição entre os vícios e as virtudes da vida moderna.
- busca constante pela liberdade de expressão individual.
- crítica à finalidade comercial das notícias.
06. (Enem 2023) O Marabaixo é uma expressão artístico-cultural formada nas tradições e na identificação cultural entre as comunidades negras do Amapá. O nome remonta às mortes de escravizados em navios negreiros que eram jogados na água. Em sua homenagem, hinos de lamento eram cantados mar abaixo, mar acima. Posteriormente, o Marabaixo se integrou à vivência das comunidades negras em um ciclo de danças, cantorias com tambores e festas religiosas, recebendo, em 2018, o título de Patrimônio Cultural do Brasil.
Disponível em: http//portal.iphan.gov.br.
Acesso em: 15 nov. 2021 (adaptado).
A manifestação do Marabaixo se constituiu em expressão de arte e cultura, exercendo função de
- ressignificar episódios dramáticos em novas práticas culturais.
- adaptar coreografas como imitação dos movimentos do mar.
- lembrar dos mortos no passado escravista como forma de lamento.
- perpetuar uma narrativa de apagamento dos fatos históricos traumáticos.
- ritualizar a passagem de atos fúnebres nas produções coletivas com espírito festivo.
07. (Enem 2023) O mais antigo grupo de rap indígena do pais, Brô MCs, surgiu em 2009, na aldeia Jaguapiru, em Dourados, Mato Grosso do Sul.
Os integrantes conheceram o rap pelo rádio, ouvindo um programa que apresentava cantores e grupos brasileiros desse gênero musical. O Brô MCs conseguiu influenciar outros a fazerem rap e a lutarem pelas causas indígenas.
Um dos nomes do movimento, Kunumí MC, é um jovem de 16 anos, da aldeia Krukutu, em São Paulo. O adolescente enxerga o rap como uma cultura da defesa e começou a fazer rimas quando percebeu que a poesia, pela qual sempre se interessou, podia virar música.
Nas letras que cria, inspiradas tanto pelo rap quanto pelos ritmos indígenas, tenta incluir sempre assuntos aos quais acha importante dar voz, principalmente, a questão da demarcação de terras.
Disponível em: www.correiobraziliense.com.br.
Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).
O movimento rap dos povos originários do Brasil revela o(a)
- fusão de manifestações artísticas urbanas contemporâneas com a cultura indígena.
- contraposição das temáticas socioambientais indígenas às questões urbanas.
- rejeição da indústria radiofônica às músicas indígenas.
- distanciamento da realidade social indígena.
- estímulo ao estudo da poesia indígena.
08 23. (ENEM 2022) O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu.
Foi aí que, em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali.
Era a hora e a vez de os caranguejos – aos quais os músicos recifenses gostavam de se comparar – mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar para o Recife.
A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos.
FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta.
Revista Esquinas, n. 87, set 2019 (adaptado).
Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana, fato que se deu pela
- utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos tradicionais.
- ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos musicais memoráveis.
- substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e harmonias inovadoras.
- recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em grandes festivais.
- integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova combinação estética.
09 11. (ENEM 2022 PPL) Dentre as músicas clássicas que tinham potencial para ganhar as ruas das grandes cidades brasileiras, uma se destacou e acabou se transformando em um recado ao inconsciente coletivo: se as notas ouvidas lá longe são a melodia Für Elise, interpretada ao piano, é um caminhão vendendo gás que se aproxima. Essa história, que torna a obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven um meme nacional, começou quando as firmas de venda de gás porta a porta queriam uma solução para substituir o barulho das buzinas e os gritos de “Ó o gás”.
Com o objetivo de diminuir a poluição sonora, a prefeitura de São Paulo promulgou a Lei n. 11 016, em 1991, que institui que “Fica proibido o uso da buzina, pelos caminhões de venda de gás engarrafado a domicílio, para anunciar a sua passagem pelas vias e logradouros”. Entregadores de empresas de distribuição de gás recorreram a chips com músicas livres de direitos autorais. No início, não era apenas Für Elise — notas de outros temas clássicos também eram ouvidas. Mas a força da bagatela beethoveniana composta em 1810 acabou se sobrepondo às demais e virou praticamente um símbolo.
