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Interpretação de Texto

Lista de 39 exercícios de Linguagens com gabarito sobre o tema Interpretação de Texto com questões do Enem.


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Interpretação de Texto.




01. (Enem 2024) O festival folclórico de Parintins, no Amazonas, anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23.o título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde o fim do evento que não paro de cantar duas músicas que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso; e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo desdém.

DYNLEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br. Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).

A apropriação de elementos como rivalidade, competitividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de Parintins evidencia a

  1. escolha de um local específico para a festa.
  2. importância atribuída pelos turistas aos bois.
  3. interação social estabelecida após o evento.
  4. aproximação da manifestação folclórica com o esporte.
  5. composição de enredos musicais pelos “garanchosos”

Resposta: D

Resolução: A questão destaca a rivalidade entre as torcidas dos bois no festival de Parintins, semelhante à competitividade presente em eventos esportivos. A opção D, que aponta para a “aproximação da manifestação folclórica com o esporte”, é a mais adequada, pois o texto reflete essa característica ao mencionar torcidas e gritos de guerra, elementos típicos de competições esportivas.

02. (Enem 2024) É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal, que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente popular, ligado às formas essenciais da música característica dessa província. O cavaquinho minhoto tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do “rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete, ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.

OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em: https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).

O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os instrumentos mencionados no texto

  1. refletem a dependência da utilização de matéria-prima europeia.
  2. adaptam suas características a cada cultura, assumindo nova identidade.
  3. comprovam a hegemonia portuguesa na invenção de cordófonos dedilhados.
  4. ilustram processos de dominação cultural, evidenciando situações de choque cultural.
  5. mantêm nomenclatura própria para garantir a fidelidade às formas originais de confecção.

Resposta: B

Resolução: Os instrumentos mencionados no texto, como o cavaquinho e o ukulele, refletem o processo de adaptação cultural. Cada um deles foi ajustado conforme o contexto cultural onde foi utilizado, assumindo novas formas e características. Isso mostra como a música e os instrumentos evoluem ao serem adotados por diferentes culturas, criando assim uma identidade única para cada variante do instrumento.

03. (Enem 2024) Marília acorda Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios ressequidos. Como pão em pedacinhos para não engasgar com um farelo mais duro. Marília come também, mas olha o tempo todo para baixo. Parece que tem um acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho mais uma vez pela janela. O dia está bom. Quero caminhar pelo pátio. Marília levanta, pega o andador e põe ao lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar sozinha, e levanto. O lance de escadas, apesar de pequeno, ainda me causa problemas, mas não quero um elevador na casa e não vou tolerar descer uma rampa de cadeira de rodas. Marília abre a porta e saímos para a manhã. O dia está mais fresco do que eu imaginava. Ela pega uma manta de tricô que temos desde não sei quando e põe sobre as minhas costas. Ela aperta meus ombros com muita força, porque mesmo depois de todos esses anos, não descobriu a medida certa do carinho. Eu gosto. Porque entendo que naquele ato, naquela força está o nosso carinho.

POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015.

Nesse trecho, o drama do declínio físico da narradora transmite uma sensibilidade lírica centrada na

  1. necessidade de fazer adaptações na casa.
  2. atmosfera de afeto fortalecido pelo convívio.
  3. condição de dependência de outras pessoas.
  4. determinação de manter a regularidade da rotina.
  5. aceitação das restrições de mobilidade da personagem

Resposta: B

Resolução: O trecho revela uma atmosfera de carinho e proximidade entre a narradora e Marília. Esse vínculo afetivo é enfatizado pelos pequenos gestos e pela compreensão mútua que desenvolveram ao longo dos anos, destacando um afeto que se fortaleceu pelo convívio diário e pela parceria, sem focar na dependência ou nas adaptações físicas.

04. (Enem 2024) Os Jogos Olímpicos já não são mais os mesmos. E isso não é nem uma crítica, nem um elogio. É uma constatação. Esse movimento começou com o vôlei de praia tornando-se esporte olímpico em 1996, passou pela chegada do BMX Racing como primeiro “radical” a entrar no programa em 2008, e agora atinge seu momento mais insólito com a inclusão do break dance como modalidade dos Jogos de Paris, em 2024. Para os mais tradicionalistas, o cruzamento da linha que delimitava o que é esporte e o que é cultura e arte é uma afronta ao espírito dos Jogos Olímpicos. Skate e surfe, que há anos têm competições na televisão, pareciam estar na divisa entre esses dois mundos, o limite do aceitável pelos puristas. O break dance estaria do lado de “lá” dessa fronteira. Para o Comitê Olímpico Internacional, a decisão faz parte de uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma maneira muito diferente da dos seus avós.

Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado)

A mudança no programa olímpico mencionada no texto mostra que o esporte está se

  1. aproximando da aventura.
  2. mantendo em sua forma padrão.
  3. tornando uma forma de dança.
  4. afastando de elementos culturais.
  5. adaptando às demandas do seu tempo

Resposta: E

Resolução: A inclusão de modalidades como o break dance nos Jogos Olímpicos mostra a adaptação do esporte às novas demandas culturais, especialmente as dos jovens urbanos. Ao incorporar modalidades que ultrapassam os limites tradicionais, o Comitê Olímpico Internacional visa atualizar e diversificar o evento, refletindo as transformações sociais e os interesses contemporâneos.

05. (Enem 2024) Falar errado é uma arte, Arnesto!

No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.

Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.

Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam ‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’. Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche”.

Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.

PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).

O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso

  1. marcava a linguagem dos comediantes no mesmo período.
  2. prejudicava a compreensão das canções pelo público.
  3. denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
  4. restringia a criação poética nas letras do compositor.
  5. transgredia a norma-padrão vigente à época.

Resposta: E

Resolução: A resposta correta é "E" porque o uso de expressões informais por Adoniran Barbosa transgredia a norma-padrão da época, o que gerava preconceito linguístico. Ele propositalmente usava uma linguagem que representava o "povo", desafiando a norma culta e trazendo autenticidade a suas composições, que eram mais acessíveis ao público comum.

