Carta de Achamento do Brasil, Pero Vaz de Caminha

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Carta de Achamento do Brasil, Pero Vaz de Caminha com questões de Vestibulares.


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01. (Unicamp 2023) Texto 1

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós os entendêssemos e eles a nós, seriam logo cristãos porque eles não têm nem conhecem nenhuma crença. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se tornem cristãos e passem a crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga. Porque certamente esta gente é boa e de boa simplicidade, e imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho que lhes quiserem dar. E, pois, Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, se aqui nos trouxe, creio que não foi sem um motivo.”

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, 2001, p. 108.)

Texto 2

“As molas do homem primitivo podem ser postas em ação pelo exemplo, educação e benefícios (...). Newton, se houvesse nascido entre os guaranis, seria mais um bípede, que pisara sobre a superfície da Terra; mas um guarani criado por Newton talvez ocupasse o seu lugar. Quem ler o diálogo que traz Léry na sua viagem ao Brasil entre um francês e um velho carijó conhecerá que não falta aos índios bravos o lume natural da razão.”

(ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de. Projetos para o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 50.)

A partir dos dois textos, escritos em momentos emblemáticos da história do Brasil (o “achamento” em 1500 e o debate de ideias para a criação de uma constituição em 1823), seria correto afirmar que os povos originários são

  1. definidos como díspares entre si, pois Caminha os vê como ingênuos, crédulos, enquanto Bonifácio alerta para o perigo dos indígenas bravos.
  2. considerados uma página em branco e maleáveis, tanto no texto do cronista quinhentista quanto naquele do publicista oitocentista.
  3. apontados como benignos, com a intenção de preservar os indígenas distantes da degradação dos costumes europeus.
  4. tributários de uma imutabilidade cultural, tanto na crônica de Caminha quanto no discurso de José Bonifácio.

Resposta: B

Resolução: Os textos de Pero Vaz de Caminha e José Bonifácio compartilham uma visão de povos originários como uma "página em branco", ou seja, como indivíduos moldáveis e passíveis de serem influenciados ou transformados. Caminha retrata os indígenas como "inocentes", enquanto Bonifácio vê a educação e o exemplo como formas de moldar o homem indígena, reforçando a ideia de que suas características culturais podem ser adaptadas.

02. (UNICAMP 2024) “Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e divertiu-se muito com elas. Enrolou-as ao pescoço, depois tirou-as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e depois para as contas, e em seguida para o colar do capitão, dando a entender que eles dariam ouro por aquilo. Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos."

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, p. 108, 2001.)

Em seu relato de viagem, Pero Vaz de Caminha

  1. descreve a natureza e as pessoas que os portugueses encontraram no Novo Mundo, inventariando os detalhes da viagem, com vistas à preservação da História Colonial.
  2. descreve e interpreta os fatos, mostrando que a compreensão dos portugueses sobre os povos originários era mediada pelos interesses do colonizador.
  3. descreve como os povos originários do Novo Mundo auxiliaram os colonizadores na prospecção por riquezas, antevendo a realização do projeto colonizador.
  4. descreve e interpreta os fatos, sugerindo que, na visão dos povos originários, era possível a convivência pacífica com o colonizador, já que compartilhavam os mesmos interesses.

Resposta: B

Resolução: No texto apresentado, Pero Vaz de Caminha descreve um encontro entre os portugueses e os povos nativos do Novo Mundo. Ele relata um episódio em que um dos nativos viu contas brancas, se interessou por elas e fez gestos que os portugueses interpretaram como um interesse em trocar ouro por essas contas e até pelo colar do capitão. No entanto, os portugueses preferiam interpretar o gesto dos nativos como um interesse em adquirir as contas e o colar, em vez de entender a possibilidade de troca ou negociação.

03. (PUC-GO) eia o fragmento do texto da Carta de Caminha:

De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito fremosa. [...] Nela até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muito bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto, que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.