Disponível em: www.dw.com. Acesso em: 21 dez. 2020 (adaptado).
Ludwig van Beethoven (1770-1827) é mundialmente conhecido como um dos maiores representantes da música de concerto do período romântico. A adoção de uma de suas obras mais difundidas como anúncio de venda de gás engarrafado indica a
- utilização da música erudita como forma de educar a população em geral.
- manutenção da música europeia nos mais variados aspectos da cultura brasileira.
- contribuição que a obra do compositor alemão tem na diminuição da poluição sonora.
- modificação da função que uma obra artística pode sofrer em diferentes épocas e lugares.
- articulação entre o poder público e as empresas para contornar as limitações das leis de direito autoral.
10. (Enem 2021) Sinhá
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
[…]
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz.
CHICO BUARQUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2011 (fragmento).
No fragmento da letra da canção, o vocabulário empregado e a situação retratada são relevantes para o patrimônio linguístico e identitário do país, na medida em que
- remetem à violência física e simbólica contra os povos escravizados.
- valorizam as influências da cultura africana sobre a música nacional.
- relativizam o sincretismo constitutivo das práticas religiosas brasileiras.
- narram os infortúnios da relação amorosa entre membros de classes sociais diferentes.
- problematizam as diferentes visões de mundo na sociedade durante o período colonial.
11. (Enem 2021) Comportamento geral
Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo bem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
E esquecer que está desempregado
Você merece
Você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com teu carnaval
Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: muito obrigado
São palavras que ainda te deixam deixar
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um fuscão no juízo final
E diploma de bem-comportado
GONZAGUINHA, Luiz Gonzaga Jr. Rio de Janeiro: Odeon, 1973 (fragmento).
Pela análise do tema e dos procedimentos argumentativos utilizados na letra da canção composta por Gonzaguinha na década de 1970, insere-se o objetivo de
- ironizar a incorporação de ideias e atitudes conformistas.
- convencer o público sobre a importância dos deveres cívicos.
- relacionar o discurso religioso à resolução de problemas sociais.
- questionar o valor atribuído pela população às festas populares.
- defender uma postura coletiva indiferente aos valores dominantes.
12. (Enem PPL 2020) TEXTO I
A dupla Claudinho e Buchecha foi formada por dois amigos de infância que eram vizinhos na comunidade do Salgueiro. Os cantores iniciaram sua carreira artística no início dos anos 1990, cantando em bailes funk de São Gonçalo (RJ), e fizeram muito sucesso com a música Fico assim sem você, em 2002. Buchecha trabalhou por um bom tempo como office boy e Claudinho atuou como peão de obras e vendedor ambulante.
Disponível em: http://dicionariompb.com.br. Acesso em: 19 abr. 2018 (adaptado).
TEXTO II
Ouvi a canção Fico assim sem você no rádio e me apaixonei instantaneamente. Quando isso acontece comigo, não posso fazer nada a não ser trazer a música pra perto de mim e então começar a cantar e tocar sem parar, até que ela se torne minha. A canção caiu como uma luva no repertório do disco e eu contava as horas pra poder gravá-la.
CALCANHOTTO, A. Fico assim sem você. Disponível em: www.adrianapartimpim.com.br. Acesso em: 19 abr. 2018 (adaptado).
A letra da canção Fico assim sem você, que circulava em meios populares, veiculada pela grande mídia, começou a integrar o repertório de crianças cujas famílias tinham o hábito de ouvir o que é conhecido como MPB. O novo público que passou a conhecer e apreciar essa música revela a
- legitimação de certas músicas quando interpretadas por artistas de uma parcela específica da sociedade.
- admiração pelas composições musicais realizadas por sujeitos com pouca formação acadêmica.
- necessidade que músicos consagrados têm de buscar novos repertórios nas periferias.
