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Mia Couto

Lista de 04 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Mia Couto com questões de Vestibulares.


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01. (UFAM PSC) Num de seus romances mais conhecidos, o escritor moçambicano Mia Couto relata a história de Marianinho, que retorna ao seu local de origem para assistir aos funerais do avô, Dito Mariano. Esse romance se intitula:

  1. O Outro pé da sereia
  2. O Vendedor de passados
  3. As Mulheres do meu pai
  4. A Cidade e a infância
  5. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

02. (UFGD) Com relação à Vozes anoitecidas, de Mia Couto, é correto afirmar que

  1. sua linguagem, exclusivamente baseada no português falado em Portugal, contrasta com a temática fortemente baseada na vida de pessoas simples e na cultura popular de Moçambique. Tal procedimento é a correspondência literária da busca de Moçambique por nova identidade, presente também em vários outros setores da vida nacional depois do longo processo de descolonização e da guerra civil.
  2. o tempo histórico em que se passam os contos do livro é, com frequência, o do passado colonial, anterior à independência e à guerra civil. Não há cronologias ou datas, mas os elementos que indicam esse tempo estão lá, e o leitor vai aos poucos sendo informado deles. Exemplo disso é o encontro fatal do jovem pastor Azarias com “a ave de fogo” no final do conto “O dia em que explodiu Mabata-bata”.
  3. o idoso, a mulher, a criança, o pária social e o criminoso estão entre os muitos protagonistas dos contos. Tais personagens são sempre figurados sob a opressão do colonizador português, revelando as escolhas temáticas do autor, que enfoca a vida cotidiana e a cultura popular da nação moçambicana, conforme um esforço amplo de valorização dos elementos rejeitados pelo colonialismo português.
  4. a vida cotidiana é uma constante no livro, cenários disso, às vezes, são a praça da pequena cidade, a aldeia anônima, a cantina e o bar. Ali, um corvo pode ser parido do pulmão de um velho, ou uma assembleia pode decidir se os mortos têm permissão para voltar à vida, evitando-se sempre a abordagem da violência, resultando num quadro exótico, por vezes fantástico, da vida comunitária moçambicana.
  5. a violência do homem contra a mulher é recorrente nos contos do livro. É violência psicológica no caso de Ascolino e Epifânia, é homicídio brutal no caso do marido de Carlota Gentina sobre ela, também está no método ingênuo de Joseldo sobre sua filha Filomena com vistas a torná-la uma artista, deixando entrever aspectos de uma sociedade que, superado o colonialismo português, ainda estava longe da pacificação.

03. (IFMA) TEXTO

“Quem parte treme, quem regressa teme. Temse medo de se ter sido vencido pelo Tempo, medo de que a ausência tenha devorado as lembranças. A saudade é um morcego que falhou o fruto e mordeu a noite. [...] À medida que se aproximava de sua vila, Mwadia ansiava recuperar o sentido de pertença a um lugar. Ela estava, a um tempo, receosa e ansiosa. As vozes e os olhares lhe iriam certamente devolver a perdida familiaridade[...]”

Mia Couto. O outro pé da sereia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 68

Sobre o texto exposto acima, depreendese:

  1. As lembranças da cidade natal sempre estiveram vivas na personagem, mesmo tendo emigrado dela há algum tempo.
  2. O texto apresenta uma personagem insegura, já que há algum tempo deixara sua cidade natal, assim temia reencontrar os conhecidos.
  3. O narrador apresenta uma personagem segura de suas emoções. Assim, o regresso dela à terra natal é algo de grande alegria, já esperada.
  4. O narrador acredita que os olhares familiares tornariam a personagem mais ansiosa, o que dificultaria a readaptação dela.
  5. A aproximação da personagem de sua cidade de origem fez com ela recuperasse o senso de humor e findasse o medo do passado.

04. (F. Tiradentes) Identidade

Preciso ser um outro

para ser eu mesmo

Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem inseto

Sou areia sustentando

o sexo das árvores

Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço.

COUTO, Mia. Identidade. Disponível em: <http://portugues.uol. com.br/literatura/cinco-poemas-mia-couto.html>. Acesso em: 3 fev. 2019.

Sobre esses versos de Mia Couto, a única informação sem comprovação no texto é a que afirma que o eu lírico

  1. revela que sua identidade depende do seu reconhecimento no outro.
  2. se encontra em conflito, demonstrando-se instável e inseguro diante dos fatos.
  3. explicita sua estranheza ante uma realidade que se configura diferente da anterior.
  4. mostra que o passado e o futuro se alternam na construção identitária de um povo.
  5. acredita que lutar contra os acontecimentos é perder a chance de reorganizar um porvir melhor.

