Fagundes Varela

01. (UNIFESP) Leia os versos de Fagundes Varela.

Roem-me atrozes ideias,

A febre me queima as veias,

A vertigem me tortura!...

Oh! por Deus! quero dormir,

Deixem-me os braços abrir

Ao sono da sepultura!

Despem-se as matas frondosas,

Caem as flores mimosas

Da morte na palidez:

Tudo, tudo vai passando,

Mas eu pergunto chorando

— Quando virá minha vez?

Os versos filiam-se ao estilo

1. árcade, flagrado pela alusão à natureza como forma de fugir dos problemas.
2. ultrarromântico, influenciado pelo Mal do Século, e presentificam o pessimismo e a morte.
3. condoreiro, distanciado da visão egocêntrica, pois estão voltados aos problemas sociais.
4. parnasiano, cuja busca de perfeição formal é mais relevante que a expressão da emoção.
5. simbolista, em que o pessimismo e a dor existencial levam o eu lírico à transcendência.

02. (C. U. de Várzea Grande) Assim como Fagundes Varela, outros escritores, também ligados ao Romantismo, reconheceram o poder social exercido pela linguagem, empregando-a, sobretudo, para criticar os valores burgueses vigentes no século XIX.

Dentre esses autores, é correto destacar

1. Augusto dos Anjos e seus poemas filosóficos, que visam compreender o sofrimento inerente à existência humana por meio de uma perspectiva cientificista.
2. Álvares de Azevedo e seus poemas líricos, que descrevem, sem idealizações e com certo erotismo, as experiências amorosas reais vividas pelo poeta.
3. Visconde de Taunay e sua obra Inocência, que expõe os conflitos das personagens na luta contra a solidão característica da vida nas grandes metrópoles.
4. José de Alencar e seu romance Senhora, que se opõe ao casamento constituído como um acordo financeiro, motivado pelo dinheiro e não pelos laços amorosos.
5. Raul Pompeia e seu livro O Ateneu, que se fundamenta na experiência do autor em um colégio interno adepto de sistema educacional opressivo.

Leia o poema do poeta romântico Fagundes Varela, para responder às questões de 03 a 04.

A vida nas cidades me enfastia,

Enoja-me o tropel¹

das multidões,

O sopro do egoísmo e do interesse

Mata-me n’alma a flor das ilusões.

Mata-me n’alma a flor das ilusões

Tanta mentira, tão fingido rir,

E cheio e farto de tristeza e tédio

Rejeito as glórias de falaz²

porvir!

Rejeito as glórias de falaz porvir,

Galas e festas, o prazer talvez,

E busco altivo as solidões profundas

Que dormem quedas³

do Senhor aos pés,

Que dormem quedas do Senhor aos pés,

Ao doce brilho dos clarões astrais,

Ricas de gozos que não tem mundo,

Pródigas sempre de beleza e paz!

(Fagundes Varela. Cantos e fantasias e outros cantos, 2003.)

1 tropel: barulho, confusão.

² falaz: ilusório.

³ quedas: quietas.

03. (FAMEMA 2024) A característica dos habitantes das cidades criticada pelo eu lírico na segunda estrofe é

1. a indiferença.
2. a dissimulação.
3. a melancolia.
4. a ganância.
5. a monotonia.

04. (FAMEMA 2024) A crítica à vida nas cidades explicitada pelo poema constitui um tópico explorado reiteradamente pela poesia

1. barroca.
2. realista.
3. árcade.
4. simbolista.
5. naturalista.

05. (C. U. Christus) A PENA

Poucos instantes de vida

Me restam, oh! bem o sei

Fiquei vencido na lida

Seja assim, cumpra-se a lei!

Fagundes Varela

Arte literária brasileira. Clenir Bellezi de Oliveira. São Paulo: Moderna: 2000.

A crítica classifica Fagundes Varela como um poeta ultrarromântico pelo predomínio, em sua obra, de temas e imagens dessa tendência: tédio, angústia, desesperança, morbidez, sombras, figuras vaporosas, aparições fantásticas.

Outra característica marcante de sua produção é

1. a influência do determinismo.
2. uma grande dualidade.
3. uma forte impassibilidade.
4. o forte indianismo.
5. uma análise crítica da realidade brasileira.