Arte Indígena
Lista de 05 exercícios de História da Arte com gabarito sobre o tema Arte Indígena com questões de Vestibulares.
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01. (UEL) Analise as imagens e leia o texto a seguir.
Olhos e bocas aparecem costurados grosseiramente como um símbolo. O segredo guardado dentro do universo doméstico: os olhos que não podem ver, a boca que não pode falar, gritar. A artista faz da trama um elemento questionador e ao mesmo tempo criador de novos sentidos, como no trabalho Bastidores, 1997.
Adaptado de afreaka.com.br
A pintura indígena é individual, única e possui diversos significados segundo as diferenciações sociais, traduzindo a dignidade do ser humano e exprimindo a sua função sociológica. Com base nas imagens, no texto e nos conhecimentos de arte indígena e da arte contemporânea brasileira de Rosana Paulino, considere as afirmativas a seguir.
I. A obra Bastidores apropria-se de objetos usuais das mulheres para abordar questões que remetem à opressão, ao racismo, à feminilidade, articulando significados.
II. Obras indígenas trazem, também, o corpo como suporte e base das atividades artísticas, representando a beleza, a vida e suas diferenças na forma humana.
III. A arte dos Kadiwéu apresenta uma produção abstrata na pintura do corpo e do rosto com detalhes, simetria, equilibrio e beleza.
IV. A produção da obra Bastidores aborda o problema da relação entre o meio ambiente e a religião e prioriza a posição da mulher na natureza e a força do pensamento místico.
Assinale a alternativa correta.
- Somente as afirmativas I e II são corretas.
- Somente as afirmativas I e IV são corretas.
- Somente as afirmativas III e IV são corretas.
- Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
- Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
02. (ENEM 2018) As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima.
A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara ao
- evidenciar a simetria na disposição das peças.
- materializar a técnica sem função utilitária.
- abandonar a regularidade na composição.
- anular possibilidades de leituras afetivas.
- integrar o suporte em sua constituição.
03. (Unimontes) Veja a reprodução de duas das fotografias de Sebastião Salgado, da série Os Awá-Guajá:
Comparando as reproduções acima com A primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, pode-se afirmar, EXCETO
- Enquanto a celebração da missa e a cruz elevada concentram os olhares na obra de Meirelles, Salgado apresenta o olhar dos Awá-Guajá nos questionando, espectadores externos à cena.
- Enquanto em Salgado há componentes de crítica social, em Meirelles há adesão aos interesses do colonizador.
- A visão exótica de Meirelles sobre os indígenas é substituída, em Salgado, por um olhar imparcial das cenas cotidianas dos Awá-Guajá, não interferindo na composição da cena.
- Enquanto Salgado descentraliza o olhar mostrando integração entre o homem e o espaço natural, a tela de Meirelles é repartida entre o espaço selvagem e o civilizado.
04. (ENEM PPL 2014)
TEXTO II
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o Abaporu. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário tupi-guarani de seu pai. Batizou-se quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico.
Disponível em: www.tarsiladoamaral.com.br. Acesso em: 4 ago. 2012 (adaptado).
O movimento originado da obra Abaporu pretendia se apropriar
- da cultura europeia, para originar algo brasileiro.
- da arte clássica, para copiar o seu ideal de beleza.
- do ideário republicano, para celebrar a modernidade.
- das técnicas artísticas nativas, para consagrar sua tradição.
- da herança colonial brasileira, para preservar sua identidade.
05. (Enem 2009) A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolescentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes: Wamarĩdzadadzeiwawẽ, Butséwawẽ, Tseretomodzatsewawẽ, que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial.
(WÉRÉ' É TSI'RÓBÓ, E. A dança e o cantocelebração da existência xavante. Revista do PósGraduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006)
A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e da tradição cultural apresentados originamse da
- iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto.
- excelente forma física apresentada pelo povo Xavante.
- multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
- inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo.
- preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos a serem entoados
06. (UEL) Observe as imagens, leia o texto a seguir e responda à questão.
Falecido recentemente, Jaider Esbell (1979-2021), artista e curador indígena da etnia Makuxi, assumiu um papel central para a consolidação da Arte Indígena Contemporânea no Brasil. Meses antes de sua morte, expôs cerca de 60 obras, em uma produção que combinou pintura, escrita, desenho, instalação e performance para entrelaçar discussões entre cosmologias, narrativas míticas originárias, espiritualidade, críticas à cultura hegemônica e preocupações socioambientais. A exposição buscou ser mais do que uma introdução aos saberes dos povos originários, configurando-se como um convite para o diálogo e para uma nova forma de enxergar o mundo. Esbell debruçou-se sobre as visões em torno da árvore-pajé, Jenipapo ou Ruku, da qual se produz a tinta natural aplicada por povos indígenas em pinturas corporais e utilizada em cerimônias rituais. De coloração azul escuro, a tinta é extraída do mesocarpo e endocarpo de frutos verdes. O jenipapo é um angiosperma funcionalmente dioico que pertence à família Rubiaceae, caracterizado por apresentar fruto tipo indeiscente, cor amarelo-alaranjado, com epicarpo pardo e aroma intenso. O conhecimento dos organismos quanto à morfossistemática biológica moderna enfatiza as relações filogenéticas das espécies, diferente da classificação dos povos tradicionais, que agrupam as espécies com base em seus usos e propriedades.