06. (Enem 2024) Um estudo norte-americano analisou os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a saúde mental e a manutenção da atividade física, revelando que um fator está diretamente ligado ao outro. De acordo com os dados, famílias de baixa renda foram mais impactadas pelo ciclo vicioso de falta de motivação e pelo sedentarismo. Diante da necessidade de distanciamento social e do início da quarentena, as opções de espaços seguros para exercícios físicos diminuíram, o que dificultou que as pessoas mantivessem seus níveis de atividade. Os dados evidenciaram que as pessoas mais ativas tinham melhor estado de saúde mental. As pessoas com menor renda tiveram mais dificuldade para manter os níveis de atividade física durante a pandemia, sendo aproximadamente duas vezes menos propensas a continuarem no mesmo ritmo de exercícios de antes da pandemia. Habitantes de áreas urbanas mostraram maior probabilidade de não conseguirem manter os níveis de atividade física semelhantes aos de pessoas que vivem em zonas rurais, onde há mais oportunidades de sair para espaços abertos.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2021 (adaptado).

O texto evidencia a perspectiva ampliada de saúde ao abordar criticamente a pandemia da covid-1 9 a partir do(a)

  1. busca por espaços para a prática de exercícios físicos.
  2. necessidade de se manter ativo para ter equilíbrio emocional.
  3. distanciamento social e sua vinculação com a prática de atividades físicas.
  4. relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios.
  5. benefício de morar em áreas rurais para preservar a estabilidade psicológica.

Resposta: D

Resolução: O texto evidencia que fatores socioeconômicos influenciaram a prática de atividades físicas e, consequentemente, a saúde mental, especialmente durante a pandemia. A alternativa correta é a D: "relação entre os determinantes socioeconômicos e a prática de exercícios". O autor destaca que a situação econômica impactou a capacidade das pessoas de se manterem ativas, influenciando também a saúde mental.

07. (Enem 2023) Alguém muito recentemente cortara o mato, que na época das chuvas crescia e rodeava a casa da mãe de Ponciá Vicêncio e de Luandi. Havia também vestígios de que a terra fora revolvida, como se ali fosse plantar uma pequena roça. Luandi sorriu.

A mãe devia estar bastante forte, pois ainda labutava a terra. Cantou alto uma cantiga que aprendera com o pai, quando eles trabalhavam na terra dos brancos. Era uma canção que os negros mais velhos ensinavam aos mais novos. Eles diziam ser uma cantiga de voltar, que os homens, lá na África, entoavam sempre, quando estavam regressando da pesca, da caça ou de algum lugar.

O pai de Luandi, no dia em que queria agradar à mulher, costumava entoar aquela cantiga ao se aproximar de casa. Luandi não entendia as palavras do canto; sabia, porém, que era uma língua que alguns negros falavam ainda, principalmente os velhos. Era uma cantiga alegre. Luandi, além de cantar, acompanhava o ritmo batendo com as palmas das mãos em um atabaque imaginário.

Estava de regresso à terra. Voltava em casa. Chegava cantando, dançando a doce e vitoriosa cantiga de regressar.

EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2018.

A leitura do texto permite reconhecer a “cantiga de voltar’ como patrimônio linguístico que

  1. representa a memória de uma língua africana extinta.
  2. exalta a rotina executada por jovens afrodescendentes.
  3. preserva a ancestralidade africana por meio da tradição oral.
  4. resgata a musicalidade africana por meio de palavras inteligíveis.
  5. remonta à tristeza dos negros mais velhos com saudade da África.

08. (Enem 2023) Por que é tão importante amamentar?

Essa campanha publicitária do Ministério da Saúde visa

  1. divulgar um conjunto de benefícios proporcionados pela amamentação.
  2. apresentar tratamentos para infecções respiratórias em bebês.
  3. defender o direito das mulheres de amamentar em público.
  4. orientar sobre os exercícios para uma boa amamentação.
  5. informar sobre o aumento de anticorpos nas mães.

09. (Enem 2023) As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas — ou sequer feitas — por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo.

O acervo do local continha gravações de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, muitas feitas durante a década de 1960 com antigos gravadores de rolo e que ainda não haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já extintas sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é que outras instituições tenham registros dessas línguas’, diz a linguista Marília Facó Soares. A pesquisadora, que trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que fazer novas viagens de campo para recompor meus arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.

Disponível em: https://brasil.elpais.com.

Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).

A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado, uma vez que

  1. exige a retomada das pesquisas por especialistas de diferentes áreas.
  2. representa danos irreparáveis à memória e à identidade nacionais.
  3. impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área.
  4. resulta na extinção da cultura de povos originários.
  5. inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna.

10. (Enem 2023) Esse anúncio publicitário, veiculado durante o contexto da pandemia de covid-19, tem por finalidade

  1. divulgar o canal telefônico de atendimento a casos de violência contra a mulher.
  2. informar sobre a atuação de uma entidade defensora da mulher vítima de violência.
  3. evidenciar o trabalho da Defensoria Pública em relação ao problema do abuso contra a mulher.
  4. alertar a sociedade sobre o aumento da violência contra a mulher em decorrência do coronavírus.
  5. incentivar o público feminino a denunciar crimes de violência contra a mulher durante o período de isolamento.

11. (Enem 2023) A escravidão

Esses meninos que aí andam jogando peteca não viram nunca um escravo... Quando crescerem, saberão que já houve no Brasil uma raça triste, votada à escravidão e ao desespero; e verão nos museus a coleção hedionda dos troncos, dos vira-mundos e dos bacalhaus; e terão notícias dos trágicos horrores de uma época maldita: filhos arrancados ao seio das mães, virgens violadas em pranto, homens assados lentamente em fornos de cal, mulheres nuas recebendo na sua mísera nudez desvalida o duplo ultraje das chicotadas e dos olhares do feitor bestial. [...]

Mas a sua indignação nunca poderá ser tão grande como a daqueles que nasceram e cresceram em pleno horror, no meio desse horrível drama de sangue e Iodo, sentindo dentro do ouvido e da alma, numa arrastada e contínua melopeia, o longo gemer da raça mártir — orquestração satânica de todos os soluços, de todas as impressões, de todos os lamentos que a tortura e a injustiça podem arrancar a gargantas humanas.

BILAC, O. Disponível em: www.escritas.org.

