Brasil República

Lista de 20 exercícios de História com gabarito sobre o tema Brasil República com questões da Fuvest.




01. (Mackenzie 2019) “A Segunda Guerra Mundial foi o divisor de águas nos rumos do Estado Novo: garantiu o protagonismo do projeto de modernização proposto pelo regime, ao mesmo tempo que revelou o esgotamento da sua natureza autoritária.”

(Schwarcz, Lilia M. e Sterling, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015, p. 383)

A partir do trecho dado, analise as afirmações abaixo.

I. O projeto de modernização está relacionado à entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, pois garantiu empréstimos que resultaram na criação da Cia Vale do rio Doce e na construção de uma usina siderúrgica em Volta Redonda.

II. Associada à luta pela democracia, o fim da guerra revelava a contradição de combater o fascismo na Europa e manter um regime autoritário no país. Essa contradição será fundamental para o questionamento da validez do Estado Novo.

III. A queda do Estado Novo está ligada diretamente a uma pressão diplomática norte-americana e à ação dos ministros Dutra e Góis Monteiro, homens de confiança de Vargas, que se posicionaram pelos Aliados desde o início da guerra.

São corretas as afirmações.

  1. I, apenas.
  2. I e II, apenas.
  3. I, II e III.
  4. II, apenas.
  5. II e III, apenas.

02. (Mackenzie 2019) “Estava em marcha uma onda de protestos estudantis em todo o mundo que trazia agitadas cidades como Berlim, Paris, Berkeley e Tóquio. Através do mundo industrializado os estudantes ganharam as ruas às centenas de milhares. Em Paris, que sempre influenciou muito a elite brasileira, os estudantes se aliaram aos trabalhadores para obter importantes concessões do governo – salários mais altos para os trabalhadores e promessa de reorganização da antiquada estrutura universitária da França. Nos Estados Unidos o movimento de protesto chegou a ameaçar o apoio da população à guerra do Vietnã, tendo os estudantes desempenhado um papel fundamental. Estes fatos alarmaram os linhas-duras brasileiros, temerosos de que os protestos no Brasil se tornassem incontroláveis. ”

(Skidmore, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p. 161)

O trecho acima expõe uma característica do movimento estudantil de diferentes partes do mundo durante o ano de 1968: a tomada de posições políticas diante das diferentes realidades.

Sobre a atuação do movimento estudantil brasileiro no ano de 1968, é correto afirmar que

  1. os estudantes brasileiros permaneceram, em sua maioria, indiferentes ao seu contexto político. O maior interesse no momento eram os Festivais de Música Popular, em que as questões políticas não recebiam a devida atenção. Assim, a opção pela luta armada ficou restrita ao operariado brasileiro.
  2. a maior parte do movimento estudantil brasileiro posicionou-se contrária à Ditadura Militar. São exemplos desse posicionamento a passeata dos Cem Mil após a morte do secundarista Edson Luís, a repressão policial ao XXX Congresso da UNE e o ingresso de muitos estudantes à luta armada.
  3. o Movimento Estudantil atuou ativamente pela abertura política brasileira, integrando e organizando passeatas e movimentos contra a Ditadura Militar. Exemplos marcantes são o apoio à luta pela Anistia e sua participação no Movimento das Diretas Já.
  4. os episódios da Passeata dos Cem Mil no RJ, da Batalha da Rua Maria Antônia em SP e da organização do XXX Congresso da UNE em Ibiúna demonstram que o movimento estudantil, durante todo o ano de 1968, permaneceu alienado das questões políticas brasileiras.
  5. a maioria dos estudantes brasileiros, durante o ano de 1968, ingressou na luta armada contra a Ditadura Militar. Posicionando-se sempre à esquerda, o movimento estudantil dedicou-se exclusivamente às questões de ordem política, priorizando o treinamento guerrilheiro em Cuba e a leitura dos clássicos marxistas.

