Triste fim de Policarpo Quaresma: Lima Barreto
Lista de 14 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Triste fim de Policarpo Quaresma: Lima Barreto com questões de Vestibulares.
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01. (UERJ) A questão refere-se ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Marechal Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, é também personagem de Triste Fim de Policarpo Quaresma.
O conceito que melhor sustenta a construção desse personagem ficcional, baseado numa figura histórica, é o da:
- catarse
- polissemia
- generalização
- verossimilhança
Resposta: D
Resolução: A verossimilhança refere-se à capacidade de uma história ou personagem parecerem plausíveis e reais, mesmo que sejam fictícios. Neste caso, o autor cria uma versão ficcional de Marechal Floriano Peixoto que, embora seja baseada em uma figura histórica, é apresentada de forma que parece crível dentro da narrativa do romance.
02. (UEG) Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de edificação da cidade. A topografia do local, caprichosamente montanhosa, influiu decerto para tal aspecto, mais influíram, porém, os azares das construções.
Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem semeadas ao vento e, conforme as casas, as ruas se fizeram. Há algumas delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão voltas, circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com ódio tenaz e sagrado.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguin, 2011. p. 191. Neste fragmento, o autor descreve a irregularidade do traçado das ruas cariocas. Com o propósito de criar uma cidade mais moderna, com ruas e avenidas mais retilíneas, é que se efetivou
- a derrubada do antigo morro do Castelo, durante o governo do presidente Campos Sales.
- a derrubada dos cortiços da cidade promovida pelo sanitarista Oswaldo Cruz.
- a reforma urbana promovida por Pereira Passos, a qual ficou conhecida como o “Bota-abaixo”.
- o primeiro plano de se transferir a Capital Federal para a região Centro-Oeste.
Resposta: C
Resolução: O autor descreve a irregularidade do traçado das ruas cariocas e menciona a tentativa de criar uma cidade mais moderna com ruas mais retilíneas. Essa tentativa de reforma urbana que ficou conhecida como o "Bota-abaixo" foi promovida por Pereira Passos.
03. (UERJ) E, bem pensado, mesmo na sua pureza, o que vinha a ser a Pátria? Não teria levado toda a sua vida norteado por uma ilusão, por uma ideia a menos, sem base, sem apoio, por um Deus ou uma deusa cujo império se esvaía? Não sabia que essa ideia nascera da amplificação da crendice dos povos greco-romanos de que os ancestrais mortos continuariam a viver como sombras e era preciso alimentá-las para que eles não perseguissem os descendentes? (...) Reviu a história; viu as mutilações, os acréscimos em todos os países históricos e perguntou de si para si: como um homem que vivesse quatro séculos, sendo francês, inglês, italiano, alemão, podia sentir a Pátria?
Uma hora, para o francês, o Franco-Condado era terra dos seus avós, outra não era; num dado momento, a Alsácia não era, depois era e afinal não vinha a ser. Nós mesmos [brasileiros] não tivemos a Cisplatina e não a perdemos?
(...) Certamente era uma noção sem consistência racional e precisava ser revista.
Lima Barreto
Triste Fim de Policarpo Quaresma, parte III, capítulo V.
No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto abordou contradições da sociedade brasileira do início do período republicano.
Nesse contexto, na reflexão que faz no trecho citado, o personagem Major Quaresma ressalta um entendimento em que a noção de pátria pode ser definida atualmente como:
- herança cultural
- comunidade imaginada
- contingência geográfica
- determinação econômica
Resposta: B
Resolução: A reflexão do personagem Major Quaresma ressalta a ideia de uma "comunidade imaginada". Ele questiona a noção de pátria como uma construção social e cultural que pode mudar ao longo do tempo e não possui uma base racional sólida.
04. (UEG) Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse seu estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo – Ubirajara.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguim, 2011. p. 86.
