Terceira Geração Modernista, Terceira Fase do Modernismo ou Geração Pós-modernista I
Lista de 15 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Terceira Geração Modernista, Terceira Fase do Modernismo ou Geração Pós-modernista I com questões de Vestibulares.
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01. (UEMA) O trecho a seguir, extraído do Capítulo I, do livro Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Teles, traz, pela recordação da personagem Raíza, um diálogo entre a professora de piano e uma outra senhora. Leia-o para responder à questão.
“[...] Adiante, ficava a saleta de minha mãe, aquela mãe silenciosa, sempre vestida de branco, uns vestidos tão
leves que me faziam pensar na história da sereiazinha que se transformara em espuma. [...] Eu podia estender-
me no chão e ali ficar desenhando nas folhas que ela me atirasse, pena não saber o que era esfinge para então
desenhar uma e seria esse o retrato de minha mãe. “É uma esfinge!”, disse dona Leonora à mulher dos tricôs.
[5] “Esfinge?...”, repetiu a mulherzinha parando as agulhas no ar. “E o marido?” [...] “É um farmacêutico fracassado,
bebe demais, você não sabia? Está sempre escondido no sótão em companhia do irmão, um tipo meio louco
que vive cortando coisas, a família inteira é esquisitíssima.
Esquisitíssima! A mãe ainda é a única que me inspira
confiança, diz que é escritora...” [...] “Mas escreve o quê?”. E dona Leonora, batendo impaciente com o leque no
piano para marcar o compasso: “Quem é que sabe? A mulher é uma esfinge.[..]”
TELES, L. G. Verão no Aquário. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Considerando a leitura da obra, a mãe é avaliada, reiteradamente, segundo dona Leonora, como uma pessoa
- vulnerável.
- enigmática.
- soberba.
- apática.
- egoísta.
Resposta: B
Resolução:
02. (UFPR) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro.
Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
- A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus.
- A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza.
- A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região.
- A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana.
- São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia.
Resposta: D
Resolução: A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana.
As obras de Guimarães Rosa representam de forma bastante evidente a terceira fase do modernismo, momento no qual nota-se a presença de grande psicologia dos personagens, indicando características diferentes da literatura brasileira anteriormente observada.
Há citação de elementos pitorescos paisagísticos nas obras, onde ocorre indagações sobre o destino, vida e morte, Deus e Diabo, o bem e mal, o mal e o amor.
03. (PUC-RS) INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
De tudo não falo. Não tenciono relatar ao senhor
minha vida em dobrados passos; servia para quê?
Quero é armar o ponto dum fato, para depois lhe
pedir um conselho. Por daí, então, careço de que
[5] o senhor escute bem essas passagens: da vida de
Riobaldo, o jagunço.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p.187.
No texto, o narrador de Grande sertão: veredas dirige-se ao seu interlocutor, _________, a quem narra os episódios vividos por/pelo _________, num fluxo contínuo, marcado pela oralidade da fala do sertão de _________
- o doutor – ele mesmo – Minas Gerais
- o doutor – chefe – São Paulo
- Hermógenes – jagunço – São Paulo
- Zé Bebelo – chefe – Minas Gerais
Resposta: A
Resolução: No texto, o narrador de Grande sertão: veredas dirige-se ao seu interlocutor, o doutor, a quem narra os episódios vividos por/pelo ele mesmo, num fluxo contínuo, marcado pela oralidade da fala do sertão de Minas Gerais
04. (FUVEST) Agora, o Manuel Fulô, este,sim! Um sujeito pingadinho, quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno” – cara de bobo de fazenda, do segundo tipo –; porque toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de caburé*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz peba, mongol.
Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.
*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no fragmento, permite afirmar que
- há clara antipatia do narrador para com a personagem, que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”.
- estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a refletir a mescla de culturas própria ao estilo do livro.
- A expressão “caburé insalubre” denota o determinismo biológico que norteia o livro.
- é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim da narrativa Manuel Fulô sofre derrota na luta física.
- se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés” para caracterizar a personagem como ingênua.
Resposta: B
Resolução: A sua descrição afirma, de forma clara, que ele misturava traços dos aimorés (povo indígena brasileiro) e dos gauleses ("traços gálicos"), povo que está na constituição dos franceses modernos e, em menor grau, de parte dos bretões e dos povos ibéricos.