03. (Mackenzie 2018) “As Forças Armadas intervieram na cena pública em 1964 e ficaram 21 anos no poder porque julgavam ser isso do interesse da instituição – e, como até hoje se imaginam com legitimidade própria, consideraram estar agindo em benefício do país. Quando avaliaram a conveniência de abrir mão do controle direto do Executivo, também trataram de preservar seus interesses específicos. Uma das exigências dos militares era manter ativas as estruturas concebidas durante a ditadura; entre elas, o sistema de informação e segurança. Além disso, demandavam a garantia de que permanecesse intocável quem tivesse se envolvido com a repressão política – não haveria ‘revanchismo’, costumava-se dizer nos quartéis”.

Lilia Schwarcz e Heloísa Starling. Brasil: Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 470

Dentre as medidas decretadas no contexto da redemocratização brasileira e que contribuíram para satisfazer demandas de militares, é correto afirmar que

  1. o Pacto de Abril, dentre suas determinações, estabeleceu o fechamento do Congresso por tempo indeterminado, eleições indiretas para presidente da República e a criação dos “senadores biônicos”, membros, por sua vez, das Forças Armadas.
  2. a Lei da Anistia, dentre suas cláusulas de reciprocidade, concedeu a anistia a todos que cometeram crimes políticos ou conexos, o que continua impedindo a responsabilização individual dos coautores dos crimes praticados pelo Estado durante a ditadura.
  3. a extinção do AI-5, durante o governo Figueiredo, ao mesmo tempo em que permitiu o retorno dos opositores até então exilados e a libertação de prisioneiros políticos, também garantiu aos agentes da “linha dura” o controle sobre órgãos de repressão e agências de inteligência.
  4. a Constituição de 1988 garantiu o retorno das liberdades individuais e de livre expressão do pensamento. Dentre seus artigos mais controversos, porém, está a garantia de participação política aos militares e o controle sobre programadas de rádio.
  5. a Lei de Segurança Nacional garantiu às Forças Armadas o controle sobre notícias que se referiam ao regime ditatorial e à prisão de possíveis opositores à transição democrática, contribuindo para os conflitos de ruas que marcaram o retorno de presidentes civis ao poder.

04. (Mackenzie 2018) Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas, por meio de um pronunciamento em rede nacional de rádio, lançou um Manifesto à nação, no qual dizia que era necessário “reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país”. Era o início do Estado Novo, regime político que iria vigorar, até 1945, no Brasil. Considere as afirmativas abaixo.

I. A adoção de uma política de intervencionismo estatal, refutando os princípios liberais, anteriormente aplicados na economia, como livre-concorrência ou iniciativa privada, possibilitaram que o Estado pudesse atuar para impulsionar o setor da indústria de base, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, de Volta Redonda.

II. No setor petrolífero, as realizações do novo regime foram de suma importância, pois com a criação da Petrobrás, ficou garantido o monopólio estatal na extração de petróleo e reservas minerais, elementos importantes no processo de industrialização.

III. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi criada por Vargas, após um acordo diplomático, entre os governos brasileiro e estadunidense, que previa a construção de uma usina siderúrgica capaz de fornecer aço para os aliados, durante a Segunda Guerra Mundial e, na paz, ajudasse no desenvolvimento do Brasil.

Assinale

  1. se somente a I estiver correta.
  2. se somente a II estiver correta.
  3. se somente a III estiver correta.
  4. se somente a I e a III estiverem corretas.
  5. se somente a II e a III estiverem corretas.

05. (Mackenzie 2018) “Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais(...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa”.

PALMÉRIO, Mário. Vila dos Confins. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1989.

De acordo com a leitura do texto acima, considere as assertivas a seguir a respeito dos aspectos da República Velha no Brasil.

I. O predomínio oligárquico, baseado na troca de favores entre as diversas instâncias do poder, visava, sobretudo, combater os focos de tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de organização dos trabalhadores rurais nesse momento.