Em função de seu extremo patriotismo, o major Quaresma decidiu aprender o tupi-guarani, para ele a língua dos únicos brasileiros puros, os índios. O apelido de Ubirajara, dado pelos colegas de trabalho, refere-se ao
- caso de um índio tupiniquim que aprendeu português com os jesuítas e foi mandado para a corte, onde chegou a se tornar um mestre-escola.
- nome de um guerreiro indígena que lutou contra as tentativas de escravização de sua tribo por parte dos portugueses, no século XVI.
- processo de aculturação dos nativos, no qual era comum os brancos adotarem nomes indígenas, para melhor dominá-los.
- título de um romance de José de Alencar, no qual o protagonista é um índio não corrompido frente aos valores europeus.
Resposta: D
Resolução: O apelido "Ubirajara" dado ao Major Quaresma pelos colegas de trabalho refere-se ao título de um romance de José de Alencar, no qual o protagonista é um índio não corrompido frente aos valores europeus.
05. (UESB) E assim era. Quase todas as tardes havia bombardeio, do mar para as fortalezas, e das fortalezas para o mar; e tanto os navios como os fortes saíam incólumes de tão terríveis provas.
Lá vinha uma ocasião, porém, que acertavam, então os jornais noticiavam: “Ontem, o forte Acadêmico fez um maravilhoso disparo. Com o canhão tal, meteu uma bala no ´Guanabara`.” No dia seguinte, o mesmo jornal retificava, a pedido da bateria do cais Pharoux que era a que tinha feito o disparo certeiro.. passavam-se dias e a coisa já estava esquecida, quando aparecia uma carta de Niterói, reclamando as honras do tiro para a fortaleza de Santa Cruz.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Atica, 1995. p. 143.
Sobre esse trecho do livro Triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, identifique com V as afirmativas verdadeiras e com F, as falsas.
( ) O narrador vê com ironia a revolta da marinha.
( ) O episódio em foco e seus desdobramentos comprovam a defesa da causa dos direitos humanos por Quaresma.
( ) O “triste fim” do major Quaresma traduz-se tanto na morte de suas crenças quanto na morte física.
( ) O narrador, por meio dos acontecimentos da revolta da Armada, mitifica Floriano Peixoto retratando-o como um grande estadista.
( ) O idealismo de Policarpo encontra ressonância nas pessoas com quem convivia, a exemplo de Bustamante e Armando Borges.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
- V V V V V
- V F F F V
- V V V F F
- F V V V F
- F F F V V
Resposta: C
Resolução:
(V) O narrador vê com ironia a revolta da marinha.
(V) O episódio em foco e seus desdobramentos comprovam a defesa da causa dos direitos humanos por Quaresma.
(V) O “triste fim” do major Quaresma traduz-se tanto na morte de suas crenças quanto na morte física.
(F) O narrador, por meio dos acontecimentos da revolta da Armada, mitifica Floriano Peixoto retratando-o como um grande estadista.
(F) O idealismo de Policarpo encontra ressonância nas pessoas com quem convivia, a exemplo de Bustamante e Armando Borges.
06. (UPF) Leia as seguintes afirmações sobre Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
(__) A obra apresenta a denúncia da hipocrisia e das falsas aparências, além de criticar o nacionalismo ufanista.
(__) A narrativa assume uma atitude séria diante do poder, pois Policarpo demonstra total lucidez ao propor mudanças nas leis e nos hábitos, apresentando uma visão sistemática da realidade.
(__) O protagonista do romance, através de suas falas e ações, demonstra que ocorre a perfeita identificação entre o seu ideal e o real.
(__) Ao mostrar-se atento à realidade de seu tempo, o autor documenta alguns acontecimentos da vida republicana.
- F – F – V – V
- V – F – F – V
- V – V – F – V
- F – V – F – F
- V – F – V – F
Resposta: B
Resolução:
(V) A obra apresenta a denúncia da hipocrisia e das falsas aparências, além de criticar o nacionalismo ufanista.
(F) A narrativa assume uma atitude séria diante do poder, pois Policarpo demonstra total lucidez ao propor mudanças nas leis e nos hábitos, apresentando uma visão sistemática da realidade.