Acesso em: 29 out. 2021

Publicado em 1902, o texto de Olavo Bilac enfatiza as mazelas da escravidão no Brasil ao

  1. descrever de modo impessoal as consequências da exploração racial sobre as gerações futuras.
  2. contrapor a infância privilegiada das crianças da época à infância violentada das crianças escravizadas.
  3. antecipar o futuro apagamento das marcas da escravidão no contexto social.
  4. criticar a atenuação da violência contra os povos escravizados nas memórias retratadas pelos museus.
  5. imaginar a reação de indiferença de seus contemporâneos com os escravizados libertos.

12. (Enem 2023) A neozelandesa Laurel Hubbard fez história nos Jogos Olímpicos. Apesar de ter ficado de fora da disputa por medalhas, a levantadora de peso deixou sua marca na edição de Tóquio por ser a primeira mulher abertamente transgênero a participar de uma competição olímpica.

No início da carreira, na década de 1990, a neozelandesa participava de disputas na categoria masculina. Em 2001, aos 23 anos, ela se afastou da atividade.

“A pressão de tentar me encaixar em um mundo que talvez não tenha sido feito para pessoas como eu se tornou um fardo muito grande para suportar”. Em 2012, Laurel começou sua transição de gênero por meio de terapias hormonais e, em 2013, declarou abertamente ser uma mulher trans.

Para o Comitê Olímpico Internacional, a participação de mulheres trans nos Jogos é permitida caso o nível de testosterona, hormônio que aumenta a massa muscular, esteja abaixo de 10 nanomols por litro por pelo menos 12 meses.

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.

Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).

No texto, os limites do potencial inclusivo do esporte são dados pela

  1. dificuldade de conseguir bons resultados esportivos.
  2. dependência de características biológicas padronizadas.
  3. inexistência de uma categoria para pessoas transgênero.
  4. necessidade de afastamento temporário das competições.
  5. impossibilidade de uso controlado de substâncias exógenas.

13. (Enem 2023) “Ganhei 25 medalhas em mundiais, sete em Jogos Olímpicos, e sou uma sobrevivente de abuso sexual.” Foi assim que Simone Biles se apresentou ao comitê do Senado norte-americano que investiga as supostas falhas do FBI no caso Larry Nassar.

Biles e outras três atletas, vítimas dos abusos do ex-médico da equipe de ginástica feminina dos EUA, exigiram que os agentes da investigação sejam processados por falta de ação prévia contra Nassar agora preso.

Biles esclareceu que culpa Larry Nassar e “todo o sistema que o permitiu e o perpetrou”, acusando a Federação de Ginástica e o Comitê Olímpico dos Estados Unidos de saberem “muito antes” que ela havia sofrido abusos. A melhor ginasta do mundo é um ícone. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma lesão psicológica a impediu de competir como previa.

No entanto, ela chegou ao topo como uma líder no trabalho de acabar com o preconceito com os problemas de saúde mental. “Não quero que nenhum outro atleta olímpico sofra o horror que eu e outras centenas suportamos e continuamos suportando até hoje”, afirmou.

Disponível em: https//brasil.elpais.com.

Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).

O fato relatado na notícia chama a atenção acerca da necessidade de reflexão sobre a relação entre o esporte e

  1. o desempenho atlético internacional.
  2. a dimensão emocional dos atletas.
  3. os comitês olímpicos nacionais.
  4. as instituições de inteligência.
  5. as federações esportivas.

14. (Enem 2023) O acesso às Práticas Corporais/Atividades Físicas (PC/AF) é desigual no Brasil, à semelhança de outros indicadores sociais e de saúde. Em geral, PC/AF prazerosas, diversificadas, mais afeitas ao período de lazer estão concentradas nas populações mais abastadas.

As atividades físicas de deslocamento, trajetos a pé ou de bicicleta para estudar ou trabalhar, por exemplo, são mais frequentes na classe social menos favorecida. Aqui, há uma relação inversa e perversa entre variáveis socioeconômicas de acesso às PC/AF.

As maiores prevalências de inatividade física foram em mulheres, pessoas com 60 anos ou mais, negros, pessoas com autoavaliação de saúde ruim ou muito ruim, com renda familiar de até quatro salários mínimos por pessoa, pessoas que desconhecem programas públicos de PC/AF e residentes em áreas sem locais públicos para a prática.

KNUTH, A. G.; ANTUNES. P. C.

Saúde e Sociedade, n. 2, 2021 (adaptado).

O fator central que impacta a realização de práticas cor -porais/atividades físicas no tempo de lazer no Brasil é a

  1. diferença entre homens e mulheres.
  2. inexistência de políticas públicas.
  3. diversidade de faixa etária.
  4. variação de condição étnica.
  5. desigualdade entre classes sociais.

15. (Enem 2023) Mestre e companheiro, disse eu que nos íamos despedir. Mas disse mal. A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima.

Um dia supuseste “morta e separada” a consorte dos teus sonhos e das tuas agonias, que te soubera “pôr um mundo inteiro no recanto” do teu ninho; e, todavia, nunca ela te esteve mais presente, no íntimo de ti mesmo e na expressão do teu canto, no fundo do teu ser e na face de tuas ações.

Esses catorze versos inimitáveis, em que o enlevo dos teus discípulos resume o valor de toda uma literatura, eram a aliança de ouro do teu segundo noivado, um anel de outras núpcias, para a vida nova do teu renascimento e da tua glorificação, com a sócia sem nódoa dos teus anos de mocidade e madureza, da florescência e frutificação de tua alma.

Para os eleitos do mundo das ideias a miséria está na decadência, e não na morte. A nobreza de uma nos preserva das ruínas da outra. Quando eles atravessavam essa passagem do invisível, que os conduz à região da verdade sem mescla, então é que entramos a sentir o começo do seu reino, o reino dos mortos sobre os vivos.

BARBOSA. R. O adeus da Academia a Machado de Assis.

Rio de Janeiro: Agir, 1962.

Esse é um trecho do discurso de Rui Barbosa na Academia Brasileira de Letras em homenagem a Machado de Assis por ocasião de sua morte. Uma das características desse discurso de homenagem é a presença de

  1. metáforas relacionadas à trajetória pessoal e criadora do homenageado.
  2. recursos fonológicos empregados para a valorização do ritmo do texto.
  3. frases curtas e diretas no relato da vida e da morte do homenageado.
  4. contraposição de ideias presentes na obra do homenageado.
  5. seleção vocabular representativa do sentimento de nostalgia.