A obra afirma, assim, o seu compromisso com uma interpretação da formação do povo brasileiro a partir do signo da mestiçagem.
05. (UEL) Leia os trechos a seguir, extraídos de A hora da estrela, de Clarice Lispector
(Há os que têm. E há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê? É apenas isso mesmo: não tinha. Se der para me entenderem, está bem. Se não, também está bem. Mas por que trato dessa moça quando o que mais desejo é trigo puramente maduro e ouro no estio?)
[...]
(Ela me incomoda tanto que fiquei oco. Estou oco desta moça. E ela tanto mais me incomoda quanto menos reclama. Estou com raiva. Uma cólera de derrubar copos e pratos e quebrar vidraças. Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? Já sei: amando meu cão que tem mais comida do que a moça. Por que ela não reage? Cadê um pouco de fibra? Não, ela é doce e obediente.)
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 10. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 32-33.
Sobre os trechos, assinale a alternativa correta.
- Os parênteses servem para o leitor se orientar na narrativa: quando esses sinais são utilizados, o narrador entra em cena para comentar; quando são suprimidos, a narrativa se restringe à ação da protagonista.
- A pergunta final no primeiro trecho entre parênteses revela o desprezo que existe na relação entre o narrador e a personagem, atitude predominante daquele, na maior parte da narrativa.
- O incômodo expresso pelo narrador-personagem indica o descompasso entre ele e a protagonista, tanto no plano dos lugares sociais que cada um ocupa quanto no plano do temperamento.
- O ímpeto de “derrubar copos e pratos e quebrar vidraças” é transportado do narrador-personagem para a protagonista à medida que a narrativa avança e as adversidades se avolumam na trajetória de Macabéa.
- A indignação do narrador-personagem com a falta de reação de Macabéa é equilibrada pela constatação de sua obediência, traço de caráter admirado por ele, que garante a ela êxitos expressivos no plano afetivo e no profissional, com o desdobramento da narrativa.
Resposta: C
Resolução: Os trechos apresentam o narrador-personagem expressando seu incômodo com a protagonista, Macabéa, e sua incapacidade de compreendê-la ou se relacionar com ela. O narrador se sente oco e incomodado pela passividade de Macabéa e sua falta de reação diante das situações. Essa falta de conexão e compreensão entre o narrador e a protagonista é destacada ao longo da narrativa.
06. (UEL) Leia o trecho a seguir.
“Não se arrependeu um só instante de ter rompido com Macabéa pois seu destino era o de subir para um dia entrar no mundo dos outros. Ele tinha fome de ser outro.”
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 10. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 75.
Com base no trecho, assinale a alternativa correta.
- Olímpico rompera com Macabéa, pois havia recebido uma proposta de trabalho vantajosa e precisaria morar em outra cidade.
- O fim do namoro entre Olímpico e Macabéa evidencia a ambição do rapaz em contraste com a estagnação da protagonista.
- Olímpico abandonou Macabéa porque tentara fazer sexo com ela, mas, diante dos pudores da moça, perdeu o interesse no relacionamento.
- O término do namoro deixa Macabéa tão transtornada que, ao correr de volta para casa, é atropelada por um automóvel e acaba morrendo.
- Olímpico desistiu de Macabéa porque pouco antes conhecera Glória, que, em suas estratégias de sedução, prometera fazer dele um deputado.
Resposta: B
Resolução: O trecho menciona que Olímpico não se arrependeu de ter rompido com Macabéa, pois ele tinha ambições de subir na vida e entrar no "mundo dos outros". Isso sugere que ele rompeu com Macabéa devido à sua ambição e desejo de uma vida melhor, o que está em contraste com a estagnação e simplicidade da protagonista.
07. (UEL) O livro A hora da estrela apresenta, em seu início, uma relação com mais de dez títulos alternativos.
Assinale a alternativa em que o título alternativo é explicado corretamente.
- “A culpa é minha” remete ao fato de que Macabéa assume responsabilidade por seus atos que a conduzem a um desfecho trágico.
- “Eu não posso fazer nada” corresponde aos dilemas do narrador-personagem, que se vê impossibilitado de criar grandes perspectivas para a protagonista.
- “Ela que se arranje” aponta para a indiferença do narrador-personagem que gradativamente se desencanta com Macabéa, abdicando da ideia de salvá-la.
- “O direito ao grito” representa a poderosa repressão que se abate contra a protagonista no sentido de impedi-la de concretizar suas fantasias e de dar vazão a suas insatisfações.
