A Cidade e as Serras
Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema A Cidade e as Serras (Eça de Queirós) com questões de Vestibulares.
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01. (PUC-SP) Leia os trechos a seguir:
I – O sol ia subindo, por cima do voo verde das aves itinerantes (A Hora e a vez de A Matraga, in Sagarana, G. Rosa);
II – Aquele grande mar da Odisseia – resplandecente e sonoro, sempre azul, todo azul, sob o voo branco das gaivotas, rolando...(in A Cidade e as Serras – E Queirós)
A função poética nos dois trechos se dá por força de
- metáfora, caracterizada pela comparação e pela simples transferência de significados entre as palavras do texto.
- metonímia, constituída pela tomada do todo pela soma das partes, na caracterização do voo.
- pleonasmo, verificado na repetição de palavras ligadas à cor das aves, na ação que elas produzem.
- hipérbole, verificada pelo aumento exagerado do significado da ação dos pássaros, na configuração do voo.
Resposta: B
Resolução: Em ambos os excertos, ocorre a "tomada do todo pelas partes", como se nota em "voo verde”, texto I, e "voo branco", texto II. Nessas expressões, a cor do bando de aves voando tem relação de contiguidade com a cor de cada ave do grupo.
02. (PUC-SP) O romance "A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado "Civilização". Do romance como um todo pode afirmar-se que
- apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
- caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de Lisboa.
- apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
- revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país com relação ao contexto europeu.
- se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia lisboeta.
Resposta: C
Resolução: Apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
03. (Fuvest) Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Príncipe concebera a ideia de que o “homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher[...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder...[...]
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que[...] estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da erudição. Um desses moços[...] reduzira a teoria de Jacinto[...] a uma forma algébrica: Suma ciência x Suma potência = Suma felicidade
E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a Equação Metafísica de Jacinto.
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
O texto refere-se ao período em que, morando em Paris, Jacinto entusiasmava-se com o progresso técnico e a acumulação de conhecimentos. Considerada do ponto de vista dos valores que se consolidam na parte final do romance, a “forma algébrica” mencionada no texto passaria a ter, como termo conclusivo, não mais “Suma felicidade”, mas, sim, Suma
- Equivale, quanto ao sentido, ao pronome “todos(as)”, usado de forma reiterada no texto.
- Possui sentido contraditório em relação ao advérbio “quase”, antecedente.
- Trata-se do prefixo “oni”, que tem o mesmo sentido em ambas as palavras.
- Entra na formação de outras palavras da língua portuguesa, como “onipresente” e “onívoro”.
- Deve ser entendido em sentido próprio, em “onipotente”, e, em sentido figurado, em “onisciente”.
Resposta: E
Resolução: Entendemos que o prefixo oni-, como todo elemento de composição, tem sempre sentido “próprio”; as palavras com ele formadas é que estão empregados no sentido figurado. (educacao.globo.com/)
04. (UNICAMP) Sobre A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, é correto afirmar:
- A descrição do espaço parisiense no romance retrata exclusivamente o submundo de uma metrópole do final do século XIX e revela as contradições do processo de urbanização.
- O romance, cuja primeira edição é de 1901, faz uma apologia da vida urbana e do desenvolvimento técnico que marcaram o final do século XIX nas grandes cidades europeias.
- No romance, Zé Fernandes é uma personagem secundária que ganha importância no desenvolvimento da narrativa, ao apresentar a “seu Príncipe”, Jacinto, a luxuosa Paris.
- No romance, é das rendas provenientes de propriedades agrícolas em Portugal que provém o sustento da cara e refinada vida de Jacinto em Paris.
Resposta: D
Resolução: Na obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós, fica claro que, desde a partida de Jacinto Galeão, o avô do protagonista Jacinto, à França todos os rendimentos da família permanecem oriundos das propriedades rurais (tanto de Tormes quanto de outras terras) dos Jacintos (da cortiça, do vinho e azeite). (OFICINA)
05. (Fuvest) Com base na leitura da obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós, publicada originalmente em 1901, é correto concluir que, nela, encontra-se
- o prenúncio de uma consciência ecológica que iria eclodir com força somente em finais do século XX, mas que, nessa obra, já mostrava um sentido visionário, inspirado pela invenção dos motores a vapor.
- uma concepção de hierarquia civilizacional entre as regiões do mundo, na qual, a Europa representaria a modernidade e um modelo a seguir, e a América, o atraso e um modelo a ser evitado.
