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Gramática

Simulado com 20 questões de Linguagens Com Gabarito para a Fatec, Fuvest, Unesp, Unicamp, Unifesp e Univesp com questões de Vestibulares.






01. (FUVEST) O feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas

[5] minha experiência de vida foi marcada pelo incômodo de uma incompreensão fundamental. Não que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infância e adolescência, não tinha consciência de mim. Não sabia por que sentia vergonha de levantar a mão quando a professora fazia uma

[10] pergunta já supondo que eu não saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que não queriam formar par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no

[15] automático, me esforçando para não ser notada.

Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?.

O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” (L.6) referida pela autora é:

  1. “não que eu buscasse respostas para tudo” (L.6‐7).
  2. “não tinha consciência de mim” (L.8).
  3. “Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (L.10‐11).
  4. “me esforçando para não ser notada” (L.15).
  5. “sentia vergonha de levantar a mão” (L.8‐9).

02. (UNICAMP) O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores "praticamente intraduzíveis". Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês.

Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão:

I. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e

II. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua).

Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (I) e (II) estão presentes:

  1. Quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém) e tattarrattat (JJ, Ulisses).
  2. Transtrazer (GR, Grande sertão: veredas) e monoideal (JJ, Ulisses).
  3. Rtststr (JJ, Ulisses) e quinculinculim (GR, No Urubuquaquá, no Pinhém).
  4. Tattarrattat (JJ, Ulisses) e inesquecer-se (GR, Ave, Palavra).

03. (FUVEST) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:

“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.

Disponível em https://www.gp1.com.br/.

No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:

  1. “O carro furou o pneu”.
  2. “e bateu no meio fio”.
  3. “O refém conseguiu acionar a população”.
  4. “tentaram linchar eles”.
  5. “afirmou o major”.

04. (FUVEST) Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar.

Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna. As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamente, mas contornamo-las.

Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores.

Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado

No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que,de fato nos afete, torna-se,deste modo arte moderna” (L. 5-6), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por

  1. realmente; portanto.
  2. invariavelmente; ainda.
  3. com efeito; todavia.
  4. com segurança; também.
  5. possivelmente; até

05. (FUVEST) TEXTO PARA A QUESTÃO

amora

a palavra amora

seria talvez menos doce

e um pouco menos vermelha

se não trouxesse em seu corpo

(como um velado esplendor)

a memória da palavra amor

a palavra amargo

seria talvez mais doce

e um pouco menos acerba

se não trouxesse em seu corpo

(como uma sombra a espreitar)

a memória da palavra amar

Marco Catalão, Sob a face neutra.

É correto afirmar que o poema

  1. aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos amargo e sombrio.
  2. enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da palavra “talvez”.
  3. apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento amoroso.
  4. possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”.
  5. ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente.

06. (UNIFESP) Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, o instante atual.

Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definições, o presente não pode ter duração no tempo. Ou seja, o presente não existe!

A discussão acima nos leva a outra questão, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, então existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmogônicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial é o momento da origem do Universo “clássico”. A expressão “clássico” é usada em contraste com “quântico”, a área da física que lida com fenômenos atômicos e subatômicos.

[...]

As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepção do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico adquire uma plasticidade definida pela realidade física à sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo.

(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.)

Em “[Einstein] mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia.” (4o parágrafo), a conjunção destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:

  1. visto que.
  2. a menos que.
  3. ainda que.
  4. a fim de que.
  5. desde que.

07. (FUVEST) O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news são 70% mais propensas a serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário do que muitos pensam, esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.

Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019.

No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma

  1. conclusão.
  2. concessão.
  3. explicação.
  4. contradição.
  5. condição.

08. (FATEC) “Não havia um segundo a perder. Tirou o machado de sob o capote, levantando-o com as duas mãos e, com um gesto seco, quase mecânico, deixou-o cair na cabeça da velha. Suas mãos pareciam-lhe não ter mais forças. Entretanto, readquiriu-as assim que vibrou o primeiro golpe.

A velha estava com a cabeça descoberta, como de hábito. Os cabelos claros, grisalhos e escassos, abundantemente oleados, formavam uma pequena trança, presa à nuca por um fragmento de pente. Como era baixa, o golpe atingiu-a nas têmporas. Deu um grito fraco e caiu, tendo tido, no entanto, tempo de levar as mãos à cabeça.”