16. (Enem 2023) A sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou uma mudança histórica e inédita no lema olímpico, criado em 1894 pelo Barão Pierre de Coubertin para expressar os valores e a excelência do esporte. Mais de 120 anos depois, o lema tem sua primeira alteração para ressaltar a solidariedade e incluir a palavra "juntos": mais rápido, mais alto, mais forte – juntos. A mudança foi aprovada por unanimidade pelos membros do COI e celebrada pelo presidente da entidade.

Disponível em: https://ge.globo.com.

Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).

De acordo com o texto, a alteração do lema olímpico teve como objetivo a

  1. unificação do lema anterior ao atual.
  2. aproximação entre o lema olímpico e o COl.
  3. junção do lema olímpico com os princípios esportivos.
  4. associação entre o lema olímpico e a cooperatividade.
  5. vinculação entre o lema olímpico e os eventos atléticos.

17. (Enem 2023) De quem é esta língua?

Uma pequena editora brasileira, a Urutau, acaba de lançar em Lisboa uma "antologia antirracista de poetas estrangeiros em Portugal", com o título Volta para a tua terra.

O livro denuncia as diversas formas de racismo a que os imigrantes estão sujeitos. Alguns dos poetas brasi leiros antologiados queixam-se do desdém com que um grande número de portugueses acolhe o português bra sileiro. É uma queixa frequente.

"Aqui em Portugal eles dizem /– eles dizem – / que nosso português é errado, que nós não falamos português", escreve a poetisa paulista Maria Giulia Pinheiro, para concluir: "Se a sua linguagem, a lusitana, / ainda conserva a palavra da opressão / ela não é a mais bonita do mundo./ Ela é uma das mais violentas".

AGUALUSA, J. E. Disponível em: https://oglobo.globo.com.

Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).

O texto de Agualusa tematiza o preconceito em relação ao português brasileiro. Com base no trecho citado pelo autor, infere-se que esse preconceito se deve

  1. à dificuldade de consolidação da literatura brasileira em outros países.
  2. aos diferentes graus de instrução formal entre os falantes de língua portuguesa.
  3. à existência de uma língua ideal que alguns falantes lusitanos creem ser a falada em Portugal.
  4. ao intercâmbio cultural que ocorre entre os povos dos diferentes países de língua portuguesa.
  5. à distância territorial entre os falantes do português que vivem em Portugal e no Brasil.

18. (Enem 2023) Na Idade Média, as notícias se propagavam com surpreendente eficácia. Segundo uma emérita professora de Sorbonne, um cavalo era capaz de percorrer 30 quilômetros por dia, mas o tempo podia se acelerar dependendo do interesse da notícia. As ordens mendicantes tinham um papel importante na disseminação de informações, assim como os jograis, os peregrinos e os vagabundos, porque todos eles percorriam grandes distâncias.

As cidades também tinham correios organizados e selos para lacrar mensagens e tentar certificar a veracidade das correspondências. Graças a tudo isso, a circulação de boatos era intensa e politicamente relevante. Um exemplo clássico de fake news da era medieval é a história do rei que desaparece na batalha e reaparece muito depois, idoso e transformado.

Disponível em: www.elpais.com.br. Acesso em: 18 jun. 2018 (adaptado).

A propagação sistemática de informações é um fenômeno recorrente na história e no desenvolvimento das sociedades. No texto, a eficácia dessa propagação está diretamente relacionada ao(à)

  1. velocidade de circulação das notícias.
  2. nível de letramento da população marginalizada.
  3. poder de censura por parte dos serviços públicos.
  4. legitimidade da voz dos representantes da nobreza.
  5. diversidade dos meios disponíveis em uma época histórica.

19. (Enem 2023) Se a interferência de contas falsas em discussões políticas nas redes sociais já representava um perigo para os sistemas democráticos, sua sofisticação e maior semelhança com pessoas reais têm agravado o problema pelo mundo.

O perigo cresceu porque a tecnologia e os métodos evoluíram dos robôs, os “bots” — softwares com tarefas on-line automatizadas —, para os “ciborgues” ou “trolls”, contas controladas diretamente por humanos com ajuda de um pouco de automação.

Mas pesquisadores começam agora a observar outros padrões de comportamento: quando mensagens não são programadas, sua publicação se concentra só em horários de trabalho, já que é controlada por pessoas cuja profissão é exatamente essa, administrar um perfil falso durante o dia.

Outra pista: a pobreza vocabular das mensagens publicadas por esses perfis. Um funcionário de uma empresa que supostamente produzia e vendia perfis falsos explica que às vezes “faltava criatividade” para criar mensagens distintas controlando tantos perfis falsos ao mesmo tempo.

GRAGNANI, J. Disponível em: www.bbc.com.

Acesso em: 16 dez. 2017.

De acordo com o texto, a análise de características da linguagem empregada por perfis automatizados contribui para o(a)

  1. controle da atuação dos profissionais de TI.
  2. desenvolvimento de tecnologias como os “trolls”.
  3. flexibilização dos turnos de trabalho dos controladores.
  4. necessidade de regulamentação do funcionamento dos “bots”.
  5. identificação de padrões de disseminação de informações inverídicas.

20. (Enem 2023) Maio foi colorido de amarelo, e o foi porque mundialmente amarelo é a cor convencionada para as advertências. No trânsito, essas advertências têm sido fatais. A estimativa, caso nada seja feito, é a de que se atinjam assustadoras 2,4 milhões de mortes no trânsito em 2030 em todo o mundo.

A pressa constante, o sentimento de invencibilidade, a certeza de invulnerabilidade, a necessidade de poder, a falta de civilidade, a certeza de impunidade, a ausência de solidariedade, a inexistência de compaixão e o desrespeito por si próprio são circunstâncias reais que, não raro, concorrem para o comportamento violento no trânsito.

O Maio Amarelo, que preconiza a atenção pela vida, é uma das iniciativas nesse sentido. E é precisamente a atenção pela vida que está esquecida. Essa atenção, por certo, requer menos pressa, mais civilidade, limites assegurados, consciência de vulnerabilidade, solida riedade, compaixão e respeito por si e pelo outro. Reafirmar e praticar esses princípios e valores talvez seja um caminho mais seguro e menos violento, que garanta a vida e não celebre a morte.