- “Saída discreta pela porta dos fundos” enfatiza a insipidez do percurso da protagonista, inclusive no momento em que ela agoniza, sem outras pessoas ao redor.
Resposta: B
Resolução: O título alternativo "Eu não posso fazer nada" corresponde aos dilemas do narrador-personagem, que se vê impossibilitado de criar grandes perspectivas para a protagonista. Isso reflete a sensação de impotência do narrador diante da situação de Macabéa e sua incapacidade de ajudá-la de forma significativa.
08. (UNICAMP) “Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.”
(Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20º ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, p. 39.
Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reune valores opostos, remetendo simultaneamente à compaixão e à ferocidade.
É correto afirmar que, no conto “Amor”, essa formulação
- revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na personagem.
- expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem.
- indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar.
- alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de angústia.
Resposta: D
Resolução: A expressão "piedade de leão" no conto "Amor" de Clarice Lispector indica um conflito moral e existencial que provoca na personagem Ana um sentimento de angústia. Ela se sente dividida entre a compaixão e a ferocidade, refletindo a complexidade de suas emoções e a dualidade de sua natureza.
09. (UEA) Em A hora da estrela, a história é contada
- por um personagem nomeado, que, conforme narra, faz questionamentos sobre a existência humana e o processo de escrita.
- por um narrador em terceira pessoa, que mantém a objetividade, enunciando os fatos como uma matéria bruta, sem comentários nem digressões.
- por um narrador em primeira pessoa, que relata, em um tempo posterior aos fatos, as memórias de quando interagiu com a personagem.
- pela própria protagonista, que narra os fatos de modo tumultuado, tecendo frequentes comentários sobre a própria escrita.
- pela própria protagonista, que se coloca como narradora em terceira pessoa da própria vida, como se observasse tudo a partir de um ponto de vista externo aos fatos.
Resposta: A
Resolução: Em "A hora da estrela" de Clarice Lispector, a história é contada por um personagem nomeado, que narra a história e faz questionamentos sobre a existência humana e o processo de escrita. O narrador-personagem é Rodrigo S.M., que se envolve na vida da protagonista Macabéa e, ao mesmo tempo em que conta sua história, reflete sobre temas mais amplos.
10. (FUVEST) E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...
*peixe elétrico.
Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,
- antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como epígrafe.
- assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
- reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga.
- representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐personagem José, em “São Marcos”.
- constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho.
Resposta: A
Resolução: O texto apresentado é uma passagem de "Sagarana", de Guimarães Rosa, e antecipa o destino funesto do ex-militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, ao qual serve como epígrafe. Nessa passagem, os peixes conversam sobre suas habilidades e ameaçam uns aos outros, fazendo alusão ao duelo que ocorre na história de "Duelo".
11. (UNIFESP) A verve social da poesia de João Cabral de Melo Neto mostra-se mais evidente nos versos:
- A cana cortada é uma foice.
Cortada num ângulo agudo,
ganha o gume afiado da foice
que a corta em foice, um dar-se mútuo.
Menino, o gume de uma cana
cortou-me ao quase de cegar-me,
e uma cicatriz, que não guardo,
soube dentro de mim guardar-se. - Formas primitivas fecham os olhos
escafandros ocultam luzes frias;
invisíveis na superfície pálpebras
não batem.
Friorentos corremos ao sol gelado
de teu país de mina onde guardas
o alimento a química o enxofre
da noite. - No espaço jornal
a sombra come a laranja,
a laranja se atira no rio,
não é um rio, é o mar
que transborda de meu olho.
No espaço jornal
nascendo do relógio
vejo mãos, não palavras,
sonho alta noite a mulher
tenho a mulher e o peixe. - Os sonhos cobrem-se de pó.
Um último esforço de concentração
morre no meu peito de homem enforcado.
Tenho no meu quarto manequins corcundas
onde me reproduzo
e me contemplo em silêncio. - mar soprava sinos
os sinos secavam as flores
as flores eram cabeças de santos.
Minha memória cheia de palavras
meus pensamentos procurando fantasmas
meus pesadelos atrasados de muitas noites.
