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Gil Vicente

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Gil Vicente com questões de Vestibulares.


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01. (UNEMAT) Sobre o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, é correto afirmar que:

  1. é um romance renascentista que faz profundas críticas sociais.
  2. seu texto barroco rebuscado é voltado para reflexões sobre sociedade e religião.
  3. é um texto que se insere no Humanismo e tem reflexões antropocêntricas.
  4. o seu estilo, marcado pela valorização do campo e das coisas simples, é típico do Arcadismo.
  5. possui personagens trovadorescas construídas a partir do cotidiano da sociedade portuguesa.

02. (UNEMAT) Sobre o Auto da Barca do Inferno, do escritor português Gil Vicente, assinale a alternativa incorreta

  1. Personagens como o Onzeneiro, o Fidalgo e o Sapateiro, representam tipos sociais contra os quais o autor tece sua crítica, em forma de sátira.
  2. O elemento religioso presente no auto é originário da rica tradição do teatro popular medieval.
  3. A concepção de mundo cristã, marcada pela simplicidade e de forte teor popular, aproxima o auto de Gil Vicente do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
  4. O uso de uma linguagem solene, austera e requintada caracteriza a personagem Diabo, diferenciando-a das demais personagens, cuja linguagem é coloquial, irônica e jocosa.
  5. O recurso à alegoria pode ser percebido ao longo de toda a obra, como, por exemplo, na personagem Frade, uma alegoria à corrupção do clero português.

03. (UNEMAT) Sobre a obra literária portuguesa, o Auto da Barca do Inferno, obra satírica de Gil Vicente (1465 – 1537), é incorreto afirmar.

  1. A obra dramática voltou-se criticamente para o seu tempo, a época dos descobrimentos em Portugal.
  2. A época da obra compreende o período de ebulição com a chegada das riquezas provenientes das navegações, fato que colocava Lisboa como a Corte mais rica da Europa.
  3. A obra satiriza o afastamento da população rural do trabalho e dos meios de produção, que se transfere para a Corte, passando a viver no luxo excessivo, deixando o trabalho pesado para os escravos capturados na África e na Ásia
  4. A sátira de Gil Vicente pune com humor, o sapateiro ladrão, a esposa adúltera, as alcoviteiras, o escudeiro malandro, o frade enamorado, etc.
  5. O teatro de Gil Vicente não foi popular na forma e no conteúdo. Suas raízes se fundam nos princípios do dogmatismo da Santa Inquisição, daí a obra ter como título Auto da Barca do Inferno.

04. (UNIFESP) Leia o texto de Gil Vicente.

DIABO — Essa dama, é ela vossa?

FRADE — Por minha a tenho eu e sempre a tive de meu.

DIABO — Fizeste bem, que é fermosa! E não vos punham lá grosa nesse convento santo?

FRADE — E eles fazem outro tanto!

DIABO — Que cousa tão preciosa!

No trecho da peça de Gil Vicente, fica evidente uma

  1. visão bastante crítica dos hábitos da sociedade da época. Está clara a censura à hipocrisia do religioso, que se aparta daquilo que prega.
  2. concepção de sociedade decadente, mas que ainda guarda alguns valores essenciais, como é o caso da relação entre o frade e o catolicismo.
  3. postura de repúdio à imoralidade da mulher que se põe a tentar o frade, que a ridiculariza em função de sua fé católica inabalável.
  4. visão moralista da sociedade. Para ele, os valores deveriam ser resgatados e a presença do frade é um indicativo de apego à fé cristã.
  5. crítica ao frade religioso que optou em vida por ter uma mulher, contrariando a fé cristã, o que, como ele afirma, não acontecia com os outros frades do convento.

05. (UNEMAT) A ideia da morte parece ter sido o tema principal da cultura medieval. Acreditava-se que uma vida submetida ao julgamento imediatamente deixava o corpo. Sabe-se que cada uma das personagens do Auto da Barca do Inferno (1517), de Gil Vicente, possui um objeto terreno que não consegue se desvincular.