- importância dos meios de comunicação de massa na formação da música brasileira.
- função que a indústria fonográfica ocupa em resgatar músicas da periferia.
13. (Enem 2020) Leandro Aparecido Ferreira, o MC Fioti, compôs em 2017 a música Bum bum tam tam, que gerou, em nove meses, 480 milhões de visualizações no Youtube. É o funk brasileiro mais ouvido na história do site.
A partir de uma gravação da flauta que achou na internet, MC Fioti fez tudo sozinho: compôs, cantou e produziu em uma noite só, “Comecei a pesquisar alguns tipos de flauta, coisas antigas. E nisso eu achei a “flautinha do Sebantian Bach”, conta. A descoberta foi por acaso: Fioti não sabia quem era o música alemão e não sabe tocar o instrumento.
A “flauta envolvente” da música é um trecho da Partida em lá menor, escrita pelo alemão Johann Sebastian Bach por volta de 1723.
Disponível em: https//g1.globo.com. Acesso em: 8 jun. 2018. [adaptado]
A incorporação de um trecho da obra para a flauta solo de Johann Sebastian Bach na música do MC Fioti demonstra:
- influência permanente da cultura eurocêntrica nas produções musicais brasileiras
- homenagem aos referenciais estéticos que deram origem às produções da música popular
- necessidade de divulgar a música de concerto nos meios populares nas periferias das grandes cidades
- utilização desintencional de uma música excessivamente distante da realidade cultural dos jovens brasileiros
- inter-relação de elementos culturais vindos de realidades distintas na construção de uma nova proposta musical", dizia a questão.
14. (Enem 2020) TEXTO I
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba-do-campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o matita-pereira
TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).
TEXTO II
A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação […]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”.
Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.
NESTROVSKI, A, O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004
Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)
- diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.
- singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.
- caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.
- relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.
- o resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.
15. (Enem 2020) Hino à Bandeira
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!
BILAC, O.: BRAGA, F. Disponível em: www2.planalto.gov.br. Acesso em: 10 dez. 2017 (fragmento).
No Hino à Bandeira, a descrição é um recurso utilizado para exaltar o símbolo nacional na medida em que
- remete a um momento futuro.
- promove a união dos cidadãos.
- valoriza os seus elementos.
- emprega termos religiosos.
- recorre à sua história.
16. (Enem 2020) Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá
Sou o boneco de Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da Orquestra Armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo no baque solto de maracatu
Eu sou um auto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luiz Gonzaga
E sou do mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe. São Paulo: Vetas. 1993 (fragmento).
O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista exalta as diferentes manifestações culturais pela
- valorização do teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares, compondo um tecido diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional.
- identificação dos lugares pernambucanos, manifes - tações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os bonecos mamulengos e heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à cultura popular nordestina.
- exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a Orquestra Armorial, compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.
- caracterização das festas populares como identidade cultural localizada e como representantes de uma cultura que reflete valores históricos e sociais próprios da população local.
- apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.
17. (Enem 2019)
Um amor desse
Era 24 horas lado a lado
Um radar na pele, aquele sentimento alucinado
Coração batia acelerado
Bastava um olhar pra eu entender
Que era hora de me entregar pra você
Palavras não faziam falta mais
Ah, só de lembrar do seu perfume
Que arrepio, que calafrio
Que o meu corpo sente
Nem que eu queira, eu te apago da minha mente
Ah, esse amor
Deixou marcas no meu corpo
Ah, esse amor
Só de pensar, eu grito, eu quase morro
AZEVEDO, N.; LEÃO, W.; QUADROS, R. Coração pede socorro. Rio de Janeiro: Som Livre, 2018 (fragmento).
Essa letra de canção foi composta especialmente para uma campanha de combate à violência contra as mulheres, buscando conscientizá-las acerca do limite entre relacionamento amoroso e relacionamento abusivo. Para tanto, a estratégia empregada na letra é a
- revelação da submissão da mulher à situação de violência, que muitas vezes a leva à morte.