(DOSTOIÉVSKI, F. Crime e Castigo. São Paulo: Abril, 2010. p.111.)

Na passagem “Entretanto, readquiriu-as assim que vibrou o primeiro golpe.”, a palavra as

  1. é objeto indireto do verbo readquirir, sendo o resultado da junção do artigo a e da preposição a.
  2. diz respeito ao machado, pois sua vibração mostrou as forças necessárias para o assassinato.
  3. rege o substantivo golpe, visto que ele exige esforço anterior para se consolidar.
  4. substitui o substantivo forças, a fim de evitar a repetição no texto.
  5. refere-se às têmporas, pois foi o local atingido pelo golpe.

09. (UNICAMP) Leia o texto a seguir e responda à questão.

O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias.

(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adotaboa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.)

Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da conjunção adversativa seguido da expressão “a boa notícia é que” permite ao jornalista

  1. apontar a gravidade da notícia e compensá-la.
  2. expor a neutralidade da notícia e reforçá-la.
  3. minimizar a relevância da notícia e acentuá-la.
  4. revelar a importância da notícia e enfatizá-la.

10. (FUVEST) Os bens e o sangue

VIII

(...)

Ó filho pobre, e descorçoado*, e finito

ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais

com a faca, o formão, o couro... Ó tal como quiséramos

para tristeza nossa e consumação das eras,

para o fim de tudo que foi grande!

Ó desejado,

ó poeta de uma poesia que se furta e se expande

à maneira de um lago de pez** e resíduos letais...

És nosso fim natural e somos teu adubo,

tua explicação e tua mais singela virtude...

Pois carecia que um de nós nos recusasse

para melhor servir-nos. Face a face

te contemplamos, e é teu esse primeiro

e úmido beijo em nossa boca de barro e de sarro.

Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.

* “descorçoado”: assim como “desacorçoado”, é uma variante de uso popular da palavra “desacoroçoado”, que significa “desanimado”.

** “pez”: piche.

Considere o tipo de relação estabelecida pela preposição “para” nos seguintes trechos do poema:

I. “ó inapto para as cavalhadas e os trabalhos brutais”.

II. “Ó tal como quiséramos para tristeza nossa e consumação das eras”.

III. “para o fim de tudo que foi grande”.

IV. “para melhor servir-nos”.

A preposição “para” introduz uma oração com ideia de finalidade apenas em

  1. I
  2. I e II
  3. III
  4. III e IV.
  5. IV.

11. (UNICAMP) “(...) as palavras tomam significados distintos daqueles utilizados no cotidiano. Por exemplo, utiliza-se, com frequência, nas aulas sobre frações, a frase reduzir ao mesmo denominador."

(Edi Jussara Candido Lorensatti, Linguagem matemática e Língua Portuguesa: diálogo necessário na resolução de problemas matemáticos. Conjectura: Filosofia e Educação. Caxias do Sul, v. 14, n. 2, p. 91, maio/ago. 2009.)

Cada ciência usa uma linguagem própria e com um grau de precisão terminológica necessário para o seu exercício.

Tendo em vista os significados distintos que as palavras assumem nas situações concretas em que são empregadas, o verbo “reduzir”, no uso cotidiano, significa

  1. limitar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é sinônimo de restringir.
  2. moderar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática implica aumentar as relações entre os números.
  3. eliminar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática implica reverter as relações entre os números.
  4. diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é sinônimo de converter.

12. (UNESP) Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908),

A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.

O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado.

Há meio século, os escravos fugiam com frequência.

Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.

Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma a gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.

Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.

(Contos: uma antologia, 1998.)

Em “Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.” (4o parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo de sentido para o texto, por:

  1. escondesse.
  2. denunciasse.
  3. agredisse.
  4. incentivasse.
  5. Ignorasse.

13. (FUVEST) TEXTO PARA A QUESTÃO.

Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que responde a uma

[5] necessidade prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O mito político confere

[10] um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos: ao fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso, ajuda a compreender e suportar o mundo em que vivem.

ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.

Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (L. 12‐13), é correto afirmar:

  1. Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere a ação verbal.
  2. Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias” (L. 10).
  3. É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (L. 12).
  4. É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a quem se refere a ação verbal.
  5. Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê‐los” (L. 11).

14. (UNESP) Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter como usar o código combinado para indicar que tudo o que está dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada.

(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)

“Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul [...].”

Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração.

