Ora, Ora

Parece que você tem um Bloqueador de Anúncios ativo, e quem não usa?

Contudo a Agatha Edu se mantém essencialmente com a renda gerada por anúncios, desativa aí rapidinho, parça. 😀

Resolução: Modernismo

Lista de 24 exercícios de Literatura com gabarito sobre o tema Modernismo com questões do Enem.

Para responder as questões abaixo é necessário o conhecimento sobre os Modernistas, tais como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes etc


Você pode conferir as videoaulas, conteúdo de teoria, e mais questões sobre o tema Modernismo.




D

01. (Enem 2024) — Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.

— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009. Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que

  1. diferencia a produção artística do registro padrão da língua.
  2. aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.
  3. defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.
  4. contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
  5. associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais

Resposta: D

Resolução: No trecho, a discussão entre os personagens reflete um debate sobre o uso da linguagem coloquial versus uma linguagem mais erudita na literatura. Azevedo Gondim representa uma visão tradicional e formal da escrita, enquanto Paulo defende uma abordagem mais próxima da fala cotidiana. Isso contrapõe a formalidade e o preciosismo literário a uma forma mais coloquial de expressão.

02. (Enem 2023) Era um gato preto, como convinha a um cultor das boas letras, que já lera Poe traduzido por Baudelaire. Preto e gordo. E lerdo. Tão gordo e lerdo que a certa altura observei que ia perdendo inteiramente as qualidades características da raça, que são em suma o ódio de morte aos ratos. Já nem os afugentava!

Os ratos de Ouro Preto são também dignos e solenes — não ria — tradicionalistas… descendentes de ratos que naqueles mesmos casarões presenciaram acontecimentos importantes da nossa história... No sobrado do desembargador Tomás Antônio Gonzaga, imagine o senhor uma reunião dos sonhadores inconfidentes, com os antepassados daqueles ratos a passearem pelo sótão ou mesmo pelo assoalho por entre as pernas dos homens absortos na esperança da independência nacional!

E depois, os ancestres daqueles roedores que eu via agora deslizar sutilmente no meu quarto podiam ter subido pelo poste da ignomínia colonial, onde estava exposta a cabeça do Tiradentes! E quando as órbitas se descarnaram ignominiosamente, podiam até ter penetrado no recesso daquele crânio onde verdadeiramente ardera a literatura, com a simplicidade do heroísmo, a febre nacionalista...

ALPHONSUS, J. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago: Brasília: INL, 1976.

Descrevendo seu gato, o narrador remete ao contexto e a protagonistas da Inconfidência para criar um efeito desconcertante centrado no

  1. desenho imaginativo do casario colonial de Ouro Preto.
  2. efeito de apagamento de limites entre ficção e realidade.
  3. vinculo estabelecido entre animais urbanos e literatura.
  4. questionamento sutil quanto à sanidade dos inconfidentes.
  5. contraste entre austeridade pomposa e imagem repugnante.

Resposta: E

Resolução:

03. (ENEM 2022) Mas seu olhar verde, inconfundível, impressionante, iluminava com sua luz misteriosa as sombrias arcadas superciliares, que pareciam queimadas por ela, dizia logo a sua origem cruzada e decantada através das misérias e dos orgulhos de homens de aventura, contadores de histórias fantásticas, e de mulheres caladas e sofredoras, que acompanhavam os maridos e amantes através das matas intermináveis, expostas às febres, às feras, às cobras do sertão indecifrável, ameaçador e sem fim, que elas percorriam com a ambição única de um “pouso” onde pudessem viver, por alguns dias, a vida ilusória de família e de lar, sempre no encalço dos homens, enfebrados pela procura do ouro e do diamante.

PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

Ao descrever os olhos de Maria Santa, o narrador estabelece correlações que refletem a

  1. caracterização da personagem com mestiça.
  2. construção do enredo de conquistas da família.
  3. relação conflituosa das mulheres e seus maridos.
  4. nostalgia do desejo de viver como os antepassados.
  5. marca de antigos sofrimentos no fluxo de consciência.

Resposta: E

Resolução:

04. (ENEM 2022) Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos — esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e o fedor das covas podres.

Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas.

Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados.

Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado noma - dismo.

Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando.

Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos — de ascite consecutiva à alimentação tóxica — com os fardos das barrigas alarmantes.

Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma.