Resposta: A
Resolução: Nesses versos de João Cabral de Melo Neto, a verve social está mais evidente ao abordar a condição dos trabalhadores cortadores de cana-de-açúcar. O poema descreve a cana cortada como uma foice, fazendo uma analogia entre a lâmina afiada da cana e a lâmina de uma foice usada para a colheita. Essa imagem cria uma associação direta com o trabalho duro e muitas vezes desumanizado dos cortadores de cana, ressaltando a exploração e a relação entre o homem e o trabalho no contexto social.
12. (ESPM) (...)Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém que eu mesmo ainda não sei bem como esse isto terminará. E também porque entendo que devo caminhar passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta também é minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça.
(Clarice Lispector, A Hora da Estrela)
O comentário acima, sobre a história de Macabéa, pertence ao narrador Rodrigo S.M. Assinale a afirmação correta. O narrador:
- relata seu problema em lidar com a temporalidade da narrativa, daí a intensidade com que anseia iniciar a história da moça.
- identifica-se com um bicho e sugere acompanhar voluntariamente a personagem.
- afirma acompanhar temporariamente a personagem Macabéa, embora não demonstre nenhuma empatia com ela.
- usa as expressões “caminhar passo a passo” e “caminhar paulatinamente” com valores de antonímia.
- não vê obrigação em contar a história da personagem, sobretudo por haver estranheza entre ambos.
Resposta: C
Resolução: Neste trecho, o narrador, Rodrigo S.M., está discutindo sua relação com a história de Macabéa e como ele se sente em relação à narrativa que está prestes a contar. Ele menciona que tem impaciência em relação à moça, o que sugere que ele está ciente da história que está prestes a narrar, mas não demonstra empatia por Macabéa. Isso é uma característica da relação do narrador com a personagem ao longo da obra.
13. (UFRGS) Assinale a alternativa correta sobre o romance A hora da estrela, de Clarice Lispector.
- Rodrigo S.M. é narrador onisciente, de modelo realista tradicional.
- O diário de Macabéa ocupa parte da narrativa, em que aparecem seus dilemas existenciais.
- Macabéa é modelo de personagem consciente existencial e socialmente.
- Olímpico é namorado de Macabéa, dedicado e compreensivo.
- Glória é colega de Macabéa, estabelecendo um contraponto de mulher urbana e decidida.
Resposta: E
Resolução: No romance "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector, Glória é uma colega de trabalho de Macabéa, e elas representam contrastes marcantes. Glória é uma mulher mais urbana, decidida e segura de si, enquanto Macabéa é uma personagem mais ingênua e deslocada na cidade grande. Esse contraste entre as duas personagens é explorado ao longo da narrativa. Rodrigo S.M. é o narrador do livro, mas ele não é onisciente e possui uma relação complexa com a história. Não há menção a um diário de Macabéa na narrativa, e Olímpico não é descrito como sendo dedicado e compreensivo em relação a Macabéa.
14. (PUC-RS) INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
De tudo não falo. Não tenciono relatar ao senhor
minha vida em dobrados passos; servia para quê?
Quero é armar o ponto dum fato, para depois lhe
pedir um conselho. Por daí, então, careço de que
[5] o senhor escute bem essas passagens: da vida de
Riobaldo, o jagunço.
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p.187.
A obra a que pertence o texto
- enaltece a figura do jagunço como soldado numa guerra.
- reconfigura a imagem estereotípica do jagunço.
- focaliza a ação individual dos jagunços.
- fortalece a imagem do jagunço como criminoso.
Resposta: B
Resolução: A obra a que pertence o texto, "Grande Sertão: Veredas" de João Guimarães Rosa, reconfigura a imagem estereotipada do jagunço. O livro é conhecido por sua narrativa complexa e pela profundidade na representação dos personagens e do sertão brasileiro, desafiando estereótipos e explorando a complexidade da vida no interior do país, incluindo a vida dos jagunços, que são retratados de maneira multifacetada, muito além da visão simplista de criminosos.
15. (UERJ) A QUESTÃO REFEREM-SE AO CONTO “A terceira margem do rio”, do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa.
Considere a hipótese de que o título “A terceira margem do rio” se refere também à própria ficção, que se desenvolve entre duas margens: a da realidade e a da imaginação.
O trecho do conto que melhor comprova essa hipótese de leitura é:
- o que não era o certo, exato; mas, que era mentira por verdade.
- Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos.
- e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro – o rio.
- Ninguém é doido. Ou, então, todos.
Resposta: A
Resolução: o que não era o certo, exato; mas, que era mentira por verdade.