- a construção de uma associação entre indivíduo e divindade, já que, no livro, a natureza é, fundamentalmente, símbolo de uma condição interior a ser alcançada por meio de resignação e penitência.
- a manifestação de um clima de forte otimismo, decorrente do fim do ciclo bélico mundial do século XIX, que trouxe à tona um anseio de modernização de sociedades em vários continentes.
- uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia típica de um momento da história marcado pela consolidação da industrialização e da concentração da maior parte da população em áreas urbanas.
Resposta: E
Resolução: No começo do século XX, a Europa vivia um contexto da Segunda Revolução Industrial, na qual as vidas das pessoas foram drasticamente alteradas devido às novas formas de trabalho assalariado nas fábricas e a presença das máquinas. Isso representava uma queda no padrão de vida da população mais pobre se comparado a momentos anteriores, como a vida no campo, provocando sentimentos nostálgicos nos indivíduos, o que fica claro na obra de Eça de Queiroz. (educacao.globo.com/)
06. (UFRGS) Considere o enunciado abaixo e as três possibilidades para completá-lo.
Em "A Cidade e as Serras," de Eça de Queirós, através das personagens Zé Fernandes e Jacinto de Tormes, que vivem uma vida sofisticada na Paris finissecular, percebe-se
I - uma visão irônica da modernidade e do progresso através de descrições de inventos reais e fictícios.
II - uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas grandes cidades.
III - uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os benefícios dela decorrentes.
Quais estão corretas?
- Apenas I.
- Apenas II.
- Apenas III.
- Apenas I e II.
- I, II e III.
Resposta: E
Resolução: I - uma visão irônica da modernidade e do progresso através de descrições de inventos reais e fictícios. (correta)
II - uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas grandes cidades. (correta)
III - uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os benefícios dela decorrentes. (correta)
07. (Fuvest) Tendo em vista o conjunto de proposições e teses desenvolvidas em A cidade e as serras, pode-se concluir que é coerente com o universo ideológico dessa obra o que se afirma em:
- A personalidade não se desenvolve pelo simples acúmulo passivo de experiências, desprovido de empenho radical, nem, tampouco, pela simples erudição ou pelo privilégio.
- A atividade intelectual do indivíduo deve-se fazer acompanhar do labor produtivo do trabalho braçal, sem o que o homem se infelicita e desviriliza.
- O sentimento de integração a um mundo finalmente reconciliado, o sujeito só o alcança pela experiência avassaladora da paixão amorosa, vivida como devoção irracional e absoluta a outro ser.
- Elites nacionais autênticas são as que adotam, como norma de sua própria conduta, os usos e costumes do país profundo, constituído pelas populações pobres e distantes dos centros urbanos.
- Uma vida adulta equilibrada e bem desenvolvida em todos os seus aspectos implica a participação do indivíduo na política partidária, nas atividades religiosas e na produção literária.
Resposta: A
Resolução: A cidade e as serras (1901), de Eça de Queirós, narra a trajetória pessoal de Jacinto, um jovem aristocrata que, levando em Paris uma vida marcada pela superficialidade hipócrita e pelo consumo excessivo de tecnologia e de ideias filosóficas transforma-se em homem pragmático em Portugal.
Dessa maneira, é correto afirmar que o “acúmulo passivo de experiências” ou a “simples erudição” — notáveis em sua agenda social apertada, suas relações convencionais e seu ímpeto de acumular livros, em Paris — não bastam para operar transformação positiva em seu caráter.
Apenas o contato direto e autêntico com os problemas locais nas terras de onde viera sua família, em Tormes, conferiria à personagem o gosto pelo empenho prático na condução da própria vida.
08. (ALBERT EINSTEIN) Nem este meu supercivilizado amigo compreendia que longe de armazéns servidos por três mil caixeiros; e de mercados onde se despejam vergéis e lezírias de trinta províncias; e de bancos em que retine o ouro universal, e de fábricas fumegando com ânsia, inventando com ânsia; e de bibliotecas abarrotadas, a estalar, com a papelada dos séculos; e de fundas milhas de ruas, cortadas, por baixo e por cima, de fios de telégrafos, de fios de telefones, de canos de gases, de canos de fezes; e da fila atroante dos ônibus, tramways, carroças, velocípedes, calhambeques, parelhas de luxo; e de dois milhões de uma vaga humanidade, fervilhando, a ofegar, através da Polícia, na busca dura do pão ou sob a ilusão do gozo – o homem do século XIX pudesse saborear, plenamente, a delícia de viver.