Disponível em: http://portaldotransito.com.br.

Acesso em: 11 dez. 2018 (adaptado).

Considerando os procedimentos argumentativos utilizados, infere-se que o objetivo desse texto é

  1. enumerar as causas determinantes da violência no trânsito.
  2. contextualizar a campanha de advertência no cenário mundial.
  3. divulgar dados numéricos a alarmantes sobre acidentes de trânsito.
  4. sensibilizar o público para a importância de uma direção responsável.
  5. restringir os problemas da violência no trânsito a aspectos emocionais.

21. (Enem 2023) Ainda daquela vez pude constatar a bizarrice dos costumes que constituíam as leis mais ou menos constantes do seu mundo: ao me aproximar, verifiquei que o Sr. Timóteo, gordo e suado, trajava um vestido de franjas e lantejoulas que pertencera a sua mãe.

O corpete descia-lhe excessivamente justo na cintura, e aqui e ali rebentava através da costura um pouco da carne aprisionada, esgarçando a fazenda e tornando o prazer de vestir-se daquele modo uma autêntica espécie de suplício.

Movia-se ele com lentidão, meneando todas as suas franjas e abanando-se vigorosamente com um desses leques de madeira de sândalo, o que o envolvia numa enjoativa onda de perfume. Não sei direito o que colocara sobre a cabeça, assemelhava-se mais a um turbante ou a um chapéu sem abas de onde saíam vigorosas mechas de cabelos alourados.

Como era costume seu também, trazia o rosto pintado — e para isto, bem como para suas vestimentas, apoderara-se de todo o guarda-roupa deixado por sua mãe, também em sua época famosa pela extravagância com que se vestia — o que sem dúvida fazia sobressair-lhe o nariz enorme, tão característico da família Meneses.

CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.

Pela voz de uma empregada da casa, a descrição de um dos membros da família exemplifica a renovação da ficção urbana nos anos 1950, aqui observada na

  1. opção por termos e expressões de sentido ambíguo.
  2. crítica social inspirada pelo convívio com os patrões.
  3. descrição impressionista do fetiche do personagem.
  4. presença de um foco narrativo de caráter impreciso.
  5. ambiência de mistério das relações entre familiares.

22. (Enem 2023) Dão Lalalão

Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir por escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros, Assim estavam jantando, vinham os do povoado receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca...

Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. — “A estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não rende...” – explicava o Zuz ao Dalberto.

Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem trabalho, se recordava das palavras, até com clareza — disso se admirava. Contava com prazer de demorar, encher a sala com o poder de outros altos personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O capítulo da novela estava terminando.

ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile).

São Paulo: Global, 2021.

Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoado por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se ao(à)

  1. qualidade do som do rádio.
  2. estabilidade do enredo contado.
  3. ineditismo do capítulo da novela.
  4. jeito singular de falar aos ouvintes.
  5. dificuldade de compreensão da história.

23. (Enem 2023) Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol também significam a mesma coisa. O que muda é só o hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, existem sinais que variam em relação à região, à idade e até ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais.

Essas variações são um dos temas da disciplina Linguística na língua de sinais, oferecida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre.

“Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é uni versal, o que não é verdade”, explica a professora e chefe do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre variação em relação à localização geográfica, à faixa etária e até ao gênero dos usuários” completa a especialista.

Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meiavolta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.

Disponível em: www.educacao.sp.gov.br.

Acesso em 1 nov. 2021 (adaptado)

Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras)

  1. passa por fenômenos de variação linguística como qualquer outra língua.
  2. apresenta variações regionais, assumindo novo sentido para algumas palavras.
  3. sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais diferentes para algumas palavras.
  4. diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada região a sua própria língua de sinais.
  5. é ininteligível para parte dos usuários em razão das mudanças de sinais motivadas geograficamente.

24. (Enem 2023) Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultura[, este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias.

O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por longos anos montamos nossas edições com assuntos saídos das estantes de uma grande livraria – e assim continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.

HERZ, P. ]cultura[ n. 1. jun. 2018 (adaptado).

O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(à)

  1. perfil de público-alvo, constituído por leitores exi -gentes e especializados em leitura acadêmica.
  2. propósito do editor, chamando a atenção para o rigor normativo nos textos da revista.
  3. exclusividade na seleção temática, direcionada para a área das ciências humanas.
  4. identidade da revista, voltada para a recepção e a promoção de ideias circulantes em livros.
  5. padrão editorial dos artigos, organizados em torno de uma proposta de design inovador.

25. (Enem 2023)

A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, preparando jovens — em quase sua totalidade negros — para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo estrutural no país.

É a partir da arte que Baticum consegue envolver a juventude em um projeto de fortalecimento dessa população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da violência, em 2019, os negros representaram 77% das vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes, a maioria deles jovens.

O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que justifica o movimento de resistência crescente no Brasil.

MENDONÇA. F. Disponível em: www.cartacapital.com.br.

Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).

O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o objetivo de

  1. ressaltar a importância da poesia para denunciar a morte de negros, que cresce a cada dia.
  2. destacar o crescimento exponencial da temática do preconceito na produção literária no Brasil.
  3. demonstrar o incremento no quantitativo de expressões artísticas na discussão de problemas sociais.
  4. evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os negros são vítimas em potencial da violência.
  5. salientar o aumento da participação de jovens nos movimentos de resistência na área da cultura.

26. (ENEM 2022) Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”. Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.

Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.

PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).

Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da

  1. citação a referências literárias tradicionais.
  2. alusão à inocência das crianças da época.
  3. estratégia de questionar a bondade humana.
  4. descrição detalhada das pessoas do interior.
  5. representação anedótica de atos de violência.

27. (ENEM 2022) O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu.

Foi aí que, em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali.

Era a hora e a vez de os caranguejos – aos quais os músicos recifenses gostavam de se comparar – mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar para o Recife.

A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos.

FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta.

Revista Esquinas, n. 87, set 2019 (adaptado).

Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana, fato que se deu pela

  1. utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos tradicionais.
  2. ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos musicais memoráveis.
  3. substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e harmonias inovadoras.
  4. recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em grandes festivais.
  5. integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova combinação estética.

28. (ENEM 2022) É ruivo? Tem olhos azuis? É homem ou mulher? Usa chapéu? Quem jogou Cara a Cara na infância sabe de cor o roteiro de perguntas para adivinhar quem é o personagem misterioso do seu oponente.

Agora, o jogo está prestes a ganhar uma nova versão.

A designer polonesa Zuzia Kozerska-Girard está desenvolvendo uma variação do Guess Who? (nome do Cara a Cara em inglês), em que as personalidades do tabuleiro são, na verdade, mulheres notáveis da história e da atualidade, como a artista Frida Kahlo, a ativista Malala Yousafzai, a astronauta Valentina Tereshkova e a aviadora Amelia Earhart. O Who’s She? (“Quem é ela?”, em português) traz, no total, 28 mulheres que representam diversas profissões, nacionalidades e idades.

A ideia é que, em vez de perguntar sobre a aparência das personagens, as questões sejam direcionadas aos feitos delas: ganhou algum Nobel, fez alguma descoberta? Para cada personagem há um cartão com fatos divertidos e interessantes sobre sua vida. Uma campanha entrou no ar com o objetivo de arrecadar dinheiro para desenvolver o Who’s She?. A meta inicial era reunir 17 mil dólares. Oito dias antes de a campanha acabar, o projeto já angariou quase 350 mil dólares.

A chegada do jogo à casa do comprador varia de acordo com a quantia doada — quanto mais você doou, mais rápido vai poder jogar.

Disponível em: www.super.abril.com.br.

Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).

Ao divulgar a adaptação do jogo para questões relativas a ações e habilidades de mulheres notáveis, o texto busca

  1. contribuir para a formação cidadã dos jogadores.
  2. refutar modelos estereotipados de beleza e elegância.
  3. estimular a competitividade entre potenciais compradores.
  4. exemplificar estratégias de arrecadação financeira pela internet.
  5. desenvolver conhecimentos lúdicos específicos dos tempos atuais.

29. (ENEM 2022) O bebê de tarlatana rosa

– [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no mar alto da depravação, só, com uma roupa leve por cima da pele e todos os maus instintos fustigados. De resto a cidade inteira estava assim.

É o momento em que por trás das máscaras as meninas confessam paixões aos rapazes, é o instante em que as ligações mais secretas transparecem, em que a virgindade é dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse momento tudo é possível, os maiores absurdos, os maiores crimes; nesse momento há um riso que galvaniza os sentidos e o beijo se desata naturalmente.

Eu estava trepidante, com uma ânsia de acanalhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do galarim perfumadas e por demais conhecidas, nada do contato familiar, mas o deboche anônimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar, continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente sofre do mesmo mal no carnaval.

RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: Antíqua, 2002.

No texto, o personagem vincula ao carnaval atitudes e reações coletivas diante das quais expressa

  1. consagração da alegria do povo.
  2. atração e asco perante atitudes libertinas.
  3. espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
  4. intenção de confraternizar com desconhecidos.
  5. reconhecimento da festa como manifestação cultural.

30. (ENEM 2022) “Vida perfeita” em redes sociais pode afetar a saúde mental

Nas várias redes sociais que povoam a internet, os chamados digital influencers estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo para milhares de seguidores, ditando tendências e mostrando um estilo de vida sonhando por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem improvável de ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do Instituto Feliciência.

A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para as redes sociais. Para manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica, o uso racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psquiatra Renata Nayara Figueiredo, presidante da Associação Psquiatra de Brasília (APBr).

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br.

Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).

Associada ao ideário de uma “vida perfeita”, a positividade tóxica mencionada no texto é um fenômeno social recente, que se constitui com base em

  1. representações estereotipadas e superficiais de felicidade.
  2. ressignificações contemporâneas do conceito de alegria.
  3. estilos de vida inacessíveis para a sociedade brasileira.
  4. atitudes contraditórias de influenciadores digitais.
  5. padrões idealizados e nocivos de beleza física.

31. (ENEM 2022) MANUAL DE ORIENTAÇÃO

O primeiro guia prático da Sociedade Brasileira de Pediatria para ajudar pais e pediatras no desafio de educar nativos digitais

A criança não deve ser exposta passivamente às telas TV, tablet, celular etc., principalmente durante as refeições e até 2 horas antes de dormir.

A criança não deve ser exposta passivamente às telas TV, tablet, celular etc., principalmente durante as refeições e até 2 horas antes de dormir.

O tempo de exposição às telas deve ser limitado a 1 hora por dia. Crianças dessa faixa etária devem ser mais protegidas da violência virtual, pois não sabem separar fantasia de realidade.

O tempo de exposição às telas deve ser limitado a 1 hora por dia. Crianças dessa faixa etária devem ser mais protegidas da violência virtual, pois não sabem separar fantasia de realidade.

Devem ter acesso controlado a computadores e dispositivos móveis. Crianças de até 10 anos não devem usar TV ou computador no próprio quarto.

Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado).

O texto sobre os chamados nativos digitais traz informações com a função de

  1. propor ações específicas para cada etapa da infância.
  2. estabelecer regras que devem ser seguidas à risca.
  3. explicar os efeitos do acesso precoce à internet.
  4. determinar a incorporação de rituais à educação dos filhos.
  5. educar com base em um conjunto de estratégias formativas.

32. (ENEM 2022) São vários os fatores, internos e externos, que influenciam os hábitos das pessoas no acesso à internet, assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A utilização das tecnologias de informação e comunicação está diretamente relacionada aos aspectos como: conhecimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de instrução, escolaridade, letramento digital etc. Os que detêm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais acessam a rede e também os que possuem maior índice de acumulatividade das práticas.

A análise dos dados nos possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mesmas adversidades e exclusões já verificadas na sociedade brasileira no que se refere a analfabetos, menos escolarizados, negros, população indígena e desempregados. Isso significa dizer que a internet, se não produz diretamente a exclusão, certamente a reproduz, tendo em vista que os que mais a acessam são justamente os mais jovens, escolarizados, remunerados, trabalha dores qualificados, homens e brancos.

