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Gregório de Matos

Lista de 10 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Gregório de Matos com questões de Vestibulares.


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Texto para as questões 01 e 02:

Solitário em seu mesmo quarto

à vista da luz do candeeiro porfia

o poeta pensamentar exemplos

de seu amor na borboleta

Ó tu do meu amor fiel traslado

Mariposa entre as chamas consumida,

Pois se à força do ardor perdes a vida,

A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,

Essa flama girando apetecida;

Eu girando uma penha endurecida,

No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos, de firmes, anelando chamas,

Tu a vida deixas, eu a morte imploro

Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai!, que a diferença entre nós choro;

Pois acabando tu ao fogo, que amas,

Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.

(Gregório de Matos)

01. (ESPM 2022) Releia o poema e assinale a única afirmação INCORRETA:

  1. Na primeira estrofe, o eu poético estabelece uma comparação entre a situação real de uma mariposa, que se consome no fogo de uma chama, e a sua situação amorosa, expressa pelo ardor violento das paixões.
  2. A expressão “força do ardor”, atribuída à situação da mariposa, pode ser entendida em sentido real; enquanto “a violência do fogo”, relacionada aos sentimentos do eu lírico, apresenta-se de forma conotativa.
  3. Na segunda estrofe, as expressões “apetecida” e “penha endurecida”, referem-se, respectivamente, à mariposa atraída pela flama e à figura feminina que, supostamente, não corresponde aos desejos do eu poético.
  4. A terceira estrofe confirma a similaridade das situações apresentadas: tanto a mariposa como o poeta são persistentes e famosos, por isso encontram um fim idêntico: morrem sem se aproximar da luz que os atrai.
  5. Na última estrofe, o poeta lamenta a diferença entre a situação de sua morte e a da morte da mariposa: esta morre por aproximar-se da chama; ele se consome sem atingir aquela a quem adora e chama de luz.

02. (ESPM 2022) Pode-se afirmar, CORRETAMENTE, que o poema de Gregório de Matos:

  1. desenvolve apenas o aspecto cultista do Barroco ao voltar-se para as perspectivas sensíveis, valendo-se de linguagem figurada como antíteses, paradoxos e sinestesias, figuras confirmadas nos dois últimos versos.
  2. apresenta um raciocínio pautado no silogismo, essencialmente conceptista, pois se detém a uma análise íntima e argumentativa, em que o raciocínio lógico predomina sobre os aspectos lúdicos e imagéticos.
  3. expõe aspectos evidentes do estilo cultista como as metáforas (“fogo” para o amor; “penha” e “luz” para a amada), hipérboles e hipérbatos; entretanto, devido ao desenvolvimento engenhoso, evidencia-se também um exercício intelectual típico do Conceptismo.
  4. não apresenta influências do Cultismo, de Gôngora; ou do Conceptismo, de Quevedo. É um típico poema de estilo clássico, em que o equilíbrio e a serenidade permeiam a forma (soneto) e o conteúdo (amor platônico).
  5. antecipa as características do estilo árcade neoclássico, já que valoriza o Conceptismo nas construções sintáticas; bem como apresenta um tema bucólico antecipado no longo título do poema.

03. (UNESP) Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres¹,

Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia.

(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)

1Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.

O soneto de Gregório de Matos constitui um exemplo da sua poesia de teor

  1. nostálgico.
  2. satírico.
  3. metalinguístico.
  4. místico.
  5. encomiástico.

04. (Enem 2014) Quando Deus redimiu da tirania

Da mão do Faraó endurecido

O Povo Hebreu amado, e esclarecido,

Páscoa ficou da redenção do dia.

Páscoa de flores, dia de alegria

Àquele povo foi tão afligido

O dia, em que por Deus foi redimido;

Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade

Nos remiu de tão triste cativeiro,

Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro

Deus, que veio estirpar desta cidade

O Faraó do povo brasileiro.

DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

  1. visão cética sobre as relações sociais.
  2. preocupação com a identidade brasileira.
  3. crítica velada à forma de governo vigente.
  4. reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
  5. questionamento das práticas pagãs na Bahia.

05. (ESPM) Acerca de Gregório de Matos e o conjunto de sua obra, NÃO se pode afirmar que:

  1. tocam de maneira bastante crítica temas sociais e políticos da época, o que acabou por conferir ao poeta o apelido de “O Boca do Inferno”.
  2. abordam temas líricos, satíricos e religiosos.
  3. apresentam, por vezes, uma dualidade temática, bastante representativa do período.
  4. estão inseridos no contexto do Arcadismo, cuja temática é o bucolismo.
  5. tratam, por vezes, de temáticas como o “carpe diem”, que significa “colha (aproveite) o dia”.

