Capitães da Areia, de Jorge Amado
Lista de 26 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Capitães da Areia, de Jorge Amado com questões de Vestibulares.
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01. (FUVEST) Por caminhos diferentes, tanto Pedro Bala (de Capitães de areia, de Jorge Amado) quanto o operário (do conhecido poema “O operário em construção”, de Vinícius de Moraes) passam por processos de “aquisição de uma consciência política” (expressão do próprio Vinícius). O contexto dessas obras indica também que essa conscientização leva ambos à
- exclusão social, que arruína precocemente suas promissoras carreiras profissionais.
- sublimação intelectual do ímpeto revolucionário, motivada pelo contato com estudantes.
- condição de meros títeres, manipulados por partidos políticos oportunistas.
- luta, em associação com seus pares de grupo ou de classe social, contra a ordem vigente.
- cumplicidade com criminosos comuns, com o fito de atacar as legítimas forças de repressão.
02. (ACAFE) Leia o comentário a seguir sobre Capitães da Areia, de Jorge Amado.
“A segunda parte do romance se inicia com a apresentação de dois novos personagens: a menina Dora e seu irmão Zé Fuinha. A primeira "capitã da areia" despertará o desejo sexual dos meninos, mas, defendida por __________ e _________, acabará sendo aceita pelo grupo. Aos poucos, se torna a "mãe" dos capitães, tão necessitados de afeto e carinho.”
A alternativa que preenche corretamente os espaços em branco é:
- Gato – Boa Vida
- Sem Pernas – Pedro Bala
- Volta Seca – Pirulito
- João Grande – Professor
03. (Albert Einstein) Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina.
(Jorge Amado. Capitães da areia, 2008.)
O texto literário, publicado em 1937, fala da epidemia de bexiga (varíola) e
- reconhece a circulação global das doenças bacterianas e a facilidade de combatê-la em meios sociais pobres.
- identifica a origem africana da varíola e a baixa resistência da população afrodescendente de Salvador à doença.
- combina percepções médicas, religiosas e sociais sobre a epidemia de varíola na cidade de Salvador.
- associa cientificidade, preconceito social e política de confinamento no combate à epidemia de varíola em Salvador.
- despreza a dimensão mística e os saberes populares acerca das doenças e seus métodos de prevenção.
04. (ACAFE) Sobre a obra Capitães de Areia, de Jorge Amado, é correto afirmar:
- Um dos filhos de Fabiano – o "menino mais velho", assim denominado na narrativa – tem obsessão pela palavra "inferno" e não admite que ela fique apenas no reino da descrição incompleta (a mãe fala vagamente em garfos quentes ou coisa que o valha...).
- Na década de 1930, no sertão nordestino, Lampião e seu bando representavam uma força social que lutava contra o latifúndio e contra a figura do fazendeiro-coronel. No romance de Jorge Amado, os menores abandonados admiravam o grupo de Lampião. No livro o grupo de Lampião chega a ser descrito como "o braço armado dos pobres no sertão".
- O livro, publicado em 1932, faz referências a crendices populares, como a do lobisomem, que é citada através de João Cutia, um comprador de ovos da Paraíba. “Não tinha uma gota de sangue na cara e andava sempre de noite, para melhor fazer as suas caminhadas, sem sol.” Achava-se que ele era lobisomem.
- No capítulo “Negrinha”, Jorge Amado explora reminiscências de sua infância quando convivia com uma vizinha, moradora de um casarão, nas proximidades do velho trapiche.
05. (ACAFE) Sobre Capitães de Areia, de Jorge Amado, é correto o que se afirma em:
- Pedro Bala é o chefe de um grupo de jovens arruaceiros que roubam para sobreviver. Nunca ninguém havia mencionado em literatura este bando de jovens que engenhosamente desafia as autoridades, roubando a classe privilegiada e dividindo o produto do roubo entre os seus camaradas subnutridos.
- Pedro Bala recebe o título "Gatunos de Crianças" e a experiência é assim condensada: "O circo era um balão aceso com música e pasteis na entrada. E funâmbulos cavalos palhaços desfiaram desarticulações risadas para meu trono de pau com gente em redor. Gostei muito da terra da Goiabada e tive inveja da vontade de ter sido roubado pelos ciganos".
- Para os adolescentes, uma amostra da poesia composta pela explosiva geração da década de 1970, com cinco dos mais representativos autores da chamada “geração mimeógrafo”. Os versos breves e contundentes estão divididos em quatro blocos temáticos: o amor e o desejo; os problemas sociais; o autoconhecimento; e o processo da criação poética.