II. A campanha eleitoral, empreendida pelos chefes políticos locais, pretendia atingir, principalmente, os trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela “labuta pesada”, uma vez que os da zona rural, intimidados pela violência física, acabavam por votar de acordo com a vontade dos “coronéis”.

III. A transformação operada no trabalhador rural, na época das eleições, representava a marca de um sistema político baseado na força dos chefes locais sobre seus subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os, somente nessa ocasião, dos trabalhos que “engrossavam as mãos”.

Assinale a assertiva correta.

  1. I está correta, apenas.
  2. II está correta, apenas.
  3. III está correta, apenas.
  4. I e II estão corretas, apenas.
  5. I e III estão corretas, apenas.

06. (Mackenzie 2017) “O movimento de 1930 não pode ser entendido sem a intervenção das classes médias, mas não é uma revolução destas classes, nem no sentido de que elas sejam o setor dominante no curso da revolução, nem de que sejam seus principais beneficiários. ”

FAUSTO, Boris. A Revolução de 1930.São Paulo: Editora Brasiliense, 1983

De acordo com o trecho acima, considere e analise as afirmativas abaixo a respeito da Revolução de 1930.

I. Durante a década de 1920, diante da crise econômica e do controle oligárquico do poder, surgiram outros grupos sociais que passaram a reivindicar participação nas decisões governamentais e reformas nas instituições políticas. As aspirações da classe média urbana eram as mesmas do movimento tenentista, ao defender, entre outros, o voto secreto, reformas sociais e econômicas.

II. A Revolução resultou da aliança temporária, diante da Crise de 1929, das oligarquias dissidentes, das classes médias urbanas e do setor militar tenentista, contra o predomínio político dos interesses dos cafeicultores paulistas, expresso na eleição e vitória de Júlio Prestes.

III. No fim da década de 1920, os setores que contestavam as instituições da República Velha viam, com otimismo, a possibilidade de êxito. Os tenentes, junto às classes médias urbanas, passaram a se organizar em comitês e a eleger, em número cada vez mais expressivo, candidatos que os representassem.

Assinale a assertiva correta.

  1. Somente a I está correta.
  2. Somente a II está correta.
  3. Somente a III está correta.
  4. Somente a I e a II estão corretas.
  5. Somente a II e a III estão corretas.

07. (Mackenzie 2017) A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o historiador Marcos Napolitano:

“Se a transição democrática começou contrariando a vontade de milhões de brasileiros que não puderam influenciar no destino político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos anos pela oposição civil como um todo marcaram época e foram o contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota não poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que desejavam participar, após 21 anos de coerção social e política em nome da Segurança Nacional”.

Marcos Napolitano. O regime militar brasileiro, 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998, p.99

Assinale a alternativa correta acerca do contexto referido pelo texto.

  1. A Lei da Anistia, de 1979, concedeu liberdade ampla e irrestrita a todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na luta contra a Ditadura. Exemplo disso foi a condenação de militares envolvidos em práticas de torturas.
  2. A eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney marcou a transição para o regime democrático no Brasil. A morte prematura de Tancredo, por sua vez, mergulhou o país em uma crise política institucional.
  3. A derrota das Diretas-Já não impediu a mobilização da sociedade civil. Ref lexo disso foi a instalação da Assembleia Constituinte, em 1987, resultando na promulgação da “Constituição Cidadã”, no ano seguinte.
  4. A transição democrática foi marcada por intensos debates sobre os artigos da nova Constituição. Exemplo disso foi a pressão exercida pelo presidente Sarney para a aprovação da emenda da reeleição.
  5. Apesar de consolidada, a democracia no Brasil passou, desde o início da Nova República, por momentos instáveis. Reflexo disso foi a vitória fraudulenta de Fernando Collor de Mello, em 1989.