(CAMINHA, Pero Vaz de. Apud in: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 52 ed. São Paulo: Cultrix, 2015, p. 15.)

Vocabulário:

* Chã = área ou extensão plana de terra.

* Fremosa = Variação arcaica da palavra “formosa”

O trecho retirado daCarta de Pero Vaz deCaminha ilustra as primeiras impressões da natureza exuberante e do povo encontrado na nova terra, levando a categorizar essas manifestações de literatura em solo brasileiro.

Marque a única resposta que corretamente categoriza a literatura para textos como o fragmento da Carta de Caminha:

  1. Relatos de viagem, poemas e peças teatrais com intenção catequética, cujo objetivo era informar sobre a nova terra.
  2. Romances sobre a vida do sertanejo, e sua luta contra as condições desfavoráveis impostas pela terra.
  3. Narrativas regionalistas de aspecto documental, pautadas na apresentação de elementos históricos e sociais.
  4. Epístolas de teor nacionalista, fora dos moldes lusitanos, indicando uma literatura pautada na nova terra.

Resposta: A

Resolução:

04. (URCA) “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”

Este é um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha sobre o “achamento” das terras do Brasil. Das alternativas abaixo sobre a Carta só é CORRETO afirmar:

  1. Cronologicamente a Carta de Pero Vaz de Caminha insere-se no Barroco brasileiro.
  2. O estilo ufanista e emotivo prenuncia características do Romantismo brasileiro.
  3. Entre outros textos do século XVI em forma de diários, tratados e crônicas, a Carta de Pero Vaz de Caminha é tida como literatura de informação.
  4. Escrita em versos, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada o primeiro poema épico da literatura brasileira.
  5. Não se pode dizer que foi por cumprimento do dever do cargo de escrivão que Pero Vaz de Caminha escreveu a Carta.

Resposta: C

Resolução:

05. (Enem) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

  1. Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos
  2. Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
  3. Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
  4. Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.
  5. Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

Resposta: A

Resolução:

06. (UPE) A carta do Descobrimento do Brasil, segundo Alfredo Bosi, é um diário de viagens. Nela, o autor Pero Vaz de Caminha, ao enaltecer as belezas e riquezas da terra, visa

  1. convencer as autoridades portuguesas a enviarem colonos para a região descoberta, a fim de que tomassem posse da terra, impedindo a entrada de navios estrangeiros na costa brasileira, muito cobiçada pelos ingleses na época.
  2. comunicar ao Rei de Portugal, Dom João Terceiro, que a nova terra havia sido descoberta e que nela tudo era atraente, inclusive a natureza, bastante exuberante. Por essa razão, os marinheiros ficavam tão encantados que demonstravam a intenção de não retornar a Portugal.
  3. demonstrar ao Rei Português que os navegantes atingiram os objetivos da viagem, uma vez que já tinham certeza, ao saírem da Europa, de que encontrariam, sem muito sacrifício, terras ao Sul do Equador.
  4. certificar ao Rei a chegada à nova terra, a qual lhe causara boa impressão por ser rica, ter água doce, natureza viçosa, além de ser habitada por um povo exótico que não usava roupa.
  5. informar ao Regente português as dificuldades da viagem, as discórdias existentes entre os marinheiros e a visão da nova terra, por sinal pouco satisfatória, em vista da dificuldade de acesso e da má hospitalidade de seus habitantes.

Resposta: D

Resolução:

07. (U. de Caxias do Sul) Com base na Carta do Achamento, de Pero Vaz de Caminha, considere as seguintes afirmações.

I. Na Carta, o escrivão Caminha descreve o descobrimento de uma nova terra, chamando a atenção para a beleza natural, a fertilidade, a cordialidade dos índios e as riquezas.

II. No texto, é possível perceber um dos objetivos da expansão marítima de Portugal: catequização dos gentios para a ampliação do mundo cristão.

III. A Carta, um dos relatos que fazem parte da literatura informativa sobre o Brasil, é considerada mais um documento histórico do que uma obra literária.