- ênfase na necessidade de se ouvirem os apelos da mulher agredida, que continuamente pede socorro.
- exploração de situação de duplo sentido, que mostra que atos de dominação e violência não configuram amor.
- divulgação da importância de denunciar a violência doméstica, que atinge um grande número de mulheres no país.
- naturalização de situações opressivas, que fazem parte da vida de mulheres que vivem em uma sociedade patriarcal.
18. (Enem 2019) Blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
CAZUZA. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento).
Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em sociedade. A letra de canção identifica-se com o gênero ladainha,
- expositiva, por discorrer sobre um dado tema.
- narrativa, por apresentar uma cadeia de ações.
- injuntiva, por chamar o interlocutor à participação.
- descritiva, por enumerar características de um personagem.
- argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de atitude.
19. (Enem 2019) Com o enredo que homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no Carnaval 2012.
A penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão.
Disponível em: www.cultura.rj.gov.br.
Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado).
A notícia relata um evento cultural que marca a
- primazia do samba sobre a música nordestina.
- inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros.
- valorização das origens oligárquicas da cultura nordestina.
- proposta de resgate de antigos gêneros musicais brasileiros.
- criatividade em compor um samba-enredo em homenagem a uma pessoa.
20. (Enem 2019)
Irerê, meu passarinho do sertão do Cariri,
Irerê, meu companheiro,
Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria?
Ai triste sorte a do violeiro cantadô!
Ah! Sem a viola em que cantava o seu amô,
Ah! Seu assobio é tua flauta de irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
Ah! A gente sofre sem querê!
Ah! Teu canto chega lá no fundo do sertão,
Ah! Como uma brisa amolecendo o coração,
Ah! Ah!
Irerê, solta teu canto!
Canta mais! Canta mais!
Prá alembrá o Cariri!
VILLA-LOBOS, H. Bachianas Brasileiras n. 5 para soprano e oito violoncelos (1938-1945).
Disponível em: http://euterpe.blog.br. Acesso em: 23 abr. 2019.
Nesses versos, há uma exaltação ao sertão do Cariri em uma ambientação linguisticamente apoiada no(a)
- A uso recorrente de pronomes.
- variedade popular da língua portuguesa.
- referência ao conjunto da fauna nordestina.
- exploração de instrumentos musicais eruditos.
- predomínio de regionalismos lexicais nordestinos.
21. (Enem PPL 2019) O instrumento feito de lâminas metálicas e cabaça é comum a manifestações musicais na África e no Brasil.
Nos textos, apesar de figurarem em contextos geográficos separados pelo Oceano Atlântico e terem cerca de um século de distanciamento temporal, a semelhança do instrumento demonstra a
- vinculação desses instrumentos com a cultura dos negros escravizados.
- influência da cultura africana na construção da musicalidade brasileira.
- condição de colônia europeia comum ao Brasil e grande parte da África.
- escassez de variedade de instrumentos musicais relacionados à cultura africana.
- importância de registros artísticos na difusão e manutenção de uma tradição musical.
22. (Enem 2018) Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
“Paz no futuro e glória no passado”.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta ,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
(Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva - fragmento)
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a):
- reverência de um povo a seu país.
- gênero solene de característica protocolar.
- canção concebida sem interferência da oralidade.
- escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
- artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.
23. (Enem 2017) Fim de semana no parque
Olha o meu povo nas favelas e vai perceber
Daqui eu vejo uma caranga do ano
Toda equipada e o tiozinho guiando
Com seus filhos ao lado estão indo ao parque
Eufóricos brinquedos eletrônicos
Automaticamente eu imagino A molecada lá da área como é que tá
Provavelmente correndo pra lá e pra cá
Jogando bola descalços nas ruas de terra
É, brincam do jeito que dá
[…]
Olha só aquele clube, que da hora
Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha
Olha quanta gente
Tem sorveteria, cinema, piscina quente
[…]
Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo
Pra molecada frequentar nenhum incentivo
O investimento no lazer é muito escasso
O Centro comunitário é um fracasso
(RACIONAIS MCs Racionais MCs. São Paulo Zimbabwue, 1994 - fragmento)
A letra da canção apresenta uma realidade social quanto à distribuição distinta dos espaços de lazer que:
- retrata a ausência de opções de lazer para a população de baixa renda, por falta de espaço adequado.
