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Como o Racismo Criou o Brasil, Jessé Souza

Lista de 02 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Como o Racismo Criou o Brasil, Jessé Souza com questões de Vestibulares.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Como o Racismo Criou o Brasil, Jessé Souza.




TEXTO PARA AS QUESTÕES 01 E 02

Luc Boltanski e Ève Chiapello demonstram com clareza e sagacidade a capacidade antropofágica do capitalismo financeiro que “engole” a linguagem do protesto e da libertação para transformá-la e utilizá-la para legitimar a dominação social e política a partir do próprio mercado.

Na dimensão do mundo do trabalho, por exemplo, todo um novo vocabulário teve que ser inventado para escamotear as novas transformações e melhor oprimir o trabalhador. Com essa linguagem aparentemente libertadora, passa-se a impressão de que o ambiente de trabalho melhorou e o trabalhador se emancipou.

Assim houve um esforço dirigido para transformar o trabalhador em "colaborador", para eufemizar e esconder a consciência de sua superexploração; tenta-se também exaltar os supostos valores de liderança para possibilitar que, a partir de agora, o próprio funcionário, não mais o patrão, passe a controlar e vigiar o colega de trabalho. Ou, ainda, há a intenção de difundir a cultura do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo pode ser empresário de si mesmo. E, o mais importante, se ele falhar nessa empreitada, a culpa é apenas dele. É necessário sempre culpar individualmente a vítima pelo fracasso socialmente construído.

SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2021.

01. (FUVEST 2023) De acordo com o texto, o uso de "colaborador” no lugar de “trabalhador”, no campo das relações de trabalho, indica

  1. o apagamento da linguagem de reivindicação e a falsa ideia de um trabalhador fortalecido.
  2. a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado nas tradicionais relações empregatícias.
  3. a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece as relações do trabalhador com o Estado.
  4. a consciência do patrão que rejeita a cultura do neoliberalismo.
  5. o impedimento de o trabalhador investir na prática do empreendedorismo.

Resposta: A

Resolução: O uso do termo "colaborador" no lugar de "trabalhador" no contexto apresentado no texto tem como objetivo apagar a linguagem associada à luta por direitos e reivindicações trabalhistas, promovendo a falsa impressão de que o trabalhador ocupa uma posição mais fortalecida e autônoma. Essa escolha lexical faz parte de uma estratégia discursiva para mascarar as relações de exploração e superexploração. Ao substituir "trabalhador" por "colaborador", retira-se o peso de luta e desigualdade, reforçando uma ilusão de emancipação, quando, na realidade, mantém-se ou até aprofunda-se a opressão.

02. (FUVEST 2023) O uso dos verbos “passar” (2º parágrafo) e “tentar” (3º parágrafo) no texto, em sua forma pronominal, revela

  1. adequação à forma analítica da voz passiva.
  2. construção com conjunção integrante.
  3. marcação da impessoalidade do discurso.
  4. informalidade correspondente ao gênero discursivo.
  5. ênfase na reciprocidade da linguagem.

Resposta: C

Resolução: Os verbos "passar" e "tentar" utilizados em sua forma pronominal ("passa-se a impressão", "tenta-se exaltar") marcam a impessoalidade do discurso. Essa construção linguística é típica para evitar a identificação direta de um agente, conferindo maior generalidade e objetividade ao enunciado. No contexto do texto, essa estratégia ressalta o processo coletivo ou sistêmico das ações descritas, como a disseminação de ideias ou práticas, e não a atuação de indivíduos específicos.

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