SILVA, F. A. B.; ZIVIANE, P.; GHEZZI, D. R. As tecnologias digitais e seus usos. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2019 (adaptado).

Ao analisarem a correlação entre os hábitos e o perfil socioeconômico dos usuários da internet no Brasil, os pesquisadores

  1. apontam o desenvolvimento econômico como solução para ampliar o uso da rede.
  2. questionam a crença de que o acesso à informação é igualitário e democrático.
  3. afirmam que o uso comercial da rede é a causa da exclusão de minorias.
  4. refutam o vínculo entre níveis de escolaridade dificuldade de acesso.
  5. condicionam a expansão da rede à elaboração de políticas inclusivas.

33. (ENEM 2022) Ciente de que, no campo da criação, as inovações tecnológicas abrem amplo leque de possibilidades – ao permitir, e mesmo estimular, que o artista explore a fundo, em seu processo criativo, questões como a aleatoriedade, o acaso, a não linearidade e a hipermídia –, Leo Cunha comenta que, no que tange ao campo da divulgação, as alternativas são ainda mais evidentes:

“Afinal, é imensa a capacidade de reprodução, multiplicação e compartilhamento das obras artísticas/culturais. Ao mesmo tempo, ganham dimensão os dilemas envolvidos com a questão da autoria, dos direitos autorais, da reprodução e intervenção não autorizadas, entre outras questões”.

Já segundo a professora Yacy-Ara Froner, o uso de ferramentas tecnológicas não pode ser visto como um fim em si mesmo. Isso porque computadores, samplers, programas de imersão, internet e intranet, vídeo, televisão, rádio, GPD etc. são apenas suportes com os quais os artistas exercem sua imaginação.

SILVA JR., M. G. Movidas pela dúvida. Minas faz Ciências, n. 52, dez-fev. 2013 (adaptado).

Segundo os autores citados no texto, a expansão de possibilidades no campo das manifestações artísticas promovida pela internet pode pôr em risco o(a)

  1. sucesso dos artistas.
  2. valorização dos suportes.
  3. proteção da produção estética.
  4. modo de distribuição de obras.
  5. compartilhamento das obras artísticas.

34. (ENEM 2022) Ora, sempre que surge uma nova técnica, ela quer demonstrar que revogará as regras e coerções que presidiram o nascimento de todas as outras invenções do passado. Ela se pretende orgulhosa e única.

Como se a nova técnica carreasse com ela, automaticamente, para seus novos usuários, uma propensão natural a fazer economia de qualquer aprendizagem. Como se ela se preparasse para varrer tudo que a precedeu, ao mesmo tempo transformando em analfabetos todos os que ousassem repeli-la.

Fui testemunha dessa mudança ao longo de toda a minha vida. Ao passo que, na realidade, é o contrário que acontece. Cada nova técnica exige uma longa iniciação numa nova linguagem, ainda mais longa na medida em que nosso espírito é formatado pela utilização das linguagens que precederam o nascimento da recém-chegada.

ECO, U.; CARRIÈRE, J.-C. Não contem com o fim do livro. Rio de Janeiro: Record, 2010 (adaptado).

O texto revela que, quando a sociedade promove o desenvolvimento de uma nova técnica, o que mais impacta seus usuários é a

  1. dificuldade na apropriação da nova linguagem.
  2. valorização da utilização da nova tecnolgia.
  3. recorrência das mudanças tecnológicas.
  4. suplantação imediata dos conhecimentos prévios.
  5. rapidez no aprendizado do manuseio das novas invenções.

35. (ENEM 2022 PPL) TEXTO I

O homem atual está sacrificando conhecimentos profundos de qualidade em prol de informações cada vez mais reduzidas, o que dá uma imagem incompleta do mundo em que cremos viver. Por isso as numerosas notícias de hoje serão esquecidas amanhã, uma vez que serão substituídas por outras numerosas notícias. Quanto mais informações tem uma sociedade, um acúmulo excessivo, menos memória guardamos, o que diminui sua profundidade histórica, e, por conseguinte, também a capacidade que se tem para conduzi-la com as nossas próprias mãos.

Disponível em: www.revistaesfinge.com.br. Acesso em: 13 out. 2021 (adaptado).

TEXTO II

Esc (Caverna digital)

O que Maria vê

Seu João não vê

Dentro de cada universo

Cada um enxerga e sente

Com seu cada qual

O que Francisco diz

Bia num entendeu

Já tinha visto tanta coisa

Que na sua cabeça tudo logo se perdeu

Me faz lembrar onde estamos

Digitalmente perdidos

Me faz lembrar nosso rumo

Liquidamente entretidos [...]

Lá fora um vendaval (aqui na)

Caverna digital

Ficamos inventando histórias

Uma ilusão perfeita do que era pra ser

Olho que tudo vê

Ela ele você

SCALENE. Magnitite. São Paulo: Red Bull Studios, 2017 (fragmento).

Na comparação entre os dois textos, constata-se que a crítica comum a ambos refere-se ao(à)

  1. aversão ao controverso.
  2. incompreensão entre as pessoas.
  3. esvaziamento das relações sociais.
  4. distanciamento sistemático da realidade.
  5. incredulidade frente aos acontecimentos.

36. (ENEM 2022 PPL) Os homens estavam tratando de negócios e eu fiquei longe pra não atrapalhar. Já tinha ido com meu pai a muitos lugares e sabia que, quando ele queria falar de negócio, não gostava que eu ficasse por perto pedindo isso e aquilo. O secos e molhados era um mundo, enorme, eu me perdi lá dentro. Gostei de circular de um canto a outro [...].

Percebi que as vozes se alteravam e escutei a do meu pai apertada, mais baixa que as outras. Não sei por que, em vez de ver o que estava acontecendo, me escondi atrás das prateleiras e tentei ouvir o que eles diziam. Não entendi nada, mas pelo tom da conversa, percebi que meu pai estava triste. [...] O dono do armazém, cigarro pendurado na boca, sorriu, anotou qualquer coisa num saco de papel e enfiou a caneta sobre a orelha. Tinha uma cara feia e, ao mesmo tempo, me deu raiva e dó dele. [...] Meu pai disse, “Vamos, tá na hora”, e pagou a conta, a mercadoria não era boa, que ele compreendesse.

