Fuvest - História 2025
01. (Fuvest 2025)
“Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, pra mim
Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Brasil, pra mim (...)
Ô! Esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, pra mim
Ô! Ouve essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ô! Este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, pra mim”
A canção Aquarela do Brasil foi composta por Ari Barroso e lançada no ano de 1939.
Sua letra permite identificar temas que guardam afinidades com a política cultural do Estado Novo, podendo ser destacada a
- discriminação em relação a afrodescendentes.
- exaltação das virtudes naturais e nacionais.
- concepção civilizatória assentada na religião católica.
- valorização da cultura cabocla e do regionalismo.
- escolha do malandro como símbolo nacional.
02. (Fuvest 2025) Tecidos de Ijebu
“Os ijebus vestem-se quase sempre com panos produzidos por eles próprios. São fazendas de algodão, matéria-prima que obtêm localmente. Nas famílias, as tarefas de colher algodão, fiá-lo, tecê-lo e tingi-lo estão costumeiramente a cargo das mulheres, e sabe-se ser muito grande a quantidade de tecidos manufaturados em Ijebu e dali exportados, não apenas para os países vizinhos, mas até mesmo para o Brasil, cujos navios vêm buscar em Lagos essa mercadoria tão apreciada pela gente de origem africana transplantada para aquela terra distante. As cores mais comuns, depois da branca e da azul, são a amarela, a vermelha, a carmesim e a verde. Alguns panos são de uma só cor, outros são multicoloridos.”
OSIFEKUNDE. Notícia sobre o país e o povo dos Ijebus. In: COSTA E SILVA, Alberto. Imagens da África. São Paulo: Penguin, 2012. p.361. O texto é parte de um relato das memórias de um ex-escravizado natural de Ijebu, na atual Nigéria, trazido ao Brasil no
início do século XIX.
O excerto faz menção
- à existência de um comércio de produtos manufaturados entre a África e a América.
- à prerrogativa masculina na produção de tecidos naquela região da África.
- à baixa qualidade das manufaturas africanas em comparação com as da Europa.
- à impossibilidade de acesso, por africanos e afrodescendentes, a produtos vindos da África.
- ao comércio de africanos escravizados para o trabalho nas plantações de algodão.
03. (Fuvest 2025)
PALACIO, Ángela. Privilegiados. Libro de lectura inicial. Buenos Aires: Kapelusz, 1954. Apud CAPELATO, Maria Helena. Multidões em cena. Propaganda política no varguismo e no peronismo. Campinas: Papirus, 1998. p.88-91.
As imagens mostram páginas de uma cartilha de alfabetização produzida durante o governo de Juan Domingo Perón na Argentina (1946-1955). As ilustrações
- atribuem valor idêntico à presença de homens e de mulheres nas esferas pública e privada.
- revelam a neutralidade do material no que diz respeito às posições políticas e às relações entre gêneros.
- ressaltam a importância da formação intelectual das mulheres oriundas dos setores populares.
- fazem propaganda do regime político e demarcam as funções da mulher como mãe e esposa.
- desenvolvem crítica político-partidária à estrutura patriarcal e à política popular.
04. (Fuvest 2025) As formas de colonização ibérica e inglesa na América foram, durante muito tempo, consideradas processos isolados, estruturados em dois modelos opostos: as colônias de exploração e as de povoamento, respectivamente. No entanto, elas constituíram um emaranhado de experiências compartilhadas pelos impérios atlânticos.
Os aspectos comuns a essas formas de colonização foram a
- partida dos colonizadores da metrópole, da qual saíram por fatores religiosos, e a adoção do trabalho livre como base da produção.
- dominação e a exploração dos povos originários e o emprego sistemático do trabalho forçado dessas populações.
- introdução de colonos sem interesse na ocupação demográfica e o objetivo exclusivo da extração de riquezas minerais.
- produção local organizada em pequenas propriedades e a utilização primordial da força de trabalho familiar.
- falta de interesse metropolitano pela exploração comercial e a inexistência de benefícios financeiros para a metrópole.
05. (Fuvest 2025)
"Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
proferre-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A Santíssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência."
Os versos de Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, remetem
- à insurreição promovida por maçons e reinóis, adeptos do iluminismo, contra a cobrança do quinto real sobre a exploração de diamantes na Capitania de Minas Gerais.
- à possibilidade de sublevação motivada pela defesa da liberdade, por indivíduos de diferentes setores de Minas Gerais, ante a ameaça de cobrança de impostos metropolitanos.
- à disputa entre católicos apoiadores do recolhimento do dízimo nas Minas Gerais e republicanos defensores da suspensão de impostos cobrados pelo Estado e pela Igreja.
- ao movimento de setores reacionários da sociedade mineira, responsáveis por conspirar contra os idealizadores da Conjuração e denunciar os seus planos de revolução.
- à trapaça e delação, que fizeram parte da Conjuração e ocorreram em razão das discrepâncias ideológicas dos denunciantes em relação aos rebelados.
06. (Fuvest 2025) A análise do mapa permite identificar deslocamentos de povos não romanos caracterizados

- pela concentração de rotas migratórias em território bizantino.
- pela inexistência de invasões direcionadas para o norte da África.
- pela inexpressiva diversidade de povos das correntes migratórias.
- pela proeminência de migrações na porção ocidental do Império Romano.
- pelo predomínio de invasões por rotas marítimas em detrimento das rotas terrestres.
07. (Fuvest 2025) "Brasileiros! (...) está conhecida nossa ilusão ou engano em adotarmos um sistema de governo defeituoso em sua origem, e mais defeituoso em suas partes componentes. As constituições, as leis e todas as instituições humanas são feitas para os povos e não os povos para elas. Eis, pois, brasileiros, tratemos de constituirmos de um modo análogo às luzes do século em que vivemos; o sistema americano deve ser idêntico; desprezemos instituições oligárquicas, só cabidas na encanecida Europa."
ANDRADE, Manoel de Carvalho Paes de. Manifesto de proclamação da Confederação do Equador. Apud TORRES, João Camillo de Oliveira. A democracia coroada: Teoria política do Império do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1964. p.522 (Adaptado).
O excerto apresenta trecho do manifesto divulgado pelos rebeldes da Confederação do Equador (1824) e reage explicitamente
- à dissolução da Assembleia Constituinte e à outorga de uma constituição elaborada pelo Conselho de Estado.
- ao distanciamento do governo brasileiro em relação à Coroa Portuguesa e à política europeia do período.
- ao caráter descentralizador do regime monárquico e ao aumento da autonomia das províncias.
- ao poder exercido pelos produtores nordestinos de algodão e pelos cafeicultores paulistas.
- à adoção do regime republicano pela Constituição e ao fechamento do parlamento nacional.
08. (Fuvest 2025) "É assim como o branco e os mamelucos se aproveitaram não raro das veredas dos índios, há motivo para pensar que estes, por sua vez, foram, em muitos casos, simples sucessores dos animais selvagens, do tapir especialmente, cujos carreirões ao longo dos rios e riachos, ou em direção a nascentes de águas, se adaptavam perfeitamente às necessidades e hábitos daquelas populações."
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. p.35.
De acordo com o excerto, a ocupação territorial da América portuguesa pelos colonizadores foi inicialmente marcada
- pela construção de caminhos que os afastassem dos cursos dos rios.
- pela desconsideração das rotas de deslocamento abertas pelos animais.
- pela utilização de picadas abertas pelas comunidades indígenas.
- pelo emprego de tropas de muares, responsáveis por abrir trilhas nas matas.
- pela exploração do transporte fluvial e marítimo por meio de pirogas.