José de Anchieta (Auto de São Lourenço)

Lista de 07 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema José de Anchieta (Auto de São Lourenço) com questões de Vestibulares.


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01. (ENEM PPL) Texto 1

José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequizar a população das primeiras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escreveu manuais, poemas e peças teatrais.

Texto 2

Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades e em seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma harmonia quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais de Portugal ficam muito abaixo.

ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre Joseph de Anchieta. Rio de Janeiro: S.J., 1933, 430–31 p.

A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação da religiosidade. No texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural do Brasil por meio

  1. do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e bosques brasileiros, comparando-os aos de Portugal.
  2. da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo para defender a beleza dos pássaros e bosques de Portugal.
  3. da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos bosques brasileiros, a diversidade e a beleza dos pássaros do Brasil.
  4. do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em evidência a frescura dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
  5. do uso tanto de características da narração quanto do discurso argumentativo para convencer o leitor da superioridade de Portugal em relação ao Brasil.

02. (UFGD) Leia o trecho do Auto de São Lourenço, de José de Anchie

PERSONAGENS:

GUAIXARÁ: rei dos diabos

AIMBIRÊ SARAVAIA: criados de Guaixará

TATAURANA URUBU JAGUARUÇU: companheiros dos diabos

VALERIANO DÉCIO: imperadores romanos

SÃO SEBASTIÃO: padroeiro do Rio de Janeiro

SÃO LOURENÇO: padroeiro da aldeia de São Lourenço

[...]

TEMA:

Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a perverter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda-os sufocarem Décio e Valeriano. Quatro companheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores recordam façanhas, quando Aimbirê se aproxima. O calor que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam a morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconselham a caridade, a contrição e a confiança em São Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam.

Disponível em: http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf. Acesso em: 15 set. 2019.

Assinale a alternativa que contém as características corretas, acerca da linguagem literária do escritor Pe. José de Anchieta.

  1. Nos cinco atos da peça teatral Auto de São Lourenço, o autor se utiliza da visão maniqueísta (dualismo religioso), para representar de maneira pedagógica o “bem” e o “mal”. Um exemplo é a seleção do idioma, sendo o português e o espanhol para as falas dos protetores, enquanto o tupi e o guarani são ditos pelos seres demoníacos.
  2. Com uma temática religiosa, o texto em poesia e prosa utiliza-se da paródia e do discurso indireto, para evidenciar personagens culturalmente estereotipados, em especial, o indígena.
  3. O referido Auto apresenta uma função didáticoreligiosa, com a descrição de metodologias lúdicas envolvendo, principalmente, o teatro, pois seu objetivo era salvar o seu público da barbárie pelo ensinamento da doutrina da Igreja Católica.
  4. Como José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, o Auto de São Lourenço é uma peça teatral formada por textos narrativos que visam à catequese dos jesuítas e dos índios nas regiões dominadas pela Espanha, descrevendo fielmente as condições encontradas pelos colonizadores europeus no Novo Mundo.
  5. Com seu talento para o teatro, José de Anchieta evidencia, no Auto de São Lourenço, as pluralidades linguística e cultural ao apresentar personagens europeus e brasileiros em detrimento dos protagonistas indígenas.

03. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados

nos pajés não crendo mais,

nem suas danças rituais,

nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:

  1. Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
  2. A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.
  3. Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
  4. Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.
  5. Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

04. (UFSM) Em 2014, o jesuíta José de Anchieta foi canonizado pelo Papa Francisco I, tornando-se o terceiro santo brasileiro. Muito embora tenha nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta ficou conhecido como o “Apóstolo do Brasil”, legando-nos importantes textos, os quais dão a tônica da função da literatura no início do período colonial brasileiro. Entre seus poemas, destaca-se “A Santa Inês”. No poema, nota-se o emprego figurativo e religioso do mais básico dos alimentos da época: o pão.

A Santa Inês

Na Vinda de sua Imagem

Cordeirinha linda,

Como folga o povo

Porque vossa vinda

Lhe dá lume novo!

[…]

Também padeirinha

Sois de nosso povo,

Pois, com vossa vinda,

Lhe dais trigo novo.

Não é de Alentejo

Este vosso trigo,

Mas Jesus amigo

É vosso desejo.

[….]