Saímos. Antes de chegar na Kombi, olhei de rabo de olho e vi, surpreso, que meu pai estava chorando. Na hora eu achei que seria melhor não olhar, até procurei fingir, pra ele se controlar. Eu senti que ele se envergonharia se eu percebesse. Andamos depressa, a grande mão dele no meu ombro, num toque leve, um carinho resignado. Como quem não quer nada, fiz que estava atento ao movimento das ruas, mas via a dor cobrindo o rosto dele quando o sol cintilou seus olhos.

CARRASCOZA, J. A. Aos 7 e aos 40. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

No texto, a relação entre os personagens adquire uma representação tensa, na perspectiva do narrador-personagem, que reconhece a

  1. humilhação sofrida pelo pai na negociação.
  2. ameaça nas atitudes do dono do comércio.
  3. compaixão pelo comportamento paterno.
  4. tensão entre os homens do armazém.
  5. hierarquia entre adulto e criança.

37. (ENEM 2022 PPL) Duas castas de considerações fez de si para consigo o cauto Conselheiro. Primeiramente foi saltar-lhe ao nariz a evidência de que ministro não visita empregado público, ainda que in extremis, mesmo a uma braça, ou duas, acima do chapéu do amanuense mais bisonho. Também não visita escritor enfermo por ser escritor, e por estar enfermo. Seriam trabalhos, ambos, a que não se daria um ministro, nem sempre ocupado das cousas, altas ou baixas, do Estado.

O tempo ministerial não se vai perdulariamente, não se faz em farinhas. Os titulares esquivam-se até a suspirar, que os suspiros implicam o desperdício de minutos se o suspiro é de minutos, além de permitirem ilações perigosas sobre a estabilidade do ministro, quando não do próprio gabinete.

A segunda ponderação remeteu-o à certeza de que terminantemente chegavam ao cabo seus dias; e de que as esperanças eram aéreas, atado agora à cama até que o encerrassem na urna, como um voto eleitoral frio.

MARANHÃO, H. Memorial do fim: a morte de Machado de Assis. São Paulo: Marco Zero, 1991.

O texto relata o momento em que, no leito de morte, Machado de Assis recebe a visita do Barão do Rio Branco, ministro de Estado. Criando a cena, o narrador obtém expressividade ao

  1. representar com fidelidade os fatos históricos.
  2. caracterizar a situação com profundidade dramática.
  3. explorar a sensibilidade dos personagens envolvidos.
  4. assumir a perspectiva irônica e o estilo narrativo do personagem.
  5. recorrer a metáforas sutis e comparações de sentido filosófico.

38. (ENEM 2022 PPL) TEXTO I

Há uma geração inteira sem conseguir emprego. Grande parte sonha com um concurso público. Não é novidade, multidões sempre correram atrás de emprego municipal, estadual ou federal. Espanta é a disposição para trabalhar em qualquer área, fora do que consideravam sua vocação. Em crise, vocação é ter salário. Há quem continue na casa dos pais, indefinidamente. Ou quem volte. O problema é que nem sempre dá certo. Mães e pais que têm aposentadoria ainda asseguram a sobrevivência dos filhos. É uma geração à deriva.

CARRASCO, W. Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).

TEXTO II

Ah, a casa da avó! Sinônimo de comidinha gostosa, muita brincadeira, vontades feitas. O imaginário de muita gente traz da infância as melhores lembranças da casa da avó. Mas o que para muitos é apenas um local para brincadeiras e férias, para outros, nos últimos tempos, tem sido sinônimo da casa principal, onde os netos moram e são criados.

Não só o mercado de trabalho levou as crianças para a casa das avós em tempo integral, mas também a sociedade moderna, com o divórcio e as novas constituições familiares. Com o divórcio, a correria do dia a dia no mercado de trabalho e a própria emancipação da mulher, muitas mães delegaram aos avós a tarefa de criar seus filhos.

MAIA, K. Disponível em: www.cnte.org.br. Acesso em: 23 ago. 2017 (adaptado).

Esses dois textos têm temáticas diferentes, na medida em que o Texto I trata da volta dos filhos à casa dos pais, e o Texto II, da permanência dos netos na casa dos avós. Entretanto, eles se aproximam no que diz respeito

  1. ao aconchego que os filhos e netos encontram nesses lugares.
  2. ao fator econômico, que é a causa do problema nos dois casos.
  3. aos problemas de relacionamento que surgem nessas situações.
  4. ao divórcio, que é apontado como comum nos dias de hoje.
  5. à independência da mulher, que causa a ausência das mães.

39. (ENEM 2022 PPL) Em nenhum outro tipo de literatura a fantasia desempenha papel tão importante. Sapos se transformam em príncipes, animais conversam com humanos, mesas se põem sozinhas e contratempos insolúveis se resolvem de um parágrafo para outro.

Essa falta de verossimilhança não afasta o leitor. Pelo contrário, juntamente com o anonimato dos príncipes e princesas, que não têm personalidade definida e vivem em terras distantes sem localização exata, ela facilita a identificação com os personagens.

O mundo da fantasia abre espaço para que coisas desagradáveis, que não seriam toleradas em outros tipos de história, passem incólumes, como bruxas comedoras de criancinha e anões cruéis que roubam bebês. Boa parte do fascínio dos contos tem origem justamente nesse mundo sombrio.

Contos de fadas não constituem sempre histórias agradáveis polvilhadas com açúcar, como a casa de pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tramas são recheadas de malvadezas que sobrevivem às dezenas de adaptações. Podem passar despercebidas, mas estão lá. Ou é inofensiva a história de uma menina e sua avó que são devoradas vivas por um lobo? Ou é inocente o conto da menina que é sequestrada e obrigada a passar a juventude trancada no alto de uma torre? E o que dizer do bebê condenado à morte no dia do seu batizado?

Disponível em: https://super.abril.com.br. Acesso em: 20 jun. 2019 (adaptado).

As perguntas ao final do texto estão relacionadas ao argumento segundo o qual contos de fadas

  1. manifestam aspectos obscuros da condição humana.
  2. estimulam a fantasia e a imaginação dos leitores.
  3. favorecem a identificação com os personagens.
  4. são inadequados para a maioria das crianças.
  5. são adaptados aos valores de cada época.

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