Cartas Chilenas, Tomás Antônio Gonzaga
Lista de 05 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Cartas Chilenas, Tomás Antônio Gonzaga com questões de Vestibulares.
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01. (UEL) Leia o fragmento a seguir, retirado da obra Cartas Chilenas, e responda à questão.
Não são somente isentos da Justiça
Os cabos valerosos: onde habitam,
Se acolhem, Doroteu, os malfeitores.
E quais antigas casas de Fidalgos,
[5] Ou famosos Conventos, que na porta
Têm as grossas cadeias, onde pegam
Os míseros culpados; aqui todos
Se livram dos Meirinhos, bem que sejam
Indignos, torpes réus de Majestade.
[10] Se os ousados Meirinhos entrar querem
Nas casas destes Cabos, a que chamam
Militares quartéis, os fortes donos
Encaixam nas cabeças os casquetes,
Apertam as correias, põem as bandas,
[15] E cingindo as torcidas largas folhas,
Ultrajam com palavras a Justiça,
Resistem, gritam, ferem, matam, prendem.
(GONZAGA, Tomás A. Cartas Chilenas. Carta 9ª. p. 193-194.)
Sobre o uso de termos como “malfeitores” e “torpes” no fragmento de Cartas Chilenas, assinale a alternativa correta
- São termos que confirmam a vinculação do poema e de seu autor ao estilo que vigorava naquela época: o trovadorismo e suas cantigas de escárnio.
- São termos que já indicam o enfrentamento do herói com o mundo, tal como no Romantismo, estilo que vigorava na época da elaboração do poema, o século XIX.
- São termos em sintonia com tendências políticas do Arcadismo brasileiro do século XVIII, embora mantenham distância do espírito bucólico e lírico de outros poemas da época.
- São termos que se distanciam da veia satírica de Gregório de Matos, embora os dois poetas tenham sido contemporâneos no Barroco do século XVII.
- São termos que ostentam divergências com o estilo neoclássico do século XVIII tanto cronologicamente quanto no ataque às concepções religiosas.
02. (IDECAN) A obra “Cartas Chilenas”, cujo trecho será apresentado, destaca dois personagens: Critilo, autor da carta, e Doroteu, destinatário da carta, pseudônimo do próprio autor Tomás Antônio Gonzaga, e de seu amigo e também escritor, Cláudio Manoel da Costa. As cartas relatam os desmandos do fictício governador chileno Fanfarrão Minésio:
“Às vezes, Doroteu, se perde a conta
Dos cem açoites, que no meio estava,
Mas outra nova conta se começa.
Os pobres miseráveis já nem gritam.
Cansados de gritar, apenas soltam
Alguns fracos suspiros, que enternecem.
Que é isso, Doroteu, tu já retiras
Os olhos do papel? Tu já desmaias?
Já sentes as moções, que alheios males
Costumam infundir nas almas ternas?
Pois és, prezado amigo, muito fraco,
Aprende a ter o valor do nosso chefe
Que à janela se pôs e a tudo assiste
Sem voltar o semblante para a ilharga.
E pode ser, amigo, que não tenha
Esforço, para ver correr o sangue,
Que em defesa do trono se derrama.”
(GONZAGA. Tomas Antônio. Cartas Chilenas. Disponível em: http://www. dominiopublico. gov.br/dowload/texto/bv0003000.pdf.)
Cartas Chilenas é um conjunto de poemas, escritos em versos com uma metrificação parecida com a da epopeia, cujos versos assumem um tom satírico, atacando problemas sociais, políticos e econômicos da época em que foi veiculado, ou seja:
- Na época da Conjuração Baiana.
- No contexto da Inconfidência Mineira.
- Na época da Insurreição Pernambucana.
- No período referente à Confederação do Equador.
03. (UNIMONTES) Leia o fragmento abaixo, extraído de Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga:
[...]
Ora pois, doce amigo, vou pintá-lo
da sorte que o topei a vez primeira;
nem esta digressão motiva tédio
como aquelas que são dos fins alheias,
que o gesto, mais o traje, nas pessoas
faz o mesmo que fazem os letreiros
nas frentes enfeitadas dos livrinhos,
que dão do que eles trazem boa ideia.
[...]
Sobre o livro Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, e sobre o filme O Aleijadinho, de Geraldo Pereira dos Santos, é INCORRETO afirmar:
- O poema foi escrito para satirizar as arbitrariedades de um governador da Vila Rica Colonial.
- As narrativas, com linguagens específicas, representam um importante momento da evolução histórica do Brasil.
- O poeta vale-se de textos históricos para criar uma poesia de inquestionável valor documental.
- O título do poema é uma simulação do autor para deslocar de Vila Rica os acontecimentos daquele momento histórico.
04. (UEA) Leia um trecho da obra Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
Agora, Fanfarrão, agora falo
Contigo, e só contigo. Por que causa
Ordenas que se faça uma cobrança
Tão rápida, e tão forte contra aqueles,
Que ao Erário¹ só devem tênues somas?
Não tens Contratadores², que ao Rei devem
De mil cruzados centos, e mais centos?
Uma só quinta parte, que estes dessem,
Não matava do Erário o grande empenho?
O pobre, porque é pobre, pague tudo;
E o rico, porque é rico, vai pagando
Sem soldados à porta, com sossego!
Não era menos torpe, e mais prudente,
Que os devedores todos se igualassem?
Que, sem haver respeito ao pobre, ou rico,
Metessem no Erário um tanto certo,
À proporção das somas que devessem?
Indigno, Indigno Chefe! Tu não buscas
O público interesse. Tu só queres
Mostrar ao sábio Augusto³ um falso zelo;
Poupando ao mesmo tempo os devedores,
Os grossos devedores, que repartem
Contigo os cabedais⁴, que são do Reino.
(Cartas chilenas, 2006.)
¹ erário: conjunto dos recursos financeiros públicos; os dinheiros e bens do Estado.
² contratador: aquele que negocia com mercadorias; negociante, comerciante.
³ augusto: na Roma Antiga, título dado a alguns imperadores.
⁴ cabedal: posses materiais ou recursos financeiros; bens, riquezas.
No trecho, o eu lírico
- louva a rapidez com que Fanfarrão cobra os devedores mais ricos.
- elogia Fanfarrão por cobrar de modo imparcial todos os devedores.
- acusa Fanfarrão de cobrar com pouco rigor os devedores mais ricos.
- repreende Fanfarrão por não pagar corretamente seus impostos.
- critica a indiferença de Fanfarrão para com os devedores mais pobres.
05. (UFN) É correto afirmar que O Uraguai e Cartas Chilenas são, respectivamente,
- textos representativos do Romantismo e da literatura epistolar do século XVI.
- textos poéticos em que o eu lírico se apresenta envolvido pela visão idílica da natureza.
- textos narrativos de teor épico e bucólico, em que o mito do bom selvagem é louvado.
- textos árcades, em que o tom épico e a sátira política são a tônica principal.
- textos anônimos que circularam na imprensa brasileira no início do século XVIII.