No caso do judeu, do onzeiro e do frade, esses objetos são respectivamente:

  1. Bode, bolsão e amante.
  2. Espada, cofre e breviário.
  3. Pagem, manto e cruz.
  4. Livros, códigos e missal.
  5. Carneiro, baú e oratório.

06. (PUC-RS) NSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho a seguir, de autoria do português Gil Vicente.

“Vem um Corregedor, carregado de feitos, e, chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão, diz:

CORREGEDOR Hou da barca!

DIABO Que quereis?

CORREGEDOR Está aqui o senhor juiz?

DIABO Oh amador de perdiz

gentil cárrega trazeis!(quantos processos trazeis)

CORREGEDOR No meu ar conhecereis (Pelo meu jeito conhecereis)

que nom é ela do meu jeito. (que não venho satisfeito)

DIABO Como vai lá o direito?

CORREGEDOR Nestes feitos o vereis.

DIABO Ora, pois, entrai. Veremos que diz i (aqui) nesse papel...

CORREGEDOR E onde vai o batel (a barca)?

DIABO No Inferno vos poeremos. (No inferno vos colocaremos)

CORREGEDOR Como? À terra dos demos

há-de ir um corregedor?

DIABO Santo descorregedor,

embarcai, e remaremos!

Ora, entrai, pois que viestes!

CORREGEDOR Non est de regulae juris, não! (Do latim, ‘não é de acordo com a lei’)

DIABO Ita, Ita! Dai cá a mão!

Remaremos um remo destes.

Fazei conta que nacestes

pera nosso companheiro. (...)

CORREGEDOR Oh, renego da viagem (Oh recuso a viagem)

e de quem m’há de levar! (e quem me há de levar!)

Há qui meirinho do mar? (Há aqui no mar funcionários da justiça?) ...”

Todas as afirmativas estão corretamente associadas ao excerto e seu contexto, EXCETO:

  1. Este fragmento pertence à obra Auto da barca do inferno, peça teatral na qual Anjo e Diabo disputam as almas que serão destinadas, respectivamente, à Glória ou ao Inferno.
  2. Uma das marcas de Gil Vicente é a fina crítica aos poderosos da sociedade através do humor, argumento aqui exemplificado pelo embate entre a linguagem mais afetada do corregedor e a irônica e debochada do diabo.
  3. No excerto em destaque, percebe-se um personagem da magistratura insatisfeito com o seu destino, já que o corregedor entende que sua profissão deveria conceder-lhe certos privilégios.
  4. Devido a sua extrema religiosidade, o corregedor não aceita o Inferno como seu destino final.
  5. Gil Vicente critica, na obra à qual este trecho pertence, o abuso do poder, a arrogância atrelada à profissão, a hipocrisia de uma sociedade corrompida, o que demonstra a atualidade de um texto escrito no século XVI.

07. (URCA) TEXTO - CAPÍTULO II (EXCERTO DE AVES DE ARRIBAÇÃO)

De: Antonio Sales

Terminada a quadrilha, Casimiro pediu a altos brados uma polca; mas Alípio disse que seria melhor uma valsa.

- Pois então vá lá uma valsa, embora quase ninguém dance.

- Ah! Sozinho também não danço.

- Deixe estar que eu lhe faço companhia.

Florzinha não valsava; Alípio tirou a professora. Casimiro, quase de arrasto, trouxe uma mocinha para seu par, e a valsa começou. Houve um movimento de curiosidade em todos os olhares. D. Bilinha notou a atenção de que eram alvos e sussurrou:

- Vê como reparam em nós?

- São somente para v. exa. Esse olhares e muitos justificados, porque valsa deliciosamente.