- ressalta a irrelevância das opções de lazer para diferentes classes sociais, que o acessam à sua maneira.
- expressa o desinteresse das classes sociais menos favorecidas economicamente pelas atividades de lazer.
- implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos.
- aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente, e do prático, nas menos favorecidas.
24. (Enem PPL 2017) TEXTO I
Frevo: Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do Carnaval pernambucano. Tratase de uma marcha de ritmo frenético, que é a sua característica principal. E a multidão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo pronuncia frevura, frever) que se criou o nome frevo.
(CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2001 - adaptado)
TEXTO II
Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade
O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do Carnaval no estado foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira, durante cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
(Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015)
Apesar de abordarem o mesmo tema, os textos I e II diferenciam-se por pertencerem a gêneros que cumprem, respectivamente, a função social de:
- resumir e avaliar.
- analisar e reportar.
- definir e informar
- comentar e explanar.
- discutir e conscientizar.
25. (Enem 2016) A obra de Túlio Piva poderia ser objeto de estudo nos bancos escolares, ao lado de Noel, Ataulfo e Lupicínio. Se o criador optou por permanecer em sua querência — Santiago, e depois Porto Alegre, a obra alçou voos mais altos, com passagens na Rússia, Estados Unidos e Venezuela. Tem que ter mulata, seu samba maior, é coisa de craque. Um retrato feito de ritmo e poesia, uma ode ao gênero que amou desde sempre. E o paradoxo: misto de gaúcho e italiano, nascido na fronteira com a Argentina, falando de samba, morro e mulata, com categoria. E que categoria! Uma batida de violão que fez história. O tango transmudado em samba.
(RAMIREZ, H.; PIVA, R. (Org.). Túlio Piva: pra ser samba brasileiro)
O texto é um trecho da crítica musical sobre a obra de Túlio Piva. Para enfatizar a qualidade
do artista, usou-se como recurso argumentativo o(a):
- contraste entre o local de nascimento e a escolha pelo gênero samba.
- exemplo de temáticas gaúchas abordadas nas letras de sambas.
- alusão a gêneros musicais brasileiros e argentinos.
- comparação entre sambistas de diferentes regiões.
- aproximação entre a cultura brasileira e a argentina.
26. (Enem 2016) TEXTO I
Mama África
Mama África (a minha mãe) é mãe solteira e tem que fazer mamadeira todo dia além de trabalhar como empacotadeira nas Casas Bahia Mama África tem tanto o que fazer além de cuidar neném além de fazer denguim filhinho tem que entender Mama África vai e vem mas não se afasta de você quando Mama sai de casa seus filhos se olodunzam rola o maior jazz Mama tem calos nos pés Mama precisa de paz Mama não quer brincar mais filhinho dá um tempo é tanto contratempo no ritmo de vida de Mama
(CHICO CÉSAR. Mama África)
TEXTO II
A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das famílias brasileiras, também tematizadas pela canção Mama África. Ambos os textos destacam o(a):
- preocupação das mulheres com o mercado de trabalho.
- responsabilidade das mulheres no sustento das famílias.
- comprometimento das mulheres na reconstituição do casamento
- dedicação das mulheres no cuidado com os filhos.
- importância das mulheres nas tarefas diárias
27. (Enem 2016, 3ª aplicação) Argumento
Tá legal Eu aceito o argumento Mas não me altere o samba tanto assim Olha que a rapaziada está sentindo a falta De um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim
Sem preconceito Ou mania de passado Sem querer ficar do lado De quem não quer navegar Faça como um velho marinheiro Que durante o nevoeiro Leva o barco devagar
(PAULINHO DA VIOLA. Disponível em: www.paulinhodaviola.com.br. Acesso: 6 dez. 2012)
Na letra da canção, percebe-se uma interlocução. A posição do emissor é conciliatória entre as tradições do samba e os movimentos inovadores desse ritmo.