- O autor mostra a iniciação sexual e amorosa do jovem Carlos. Seu pai, Felisberto Sousa e Costa, contrata Elza para fazer essa iniciação.
06. (FMABC) O romance Capitães da Areia, de Jorge Amado, foi escrito em 1937, durante a vigência do Estado Novo. Considerando a obra inteira, dela é INCORRETO afirmar que
- tanto a matéria jornalística, pseudo-reportagem, que dá apoio ao romance, quanto a literária que o consubstancia, mostram-se como objetos do imaginário, criados, portanto, pelo mesmo autor.
- enquadra-se no chamado romance social e proletário, do qual o autor é expoente, e expressa de modo veemente as relações entre política e literatura.
- o grupo é chamado de “capitães da areia” porque o cais é o seu quartel general e se constitui de bando de crianças delinquentes que vivem na cidade da Bahia (Salvador).
- a prisão e condenação de Pedro Bala, ao final do romance, é a consequência natural do desagregamento dos capitães após a morte de Dora, que aglutinava em torno de si todas as crianças.
- Pedro Bala é trancafiado na cafua, um pequeno quarto, por baixo da escada, onde não se podia estar em pé, e os sofrimentos ensinaram-lhe que a liberdade é o bem maior do mundo.
07. (CEFET 2023) Na obra Capitães da Areia, de Jorge Amado, as diferentes cartas apresentadas nas primeiras páginas são sucedidas por explicações reproduzidas no quadro a seguir.
O conjunto de descrições no quadro consiste em um artifício de construção literária usado na obra para problematizar
- a neutralidade da imprensa.
- o caráter dos meninos de rua.
- a autoria dos pontos de vista.
- as pautas abordadas nas cartas.
08. (CEFET 2023)
A presença do gênero notícia de jornal no romance de Jorge Amado, como exemplificado no texto acima, é um mecanismo discursivo para
- levar o leitor a acreditar que a história dos capitães da areia é baseada em fatos verídicos.
- mostrar a dependência do gênero romance a outros gêneros textuais, aos quais recorre em sua composição.
- sensibilizar o leitor para os fatos apresentados, ao fazer uso de uma linguagem conotativa, inerente aos gêneros jornalísticos.
- acrescentar outros pontos de vista, que tendem a representar um pensamento intransigente em relação às crianças de rua.
09. (CEFET 2023)
A imagem de Poty, para retratar os capitães da areia, evidencia
- o caráter múltiplo e desigual do grupo que constituía os capitães da areia.
- a figura maléfica e diabólica dos meninos, que recorriam ao crime por prazer.
- o contraste entre a infância e o crime, intensificado pelo jogo de luz e sombra.
- a gradação da bondade de Professor, no topo, à hostilidade de Pedro Bala, na base.
10. (CEFET 2023) O bedel sorri aprovando as palavras do diretor.
- É o chefe dos Capitães da Areia. Veja... O tipo do criminoso nato. É verdade que você não leu Lombroso... Mas, se lesse, conheceria. Traz todos os estigmas do crime na face. Com esta idade já tem uma cicatriz. Espie os olhos... Não pode ser tratado como um qualquer. Vamos lhe dar honras especiais...
Pedro Bala o espia com olhos injetados. Sente cansaço, uma vontade doida de dormir. Bedel Ranulfo aventura uma pergunta:
- Levo pra junto dos outros?
- O quê? Não. Para começar, meta-o na cafua. Vamos ver se ele sai um pouco regenerado de lá.
AMADO, Jorge. Capitães da Areia. Rio de Janeiro: Record, 1980. p.173.
Nesse trecho, a postura das autoridades em relação a Pedro Bala aponta que o julgamento daqueles considerados perigosos era ancorado no entendimento de que
- a pena a ser imposta ao jovem criminoso era determinada a partir da faixa etária.
- um tratamento positivamente diferenciado poderia reabilitar jovens delinquentes.
- a preguiça poderia ser algo contagioso para grupos de jovens encarcerados.
- as características físicas poderiam demarcar quem seria ou não criminoso.
11. (Universidade de Taubaté) A propósito do romance Capitães da areia, de Jorge Amado, não se pode afirmar:
- O romance inicia-se de maneira inusitada, trazendo matéria de um jornal e carta de leitores.
- As diversas vozes que abrem o romance constituem forte argumentação que tornará mais grave a denúncia social apresentada.