(F) O protagonista do romance, através de suas falas e ações, demonstra que ocorre a perfeita identificação entre o seu ideal e o real.
(V) Ao mostrar-se atento à realidade de seu tempo, o autor documenta alguns acontecimentos da vida republicana.
07. (UESB) E assim era. Quase todas as tardes havia bombardeio, do mar para as fortalezas, e das fortalezas para o mar; e tanto os navios como os fortes saíam incólumes de tão terríveis provas.
Lá vinha uma ocasião, porém, que acertavam, então os jornais noticiavam: “Ontem, o forte Acadêmico fez um maravilhoso disparo. Com o canhão tal, meteu uma bala no ´Guanabara`.” No dia seguinte, o mesmo jornal retificava, a pedido da bateria do cais Pharoux que era a que tinha feito o disparo certeiro.. passavam-se dias e a coisa já estava esquecida, quando aparecia uma carta de Niterói, reclamando as honras do tiro para a fortaleza de Santa Cruz.
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Atica, 1995. p. 143.
A obra Triste Fim é representativa do pré-modernismo no Brasil porque
- defende um nacionalismo crítico, voltado para as carências sociopolíticas e culturais do país.
- enaltece o processo de urbanização do Rio de Janeiro, a capital da república.
- põe no centro da narrativa o homem regional, ressaltando os valores característicos do homem sertanejo.
- apresenta uma linguagem ornamental coexistente, em alguns momentos, com traços que apontam para uma possível renovação formal.
- resgata o Brasil literário herdado do Romantismo.
Resposta: A
Resolução: A obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma" é representativa do pré-modernismo no Brasil porque defende um nacionalismo crítico, voltado para as carências sociopolíticas e culturais do país.
08. (UERJ) Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever, em geral, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro. Senhores Congressistas, o tupi-guarani, língua aglutinante, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem.
Lima Barreto Adaptado de Triste fim de Policarpo Quaresma (119115). Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008.
A história narrada em Triste fim de Policarpo Quaresma se passa no momento de implantação do regime republicano no Brasil. Seu personagem principal, o Major Quaresma, defende alguns projetos de reforma, um deles relatado no trecho citado.
A justificativa do personagem para a adoção do tupi-guarani como língua oficial brasileira baseia-se na associação entre nacionalidade e a ideia de:
- valorização da cultura local
- defesa da diversidade racial
- preservação da identidade territorial
- independência da população autóctone
Resposta: A
Resolução: A justificativa do personagem Major Quaresma para a adoção do tupi-guarani como língua oficial brasileira baseia-se na associação entre nacionalidade e a ideia de valorização da cultura local.
09. (UNEMAT) Em Triste fim de Policarpo Quaresma, a composição narrativa em três partes acompanha a ação da personagem principal, desvendando as contradições do sistema que marginalizam o cidadão.
Desta forma, é correto afirmar.
- As três partes do romance estão relacionadas aos três projetos a que Policarpo Quaresma, como era de seu caráter, se entregou.
- A primeira parte da obra retrata os interesses políticos que movem as pessoas, mostrando em que se converteu o Marechal de Ferro.
- As três partes da narrativa estão representadas no final da história quando Major Quaresma é recompensado pelos trabalhos dedicados à Pátria.
- Na primeira e na segunda parte da obra acentuam-se os interesses pela reforma da agricultura brasileira e pelos males causados pelas saúvas.
- Tanto a primeira quanto a terceira parte da narrativa estão interligadas pelo interesse do Marechal de Ferro em oficializar a língua tupi-guarani.
Resposta: A
Resolução: A obra é dividida em três partes que acompanham a trajetória do protagonista, Major Quaresma, e suas diferentes obsessões e projetos. Cada uma dessas partes está relacionada a um desses projetos:
Primeira Parte: Nesta parte inicial, o Major Quaresma está obcecado pela reforma da agricultura brasileira. Ele acredita que a introdução de técnicas e culturas agrícolas nacionais, em detrimento das estrangeiras, pode melhorar a produção e a autossuficiência do país. Ele é fervoroso defensor do cultivo da mandioca, considerando-a uma raiz brasileira autêntica.