A estratégia argumentativa de concessão, nesse cenário, é marcada no trecho:
- "Mas não me altere o samba tanto assim".
- "Olha que a rapaziada está sentindo a falta."
- Sem preconceito / Ou mania de passado".
- "Sem querer ficar do lado / De quem não quer navegar".
- "Leva o barco devagar."
28. (Enem 2016, 3ª aplicação) É uma partida de futebol
A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda, é uma partida de futebol
Posso morrer pelo meu time
Se ele perder, que dor, imenso crime
Posso chorar se ele não ganhar
Mas se ele ganha, não adianta
Não há garganta que não pare de berrar
(REIS, N.; ROSA, S. Samba poconé. São Paulo: Sony, 1996 - fragmento)
No Brasil, além de um esporte de competição, o futebol é um meio de interação social que desperta paixão nas pessoas. No trecho da letra da canção, esse esporte é apresentado como um(a):
- modalidade esportiva técnica.
- forma de controle da violência.
- esporte organizado com regras
- elemento de identidade nacional.
- fator de alienação social do povo.
29. (Enem 2016) Ebony and ivory
Ebony and ivory live together in perfect harmony
Side by side on my piano keyboard, oh Lord, why don’t we?
We all know that people are the same wherever we go
There is good and bad in ev’ryone,
We learn to live, we learn to give
Each other what we need to survive together alive
McCARTNEY P. Disponível em: www.paulmccartney.com. Acesso em: 30 maio 2016.
Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e problematizar perspectivas de mundo. Paul McCartney, na letra dessa canção, defende
- o aprendizado compartilhado.
- a necessidade de donativos.
- as manifestações culturais.
- o bem em relação ao mal.
- o respeito étnico.
30. (Enem 2016) Querido diário
Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho
[…]
Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Trouxe um porrete a mó de me quebrar
Mas eu não quebro porque sou macio, viu
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2013 (fragmento).
Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a)
- diálogo com interlocutores próximos.
- recorrência de verbos no infinitivo.
- predominância de tom poético.
- uso de rimas na composição.
- narrativa autorreflexiva.
31. (Enem 2015) O rap, palavra formada pelas iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia), junto com as linguagens da dança (o break dancing) e das artes plásticas (o grafite), seria difundido, para além dos guetos, com o nome de cultura hip hop. O break dancing surge como uma dança de rua. O grafite nasce de assinaturas inscritas pelos jovens com sprays nos muros, trens e estações de metrô de Nova York. As linguagens do rap, do break dancing e do grafite se tornaram os pilares da cultura hip hop.
(DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude)
Entre as manifestações da cultura hip hop apontadas no texto, o break se caracteriza como um tipo de dança que representa aspectos contemporâneos por meio de movimentos:
- retilíneos, como crítica aos indivíduos alienados.
- improvisados, como expressão da dinâmica da vida urbana.
- suaves, como sinônimo da rotina dos espaços públicos.
- ritmados pela sola dos sapatos, como símbolo de protesto.
- cadenciados, como contestação às rápidas mudanças culturais.
32. (Enem PPL 2015) O rap constitui-se em uma expressão artística por meio da qual os MCs relatam poeticamente a condição social em que vivem e retratam suas experiências cotidianas.
(SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para a escola)
O “relato poético” é uma característica fundamental desse gênero musical, em que o:
- MC canta de forma melodiosa as letras, que retratam a complexa realidade em que se encontra.
- rap se limita a usar sons eletrônicos nas músicas, que seriam responsáveis por retratar a realidade da periferia.
- rap se caracteriza pela proximidade das notas na melodia, em que a letra é mais recitada do que cantada, como em uma poesia.
- MC canta enquanto outros músicos o acompanham com instrumentos, tais como o contrabaixo elétrico e o teclado.