- As personagens são apresentadas uma a uma e têm reportadas situações de seu passado, para que sejam apreendidas melhor pelo leitor.
- O episódio do carrossel expõe a fragilidade das crianças que vivem situações violentas no seu dia a dia.
- A terceira parte do romance não tematiza claramente questões político-ideológicas.
12. (UEA - SIS) É aqui [no trapiche*] também que mora o chefe dos Capitães da Areia: Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem quinze anos. Há dez que vagabundeia as ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. [...] Todos reconheceram os direitos de Pedro Bala à chefia, e foi desta época que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da Areia, crianças abandonadas que viviam do furto. Nunca ninguém soube o número exato de meninos que assim viviam. Eram bem uns cem e destes mais de quarenta dormiam nas ruínas do velho trapiche. Vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas. (Jorge Amado. Capitães da Areia, 2010. Adaptado.) *trapiche: armazém para depósito de mercadorias Analisando este trecho do romance Capitães da Areia, conclui-se corretamente que essa obra pretende
- denunciar a violência urbana e exigir efetiva repressão por parte das autoridades públicas.
- reavivar nos leitores o saudosismo e a necessidade de se resgatarem valores do passado nacional.
- evidenciar a modernidade das metrópoles, resultado de polêmicos avanços tecnológicos.
- buscar, por meio da religiosidade, um sentido para a existência conflitante dos seres humanos.
- expor mazelas sociais que envolvem os jovens, analisando e questionando determinados preconceitos.
13. (UNIMONTES) Sobre o livro Capitães da Areia, de Jorge Amado, todas afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO
- Elaborada em linguagem erudita, a narrativa suprime construções populares e coloquiais dos personagens.
- O romance também apresenta discurso direto, evidenciando a predileção do autor pelos diálogos.
- O fragmento da obra intitulado “Cartas à Redação”, cujo recurso narrativo é a técnica do jornal, possui caráter de documento.
- A dimensão político-social do romance pode ser notada na apresentação dos episódios das práticas sexuais dos meninos.
14. (F. Cásper Líbero) Na obra Capitães de Areia, Jorge Amado constrói uma narrativa de cunho realista, que gira em torno das peripécias de um grupo de "meninos de rua", que sobrevive de furtos e pequenas trapaças. Leia um excerto da obra: É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem 15 anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos. Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/capitaes-da-areia-romance-expressa-ideal-politico.htm Acesso 22-09-2015. Sobre menores infratores, como a personagem Pedro Bala, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) delibera: “Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada”. Parágrafo 2º do artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8095/90) O contexto de Pedro Bala é representativo das condições sociais de muitos menores de rua. No Brasil atual, existem garantias legais que deliberam acerca dos direitos de crianças e jovens. O confronto entre os dois excertos evidencia que o ECA
- expõe contradições sociais, pois apesar da legislação, na prática, os direitos dos menores não são garantidos.
- protege com a lei e garante a inserção social de menores que vivem na rua, como Pedro Bala.
- implementa práticas que garantem os direitos dos jovens, protegendo a infância e a adolescência.
- encerra os delitos realizados por menores de rua por meio da redução da maioridade penal.
- garante o desenvolvimento de políticas públicas adequadas e coerentes com a legislação brasileira atual.
15. (Unaerp) Depois vai o Sem-Pernas. [...] Monta um cavalo azul que tem estrelas pintadas no lombo de madeira. Os lábios estão apertados, seus ouvidos não ouvem a música da pianola. Só vê as luzes que giram com ele e prende em si a certeza de que está num carrossel, girando num cavalo como todos aqueles meninos que têm pai e mãe, e uma casa e quem os beije e quem os ame. Pensa que é um deles e fecha os olhos para guardar melhor esta certeza. Já não vê os soldados que o surraram, o homem de colete que ria. Volta Seca os matou na sua corrida. O Sem-Pernas vai teso no seu cavalo. É como se corresse sobre o mar para as estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo. [...] Seu coração bate tanto, tanto, que ele o aperta com a mão. Jorge Amado, Capitães da Areia. O personagem Sem-Pernas, apelido de um dos meninos que moram no trapiche, representa uma realidade social que direciona os menores à delinquência, por falta de oportunidades e condições de uma vida regular, sob a proteção da família. Assim formou-se o grupo que passa a praticar pequenos crimes, formado por personagens
- de personalidades muito próximas, sob juramento de lealdade.
- de tendências diversificadas, unidos pela necessidade comum.
- vindas de diversas classes sociais, sob a liderança de Pedro Bala.