08. (Mackenzie 2017)

Durante sua campanha eleitoral, Fernando Collor de Mello, prometia modernizar o país e liquidar com a nossa inflação. Entretanto, como ironiza a charge acima, seus pacotes econômicos não foram bem sucedidos. A respeito do Plano Collor, conjunto de medidas a fim de revitalizar nossa economia e que foi divulgado logo no dia seguinte à sua posse, ocorrida em 15 de março de 1990, é correto afirmar que

  1. instaurou o congelamento imediato de preços de produtos básicos, acompanhado de gradual liberalização de salários, como também retomava o padrão monetário do cruzado.
  2. estabeleceu o tabelamento dos preços dos principais gêneros alimentícios de consumo, mas permitiu a livre negociação de salários, o que beneficiou a classe trabalhadora.
  3. deu início ao programa de privatizações estatais e preconizava a necessidade de se realizar um violento corte de gastos públicos, porém, na prática, não houve uma expressiva demissão de funcionários.
  4. confiscou os depósitos bancários que ultrapassassem o valor de 500 mil cruzados, durante um breve período de 3 meses, para evitar o remessa de capital nacional para o exterior.
  5. confiscou depósitos bancários em contas correntes e cadernetas de poupança, no valor que excedesse a quantia de 50 mil cruzeiros, para evitar deslocamento de recursos para o consumo.

09. (Mackenzie 2018) “Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais(...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa”.

PALMÉRIO, Mário. Vila dos Confins. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1989.

De acordo com a leitura do texto acima, considere as assertivas a seguir a respeito dos aspectos da República Velha no Brasil.

I. O predomínio oligárquico, baseado na troca de favores entre as diversas instâncias do poder, visava, sobretudo, combater os focos de tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de organização dos trabalhadores rurais nesse momento.

II. A campanha eleitoral, empreendida pelos chefes políticos locais, pretendia atingir, principalmente, os trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela “labuta pesada”, uma vez que os da zona rural, intimidados pela violência física, acabavam por votar de acordo com a vontade dos “coronéis”.

III. A transformação operada no trabalhador rural, na época das eleições, representava a marca de um sistema político baseado na força dos chefes locais sobre seus subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os, somente nessa ocasião, dos trabalhos que “engrossavam as mãos”.

Assinale a assertiva correta.

  1. I está correta, apenas.
  2. II está correta, apenas.
  3. III está correta, apenas.
  4. I e II estão corretas, apenas.
  5. I e III estão corretas, apenas.

10. (Mackenzie 2016) “E era preciso embelezar as principais cidades, para que bem representassem suas funções: cuidar dos edifícios públicos; afastar a pobreza para os novos subúrbios; implementar o transporte coletivo, e construir instituições representativas. Foi com esse intuito ‘civilizatório’ que o presidente Rodrigues Alves (1902-1906) montou uma equipe técnica para fazer do Rio de Janeiro uma vitrine para os interesses estrangeiros (...). A comissão responsável pelas obras recebeu poderes ilimitados e estabeleceu um plano com três grandes metas: a modernização do porto, que estaria a cargo do engenheiro Lauro Müller; o saneamento da cidade, de cuja realização se incumbiria o médico sanitarista Oswaldo Cruz, e a reforma urbana, que caberia ao engenheiro Pereira Passos, o qual conhecia de perto o projeto para Paris elaborado pelo barão de Haussmann”.

Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p.327.

No início do século XX, as autoridades republicanas elaboraram um projeto de embelezamento das principais cidades do Brasil, sintonizando o país com a modernização vivenciada por outros centros urbanos mundiais. No entanto, tal projeto provocou diversas reações contrárias, principalmente por parte das camadas populares, diretamente afetadas. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.