06. (FAMEMA) A veia lírico-amorosa do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696) está bem exemplificada em:

  1. “Aquele não sei quê, que, Inês, te assiste
    No gentil corpo, e na graciosa face,
    Não sei donde te nasce, ou não te nasce,
    Não sei onde consiste, ou não consiste.”
  2. “Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
    É verdade, Senhor, que hei delinquido,
    Delinquido vos tenho, e ofendido,
    Ofendido vos tem minha maldade.”
  3. “Senhor Antão de Sousa de Meneses,
    Quem sobe a alto lugar, que não merece,
    Homem sobe, asno vai, burro parece,
    Que o subir é desgraça muitas vezes.”
  4. “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
    Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
    De pó te faz espelho, em que se veja
    A vil matéria, de que quis formar-te.”
  5. “A cada canto um grande conselheiro,
    Que nos quer governar cabana e vinha;
    Não sabem governar sua cozinha,
    E podem governar o mundo inteiro.”

07. (ESPM) Ao mesmo assunto e na mesma ocasião

Corrente, que do peito destilada

Sois por dois belos olhos despedida;

E por carmim correndo dividida

Deixais o ser, levais a cor mudada

Não sei quando caís precipitada,

Às flores que regais tão parecida,

Se sois neve por rosa derretida,

Ou se rosa por neve desfolhada.

Essa enchente gentil de prata fina,

Que de rubi por conchas se dilata,

Faz troca tão diversa e peregrina,

Que no objeto, que mostra, ou que retrata,

Mesclando a cor purpúrea, à cristalina,

Não sei quando é rubi, ou quando é prata.

(Gregório de Matos)

Os versos acima relatam um acontecimento emocional (traduzido pelas lágrimas) que remete a uma decepção ou perda amorosa.

Assinale a alternativa NÃO condizente.

  1. há uma oposição cromática que metaforicamente contrapõe o quente e o frio.
  2. é possível associar os termos “rosa”, “rubi”, “carmim”, “cor purpúrea” ao amor carnal.
  3. é possível associar os termos “corrente”, “neve”, “prata”, “enchente”, “cristal” ao amor espiritual.
  4. pelo jogo de palavras, pelas metáforas e pelos aspectos sensoriais, afirma-se que predomina o estilo conceptista do Barroco.
  5. o poeta conclui que não há dissociação entre amor carnal e espiritual, pois ambos estão unidos.

08. (UFRGS) As duas colunas, abaixo, apresentam versos de alguns poemas de Gregório de Matos Guerra.

Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda, indicando os tercetos que pertencem a cada soneto, cujo quarteto inicial se encontra na coluna da esquerda.

1 - Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa piedade me despido,

Porque quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

2 - Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

3 - Triste Bahia! Oh quão dessemelhante

Estás, e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

4 - Um soneto começo em vosso gabo:

Contemos esta regra por primeira;

Já lá vão duas, e esta é a terceira,

Já este quartetinho está no cabo,

( ) Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada

Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

( ) Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

( ) Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

( ) N'esta vida um soneto já ditei;

Se d'esta agora escapo, nunca mais:

Louvado seja Deus, que o acabei.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

  1. 4 – 2 – 1 – 3.
  2. 3 – 2 – 1 – 4.
  3. 1 – 2 – 3 – 4.
  4. 1 – 4 – 2 – 3.
  5. 2 – 3 – 4 – 1.

09. (UFPA) A brevidade da vida, um dos temas mais recorrentes da poesia barroca de Gregório de Matos Guerra (c. 1633-1696), está presente nos versos:

  1. “A cada canto um grande conselheiro, / Que nos quer governar cabana, e vinha, / Não sabem governar sua cozinha, / E podem governar o mundo inteiro.”
  2. “Nascestes bela, e fostes entendida / Uniu-se em vós saber, e formosura: / Não se pode lograr tanta ventura, / Em quem com tal estreia foi nascida.”
  3. “Pois o caminho aberto nos deixaste, / Para alcançar de Deus também clemência / Na ordem singular de penitência / Destes Filhos Terceiros, que criaste.”
  4. “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, / Depois da Luz se segue a noite escura, / Em tristes sombras morre a formosura, / Em contínuas tristezas a alegria.”
  5. “Pois não seria ação mais comedida, / Demais cortês, e justa urbanidade / Fingir, que por amor, ou por piedade / Recusáveis a minha despedida?"

10. (UFMS) Leia o soneto abaixo e responda:

“Carregado de mim ando no mundo,

E o grande peso embarga-me as passadas,

Que como ando por vias desusadas,

Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

O remédio será seguir o imundo

Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,

Que as bestas andam juntas mais ousadas,

Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,

Erra, quem presumir que sabe tudo,

Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,

Que é melhor neste mundo, mar de enganos,

Ser louco c’os demais, que só, sisudo.”

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 253.

O soneto de Gregório de Matos aborda o tema do “desconcerto do mundo”, recorrente no Barroco brasileiro, que demonstra o sentimento de desagregação e de estranhamento do eu lírico em relação ao mundo.

Qual imagem, retirada do último terceto do soneto, corresponde à concepção de mundo do eu lírico neste soneto?

  1. “mar de enganos”.
  2. “vias desusadas”.
  3. “mais ousadas”.
  4. “seus danos”.
  5. “imundo”.

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