O Teatro Mágico
Lista de 04 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema O Teatro Mágico com questões de Vestibulares.
Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema O Teatro Mágico.
Leia a letra da canção “Sintaxe à vontade”, da banda O Teatro Mágico, para responder às questões de 01 a 03.
Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto e indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tão pouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre
[vírgulas
E estar entre vírgulas pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua oração, sua pressa, sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração
Separados ou adjuntos, nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus, com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse momento que cada um se encontra aqui agora
Um possa se encontrar no outro e o outro no um
Até porque
Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta
Tudo numa coisa só?
(letras.mus.br)
01. (Albert Einstein 2023-2) Ao criar o título da canção, “Sintaxe à vontade”, o autor teve a intenção de lhe dar, quando lido em voz alta, mais de um sentido. Essa mesma intenção é verificada em:
- “Sem horas e sem dores” (1º verso)
- “Que enxerguemos o fato” (13º verso)
- “É a beleza da contradição” (21º verso)
- “É negar a si mesmo” (22º verso)
- “Por que é que não se junta” (30º verso)
Resposta: A
Resolução: O verso "Sem horas e sem dores" apresenta um jogo de palavras que permite mais de uma interpretação, dependendo de como é lido. Ele pode significar tanto a ausência de horários ou compromissos (sem horas) e sofrimentos (sem dores), quanto uma sensação de liberdade em que o tempo e a dor são irrelevantes. Assim como o título “Sintaxe à vontade”, há uma ambiguidade intencional que remete à liberdade de interpretação.
02. (Albert Einstein 2023-2) A letra da canção, associada ao seu título, revela que
- o eu lírico tem dificuldade no emprego da língua portuguesa e, por isso, utiliza termos da gramática para criticá-la.
- a linguagem não se relaciona com a vida, uma vez que os termos associados à gramática foram usados arbitrariamente.
- as palavras do campo semântico da gramática foram utilizadas de modo poético, a fim de legitimar as liberdades individuais.
- a existência humana é marcada pelo controle, pois as regras do comportamento individual são exatamente iguais às da gramática.
- a racionalidade das regras gramaticais nega o propósito do eu lírico de fazer um elogio à religiosidade.
Resposta: C
Resolução: O texto utiliza elementos da gramática de forma metafórica e poética para defender a ideia de liberdade individual e criativa. Expressões como "Todo verbo é livre para ser direto e indireto" e "Nenhum predicado será prejudicado" reforçam a metáfora da gramática como um campo de criação e não de restrição, legitimando as liberdades humanas. A interpretação de que os termos foram usados poeticamente para este fim se alinha ao sentido geral do texto.
03. (Albert Einstein 2023-2) Em “E eu aposto o oposto” (9º verso) ocorre uma figura de linguagem que também é identificada em:
- “Todo verbo é livre para ser direto e indireto” (4º verso)
- “Um sujeito e sua oração, sua pressa, sua prece” (12º verso)
- “De termos acessórios para nossa oração” (14º verso)
- “Sejamos todas as capas de edição especial” (17º verso)
- “Um possa se encontrar no outro e o outro no um” (27º verso)
Resposta: B
Resolução: No verso “E eu aposto o oposto”, ocorre a figura de linguagem paronomásia, que consiste no uso de palavras parecidas em som, mas com significados diferentes, para criar um efeito poético. Esse mesmo recurso é identificado em "Um sujeito e sua oração, sua pressa, sua prece", onde "pressa" e "prece" são palavras que têm sons semelhantes, mas significados distintos, enfatizando o jogo poético e o uso criativo da linguagem.
04. (INSPER) Sintaxe à vontade
Sem horas e sem dores,
Respeitável público pagão,
Bem-vindos ao teatro mágico.
[5]
A partir de sempre
Toda cura pertence a nós.
Toda resposta e dúvida.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
[10] Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas,
[15] E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos,
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração,
Sua pressa, e sua verdade, sua fé,
[20]
Que a regência da paz sirva a todos nós.
Cegos ou não,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração.
[25] Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contracapa,
Pois ser a capa e ser contra a capa
[30] É a beleza da contradição.
É negar a si mesmo.
E negar a si mesmo é muitas vezes
Encontrar-se com Deus.
Com o teu Deus.
[35]
Sem horas e sem dores,
Que nesse momento que cada um se encontra aqui e agora,
Um possa se encontrar no outro,
E o outro no um...
[40] Até por que, tem horas que a gente se pergunta:
Por que é que não se junta
Tudo numa coisa só?
(O Teatro Mágico)
À semelhança dos manifestos literários do início do século XX, que propunham inovações no campo artístico, essa canção defende um determinado posicionamento a respeito da linguagem. Em “Sintaxe à vontade”, defende-se que
- o desmazelo à norma culta acarreta frequentes ruídos de comunicação.
- os falantes da língua portuguesa são escravizados pela norma culta.
- a inventividade para criar a própria língua é fruto da liberdade de expressão.
- a obediência à gramática normativa cerceia a criatividade do falante.
- a impossibilidade do domínio da norma culta causa angústia aos falantes.
Resposta: C
Resolução: A canção defende a liberdade de expressão e a criatividade linguística, afirmando que "Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser". Esse posicionamento valoriza a inventividade no uso da língua como manifestação da liberdade individual. A ideia de que é possível “conjugar” a gramática da vida como se fosse uma linguagem poética reforça o tema central de que a criação de uma linguagem própria é uma expressão da liberdade humana.