  1. Símbolo do “Ciclo da Borracha”, a cidade de Manaus passou por um grande processo de reforma urbana, liderada por Pereira Passos. A pujança econômica contribuiu para a remodelação do centro da cidade e para a construção do teatro municipal, aprofundando as desigualdades sociais e, por isso, gerando revoltas.
  2. A construção de Belo Horizonte, pelos republicanos mineiros, representou um projeto autoritário de deslocamento da população pobre para a zona suburbana. Ao mesmo tempo, simbolizou a intenção das elites burgueses, ao fazer da cidade uma pretensa candidata à condição de nova capital federal.
  3. Em São Paulo, o acelerado crescimento econômico contribuiu, de forma decisiva, para o surgimento de uma nova paisagem urbana. A construção de grandes avenidas resultou na destruição de todos os casebres de madeira e na vacinação obrigatória contra a varíola, gerando contestações da população.
  4. No Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina (1904) representou a contestação popular às medidas autoritárias da prefeitura. Resultado da incompreensão de parte a parte, tal Revolta não deixou de simbolizar o entendimento, por parte das camadas atingidas, sobre os limites das ações das autoridades públicas.
  5. A construção de Brasília representava o desenvolvimento econômico e social do interior do país. Ao mesmo tempo, permitia às autoridades públicas inserir a nova capital entre as cidades mais modernas e planejadas do mundo, acentuando o caráter modernizador e positivista da República recém instaurada.

11. (Mackenzie 2016) “A marcha que parou São Paulo era a comprovação de que se consolidara uma frente de oposição ao governo, com capacidade de mobilização e composição social heterogênea. Na origem dessa frente, em primeiro lugar estava a compartilhada aversão de setores da sociedade ao protagonismo crescente dos trabalhadores urbanos e rurais. Em segundo, o dinheiro curto e o futuro incerto acenderam o ativismo das classes médias urbanas, cientes de que um processo radical de distribuição de renda e de poder por certo afetaria suas tradicionais posições naquela sociedade brutalmente desigual. E tudo isso junto ajuda a entender a intensidade e a extensão do movimento. Entre 19 de março e 8 de junho de 1964, uma multidão marchou com Deus contra João Goulart –, ou após 31 de março, para comemorar a vitória do golpe que depôs seu governo – em pelo menos cinquenta cidades do país, incluindo capitais e cidades de pequeno ou médio porte”.

Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p.445

Em 19 de março de 1964, a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” reuniu cerca de 500 mil pessoas em São Paulo. De tendências políticas diversas, as pessoas que ali se reuniram tinham em comum a oposição ao governo, as críticas à suposta ligação do presidente com o comunismo e associavam o agravamento da crise econômica à incapacidade administrativa de João Goulart. A respeito da realização e das consequências de tal movimento, assinale a alternativa INCORRETA.

  1. Possuía ao menos dois objetivos claros: servir como resposta ao lançamento, por João Goulart, das Reformas de Base e lançar um apelo da sociedade à intervenção das Forças Armadas nos rumos políticos do país.
  2. Contribuiu decisivamente para os acontecimentos que culminaram no Golpe Militar, pois demonstrou a união, a força e a disposição dos setores conservadores opostos ao governo em romper com a legalidade constitucional do país.
  3. Contou com a participação de setores expressivos da sociedade brasileira, sendo a maioria formada por trabalhadores urbanos e rurais, insatisfeitos com a perda do poder aquisitivo e o aumento generalizado da inflação.
  4. Representou o anseio, de setores da sociedade brasileira, pelo fim do governo João Goulart e pelo fim da influência comunista representada por Brizola, mesmo que, para isso, fosse preciso apelar para a intervenção dos militares.
  5. Foi organizada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, um dos principais órgãos opositores ao governo de João Goulart –, a partir de associações das senhoras católicas ligadas à Igreja Católica conservadora – destacadamente a União Cívica Feminina.

12. (Mackenzie 2016) “Nem tudo eram flores no período de Juscelino. Os problemas maiores se concentraram nas áreas interligadas do comércio exterior e das finanças do governo”.