05. (UFAM PSC) Num de seus romances mais conhecidos, o escritor moçambicano Mia Couto relata a história de Marianinho, que retorna ao seu local de origem para assistir aos funerais do avô, Dito Mariano. Esse romance se intitula:

  1. O Outro pé da sereia
  2. O Vendedor de passados
  3. As Mulheres do meu pai
  4. A Cidade e a infância
  5. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

06. (UEL) Leia o texto a seguir, que contém o início do conto “A menina do futuro torcido”, incluído em Vozes anoitecidas, de Mia Couto

Joseldo Bastante, mecânico da pequena vila, punha nos ouvidos a solução da sua vida. Viajante que passava, carro que parava, ele aproximava e capturava as conversas. Foi assim que chegou de ouvir um destino para sua filha mais velha, Filomeninha. Durante toda uma semana, chegavam da cidade notícias de um jovem que fazia sucesso virando e revirando o corpo, igual uma cobra. O rapaz tinha sido contratado por um empresário para exibir suas habilidades, confundir o trás para a frente. Percorria as terras e o povo corria para lhe ver. Assim, o jovem ganhou dinheiro até encher caixas, malas e panelas. Só devido das dobragens e enrolamentos da espinha e seus anexos. O contorcionista era citado e recitado pelos camionistas e cada um aumentava uma volta nas vantagens elásticas do rapaz. Chegaram mesmo a dizer que, numa exibição, ele se amarrou no próprio corpo como se fosse um cinto. Foi preciso o empresário ajudar para desatar o nó; não fosse isso, ainda hoje o rapaz estaria cintado.

COUTO, Mia. Vozes anoitecidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 127.

Quanto ao destino de Filomeninha, assinale a alternativa correta.

  1. Ela treina muito à espera do empresário, mas este, ao chegar à vila, a recusa, já desinteressado pelo contorcionismo.
  2. Ela é iludida pelo empresário e abandona a vila com ele, sem corresponder às expectativas do pai.
  3. Ela se apaixona pelo contorcionista e abandona a vila, sem dar explicações à família.
  4. Ela ingressa no mundo do espetáculo com o contorcionista e garante muito dinheiro à família.
  5. Ela é acolhida pelo empresário, mas, no dia da estreia de seu espetáculo, morre devido ao treinamento exaustivo.

07. (UEL) Leia o texto a seguir, que contém o início do conto “A menina do futuro torcido”, incluído em Vozes anoitecidas, de Mia Couto

Joseldo Bastante, mecânico da pequena vila, punha nos ouvidos a solução da sua vida. Viajante que passava, carro que parava, ele aproximava e capturava as conversas. Foi assim que chegou de ouvir um destino para sua filha mais velha, Filomeninha. Durante toda uma semana, chegavam da cidade notícias de um jovem que fazia sucesso virando e revirando o corpo, igual uma cobra. O rapaz tinha sido contratado por um empresário para exibir suas habilidades, confundir o trás para a frente. Percorria as terras e o povo corria para lhe ver. Assim, o jovem ganhou dinheiro até encher caixas, malas e panelas. Só devido das dobragens e enrolamentos da espinha e seus anexos. O contorcionista era citado e recitado pelos camionistas e cada um aumentava uma volta nas vantagens elásticas do rapaz. Chegaram mesmo a dizer que, numa exibição, ele se amarrou no próprio corpo como se fosse um cinto. Foi preciso o empresário ajudar para desatar o nó; não fosse isso, ainda hoje o rapaz estaria cintado.

COUTO, Mia. Vozes anoitecidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 127.

O trecho contém uma frase significativa tanto para este conto quanto para outros contos do livro: “O rapaz tinha sido contratado por um empresário para exibir suas habilidades, confundir o trás para a frente.”.

Sobre a relação desse trecho com os outros contos do livro, assinale a alternativa correta.

  1. O que se percebe tanto nesse conto quanto em outros contos do livro é um conjunto muito farto de habilidades extraordinárias nas personagens que as conduz à superação de adversidades.
  2. A imagem do contorcionista e de seus movimentos corporais inusitados é representativa dos esforços de diversas personagens dos contos do livro que convivem com a miséria e com a ignorância.
  3. Um traço comum entre esse conto e outros contos do livro é a circulação de empresários por espaços muito pobres, o que provoca o progresso tanto dos lugares quanto das personagens que ali vivem.
  4. A questão central da frase é a ideia de confusão, que, nesse conto, se exemplifica pelo fato de Joseldo ter compreendido mal as notícias, uma vez que as histórias sobre o contorcionista eram falsas.
  5. As inversões do tempo constituem aspecto relevante desse conto e de outros do livro, pois a sequência dos eventos narrados sofre sistematicamente a interferência dos desvarios das personagens.

08. (UNEMAT) “Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?

Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto.”