O trecho acima é do romance A Cidade e as Serras, escrito por Eça de Queirós e publicado em 1901. O amigo a que se refere o texto é
- Zé Fernandes que, estando em Paris depois de voltar de Guiães, torna-se um homem feliz porque vive plenamente a civilização.
- Jacinto que, denominado também “o Príncipe da Grã-Ventura”, nasceu e viveu na França, mas vai encontrar a plena felicidade apenas em contato com a natureza.
- O narrador, que também entende que a civilização da cidade salva o homem e, por isso, enceta uma apetecida romagem às cidades da Europa.
- Jacinto, o D. Galeão que comprara a um príncipe polaco aquele palacete nos Campos Elíseos, e o aparelhou com todos os recursos tecnológicos da época.
Resposta: B
Resolução: O “supercivilizado amigo” é Jacinto de Tormes, protagonista de A Cidade e as Serras. - (Objetivo)
09. (UNIFESP) Jacinto e eu, José Fernandes, ambos nos encontramos e acamaradamos em Paris, nas escolas do Bairro Latino – para onde me mandara meu bom tio Afonso Fernandes Lorena de Noronha e Sande, quando aqueles malvados me riscaram da universidade por eu ter esborrachado, numa tarde de procissão, na Sofia, a cara sórdida do Dr. Pais Pita.
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este príncipe concebera a ideia de que o homem só é “superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher dentro de uma sociedade e nos limites do progresso (tal como ele se comportava em 1875) todos os gozos e todos os proventos que resultam de saber e de poder... Pelo menos assim Jacinto formulava copiosamente a sua ideia, quando conversávamos de fins e destinos humanos, sorvendo bocks poeirentos, sob o toldo das cervejarias filosóficas, no Boulevard Saint-Michel.
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que tendo surgido para a vida intelectual, de 1866 a 1875, entre a Batalha de Sadowa e a Batalha de Sedan e ouvindo constantemente desde então, aos técnicos e aos filósofos, que fora a espingarda de agulha que vencera em Sadowa e fora o mestre-de-escola quem vencera em Sedan, estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica e da erudição. Um desses moços mesmo, o nosso inventivo Jorge Carlande, reduzira a teoria de Jacinto, para lhe facilitar a circulação e lhe condensar o brilho, a uma forma algébrica:
suma ciência X suma potência = suma felicidade.
Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por Jorge Carlande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve
- a dissimulação da força e da sabedoria.
- a busca pela simplicidade.
- o conhecimento e o progresso científico.
- a dissociação entre progresso e filosofia.
- o distanciamento dos preceitos filosóficos.
Resposta: C
Resolução: A fórmula é bastante clara e as alternativas não deixam dúvida quanto à resposta. (Note-se que o nome da personagem é Jorge Carlande, não Calande, como vem no texto e no teste.) - (Objetivo)
10. (ESPM) Todos, intelectualmente, são carneiros trilhando o mesmo trilho, balando¹ o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares² e cabriolas³. Assim, meu Jacinto, na cidade, nesta criação tão antinatural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames - o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou impudente4 como um histrião5... E aqui tem o belo Jacinto o que é a bela cidade!
(Eça de Queirós, A Cidade e as Serras)
¹balando: berrando como ovelha, soltando balidos.
²esgares: caretas
³cabriolas: cambalhotas
4impudente: sem pudor, impudico
5histrião: palhaço, bufão, indivíduo ridículo
No trecho acima, o amigo José Fernandes tece críticas à cidade grande e à civilização, elementos até então idolatrados por Jacinto. Do conjunto de críticas, só NÃO faz parte:
- massificação intelectual do homem da cidade.
- artificialidade ou falsidade das pessoas.
- doenças provocadas pela poluição ou pela falta de urbanização.
- passividade dos escravos e falta de pudor dos citadinos.
- caracterização ostensivamente irônica na expressão “bela cidade”.
Resposta: D
Resolução: As críticas feitas por José Fernandes no trecho abordam principalmente a massificação intelectual, a artificialidade ou falsidade das pessoas, as doenças provocadas pela poluição ou pela falta de urbanização e a caracterização ostensivamente irônica na expressão "bela cidade". A referência aos escravos e à falta de pudor dos citadinos não está presente nas críticas expressas no trecho.