O Ateneu, de Raul Pompeia
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01. (UNICAMP 2024) Leia as duas citações a seguir, extraídas do início e do final de O Ateneu:
“Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.
Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma (...)”.
“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez, se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas.”
(POMPEIA, Raul. O Atheneu (Chronica de saudades). Rio de Janeiro: Tipografia de Gazeta de Notícias, p 3-4 e 368, 1888.)
Com base nessas duas citações, é possível afirmar que, ao fim da narrativa de Sérgio sobre sua vida no colégio, o narrador
- idealiza a felicidade experimentada na infância, suas aspirações, seu ardor e suas esperanças.
- considera que a felicidade passada não era maior que a do presente, pois os tempos são iguais.
- duvida da própria saudade, separando as lembranças relativas ao passado daquele sentimento associado a elas.
- denuncia a hipocrisia da saudade que sente, por saber que a passagem do tempo é incerta.