A Revolução Islâmica de 1979, ocorrida no Irã entre 1978 e fevereiro de 1979, foi um amplo movimento popular que derrubou a monarquia autoritária do xá Mohammad Reza Pahlavi, marcado por protestos de estudantes, operários, clérigos xiitas e setores médios descontentes com a repressão política, a dependência econômica do Ocidente e as desigualdades sociais.
Revolução Islâmica de 1979
A Revolução Islâmica de 1979, ocorrida no Irã entre 1978 e fevereiro de 1979, foi um amplo movimento popular que derrubou a monarquia autoritária do xá Mohammad Reza Pahlavi, marcado por protestos de estudantes, operários, clérigos xiitas e setores médios descontentes com a repressão política, a dependência econômica do Ocidente e as desigualdades sociais.
Lderados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, os revolucionários transformaram o país em uma República Islâmica teocrática, baseada na autoridade dos juristas religiosos (velayat-e faqih), encerrando séculos de regime monárquico no Irã, influenciando toda a geopolítica do Oriente Médio, desencadeando a crise dos reféns na embaixada dos EUA e alterando de forma duradoura as dinâmicas entre Estado, religião e sociedade.
Características da Revolução Islâmica de 1979
A Revolução Islâmica de 1979 possuiu características singulares que a diferenciam de outras revoluções contemporâneas. Em primeiro lugar, foi massiva e popular, envolvendo amplos setores da sociedade iraniana — estudantes, trabalhadores, religiosos, comerciantes e até parte das classes médias — unidos contra o regime do xá. Diferente de muitas revoluções modernas, teve como liderança central uma figura religiosa carismática, o aiatolá Ruhollah Khomeini, que mobilizou a população por meio de mensagens gravadas e distribuídas clandestinamente.
Outra característica marcante foi o caráter ideológico-religioso do movimento: em vez de adotar uma ideologia secular como o socialismo ou o liberalismo, a revolução foi fundamentada nos princípios do islamismo xiita, com forte crítica à ocidentalização e à influência dos Estados Unidos e da Europa no Irã. O movimento também foi antimonárquico, anti-imperialista e nacionalista, e buscava restaurar a soberania cultural, política e espiritual do país. Por fim, resultou na criação de um modelo inédito de Estado teocrático moderno, no qual o poder político está subordinado à autoridade religiosa suprema, estabelecendo uma república que combina elementos de democracia (como eleições) com forte controle clerical.
Causas da Revolução Islâmica de 1979
As causas da Revolução Islâmica de 1979 no Irã foram múltiplas e interligadas: em primeiro lugar, o regime autoritário do xá Mohammad Reza Pahlavi, sustentado pela polícia política (SAVAK), gerava profunda insatisfação devido à supressão de liberdades civis e à perseguição de opositores. Em paralelo, as reformas de modernização (conhecidas como “Revolução Branca”) — que incluíam a redistribuição de terras e a secularização de escolas — beneficiaram sobretudo as classes urbanas e industriais, mas deixaram de fora grande parte dos camponeses e das classes populares, aprofundando desigualdades regionais e econômicas.
O rápido processo de ocidentalização também provocou reação entre os setores religiosos: clérigos xiitas, liderados pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, viam as mudanças como um ataque à identidade islâmica e ao papel tradicional dos ulemas. Além disso, a crise econômica decorrente da dependência excessiva do petróleo, combinada com inflação e desemprego, ampliou o descontentamento social. Esses fatores — autoritarismo político, desigualdade socioeconômica, choque cultural e crise econômica — convergiram num amplo movimento de massas que, sob a liderança de Khomeini, derrubou o xá e instaurou a República Islâmica.
Consequências da Revolução Islâmica de 1979
As consequências da Revolução Islâmica de 1979 foram profundas, tanto para o Irã quanto para o cenário internacional. Internamente, a monarquia foi abolida e o país tornou-se uma República Islâmica teocrática, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, com base na doutrina do velayat-e faqih(governo do jurista islâmico), unindo religião e poder político. As leis passaram a ser regidas pela sharia (lei islâmica), o que levou a mudanças radicais nos direitos civis, especialmente das mulheres, e ao fechamento de instituições consideradas "ocidentalizadas". O novo regime rompeu relações com os Estados Unidos, culminando na crise dos reféns da embaixada americana, que durou 444 dias, deteriorando as relações com o Ocidente.
Externamente, a revolução inspirou movimentos islâmicos em outros países, gerando temores nas monarquias do Golfo e em potências ocidentais de que o modelo teocrático se espalhasse. Além disso, o Irã passou a ser visto como ameaça regional, o que contribuiu para o início da Guerra Irã-Iraque (1980–1988). A revolução também alterou profundamente o equilíbrio geopolítico do Oriente Médio, dando origem a novas alianças e rivalidades que influenciam a política internacional até os dias atuais.