Boris Fausto. História do Brasil. 13ª ed. São Paulo: EDUSP, 2009, p.432

Dentre os problemas enfrentados pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)

  1. estavam as oposições de setores da elite conservadora, avessa às Reformas de Base propostas pelo presidente, impedindo um amplo projeto de modernizações para o país.
  2. estavam os altos gastos governamentais para sustentar o programa de industrialização e a construção de Brasília, resultando em crescentes déficits do orçamento federal.
  3. estava a oposição das Forças Armadas, capitaneadas pelo marechal Henrique Lott, contribuindo para a instabilidade política que ameaçou a continuidade democrática.
  4. estava a aquisição de empréstimos externos, resultando na dependência em relação ao FMI e a adoção de medidas impostas por esse órgão, como o congelamento salarial.
  5. estava a austeridade fiscal e o descontrole inflacionário, resultando em uma política de juros altos e liberalização do câmbio, manobras nacionalistas que surtiram efeito imediato.

13. (Mackenzie 2016) O primeiro período da história republicana do Brasil, de 1889-1894, ficou conhecido como República da Espada, por ser marcado pela presença de governos militares dos marechais Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894). Com relação a esse período considere as afirmativas abaixo.

I. A proclamação da República foi consequência da aliança entre os cafeicultores paulistas com o exército, para derrubar o império, embora os dois setores tivessem projetos políticos republicanos diferentes. Para proteger o novo regime, e permitir a instalação das instituições republicanas, instalou-se um governo forte, controlado pelos militares.

II. Após a instauração do regime republicano e a consolidação de suas instituições, rompeu-se o consenso entre cafeicultores e militares sobre a permanência do Exército no poder. Tanto o republicanismo radical quanto o positivismo republicano não possuíam bases sociais significativas para sustentá-los no poder.

III. A ascensão de Prudente de Morais encerrou o período da República da Espada, consagrando a vitória da oligarquia cafeeira. Porém, esse grupo passou a dar ênfase na modernização e na industrialização, para contar com o apoio das classes médias urbanas e demais grupos sociais que ameaçavam seu projeto político.

Assinale

  1. se somente a afirmativa I estiver correta.
  2. se somente a afirmativa II estiver correta.
  3. se somente a afirmativa III estiver correta.
  4. se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
  5. se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

14. (Mackenzie 2015) “O Exército não tem ambições e não quer poder ou postos. Age abnegadamente por altruísmo brasileiro e fundamentalmente patriótico e, nesse sentido, os chefes do movimento revolucionário querem dar o exemplo, que empresta autoridade à sua crítica aos republicanos que, até agora, ocuparam os altos postos da administração do país.”

O trecho acima faz parte do discurso dos Tenentes rebelados em 1924, em São Paulo, que estavam sob a liderança de Miguel Costa, evidenciando

  1. o enorme descontentamento do movimento tenentista com a participação na vida política nacional de seus oficiais superiores.
  2. a defesa que os Tenentes faziam da necessidade de realizar grandes reformas políticas e eleitorais que restringissem o poder dos grandes proprietários rurais.
  3. o desejo de um grupo de militares de restabelecer novamente a Monarquia, visto que a República não atendia aos anseios da maioria da população brasileira.
  4. o caráter apolítico do Exército do nosso país que, nesse momento, ansiava apenas por combater a corrupção administrativa e não efetivamente participar do poder.
  5. o anseio por parte desses jovens militares de participarem da vida política nacional, uma vez que pela Constituição de 1891, isso não era permitido.

15. (Mackenzie 2014) Cavaleiros circulam vigiando as pessoas

Não importa se são ruins, nem importa se são boas

E a cidade se apresenta centro das ambições

Para mendigos ou ricos e outras armações

Coletivos, automóveis, motos e metrôs

Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs


A cidade não para, a cidade só cresce

O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade não para, a cidade só cresce

O de cima sobe e o de baixo desce


A cidade se encontra prostituída

Por aqueles que a usaram em busca de saída

Ilusora de pessoas de outros lugares

A cidade e sua fama vai além dos mares

No meio da esperteza internacional

A cidade até que não está tão mal

E a situação sempre mais ou menos

Sempre uns com mais e outros com menos

(...)

