Cláudio Manuel da Costa
Lista de 09 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Cláudio Manuel da Costa com questões de Vestibulares.
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01. (UNIMONTES) INSTRUÇÃO: Leia o “Soneto V” que compõe a obra Poemas Escolhidos, escrita por Cláudio Manuel da Costa, e responda à questão.
Soneto V
Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.
Adorar as traições, amar o engano,
Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
Seja embora prazer; que a meu ouvido
Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/dowload/texto/bn000038.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.
Tendo em vista o “Soneto V” e os outros que compõem a obra Poemas Escolhidos, é CORRETO afirmar que o autor
- cultiva a poesia bucólica, pastoril, na qual a natureza aparece como refúgio, e aborda também temas como o sofrimento, as reflexões morais e as contradições da vida.
- faz uso da forma fixa – os sonetos –, de marcante influência camoniana, como também da forma livre, em que exalta a simplicidade.
- opõe-se aos motivos e às formas cultivados pelos autores clássicos, por exemplo, o uso dos mitos grecoromanos.
- apresenta uma poesia realista, engajada, a qual critica principalmente a rusticidade e os costumes rurais do homem do campo.
02. (Enem Digital) Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado,
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:
Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015.
A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histórico, refletidos no soneto por um eu lírico que
- busca o seu reconhecimento literário entre as gerações futuras.
- contempla com sentimento de cumplicidade a natureza e o pastoreio.
- lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça e pela indiferença.
- encontra na simplicidade das imagens a expressão do equilíbrio e da razão.
- recorre a elementos mitológicos da cultura clássica como símbolos da terra.
03. (Santa Casa) Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra,
Que para dar contágio a toda a terra
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado,
E a Pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas, não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais, eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes o que eu sigo,
Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.
(Domício Proença Filho (org.). Roteiro da poesia brasileira, 2006.)
Claudio Manuel da Costa é um poeta amplamente associado ao Arcadismo.
No poema, uma característica dessa escola literária está expressa
- na descrição do impasse entre dois mundos igualmente imperfeitos, a tediosa vida dos pastores e as desventuras da vida amorosa.
- na configuração de um momento de indecisão entre dois mundos inconciliáveis, a tranquilidade do campo e a vida agitada nas cidades.
- na utilização da temática pastoril, contrapondo a vida tranquila dos pastores ao sofrimento e à desilusão amorosa do eu lírico.
- no elogio à vida bucólica de um eu lírico integrado ao campo, em um cotidiano simples, pleno de pequenas recompensas.
- no retrato da vida pastoril como tediosa em relação aos atributos positivos da vida urbana e à intensidade do sentimento amoroso.
04. (EsPCEx) Influenciados pelo poeta latino Horácio, os poetas árcades costumam reaproveitar dois temas da tradição clássica: o fugere urbem e o aurea mediocritas.
Assinale o trecho de Cláudio Manuel da Costa que apresenta essas características:
- “Como, ó Céus, para os ver terei constância, / Se cada flor me lembra a formosura / Da bela causadora de minha ânsia?”
- “Se o bem desta choupana pode tanto, / Que chega a ter mais preço, e mais valia, / Que da cidade o lisonjeiro encanto;”
- “Enfim serás cantada, Vila Rica, / Teu nome alegre notícia, e já clamava; / Viva o senado! viva! repetia / Itamonte, que ao longe o eco ouvia.”
- “Já rompe, Nise, a matutina aurora / O negro manto, com que a noite escura, / Sufocando do Sol a face pura, / Tinha escondido a chama brilhadora.”
- “Destes penhascos fez a natureza / O berço, em que nasci: oh quem cuidara, / Que entre penhas tão duras se criara / Uma alma terna, um peito sem dureza.”
05. (Enem 2016) Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
COSTA, C, M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma
- angústia provocada pela sensação de solidão.
- resignação diante das mudanças do meio ambiente.
- dúvida existencial em face do espaço desconhecido.
- intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
- empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.
06. (UNESP) Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder à questão.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
O eu lírico recorre ao recurso expressivo conhecido como hipérbole no verso:
- “Quem fez tão diferente aquele prado?” (1ª estrofe)
- “E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.” (1ª estrofe)
- “Quanto pode dos anos o progresso!” (2ª estrofe)
- “Que faziam perpétua a primavera:” (3ª estrofe)
- “Árvores aqui vi tão florescentes,” (3ª estrofe)
07. (UFAM) Leia o soneto de nº. LXXI, de Cláudio Manuel da Costa:
Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e as vezes que, baixando,
Deixei do pranto o vale umedecido!
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
Assinale a característica do Arcadismo presente no poema:
- Preocupação com o embelezamento da possível feiúra da realidade.
- Idealização da vida no campo, como condição ideal para o homem.
- Defesa de uma função social e ética para a literatura.
- Apresentação de uma natureza genérica, que nos remete à Grécia.
- Tendência para retratar situações e não emoções.
08. (UFSM) Na literatura, os alimentos são empregados com frequência de forma figurada. É o que se vê no poema de Cláudio Manuel da Costa:
LXVII
Não te cases com Gil, bela serrana;
Que é um vil, um infame, um desastrado;
Bem que ele tenha mais devesa, e gado,
A minha condição é mais humana.
Que mais te pode dar sua cabana,
Que eu aqui te não tenha aparelhado?
O leite, a fruta, o queijo, o mel dourado;
Tudo aqui acharás nesta choupana:
Bem que ele tange o seu rabil grosseiro,
Bem que te louve assim, bem que te adore,
Eu sou mais extremoso, e verdadeiro.
Eu tenho mais razão, que te enamore:
E se não, diga o mesmo Gil vaqueiro:
Se é mais, que ele te cante, ou que eu te chore.
Fonte: IGLESIA, Francisco (org.). Melhores poemas de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Global, 2012, p. 96.
Sobre o poema, assinale a alternativa INCORRETA.
- Tendo como cenário o campo e, como personagens, vaqueiros, o poema pode ser caracterizado como bucólico, o que vai ao encontro de uma tendência da poesia do período em que foi composto.
- O poema apresenta uma situação de conflito entre dois vaqueiros que, segundo o eu-lírico, apresentam condições econômicas idênticas, mas sentimentais opostas.
- O último verso do poema apresenta uma antítese como forma de representação de que a disputa retratada não poderá apresentar o mesmo final feliz para todas as partes envolvidas.
- O uso anafórico de “bem”, no primeiro terceto do poema, reforça a ideia de que o adversário do eu-lírico pelo amor da “bela serrana” também possui virtudes, ainda que não sejam tão intensas.
- O poema apresenta rimas externas, interpoladas nos quartetos e alternadas nos tercetos, mas também apresenta rima interna, o que assinala uma das características da lírica: a musicalidade.
09. (UPF) Na poesia de Cláudio Manuel da Costa verifica-se um conflito entre as solicitações da poética neoclássica ou árcade, que o levam a conceber artificialmente uma paisagem _________________, e o sentimento nativista do escritor, que o impele a aproveitar artisticamente a paisagem ______________ de sua pátria.
A alternativa que completa corretamente as lacunas do texto anterior é:
- amena - bucólica
- rústica - bucólica
- bucólica - rústica
- rústica - amena
- bucólica - amena