- de personalidades conflitantes, gerando graves crises de liderança.
- agressivos, controlados pelos dois líderes que se revezam no poder.
16. (CEFET 2023) [Sem-Pernas] Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço, como se fosse um trapezista de circo.
A praça toda fica em suspenso por um momento.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 215.
O uso da comparação para narrar o que acontece com o personagem Sem-Pernas é uma estratégia narrativa com o objetivo de
- poetizar o peso da morte ao aproximá-la da liberdade das acrobacias aéreas do trapezista.
- atribuir um tom circense e extraordinário ao relato da fuga empreendida pelo personagem.
- contrastar o movimento do trapezista ao do personagem Sem-Pernas em razão de sua limitação física.
- provocar no leitor a mesma suspensão e comoção vivida pelos personagens que presenciaram o acontecido na praça.
17. (CEFET 2023) Associe os personagens da obra Capitães da Areia aos seus respectivos desfechos.
Personagens
1- Professor
2- Pirulito
3- Boa-Vida
4- Gato
5- Volta-Seca
Desfechos
( ) Ingressa no bando de Lampião, após uma temporada junto a outro grupo de menores.
( ) Abandona a vida de roubos e encaminha-se para a vida clerical.
( ) Torna-se um vigarista, vivendo como um gigolô sempre bem vestido.
( ) Recupera um antigo contato e vai para o Rio de Janeiro estudar pintura.
( ) Segue a vida de malandro, tornando-se afamado por isso em Salvador.
A sequência correta é
- 5, 2, 4, 1, 3.
- 5, 2, 1, 3, 4.
- 4, 5, 3, 2, 1.
- 2, 4, 5, 1, 3.
Considere os textos I, II e III para responder a questão (08).
Texto I
Professor baixou a cabeça:
– Deixa de ser besta, Bala! Tu bem sabe que do meio da gente só pode sair ladrão... Quem é que quer saber da gente? Quem?
Só ladrão, só ladrão... – e sua voz se elevava, agora gritava com ódio.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 122.
Texto II
Numa mesa pediram cachaça. Houve um movimento de copos no balcão. Um velho então disse:
– Ninguém pode mudar o destino. É coisa feita lá em cima – apontava o céu.
Mas João de Adão falou de outra mesa:
– Um dia a gente muda o destino dos pobres...
Pedro Bala levantou a cabeça, Professor ouviu sorridente. Mas
João Grande e Boa-Vida pareciam apoiar as palavras do velho, que repetiu:
– Ninguém pode mudar, não. Está escrito lá em cima...
– Um dia a gente muda... – disse Pedro Bala, e todos olharam para o menino.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 140.
Texto III
Livre-arbítrio: é você ou o universo que determina suas escolhas?
Luiza Pollo
Filósofos, físicos e neurocientistas se debruçam atualmente sobre uma questão que acompanha a humanidade há milênios: será que nós temos mesmo livre-arbítrio? Spoiler: não há consenso.
Entre esses profissionais citados, há diferentes correntes que argumentam em sentidos opostos. Para os filósofos, o debate se dá principalmente em torno da tese do determinismo causal, que tem suas origens na física. "De uma maneira simplificada, essa tese nos diz que o estado de coisas num determinado momento — que podemos chamar de momento T1 —, junto com as leis da natureza, dizem qual vai ser o estado das coisas num momento futuro — o T2 — e permite saber qual foi o estado das coisas no passado. Se só existe um futuro possível, então estamos falando de uma determinação", explica Beatriz Sorrentino, professora do curso de Filosofia da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). [...]
Atualmente, os filósofos que se dedicam a estudar a existência ou não do livre-arbítrio costumam se dividir a partir da crença na compatibilidade ou na incompatibilidade do livre-arbítrio com a tese determinista. Há os compatibilistas, que acreditam que é possível falar em liberdade de escolha mesmo que a natureza (e por consequência os seres humanos) estejam inseridos num sistema determinista; e há os incompatibilistas, que não veem a possibilidade de o livre-arbítrio existir caso o estado das coisas e as leis da física sejam os únicos responsáveis por reger nossas ações.
POLLO, Luiza. Livre-arbítrio: é você ou o universo que determina suas escolhas? Disponívelem:<https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2021/05/22/livre-arbitrio-e-voce-ou-o-universo-que-determina-suas-escolhas.htm>. Acesso em 02 set. 2022.
18. (CEFET 2023) As correntes filosóficas apresentadas no Texto III se relacionam aos argumentos levantados nos textos I e II pelo ponto de vista de
- João de Adão, para quem o universo define as escolhas humanas.