Chico Science. A cidade. Da lama ao caos. Sony Music, 1994.

A letra da música acima aponta para alguns problemas vividos na contemporaneidade. Assinale a alternativa que melhor explicita o contexto e as referências ao Brasil atual.

  1. A ortodoxia econômica de governos recentes tem adotado uma postura mais crítica em relação ao modelo neoliberal, aproximando-se de políticas socialdemocratas. De efeito duvidoso, tal política aponta para uma nova perspectiva, com a resolução das desigualdades encontradas até então.
  2. Vivencia-se a emergência de políticas públicas voltadas para a resolução de certos problemas sociais, em particular as desigualdades geradas pelo modelo neoliberal até então adotado. Daí o rompimento com o FMI feito recentemente.
  3. Procura-se acomodar crescimento econômico com um modelo que priorize investimentos nas questões sociais. Práticas populistas que em nada contribuem para a real superação das desigualdades existentes no país.
  4. De um lado, estabilização econômica. De outro, marginalização, insegurança, aprofundamento das desigualdades econômicas e sociais, insatisfações em relação a esse contexto. Faces da mesma moeda apontam para a necessidade de reformulação da política de desenvolvimento adotada.
  5. A marginalização tem sido uma realidade crescente no país, contrariando uma tendência mundial de redução desses níveis de desigualdade. Isso se deve ao insucesso de programas sociais atuais, abrindo caminho, por sua vez, para abusos cometidos por autoridades policiais e divulgados pela imprensa.

16. (Mackenzie 2014) “Juiz de Fora, Minas Gerais, 31 de março de 1964. Um general [...] põe na rua equipamentos e tropas do Exército sob seu comando. Destino: Rio de Janeiro. Objetivo: derrubar o governo. O golpe está desencadeado. [...]”

Couto, R. C.. História Indiscreta da Ditadura e da Abertura: Brasil 1964-1985. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1999, p.24

Nas lembranças dos cinquenta anos do golpe civil-militar que instaurou um regime autoritário no Brasil entre 1964 e 1985, deve-se levar, em consideração,

  1. a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que reuniu milhares de pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro a favor do governo Goulart e, por isso, fortemente reprimida pelas forças armadas.
  2. a participação decisiva dos Estados Unidos, com receio dos vultosos empréstimos realizados pela União Soviética ao governo brasileiro em troca da construção de uma base militar soviética no Brasil.
  3. a forte instabilidade política na ocasião; o temor estadunidense e de empresários brasileiros, considerando o país vulnerável ao comunismo soviético; as fortes oposições internas ao governo Goulart.
  4. o apoio estudantil a João Goulart, com passeatas e organização armada da luta contra os militares, fazendo o golpe – a princípio agendado para 1965 – ser antecipado para se evitar maiores agitações no país.
  5. o número de ações de membros do governo Goulart, que não impediram o golpe militar e se colocaram prontamente a favor na intervenção, por considerarem o presidente incapaz, como foi o caso de Leonel Brizola.

17. (Mackenzie 2014)

A caricatura satiriza a Revolta da Vacina, ocorrida durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906). Ela evidencia que

  1. a política saneadora do então presidente visava, principalmente, atender aos apelos das camadas populares, que reivindicavam melhorias das condições de higiene da cidade.
  2. o programa de reurbanização e saneamento da cidade do Rio de Janeiro pretendia estimular a imigração e a entrada de capitais estrangeiros, modernizando a capital e dando fim às epidemias.
  3. a execução do programa do presidente era voltada para o bem-estar da massa popular, entretanto, por falta de informação e instigados pela propaganda socialista, o povo se revoltou em motins.
  4. o médico sanitarista Oswaldo Cruz, antes de iniciar o processo de vacinação em massa da população, esclareceu os mesmos a respeito dos benefícios médicos, o que não impediu o levante.
  5. tal revolta ocorreu devido ao descontentamento popular frente ao governo, pois não foram disponibilizadas o número suficiente de vacinas para toda a população carente.