Ambos dançavam bem, com garbo e agilidade, ora lenta, ora rapidamente, recuando, avançando, girando à direita, à esquerda, com uma justeza perfeita de passos, com um donaire que entusiasmava os circunstantes. O próprio Casimiro tinha parado a fim de ver também o par triunfante, já possuído da embriaguez do movimento, da música e do calor recíproco, a deslizar sozinho pela sala, sem mostra de fadiga, respondendo com um sorriso de gozo ao sorriso admirativo da sociedade, trocando frases rápidas cujos sons velados penetravam no ouvido acompanhados de uma onda de hálito quente.

- Está cansada?

- De modo algum!

- Como dança bem!

- Apenas me deixo levar.

- Ora! Nunca valsa aqui?

- Pouco, e ninguém sabe.

- Por que não ensina estas moças a valsar?

- Sou professora somente de primeiras letras.

- Pois podia ser também de valsa.

- Agora sou apenas discípula.

Mas a música precipitava o compasso para terminar, e os valsistas, precipitando também os seus giros, pararam finalmente com a precisão de um passo ginástico, no meio de um sussurro de louvor.

- Ah! Senhor vigário, bradou uma senhora; o seu sobrinho dança divinamente!

- Mas olhe que D. Bilinha não lhe fica atrás.

- Viva o belo par! Gritou Casimiro com o seu ar espalhafatoso. E encarando o promotor:

- Doutor, permita que lhe diga: o senhor ainda valsa melhor do que fala!

Todos riram. O Dr. Alípio foi sentar Bilinha ao lado de Florzinha, que seguira com os olhos deslumbrados os valsistas vitoriosos.

- A senhora brilhou, D. Bilinha!

- Qual queridinha! Não dançava há tanto tempo!

- Quer ensinar-me a valsar?

- Pois não! Vamos começar aqui?

- Aqui não! Deus me livre! Para o Dr. Alípio caçoar de mim!

- Por que não danças com ele? Devias experimentar. Com duas ou três vezes ficavas mestra.

- Não vê logo que eu vou dar espetáculo?!

Tocou-se a segunda quadrilha; o Dr. Alípio dançou-a com Florzinha. E no correr da festa, que acabou pela madrugada, ele levou a revezar as duas raparigas, experimentando sucessivamente as impressões diferentes que elas lhe davam – Florzinha, apenas mulher, revestida da graça meiga de uma adolescente ignorante; Bilinha, mulher feita, de carne capitosa e espírito sábio; comparando-as, ora para deduzir sua preferência, ora fundindo-as para completar um tipo ideal de mulher, decidiu antes de adormecer que, faltando a uma requisitos possuídos pela outra, ele, como poeta e como homem, o que tinha a fazer era requestar a ambas – estava claro.

Marque a alternativa correta em relação a Gil Vicente:

  1. Compôs peças de caráter sacro e satírico;
  2. Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal;
  3. Escreveu a novela Amadis de Gaula;
  4. Só escreveu peças em português;
  5. Representa o melhor do teatro clássico português.

08. (UEMA) O Auto da Barca do Inferno é uma das três peças que compõem a Trilogia das Barcas do teatro vicentino. Gil Vicente é autor do período literário português, conhecido como Humanismo.

Texto I

ANJO: Que mandais?

FIDALGO: Que me digais,

pois parti tão sem aviso,

se a barca do paraíso

é esta em que navegais.

ANJO: Esta é; que lhe buscais?

FIDALGO: Que me deixeis embarcar;

sou fidalgo de solar,

é bem que me recolhais.

[...]

ANJO: Pra vossa fantasia

mui pequena é esta barca.

FIDALGO: Pra senhor de tal marca

não há aqui mais cortesia?

VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

Os diálogos entre o anjo e o fidalgo põem em discussão não só os valores de um mundo medieval, mas também do mundo contemporâneo. A atualidade dessa discussão decorre de que o homem de hoje, ainda, assume falsos posicionamentos semelhantes ao de uma das personagens da cena.

Essa atualidade é apresentada, por meio de

  1. limitações retóricas.
  2. alianças subversivas.
  3. falhas na comunicação.
  4. atos de falas impositivas.
  5. comportamentos antidemocráticos.

09. (FAMEMA) Leia o texto para responder a questão

Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas, chega ao batel1 infernal, e diz:

Hou da barca!