  1. Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul seria recebida pelos amigos
  2. Os amigos deveriam ter recebido, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul.
  3. Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul foi recebida pelos amigos.
  4. Um mês depois, uma carta escrita em tinta azul é recebida pelos amigos.
  5. Os amigos receberiam, um mês depois, uma carta escrita em tinta azul.

15. (FATEC) São proposições equivalentes para a negação da proposição “todo homem ama lógica”:

• “pelo menos um homem não ama lógica”;

• “algum homem não ama lógica”;

• “existe um homem que não ama lógica”.

Assim, a forma correta de negar a proposição “todas as vagas deste vestibular são de ensino superior” é

  1. “algumas vagas deste vestibular sã o de ensino superior”.
  2. “existem vagas deste vestibular que nã o sã o de ensino superior”.
  3. “nenhuma das vagas deste vestibular é de ensino superior”.
  4. “pelo menos uma vaga deste vestibular é de ensino superior”.
  5. “todas as vagas deste vestibular não sã o de ensino superior”.

16. (UNIFESP)

Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade,
enquanto houver no mundo saudade
quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se de uma outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio
que, de uns e de outros olhos derivadas,
se acrescentaram em grande e largo rio.

Ela viu as palavras magoadas
que puderam tornar o fogo frio,
e dar descanso às almas condenadas.

(Sonetos, 2001.)

O pronome “Ela”, que se repete no início de três estrofes, refere-se a

  1. “piedade”.
  2. “mágoa”.
  3. “saudade”.
  4. “claridade”.
  5. “madrugada”.

17. (UNIFESP) Leia o poema “Sou um evadido”, do escritor português Fernando Pessoa, para responder à questão.

Sou um evadido.

Logo que nasci

Fecharam-me em mim,

Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa

Do mesmo lugar,

Do mesmo ser

Por que não se cansar?

Minha alma procura-me

Mas eu ando a monte1,

Oxalá que ela

Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,

Ser eu é não ser.

Viverei fugindo

Mas vivo a valer.

(Obra poética, 1997.)

1 “andar a monte”: andar fugido das autoridades.

Se a gente se cansa

Do mesmo lugar,

Do mesmo ser

Por que não se cansar?” (2a estrofe)

Os termos sublinhados constituem

  1. pronomes, somente.
  2. conjunção, pronome e pronome, respectivamente.
  3. conjunções, somente.
  4. pronome, conjunção e conjunção, respectivamente.
  5. conjunção, conjunção e pronome, respectivamente.

18. (FATEC) É boa a notícia para os fãs da natação, vôlei de praia, futebol, hipismo, ginástica rítmica e tiro com arco que buscam ingressos para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Entradas para catorze sessões esportivas dessas modalidades, que tinham se esgotado na primeira fase de sorteio de ingressos, estão à venda.

Acesso em: 12.09.2015. Adaptado.

A oração subordinada destacada nesse fragmento é

  1. adjetiva restritiva.
  2. adjetiva explicativa.
  3. substantiva subjetiva.
  4. substantiva apositiva.
  5. substantiva predicativa.

19. (UNIFESP) Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, o instante atual.

Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definições, o presente não pode ter duração no tempo. Ou seja, o presente não existe!

A discussão acima nos leva a outra questão, a da origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, então existiu um momento no passado em que ele passou a existir. Segundo nossas modernas teorias cosmogônicas, que visam explicar a origem do Universo, esse momento especial é o momento da origem do Universo “clássico”. A expressão “clássico” é usada em contraste com “quântico”, a área da física que lida com fenômenos atômicos e subatômicos.

[...]

As descobertas de Einstein mudaram profundamente nossa concepção do tempo. Em sua teoria da relatividade geral, ele mostrou que a presença de massa (ou de energia) também influencia a passagem do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico adquire uma plasticidade definida pela realidade física à sua volta. A coisa se complica quando usamos a relatividade geral para descrever a origem do Universo.

(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.)

“Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro.” (2o parágrafo)

Os pronomes destacados no texto referem-se a

  1. “separação”.
  2. “presente”.
  3. “caso”.
  4. “tempo”.
  5. “período”.

20. (UNESP) Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder à questão.

Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.

Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.

Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.

Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário). Embora na época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.

(A dança do universo, 2006. Adaptado.)

Em “Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial” (1° parágrafo), a locução conjuntiva sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:

  1. À medida que.
  2. Ainda que.
  3. Desde que.
  4. Visto que.
  5. A menos que.

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