18. (Mackenzie 2013) […] a herança do tempo de Vargas se materializou em instituições e projetos que extrapolam o contexto em que emergiram e continuaram a influenciar nossa história social depois do trágico suicídio. O suicida continuou presente, como referência positiva ou negativa, para os homens que pretendiam fazer o futuro, e que consideravam que o passado que herdavam era marcado sobretudo pela figura do estadista”.

Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezer Dutra Fonseca (orgs).

“Apresentação”. In: A Era Vargas: Desenvolvimento, Economia e Sociedade. São Paulo:

Editora UNESP, 2012, p.08

Podemos citar, como herança do tempo de Vargas,

  1. o populismo, pois é um dos motivos pelas críticas internacionais feitas aos governos recentes do Brasil, habituados ao mandonismo local e à censura.
  2. a política trabalhista, uma vez que praticamente toda a legislação atualmente em vigor foi elaborada durante a Era Vargas.
  3. o poder coercitivo sobre a população, já que tanto naquela época quanto atualmente os presidentes são oriundos de grupos latifundiários autoritários.
  4. a manipulação e censura à imprensa, prática de raízes históricas e de difícil superação no Brasil, em função do controle estatal dos meios de comunicação.
  5. a política industrial, pois o intervencionismo é o aspecto mais marcante tanto da Era Vargas quanto dos governos pós-Regime Militar.

19. (Mackenzie 2013) Quando João Batista Figueiredo (1979-1985) iniciou seu governo, o Brasil vivenciava um momento de graves críticas advindas dos diversos setores sociais ao autoritarismo presente durante o regime militar. Durante o governo Figueiredo, no plano econômico, apontam-se como principais problemas que não foram solucionados:

  1. A alta taxa de desemprego, consequência da redução do crescimento econômico, e o combate à política monetária de empréstimos junto a bancos estrangeiros.
  2. A indexação de preços e salários e o bloqueio dos investimentos ligados ao mercado financeiro internacional.
  3. Redução dos investimentos na área tecnológica e dos subsídios à área rural, agravando e acirrando a ocupação de terras por parte do trabalhadores rurais.
  4. A transformação dos cruzados novos em cruzeiros e o congelamento de preços de salários dos trabalhadores das indústrias.
  5. A questão da dívida externa, em que o governo não conseguia pagar os empréstimos já obtidos, a enorme alta da inflação e o aumento no nível do desemprego.

20. (Mackenzie 2013) Em 2012 completam-se 90 anos da Semana de Arte Moderna, marco de renovações artístico-culturais do Brasil. A respeito desse acontecimento, assinale a alternativa INCORRETA.

  1. Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, suas características básicas. O nacionalismo, em especial, viria como decorrência de afirmação, presente desde a implantação da República em 1889, de uma arte e cultura genuinamente brasileiras.
  2. Tal Semana exprimia o anseio de uma nova mentalidade intelectual, insatisfeita com o status quo das artes de então. Por isso, tinha como um dos objetivos centrais a modernização, por meio de um olhar para o social e para o que havia de mais avançado na criação artística.
  3. Existia naquele movimento um olhar para o futuro, que trazia um desejo de ruptura, de inovação e de experimentação. Mas, ao mesmo tempo, marcava presença um sentimento de nostalgia, um retomar das raízes culturais que marcaram a formação histórica do país.
  4. Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, seus aspectos básicos. As letras e as artes do período desejavam o rompimento com o século XIX, e seu academicismo, sendo o exterior – em especial a Europa – símbolo desse rompimento.
  5. Por partirem de concepções nacionalistas, esses artistas negavam as influências externas na cultura brasileira. Para eles, uma arte genuinamente brasileira somente aconteceria por meio do total afastamento em relação às principais vanguardas europeias.