- MC canta poemas amplamente conhecidos, fundamentando sua atuação na memorização de suas letras.
33. (Enem PPL 2014) Entrevista — Tony Bellotto
A língua é rock
Guitarrista do Titãs e escritor completa dez anos à frente de programa televisivo em que discute a língua portuguesa por meio da música
O que o atraiu na proposta de Afinando a Língua? No começo, em 1999, a ideia era fazer um programa que falasse de língua portuguesa usando a música como atrativo, principalmente, para os jovens. Com o passar do tempo, ele foi se transformando num programa sobre a linguagem usada em letras de música, no jornalismo, na literatura de ficção e na poesia. Como não sou um cara de TV, trago a experiência de escritor e músico, e sempre participo de forma mais ativa do que como um mero apresentador. Estou nas reuniões de pauta e faço sugestões nos roteiros. Mas o conteúdo é feito pelo pessoal do Futura.
Quais as vantagens e desvantagens do ensino da língua por meio das letras de música? Não sou pedagogo ou educador, então só vejo vantagens, porque as letras de música usam uma linguagem que é a do dia a dia, principalmente, dos jovens. A música é algo que lhes dá prazer e, didaticamente, pode fazer as vezes de algo que o aluno tem a noção de ser entediante — estudo da língua, sentar e abrir um livro. Ao ouvir uma música, os exemplos surgem. É a grande vantagem e sempre foi a ideia do programa.
Os gêneros textuais são definidos por meio de sua estrutura, função e contexto de uso. Tomando por base a estrutura dessa entrevista, observa-se que:
- a organização em turnos de fala reproduz o diálogo que ocorre entre os interlocutores.
- o tema e o suporte onde foi publicada justificam a ausência de traços da linguagem informal.
- a ausência de referências sobre o entrevistado é uma estratégia para induzir à leitura do texto na íntegra.
- o uso do destaque gráfico é um recurso de edição para ressaltar a importância do tema para o entrevistador.
- o entrevistado é um especialista em abordagens educacionais alternativas para o ensino da língua portuguesa.
34. (Enem 2014) Era um dos meus primeiros dias na sala de música. A fim de descobrimos o que deveríamos estar fazendo ali, propus à classe um problema. Inocentemente perguntei: — O que é música? Passamos dois dias inteiros tateando em busca de uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar todas as definições costumeiras porque elas não eram suficientemente abrangentes. O simples fato é que, à medida que a crescente margem a que chamamos de vanguarda continua suas explorações pelas fronteiras do som, qualquer definição se torna difícil. Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte da música com conceitos novos e aparentemente sem forma.
(SCHAFER, R. M. O ouvido pensante)
A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, na proposta de Schafer de formular uma nova conceituação de música, representa a:
- acessibilidade à sala de concerto como metáfora, num momento em que a arte deixou de ser elitizada.
- abertura da sala de concerto, que permitiu que a música fosse ouvida do lado de fora do teatro.
- postura inversa à música moderna, que desejava se enquadrar em uma concepção conformista.
- intenção do compositor de que os sons extramusicais sejam parte integrante da música.
- necessidade do artista contemporâneo de atrair maior público para o teatro.
35. (Enem PPL 2014) Sem flecha, na rima
O grupo de rap Brô Mc’s, criado no final de 2009, é formado pelos pares de irmãos (daí o "bro", de brother) Bruno/Clemerson e Kelvin/Charles, jovens que cresceram ouvindo hip hop nas rádios da aldeia Jaguapiru Bororo, em Dourados, Mato Grosso do Sul.
— Desde o começo a gente não queria impor uma cultura estranha que invadisse a cultura indígena —afirma o produtor, chamando a atenção para o grande destaque do Brô Mc’s: as letras em língua indígena. Expressar-se em língua originária e fazer com que os jovens indígenas percebam a vitalidade do idioma nativo é uma das motivações do grupo.
A dificuldade maior vem dos críticos, que não aceitam o fato de que a cultura indígena é dinâmica e sempre incorpora novidades.
