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Variação Linguística e Patrimônio Linguístico II

Lista de 10 exercícios de Linguagens com gabarito sobre o tema Variação Linguística e Patrimônio Linguístico II com questões do Enem.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Variação Linguística e Patrimônio Linguístico II.




01. (Enem 2019)

Toca a sirene na fábrica,

e o apito como um chicote

bate na manhã nascente

e bate na tua cama

no sono da madrugada.

Ternuras da áspera lona

pelo corpo adolescente.

É o trabalho que te chama.

Às pressas tomas o banho,

tomas teu café com pão,

tomas teu lugar no bote

no cais do Capibaribe.

Deixas chorando na esteira

teu filho de mãe solteira.

Levas ao lado a marmita,

contendo a mesma ração

do meio de todo o dia,

a carne-seca e o feijão.

De tudo quanto ele pede

dás só bom-dia ao patrão,

e recomeças a luta

na engrenagem da fiação.

MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais

  1. ajuda a localizar o enredo num ambiente estático.
  2. auxilia na caracterização física do personagem principal.
  3. acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens.
  4. alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto.
  5. está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes.

02. (Enem 2018)

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado,

E diga o verde-louro dessa flâmula

— “Paz no futuro e glória no passado.”

Mas, se ergues da justiça a clava forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada, Brasil!

Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)

  1. reverência de um povo a seu país.
  2. gênero solene de característica protocolar.
  3. canção concebida sem interferência da oralidade.
  4. escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
  5. artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

03. (Enem 2017)

Sítio Gerimum

Este é o meu lugar [...]

Meu Gerimum é com g

Você pode ter estranhado

Gerimum em abundância

Aqui era plantado

E com a letra g

Meu lugar foi registrado.

OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo

  1. valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
  2. confirmar o uso da norma-padrão em contexto da língua poética.
  3. enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
  4. registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
  5. reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.

04. (Enem PPL 2016) A carta manifesta reconhecimento de uma empresa pelos serviços prestados pelos consultores da PC Speed. Nesse contexto, o uso da norma-padrão

Disponível em: www.pcspeed.com.br. Acesso em: 1 maio 2012 (adaptado).

A carta manifesta reconhecimento de uma empresa pelos serviços prestados pelos consultores da PC Speed. Nesse contexto, o uso da norma-padrão

  1. constitui uma exigência restrita ao universo financeiro e é substituível por linguagem informal.
  2. revela um exagero por parte do remetente e torna o texto rebuscado linguisticamente.
  3. expressa o formalismo próprio do gênero e atribui profissionalismo à relação comunicativa.
  4. torna o texto de difícil leitura e atrapalha a compreensão das intenções do remetente.
  5. sugere elevado nível de escolaridade do diretor e realça seus atributos intelectuais.

05. (Enem PPL 2015) Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte da mesa, mas também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos, com toda certeza, está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino do Galego incorporado à grande família lusófona.

E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira de Letras.

Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser uma academia de Letras, portanto, de literatos.

BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.

No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galega da Língua Portuguesa, verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua. Esse uso

  1. torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.
  2. contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado para a situação.
  3. atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua portuguesa.
  4. dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.
  5. evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos do gênero palestra.

06. (Enem 2014)Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!

Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.

POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber

  1. descartar as marcas de informalidade do texto.
  2. reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
  3. moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
  4. adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
  5. desprezar as formas da língua previstas

07. (Enem 2013) Secretaria de Cultura Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é: Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é:

  1. Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser derrubados.
  2. Até que enfim! Os edificios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto arquitetônico da Rua Augusta.
  3. Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos moradores locais.
  4. Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de moradias populares.
  5. Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser preservado.

08. (Enem 2012) O senhor

Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora:

Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.

Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.

BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:

  1. “Essa palavra, ‘Senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio triste.”
  2. “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
  3. “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
  4. “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
  5. “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

09. (Enem 2012) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.

ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece

  1. a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
  2. a necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
  3. a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
  4. a importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo
  5. a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados

10. (Enem 2012) Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.

No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.

Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!

Informativo Parábola Editorial, s/d.

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele

  1. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão.
  2. apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
  3. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
  4. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
  5. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.

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