COUTO, Mia. “Chuva: a abensonhada”. In: Estórias abensonhadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 43.

Há mais de 20 anos (a primeira edição é de 1994), Mia Couto publicou o livro Estórias abensonhadas, uma coletânea de 26 contos. As estórias transitam entre os temas de fins da guerra, de tradições moçambicanas e de utopias que povoam aquele momento do país. Neste livro, no conto Chuva: a abensonhada, o autor articula esses temas numa linguagem poética e criativa, instaurando assim uma nova realidade, desafiando a lógica que predomina na relação entre as pessoas e o mundo.

Considerando o conto Chuva: a abensonhada, assinale a alternativa correta.

  1. A casa é referência limitada do narrador e da personagem Tristereza, que estão enclausurados no passado, sem possibilidade de um recomeço.
  2. A chuva é o motivo do pensamento do narrador, que vê nela a possibilidade de renovação e transformações positivas.
  3. O narrador não é uma pessoa letrada, pois utiliza palavras que não existem, como perfumegante, Tristereza e indaguava.
  4. A narrativa é conduzida por muitas personagens que aparecem como secundárias no desenvolvimento da ação.
  5. A presença de palavras como céu, terra, rua, país é um indicativo da vontade do narrador de participar da guerra.

09. (FITS) TEXTO:

Identidade


Preciso ser um outro

para ser eu mesmo


Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta


Sou pólen sem inseto

Sou areia sustentando

o sexo das árvores


Existo onde me desconheço aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro


No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço.

COUTO, Mia. Identidade. Disponível em: <http: //portugues.uol. com.br/literatura/cinco-poemas-mia-couto.html>. Acesso em: 3 fev. 2019.

Sobre esses versos de Mia Couto, a única informação sem comprovação no texto é a que afirma que o eu lírico

  1. revela que sua identidade depende do seu reconhecimento no outro.
  2. se encontra em conflito, demonstrando-se instável e inseguro diante dos fatos.
  3. explicita sua estranheza ante uma realidade que se configura diferente da anterior.
  4. mostra que o passado e o futuro se alternam na construção identitária de um povo.
  5. acredita que lutar contra os acontecimentos é perder a chance de reorganizar um porvir melhor.

10. (UNEMAT) O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.

O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimônia no viver. O sempre lhe era pouco e tudo insuficiente. Dizia, deste modo:

- Tenho que viver já, senão esqueço-me.

Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia.

O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:

- Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!

A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver.

(...)

COUTO, Mia. “O cego Estrelinho”. In: Estórias Abensonhadas. Portugal; Editotial caminho, 1994, pp.29 -30.

No excerto acima, retirado do conto “O cego Estrelinho”, é possível afirmar que Mia Couto utiliza de um procedimento estilístico para a construção narrativa, o da intertextualidade, que consiste no estabelecimento de relação com um texto já existente. Assim, Mia Couto traz um diálogo com um ditado popular “Ver para crer”, atribuído a São Tomé, um dos discípulos de Jesus Cristo na tradição cristã, que trazia como prerrogativa acreditar somente em algo concreto, naquilo que poderia ser visto ou constatado por ele. No entanto, Mia Couto traz nesse conto um sentido invertido desse ditado popular, ao invés da afirmação “Ver para crer”. Após sabermos que Gigito descrevia um mundo que não existia para o cego Estrelinho, o narrador afirma que “Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer”.

Diante de tal constatação, considera-se que

  1. ao inverter o sentido do ditado popular nesse conto, Mia Couto está radicalmente fazendo uma ruptura com uma tradição popular que não é de origem africana e sim cristã.
  2. o uso do procedimento da intertextualidade nessa narrativa vem colocar Mia Couto como um escritor que radicaliza a forma tradicional da escrita do gênero conto.
  3. é possível vislumbrar nesse conto dois tipos de visão, uma mais realista e a outra mais inventiva. A primeira se caracteriza pelo relato de uma realidade mais crua e dura, tal qual seria a descrição do mundo em que as personagens viviam, um mundo de miséria, de guerra e, para Estrelinho um mundo de escuridão, de cegueira. A outra visão, responsável pelo mundo inventado por Gigito, seria caracterizado pela representação de um mundo ideal, um mundo que poderia existir se não houvesse guerra.
  4. No conto, o significado da inversão de sentido do ditado popular “Ver para crer” em “via para não crer” se refere ao ato do personagem Estrelinho fingir acreditar na descrição do mundo de fantasias que Gigito lhe contava.
  5. Mia Couto traz uma crítica negativa a um mundo que “foge da realidade”, pois para ele é necessário viver a vida tal como ela é, viver no mundo como ele está, (mesmo sendo este mundo cheio de miséria e falta), para que o homem não se iluda por um mundo de fantasias que o tiram de sua verdadeira vida.

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