Das afirmativas acima, pode-se dizer que

  1. apenas I está correta.
  2. apenas III está correta.
  3. apenas I e II estão corretas.
  4. apenas II e III estão corretas.
  5. I, II e III estão corretas.

Resposta: E

Resolução:

08. (UFSM) Leia os fragmentos a seguir extraídos de “A carta de Pero Vaz de Caminha”.

“E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima, daquela tintura; e certamente era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha – que ela não tinha! – tão graciosa, que muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, provocaria vergonha, por não terem as suas como a dela”. (p. 83)

“Os outros dois que o capitão teve nas naus, [...] nunca mais aqui apareceram, fatos que me induzem a pensar que se trate de gente bestial e de pouco saber, e por isso mesmo tão esquivas [...]. E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais”. (p. 88)

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma [...]. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles”. (p. 94)

Fonte: CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2000. (Adaptado)

Considere as afirmativas a seguir.

I  →  O jogo com a palavra “vergonha” é intencional significando, no primeiro caso, órgão sexual feminino e, no segundo, constrangimento.

II  →  O mundo novo é o paraíso terrestre, habitado por pecadores que devem ser expulsos.

III  →  A comparação com animais inferioriza o povo indígena, que se deve subordinar ao poder e à religião do conquistador.

IV  →  A salvação dos indígenas se daria com a conversão ao Cristianismo, preparando o terreno para a catequização empreendida com a vinda da Companhia de Jesus.

Está(ão) correta(s)

  1. apenas I.
  2. apenas I e IV.
  3. apenas II e III.
  4. apenas II e IV.
  5. apenas I, III e IV.

Resposta: E

Resolução:

09. (F. de Medicina de Jundiaí) Terça-feira, depois de comer, fomos em terra, fazer lenha, e para lavar roupa. Estavam na praia, quando chegamos, uns sessenta ou setenta, sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. E depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos. E misturaram-se todos tanto conosco que uns nos ajudavam a acarretar lenha e metê-las nos batéis. E lutavam com os nossos, e tomavam com prazer. E enquanto fazíamos a lenha, construíam dois carpinteiros uma grande cruz de um pau que se ontem para isso cortara. Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais para verem a ferramenta de ferro com que a faziam do que para verem a cruz, porque eles não têm coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, porque lhas viram lá. Era já a conversação deles conosco tanta que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer.

(Cilza Bignotto, Noemi Jaffe, Crônica na sala de aula: material de apoio ao professor)

O texto escrito por Pero Vaz de Caminha tem a finalidade de

  1. registrar num diário pessoal tudo o que lhe acontecia.
  2. narrar os acontecimentos do dia a dia no Novo Mundo.
  3. contar uma história ficcional para fins de entretenimento.
  4. cantar os grandes feitos portugueses por meio de uma epopeia.
  5. servir como cartilha para ensinar aos índios os costumes portugueses.

Resposta: B

Resolução:

10. (IFSulDeMinas) Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

E que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, bastaria. Quando mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.

E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.

E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro – o que d’Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha

Mostrando a potencialidade da natureza e do gentio, como retrata o trecho transcrito da Carta de Pero Vaz de Caminha, pode-se dizer que as primeiras manifestações de literatura encontradas no Brasil, nos dois primeiros séculos de nossa história colonial, são:

  1. relatos de viagem que informam sobre a terra, além de poemas e peças teatrais com intenção catequética.
  2. romances que retratam a falta de instrução do sertanejo, bem como sua precária vida, dada às condições desfavoráveis impostas pela geografia local e à submissão dos trabalhadores aos proprietários de terra.
  3. ficções regionalistas de aspecto documental que evidenciam elementos históricos e sociais de uma época de efervescência política no país.
  4. epistolas de cunho nacionalistas, que reivindicam uma literatura sobre o Brasil, não mais presa aos modelos lusitanos.

Resposta: A

Resolução:

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