- Professor, cuja fala aproxima-se do pensamento determinista.
- Pedro Bala, cujo destino de seguir os caminhos do pai já estava determinado.
- João Grande, que, ao apoiar as palavras do velho, advoga em favor do livre-arbítrio.
19. (CEFET 2023) E pensando em Deus pensou também nos Capitães da Areia. Eles furtavam, brigavam nas ruas, xingavam nomes, derrubavam negrinhas no areal, por vezes feriam com navalhas ou punhal homens e polícias. Mas, no entanto, eram bons, uns eram amigos dos outros.
Se faziam tudo aquilo é que não tinham casa, nem pai, nem mãe, a vida deles era uma vida sem ter comida certa e dormindo num casarão quase sem teto. Se não fizessem tudo aquilo, morreriam de fome, porque eram raras as casas que davam de comer a um, de vestir a outro. E nem toda a cidade poderia dar a todos.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 97.
Pela leitura desse fragmento, depreende-se que as atitudes dos capitães da areia eram decorrentes
- da ausência de religião.
- do descaso social e político.
- da sentença atribuída pelo destino.
- do recebimento escasso de esmolas.
20. (CEFET 2023) O padre José Pedro ia encostado à parede. O cônego dissera que ele não podia compreender os desígnios de Deus. [...] O cônego era muito inteligente, estava próximo de Deus pela inteligência, era-lhe fácil ouvir a voz de Deus. Ele estava errado, perdera aqueles dois anos de tanto trabalho. Pensara levar tantas crianças a Deus... Crianças extraviadas... Seria que elas tinham culpa? Deixai vir a mim as criancinhas... Cristo... Era uma figura radiosa e moça.
Os sacerdotes também disseram que ele era um revolucionário. Ele queria as crianças... Ai de quem faça mal a uma criança... A viúva Santos era uma protetora da Igreja... Será que ela também ouvia a voz de Deus? Dois anos perdidos... Fazia concessões, sim, fazia. Se não, como tratar com os Capitães da Areia? Não eram crianças iguais às outras... Sabiam tudo, até os segredos do sexo. Eram como homens, se bem fossem crianças...
Não era possível tratá-los como aos meninos que vão ao colégio dos jesuítas fazer a primeira comunhão. Aqueles têm mãe, pai, irmãs, padres confessores e roupas e comida, têm tudo... Mas não seria ele quem podia dar lições ao cônego... O cônego sabia de tudo, era muito inteligente. Podia ouvir a voz de Deus... Estava próximo de Deus... Não foi dos alunos mais brilhantes. Tinha sido dos piores... Deus não ia falar a um padre ignorante... [...] O cônego devia entender melhor que um pobre padre de batina suja... O cônego era inteligente e Deus é a suprema inteligência...
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 135.
Nesse fragmento, os dilemas vividos pelo padre José Pedro são evidenciados por meio
- do uso da ironia para questionar a autoridade do cônego.
- do discurso indireto livre, ao mesclar os pensamentos do personagem à voz do narrador.
- das perguntas formuladas pelo personagem ao introduzir o uso do discurso direto na narrativa.
- do emprego do sinal das reticências para sinalizar a intromissão do narrador personagem na história.
21. (CEFET 2023) A escolha lexical utilizada para noticiar um dos assaltos praticados pelos Capitães da Areia revela a parcialidade do órgão de imprensa na passagem:
- “Os relógios badalavam as três horas da tarde e a cidade abafava de calor...”
- “Armando-se de uma foice o jardineiro penetrou na casa...”
- “A empregada que havia gritado estava cuidando da senhora do comendador...”
- “Na sua inocência, Raul ria para o malvado, que sem dúvida pensava em furtá-lo.”
22. (CEFET 2023) Quando Professor estava começando a história, João Grande chegou e sentou-se ao lado deles. A noite era chuvosa. Na história que Professor lia, a noite era chuvosa também e o navio estava em grande perigo. Os marinheiros apanhavam de chicote, o capitão era um malvado.
O barco a vela parecia soçobrar a cada momento, o chicote dos oficiais caía sobre as costas nuas dos marinheiros. João Grande tinha uma expressão de dor no rosto. Volta Seca chegou com um jornal, mas não interrompeu a história, ficou ouvindo. Agora o marinheiro John apanhava chibatadas porque escorregara e caíra no meio do temporal.
Volta Seca interrompeu:
– Se Lampião tivesse aí, já tinha comido esse capitão no fuzil...