Segunda Parte: Aqui, a narrativa aborda a obsessão do Major Quaresma com a língua tupi-guarani. Ele acredita que essa língua é a mais autêntica e adequada para o Brasil, buscando oficializá-la como língua nacional. Quaresma vê nessa língua a conexão com as raízes indígenas e a identidade brasileira, que ele considera perdida ou corrompida pelo uso do português.
Terceira Parte: Na última parte do romance, o Major Quaresma se envolve nas tensões políticas do período, durante a Revolta da Armada. Ele é levado a lutar pelo governo militar na defesa do Rio de Janeiro. Essa parte da narrativa mostra como suas obsessões anteriores o afetaram e como a política e os interesses partidários o levaram a se envolver em uma situação contraditória.
10. (Mackenzie) De acordo com sua paixão dominante, Quaresma estivera muito
tempo a meditar qual seria a expressão poético-musical característica
da alma nacional. Consultou historiadores, cronistas e filósofos e
adquiriu a certeza que era a modinha acompanhada pelo violão. [...]
[5] Ricardo vinha justamente dar-lhe lição mas, antes disso, por
convite especial do discípulo, ia compartilhar o seu jantar; e fora por
isso que o famoso trovador chegou mais cedo à casa do subsecretário.
[...]
E o jantar correu assim, nesse tom. Quaresma exaltando os
produtos nacionais: a banha, o toucinho e o arroz; a irmã fazia
[10] pequenas objeções e Ricardo dizia: “é, é, não há dúvida” – rolando
nas órbitas os olhos pequenos, franzindo a testa diminuta que se
sumia no cabelo áspero, forçando muito a sua fisionomia miúda e
dura a adquirir uma expressão sincera de delicadeza e satisfação.
Acabado o jantar foram ver o jardim. Era uma maravilha; não tinha
[15] nem uma flor. Certamente não se podia tomar por tal míseros beijos-
-de-frade, palmas-de-santa-rita, quaresmas lutulentas, manacás
melancólicos e outros belos exemplares dos nossos campos e prados.
Como em tudo o mais, o major era em jardinagem essencialmente
nacional. Nada de rosas, de crisântemos, de magnólias – flores
[20] exóticas; as nossas terras tinham outras mais belas, mais expressivas,
mais olentes, como aquelas que ele tinha ali.
Lima Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma
Assinale a alternativa correta.
- No período que vai da linha 15 a 17, o narrador onisciente, por meio do discurso indireto livre, expressa a opinião do major Quaresma a respeito do jardim.
- De acordo com o primeiro parágrafo do texto, a coisa mais importante do mundo para o major era a música, a linguagem universal da arte.
- O narrador manifesta, jocosamente, seu juízo de valor a respeito do jardim do major: Era uma maravilha; não tinha nem uma flor (linhas 14 e 15).
- Nas linhas 20 e 21, tem-se ponto de vista do narrador acerca da flora brasileira: as nossas terras tinham outras mais belas, mais expressivas, mais olentes.
- A fala de Ricardo – “é, é, não há dúvida” (linha 10) – confirma a intimidade e a afinidade que existiam entre ele e o major.
Resposta: C
Resolução: O narrador manifesta, jocosamente, seu juízo de valor a respeito do jardim do major: Era uma maravilha; não tinha nem uma flor (linhas 14 e 15).
11. (UERJ 2021) O romance põe em questão a ideia de patriotismo, apresentando diferentes visões de seus personagens sobre a noção de pátria. Isso se observa no confronto entre a noção idealizada de Policarpo Quaresma e aquela manifestada pelas elites militar e política do país.