O pão que amassastes

Dentro em vosso peito,

É o amor perfeito

Com que a Deus amastes.

Deste vos fartastes,

Deste dais ao povo,

Porque deixe o velho

Pelo trigo novo.

[…]

Composto de versos de ________ sílabas métricas, “A Santa Inês” celebra a chegada da imagem da santa a umpovoado. Para homenageá-la, o eu-lírico chama-lhe de “padeirinha”, pois traria um “trigo novo” para “alimentar” o povo: o exemplo do amor a Cristo. Esse uso figurativo da linguagem caracteriza uma _______________.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.

  1. seis – metonímia
  2. cinco – metáfora
  3. seis – antonomásia
  4. cinco – prosopopeia
  5. seis – analogia

05. (UFAM) Assinale o item que comprova o objetivo da ação missionária jesuítica de catequizar os povos nos versos de “A Santa Inês”, do Pe. José de Anchieta.

  1. Virginal cabeça
    pola fé cortada,
    com vossa chegada,
    já ninguém pereça.
  2. Vós sois, cordeirinha,
    de Iesu formoso,
    mas o vosso esposo
    já vos fez rainha.
  3. Não se vende em praça
    este pão de vida,
    porque é comida
    que se dá de graça.
  4. Entrai ad altare Dei,
    virgem mártir mui formosa,
    pois que sois tão digna esposa
    de Iesu, que é sumo rei.
  5. Naquele lugar estreito
    cabereis bem com Jesus,
    Pois ele, com sua cruz,
    vos coube dentro no peito,
    ó virgem de grão respeito.

06. (UEA - SIS) Leia a estrofe inicial de um poema de José de Anchieta (1534-1597) para responder à questão.

Não há cousa segura;

Tudo quanto se vê, se vai passando;

A vida não tem dura;

O bem se vai gastando,

E toda criatura vai voando.

(Sérgio Buarque de Holanda (org.). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial, 1979.)

Do ponto de vista temático, esta estrofe de José de Anchieta aproxima-se do seguinte fragmento extraído da obra poética de Gregório de Matos (1633-1696):

  1. Não vi em minha vida a Formosura: Ouvia falar nela cada dia; e ouvida, me incitava e me movia a querer ver tão bela Arquitetura.
  2. A cada canto um grande Conselheiro, que nos quer governar cabana e vinha: Não sabem governar sua cozinha, e querem governar o Mundo inteiro!
  3. Nasce o Sol; e não dura mais que um dia: Depois da Luz, se segue a noite escura: Em tristes sombras morre a Formosura; em contínuas tristezas a alegria.
  4. O todo sem a parte não é todo, a parte com o todo não é parte; mas se a parte fez todo sem a parte, não se diga que é parte sendo todo.
  5. O bem, que não chegou a ser possuído, perdido causa tanto sentimento, que faltando-lhe a causa do tormento, faz ser maior tormento o padecido.

07. (UNIMONTES) Leia o trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.

GUAIXARÁ

Esta virtude estrangeira

Me irrita sobremaneira.

Quem a teria trazido,

com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira?

Só eu

permaneço nesta aldeia

como chefe guardião.

Minha lei é a inspiração

que lhe dou, daqui vou longe

visitar outro torrão.

Quem é forte como eu?

Como eu, conceituado?

Sou diabo bem assado.

A fama me precedeu;

Guaixará sou chamado.

Meu sistema é o bem viver.

Que não seja constrangido

o prazer, nem abolido.

Quero as tabas acender

com meu fogo preferido.

Boa medida é beber

cauim até vomitar.

Isto é jeito de gozar

a vida, e se recomenda

a quem queira aproveitar.

Partindo do trecho acima e da leitura da obra, todas as alternativas estão corretas, EXCETO

  1. Sendo parte da produção jesuítica, o gênero auto adapta os temas à situação de comunicação e propósito da catequese.
  2. O uso de nomes e referências indígenas no Auto de São Lourenço é uma estratégia a serviço do processo de aculturação.
  3. O martírio de São Lourenço, dando nome à peça, representa o exemplo ou testemunho da salvação pela fé proposto ao indígena.
  4. O Auto de São Lourenço assimila aspectos da mitologia indígena com a finalidade de promover a conciliação de valores religiosos contrários, propiciando a simpatia do indígena.

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