Adaptado de: galeriamillan.com.br
Com base nas imagens, no texto e nos conhecimentos sobre Arte Contemporânea e multiculturalismo, assinale a alternativa correta.
- Para a produção de pintura, escrita, desenho, instalação e performance, Esbell enfatizou a maneira comum e restrita de ver o mundo, baseado nos seus saberes de origem econômica, com o intuito de transformar a cultura de seu povo em mercadoria.
- As narrativas míticas originárias, a espiritualidade, as críticas à cultura hegemônica e preocupações socioambientais são os motes dos saberes da arte neoclássica e, uma vez apreendidos por Esbell, o habilitam a estabelecer um elo multicultural.
- Os saberes enfatizados nas diferentes produções de Esbell indicam mais possibilidades de catalogação e setorização da arte contemporânea; com a árvore Jenipapo, o ‘frutotecnologia’ gera uma nova ramificação nos estudos da arte tecnológica.
- A Arte Indígena Contemporânea está conectada aos saberes que fundamentam o ensino de arte em nosso país, motivo pelo qual Esbell teve a projeção de seus trabalhos nos últimos anos, atestando a valorização da multiculturalidade.
- A produção de Esbell no circuito de arte contemporânea apresenta movimentos de rupturas da cultura hegemônica, valorizando a produção de conhecimento num sentido mais amplo e profundo, constituído e atravessado pelas diferenças.
07. (UEL) Analise a imagem e leia o texto seguir.
A prática de Thiago Martins de Melo recorre à memória cultural, por um meio dotado de historicidade como a pintura e reinventa, na contemporaneidade, personagens históricas, populações culturalmente diversas e entidades espirituais brasileiras, camponesas, míticas, indígenas e negras. Em A Reencarnação do bandeirante no ventre vermelho, lança mão de recursos diversos como monitores de tv, exibindo animações em stop motion e óleo sobre tela e em quatro quadrantes, o que configura um políptico. Segundo o artista: “Não vejo sentido em colocar uma imagem no mundo se não for para abrir uma ferida no tecido artificial da cultura”.
Adaptado de: premiopipa.com FARKAS, Solange. Thiago Martins de Melo (2019). thiagomartinsdemelo.com.br
Com base na imagem, no texto e nos conhecimentos sobre pintura, novas mídias e a relação entre obra e contexto, é correto afirmar que
- a pintura pode ser associada à tradição do gênero da paisagem por seu caráter político e histórico reforçado pela representação do espaço em um plano.
- a presença do stop motion dissocia a pintura da tradição da arte ligada aos mitos antigos e, assim, o artista indica, com gestos suaves, a subtração da técnica de pintura sobre tela.
- o políptico pode ser considerado um gênero pictórico, pois suas partes se contrapõem quando aproximadas, apresentando uma realidade cultural em emergência.
- o artista revisita momentos do passado nacional com uma pintura fortemente gestual resultando numa imagem eloquente, que evidencia correspondências com a atualidade.
- o artista alude às especificidades culturais, utilizando o princípio da perspectiva, que aproxima o primeiro plano, com formas maiores, e distancia o segundo, com formas menores.
08. (Enem PPL 2022) O povo indígena Wajãpi utiliza o Kusiwa — reconhecido como bem imaterial da humanidade em 2003 — como repertório codificado de padrões gráficos que decora e colore o corpo e os objetos. Para além de enfeitar, Kusiwa aparece como “arte”, “marca”, “pintura” e “desenho”. Esses grafismos ultrapassam a noção estética e alcançam a cosmologia e as crenças religiosas.
ALMEIDA, C. S.; CARDOSO, P. B. Arte coussiouar, perspectivas históricas de alteridade e reconhecimento. Espaço Ameríndio, n. 1, jan.-jul. 2021.
O povo Wajãpi, que vive na Serra do Tumucumaque, entre Amapá, Pará e Guiana Francesa, vivencia práticas culturais que
- perdem significado quando desprovidas de elementos gráficos.
- revelam uma concepção de arte para além de funções estéticas.
- funcionam como elementos de representação figurativa de seu mundo.
- padronizam uma mesma identidade gráfica entre diferentes povos indígenas.
- primam pela utilização dos grafismos como contraposição ao mundo imaginário.