— "Mas índio cantando rap?", tem gente que questiona. O rap é de quem canta, é de quem gosta, não é só dos americanos — avalia Dani [o vocal feminino]. (BONFIM, E.)
Considerando-se as opiniões apresentadas no texto, a indagação "Mas índio cantando rap?" traduz um ponto de vista que evidencia:
- desqualificação dos indígenas como músicos, desmerecendo sua capacidade musical devido a sua cultura.
- desvalorização da cultura rap em contrapartida às tradições musicais indígenas, motivo pelo qual os índios não devem cantar rap.
- preconceito por parte de quem não concebe que os índios possam conhecer o rap e, menos ainda, cantar esse gênero musical.
- equívoco por desconsiderar as origens culturais do gênero musical, ligadas ao contexto urbano.
- entendimento do rap como um gênero ultrapassado em relação à linguagem musical dos indígenas.
36. (Enem PPL 2012) Cantora afirma que não faz questão de lançar moda, mas gosta de estar “bonitona” e de se vestir bem
Em entrevista concedida a um jornal televisivo, a cantora Adele disse que gosta de estar bonitona quando se veste, mas é profissional: “não faço questão de lançar moda. Música é para os ouvidos, não para os olhos. Vocês nunca vão me ver cantando de biquíni”.
Com edição de imagens rápidas, cujos trechos da entrevista exclusiva se mesclavam com os de clipes, e texto cheio de adjetivos, o jornal disse que a fuga de Adele para o sofrimento é colocar na partitura das músicas todo seu rancor.
O rompimento de dois namoros deu origem aos álbuns 19 (2008) e 21 (2010): “é o meu jeito de superar a dor... funcionou”.
As declarações da cantora ao jornal expressam sua opinião a respeito do comportamento dos artistas. Suas palavras sugerem que:
- a artista oculta o seu estado de espírito valendo-se de regras ditadas por um grupo e de um figurino excêntrico.
- uma cantora competente constrói sua carreira pelo desempenho vocal, sendo pouco relevante o figurino usado em apresentações.
- a mídia rejeita uma imagem artística elaborada para atender às cobranças do público e para explorar a sensualidade.
- uma pessoa pública está atenta às últimas tendências do mundo fashion, pois o vestuário de grife agrega valor à sua personalidade.
- uma plateia exigente despreza o exibicionismo e valoriza o ídolo comedido e desligado das tendências da moda.
37. (Enem 2012) “Eu quero ter um milhão de amigos” é o famoso verso da linda canção Eu quero apenas, de Roberto Carlos. Adaptado aos nossos tempos, o verso representa o anseio que está na base do atual sucesso das redes sociais. Desde que Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, LinkedIn e outros estão entre nós, precisamos mais do que nunca ficar atentos ao sentido das nossas relações. Sentido que é alterado pelos meios a partir dos quais são promovidas essas mesmas relações.
O fato é que as redes brincam com a promessa que estava contida na música do Rei apenas como metáfora. O que a canção põe em cena é da ordem do desejo cuja característica é ser oceânico e inespecífico. Desejar é desejar tudo, é mais que querer. Mas quem participa de uma rede social ultrapassa o limite do desejo e entra na esfera da potencialidade de uma realização que vem tornar problemática a relação entre o real e o imaginário.
(TIBURI, M. Complexo de Roberto Carlos)
O verso da canção de Roberto Carlos é usado no artigo para explicar o sucesso mundial das redes sociais. Para a autora, essas redes são eficazes, pois:
- ajudam na preservação de sentimentos básicos da pessoa humana
- confirmam os significados atribuídos a relacionamentos iniciados no mundo real.
- resolvem os problemas de solidão vivida pelos internautas.
- promovem a idealização exacerbada de vontades individuais.
- favorecem as relações interpessoais baseadas em vínculos afetivos fortes.
38. (Enem 2010) Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[...]
(ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M.)
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a):
- estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
- neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
- gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
- regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.
- termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.