Diabo – Quem vem aí?

Santo sapateiro honrado,

como vens tão carregado?

Sapateiro – Mandaram-me vir assi...

Mas para onde é a viagem?

Diabo – Para a terra dos danados.

Sapateiro – E os que morrem confessados

onde têm sua passagem?

Diabo – Não cures de mais linguagem!

que esta é tua barca, esta!

Sapateiro – Renegaria eu da festa

e da barca e da barcagem!

Como poderá isso ser, confessado e comungado?

Diabo – Tu morreste excomungado,

não no quiseste dizer.

Esperavas de viver;

calaste dez mil enganos,

tu roubaste bem trinta anos

o povo com teu mister.

Embarca, pobre de ti,

que há já muito que te espero!

Sapateiro – Pois digo-te que não quero!

Diabo – Que te pese, hás de ir, si, si!

(Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno. Adaptado.)

1batel: pequena embarcação.

O texto transcrito de Gil Vicente assume caráter

  1. moralizante, uma vez que traz explícita crítica aos costumes do personagem.
  2. educativo, pois o personagem reconhece seu erro e, ao final, é perdoado.
  3. humorístico, com intenção de entreter mais do que condenar comportamentos.
  4. doutrinário, considerando a devoção do personagem à religião quando em vida.
  5. edificante, já que o comportamento do personagem se torna exemplo a seguir.

10. (UESB) Vai-se Pero Marques e diz Inês Pereira:

INÊS PEREIRA

Pessoa conheço eu

que levara outro caminho...

Casai lá com um vilãozinho

mais covarde que um judeu!

Se fora outro homem agora

e me topara a tal hora,

estando assi às escuras,

falara-me mil doçuras,

ainda que mais não fora...

Vem a Mãe e diz:

MÃE

Pero Marques foi-se já?

INÊS PEREIRA

Para que ele aqui?

MÃE

Não te agrada ele a ti?

INÊS PEREIRA

Vá-se muitieramá!1

Que sempre disse e direi:

Mãe, eu me não casarei

Senão com homem discreto,2

E assi vo-lo prometo;

ou antes o leixarei.

Que seja homem malfeito,

feio, pobre, sem feição;

como tiver discrição

não lhe quero mais proveito.

E saiba tanger viola,

E como eu pão e cebola,

Sequer uma cantiguinha!

Discreto feito em farinha,

Porque isto me degola.3

MÃE

Sempre tu hás-de bailar,

e sempre ele há-de tanger?

Se não tiveres que comer,

O tanger te há-de fartar?

INÊS PEREIRA

“Cada louco com sua teima.”

Com uma borda de boleima4

e uma vez de água fria,

não quero mais cada dia.

MÃE

Como às vezes isso queima!

E que é desses escudeiros?

INÊS PEREIRA

Eu falei ontem ali

que passaram por aqui

os judeus casamenteiros,

e hão de vir logo aqui.

1 - Mandar alguém para o inferno.

2 - Pessoa com aparência educada.

3 - Aquilo que apraz, satisfaz.

4 - Fatia de pão.

VICENTE, GIL. Farsa de Inês Pereira. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2006.p.68-70.

Segundo os estudiosos de Gil Vicente, a Farsa de Inês Pereira foi escrita a partir do mote “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube”, dado ao autor como desafio à dúvida de certos homens sobre as suas produções literárias.

Assim o mote se configura, dentro da peça, na personagem

  1. Ermitão – religioso que se dedica às orações, mas na peça foi um antigo namorado de Inês.
  2. Escudeiro – fidalgo cavaleiro em defesa de seu reino, na peça é Brás da Mata apresentado como um dissimulado fidalgo.
  3. Pero Marques – homem simples, lavrador, herda do pai um morgado e candidata-se a casar com Inês.
  4. Judeus – irmãos que promovem o casamento de Inês com Brás da Mata.
  5. Moço – encarregado de confiança de Brás da Mata para vigiar Inês.

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