Foi o que fez o marinheiro James, um homenzarrão. Se atirou em cima do capitão, a revolta estalou no buque¹. Lá fora chovia.
Chovia na história também, era a história de um temporal e de uma revolta. Um dos oficiais ficou do lado dos marinheiros.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1989. p. 156.
Vocabulário de apoio:
¹Buque: embarcação pequena, que auxilia em especial os galeões de pesca.
Nesse trecho, a caracterização dos espaços físico e psicológico se evidencia pelo(a)
- semelhança entre Lampião e o marinheiro James, comparados por suas características físicas.
- teor jornalístico com o qual a aventura dos marinheiros foi narrada pelo personagem Professor.
- cruzamento narrativo entre os perigos e emoções suscitados pela história que Professor lia e a realidade dos meninos.
- descrição sombria e fantasmagórica que assemelha o trapiche onde as crianças abandonadas dormem ao cenário marítimo.
Leia o trecho do romance Capitães da Areia, de Jorge Amado, para responder às questões
Antes de tudo estava a lei do grupo, a lei dos Capitães da Areia. Os que a traíam eram expulsos e nada de bom os esperava no mundo. E nunca nenhum a havia traído do modo como o Sem-Pernas a ia trair. Para virar menino mimado, para virar uma daquelas crianças que eram eterno motivo de galhofa para eles. Não, não os trairia. Teriam bastado três dias para ele localizar os objetos de valor da casa. Mas a comida, a roupa, o quarto, e mais que a comida, a roupa e o quarto, o carinho de dona Ester tinham feito que ele passasse já oito dias. Tinha sido comprado por este carinho como o estivador fora comprado por dinheiro. Não, não trairia. Mas aí pensou se não ia trair dona Ester. Ela confiara nele. Ela também na sua casa tinha uma lei como os Capitães da Areia: só castigava quando havia erro, pagava o bem com o bem. O Sem-Pernas ia trair essa lei, ia pagar o bem com o mal. Lembrou-se que das outras vezes, quando dava o fora de uma casa para ela ser assaltada, era uma grande alegria que o invadia. Desta vez não tinha alegria nenhuma. Seu ódio para todos não desaparecera, é verdade. Mas abrira uma exceção para a gente daquela casa, porque dona Ester o chamava de filho e o beijava na face. O Sem-Pernas luta consigo mesmo. Gostaria de continuar naquela vida. Mas que adiantaria isso para os Capitães da Areia? E ele era um deles, nunca poderia deixar de ser um deles porque uma vez os soldados o prenderam e o surraram enquanto um homem de colete ria brutalmente. E o Sem-Pernas se decidiu. Mas olhou com carinho as janelas do quarto de dona Ester e ela, que o espiava, notou que ele chorava [...].
(Capitães da Areia, 2008.)
23. (UEA-SIS-3 2025) No trecho, Sem-Pernas cogita trair os Capitães da Areia em razão, sobretudo,
- da violência dos soldados da prisão.
- do carinho de dona Ester.
- da lei rigorosa do grupo.
- do dinheiro de dona Ester.
- da alegria que se segue aos assaltos.
24. (UEA-SIS-3 2025) O dilema vivenciado por Sem-Pernas está melhor explicitado no seguinte trecho:
- “Antes de tudo estava a lei do grupo”.
- “O Sem-Pernas ia trair essa lei”.
- “Seu ódio para todos não desaparecera”.
- “O Sem-Pernas luta consigo mesmo”.
- “E o Sem-Pernas se decidiu”.
25. (UEA-SIS-3 2025) No trecho, pensamentos do personagem Sem-Pernas aparecem entremeados na fala do narrador, como ocorre em:
- “Teriam bastado três dias para ele localizar os objetos de valor da casa.”
- “O Sem-Pernas ia trair essa lei, ia pagar o bem com o mal.”
- “Mas que adiantaria isso para os Capitães da Areia?”
- “O Sem-Pernas luta consigo mesmo.”
- “E o Sem-Pernas se decidiu.”
26. (UEA-SIS-3 2025) Retoma uma expressão mencionada anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
- “Antes de tudo estava a lei do grupo,a lei dos Capitães da Areia”.
- “Os que a traíam eram expulsos e nada de bom os esperava no mundo”.
- “Tinha sido comprado por este carinho como o estivador fora comprado por dinheiro”.
- “Ela também na sua casa tinha uma lei como os Capitães da Areia”.
- “Mas abrira uma exceção para a gente daquela casa”