A apropriação da noção de pátria por essas elites se caracteriza como:
- visionária
- subversiva
- progressista
- oportunista
Resposta: D
Resolução: O romance de Lima Barreto critica a maneira como as elites brasileiras da época se apropriam do patriotismo e da ideia de pátria para benefícios próprios. Enquanto Policarpo Quaresma apresenta uma visão idealizada e ingênua do patriotismo, as elites militar e política enxergam a pátria de maneira oportunista, visando manter e expandir seus privilégios e interesses pessoais em vez de promover o bem comum. Essa visão aproveitadora destaca o contraste entre o idealismo do protagonista e o pragmatismo das elites.
12. (UERJ 2021) Marechal Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, é também personagem de Triste Fim de Policarpo Quaresma.
O conceito que melhor sustenta a construção desse personagem ficcional, baseado numa figura histórica, é o da:
- catarse
- polissemia
- generalização
- verossimilhança
Resposta: D
Resolução: A construção do personagem Marechal Floriano Peixoto no romance de Lima Barreto segue o princípio da verossimilhança, ou seja, a tentativa de retratar o personagem de forma crível e próxima à realidade histórica. Embora seja uma figura ficcional dentro da narrativa, Floriano Peixoto é baseado em um personagem histórico real e suas atitudes e decisões refletem características autênticas, permitindo que o leitor perceba a plausibilidade desse retrato e reconheça traços da realidade brasileira no enredo.
13. (UERJ 2021) Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e consequência a sua emancipação idiomática.
Primeira parte IV = Desastrosas Consequências de um Requerimento
O teor da solicitação de Policarpo Quaresma expressa uma ironia ao deixar implícita uma crítica histórica.
O alvo dessa crítica é:
- a censura da elite econômica
- a burocracia republicana nascente
- o silenciamento da herança indígena
- o purismo do pensamento cientificista
Resposta: C
Resolução: A proposta de Policarpo Quaresma de adotar o tupi-guarani como língua oficial do Brasil é uma crítica sutil ao abandono e ao silenciamento das raízes indígenas no país. Ao sugerir a valorização do tupi-guarani, Quaresma revela a ironia de uma sociedade que ignora as contribuições e a herança indígena em favor de uma cultura europeia. Esse ato satírico aponta para a crítica de Lima Barreto à falta de reconhecimento e valorização da identidade indígena brasileira.
14. (UERJ 2021) Saiu e andou. Olhou o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, e se lembrou que, por estas terras, já tinham errado tribos selvagens, das quais um dos chefes se orgulhava de ter no sangue o sangue de dez mil inimigos. Fora há quatro séculos. Olhou de novo o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, as casas, as igrejas; viu os bondes passarem; uma locomotiva apitou; um carro, puxado por uma linda parelha, atravessou-lhe na frente, quando já a entrar do campo... Tinha havido grandes e inúmeras modificações. Que fora aquele parque? Talvez um charco. Tinha havido grandes modificações nos aspectos, na fisionomia da terra, talvez no clima... Esperemos mais, pensou ela; e seguiu serenamente ao encontro de Ricardo Coração dos Outros.
terceira parte IV - A Afilhada
Com base no fragmento, o final do romance, apesar de triste, como anuncia o próprio título, contém uma mensagem de otimismo, expressa nos pensamentos da personagem Olga, afilhada de Policarpo.
O otimismo se justifica pela expectativa de:
- avanço civilizatório
- resistência popular
- progresso industrial
- miscigenação étnica
Resposta: A
Resolução: No final do romance, Olga, afilhada de Policarpo, contempla as mudanças que ocorreram no Brasil e reflete sobre a possibilidade de um futuro melhor. Apesar das tragédias e dos conflitos enfrentados ao longo da narrativa, o otimismo está presente na crença de que o país seguirá progredindo e que o avanço civilizatório trará melhorias à sociedade. Essa visão positiva representa uma esperança de desenvolvimento e de que o sacrifício de Quaresma pode, eventualmente, inspirar uma transformação real e duradoura no Brasil.