Eram os retirantes. Nada mais.

ALMEIDA, J. A. A bagaceira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978.

Os recursos composicionais que inserem a obra no chamado “Romance de 30” da literatura brasileira manifestam-se aqui no(a)

  1. desenho cru da realidade dramática dos retirantes.
  2. indefinição dos espaços para efeito de generalização.
  3. análise psicológica da reação dos personagens à seca.
  4. engajamento político do narrador ante as desigualdades.
  5. contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria.

Resposta: A

Resolução:

05. (Enem 2019) HELOÍSA: Faz versos?

PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.

HELOÍSA: Futuristas?

PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia!

Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa.

Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo.

Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.

ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura

  1. preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.
  2. conservadora, ao optar por modelos consagrados.
  3. preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
  4. nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

Resposta: B

Resolução: A peça de Oswald de Andrade mostra como a sociedade pode ser resistente às novidades e como isso pode afetar os artistas e suas escolhas criativas. A personagem Pinote é uma crítica a essa postura conservadora e como ela pode levar os artistas a renunciarem suas crenças e se conformarem com o que é considerado consagrado ou aceito pela sociedade, em vez de seguirem sua própria visão e criatividade.

06. (Enem 2019) Uma ouriça

Se o de longe esboça lhe chegar perto,

se fecha (convexo integral de esfera),

se eriça (bélica e multiespinhenta):

e, esfera e espinho, se ouriça à espera.

Mas não passiva (como ouriço na loca);

nem só defensiva (como se eriça o gato);

sim agressiva (como jamais o ouriço),

do agressivo capaz de bote, de salto

(não do salto para trás, como o gato):

daquele capaz de salto para o assalto.

Se o de longe lhe chega em (de longe),

de esfera aos espinhos, ela se desouriça.

Reconverte: o metal hermético e armado

na carne de antes (côncava e propícia),

e as molas felinas (para o assalto),

nas molas em espiral (para o abraço).

MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a atitude feminina de

  1. tenacidade transformada em brandura.
  2. obstinação traduzida em isolamento.
  3. inércia provocada pelo desejo platônico.
  4. irreverência cultivada de forma cautelosa.
  5. desconfiança consumada pela intolerância.

Resposta: A

Resolução: O poema "Uma ouriça" de Carlos Drummond de Andrade, utiliza uma linguagem poética sofisticada e metafórica para descrever a atitude feminina. A personificação da ouriça é utilizada como metáfora para representar a tenacidade e a defesa transformadas em brandura e afeto. O poema utiliza imagens de esferas e espinhos para descrever a defesa da ouriça, mas também sua capacidade de mudar sua postura de defesa para afeto, reconvertendo seus espinhos e sua armadura em carne propícia para o abraço. O poema sugere que a mulher é capaz de mudar sua postura de defesa para afeto e afetividade, mas também tem a capacidade de ser forte e defensiva.

07. (Enem PPL 2019) Biografia de Pasárgada

Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.

Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012.

O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos.

De acordo com esse depoimento, o fazer poético em

“Vou-me embora pra Pasárgada!”

  1. acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional.
  2. decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção.
  3. ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico.
  4. resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.
  5. remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.

Resposta: B

Resolução: De acordo com o depoimento de Manuel Bandeira, a criação do poema "Vou-me embora pra Pasárgada!" decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção. Ele explica que o poema surgiu a partir de uma evasão mental durante um momento de desânimo e que as reminiscências da infância, como histórias contadas por sua ama-seca e o sonho de ter uma bicicleta, também influenciaram na criação do poema. Ele afirma que o poema se construiu sozinho, nos recessos do subconsciente e que as belezas do poema são apenas acidentes

08. (Enem PPL 2019) Canção

No desequilíbrio dos mares,

as proas giram sozinhas…

Numa das naves que afundaram

é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos

sem desespero e sem desgosto,

e morri de infinitas mortes

guardando sempre o mesmo rosto.

Quando as ondas te carregaram

meus olhos, entre águas e areias,

cegaram como os das estátuas,

a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar

e endureceram junto ao vento,

e perderam a cor que tinham

e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava

desprendeu-se e caiu de mim:

e só talvez ele ainda viva

dentro destas águas sem fim.

MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na

  1. contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.
  2. expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.
  3. associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.
  4. recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.
  5. consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

Resposta: B

Resolução: Na composição do poema "Canção", o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa. O poeta descreve a espera por um amor que nunca chega, e a consequente dor e solidão. O uso de metáforas marítimas reforça a ideia de incerteza e instabilidade, e a descrição da estátua endurecida e sem vida reflete a sensação de perda e ausência do amor desejado.

09. (Enem PPL 2019) O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.

ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros.

Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na

  1. plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.
  2. dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.
  3. religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes.
  4. correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo.
  5. humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.

Resposta: E

Resolução: Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem. Ele descreve a cena da caça com detalhes emotivos, mostrando a sensibilidade dos animais e sua vulnerabilidade diante da violência humana, e contrastando isso com a frieza e a crueldade dos caçadores. Além disso, há uma forte carga de crítica social e moral no texto.

10. (Enem 2018) O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiqueta-las, selá-las, envolve-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante.

REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.

O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no

  1. julgamento da mulher fora do espaço doméstico.
  2. relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.
  3. destaque a grupos populares na condição de protagonistas.
  4. processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.
  5. vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

Resposta: E

Resolução: No fragmento, o narrador descreve a rotina de trabalho de Leniza, uma jovem que trabalha colando rótulos e etiquetando vidros em uma fábrica. Ele destaca a fastidiosidade do trabalho, mas também a importância das conversas entre as funcionárias para passar o tempo. Essas conversas são retratadas como importantes para o desenvolvimento de Leniza, pois ela aprende sobre o mundo e sobre si mesma através delas. Além disso, o narrador sugere que as transformações urbanas da década de 1930 influenciaram os papéis femininos, e que Leniza se transformou como resultado desses papéis.

11. (Enem PPL 2018) Uma das funções da bra de arte é epresentar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela:

Uma das funções da obra de arte é epresentar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela:

  1. verticalização do espaço.
  2. desconstrução da forma.
  3. sobreposição de elementos.
  4. valorização da naturez.
  5. abstração do tema.

Resposta: C

Resolução: A imagem da Estrada de Ferro Central do Brasil é utilizada como exemplo para ilustrar como a obra de arte pode representar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a estrada de ferro é um exemplo de como o processo de modernização do país estava em andamento, e como isso se refletia na construção de infraestrutura. A imagem mostra como a estrada de ferro se sobrepõe a elementos naturais, como montanhas e rios, mostrando a força do progresso e a necessidade de superar as barreiras naturais.

12. (Enem PPL 2017) O exercício da crônica

Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo.

(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991)

Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crônica para pensá-la como gênero e prática. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista:

  1. criar fatos com a imaginação.
  2. reproduzir as notícias dos jornais.
  3. escrever em linguagem coloquial.
  4. construir personagens verossímeis.
  5. ressignificar o cotidiano pela escrita.

Resposta: E

Resolução: Nesse trecho, Vinicius de Moraes reflete sobre o trabalho do cronista como uma arte ingrata, mas também importante. Ele enfatiza que o cronista tem como tarefa buscar fatos cotidianos para ressignificá-los através da escrita, criando novos significados e perspectivas. Ele também destaca que a escrita do cronista é diferente da escrita do ficcionista, pois o cronista é guiado por fatos reais e não por personagens e situações criadas por ele.

13. (Enem 2017) O farrista

Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 1992.

A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

  1. configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.
  2. remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.
  3. repercute as manifestações do sincretismo religioso.
  4. descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
  5. promove inovações no repertório linguístico.

Resposta: B

Resolução: O poema "O farrista" de Murilo Mendes, situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem no poema, por meio de um eu lírico que questiona a história do colonialismo e seu impacto sobre os povos indígenas. O poema utiliza de uma linguagem simples e direta para expressar a ironia e o cinismo diante da chegada dos colonizadores e a falta de responsabilidade do anjo da guarda dos índios, que não foi capaz de protegê-los. O poema apresenta uma crítica ao sistema colonialista e suas consequências para os povos indígenas.

14. (Enem PPL 2016) Anoitecer

A Dolores

É a hora em que o sino toca,

mas aqui não há sinos;

há somente buzinas,

sirenes roucas, apitos

aflitos, pungentes, trágicos

uivando escuro segredo;

desta hora tenho medo.

[...]

É a hora do descanso,

mas o descanso vem tarde,

o corpo não pede sono,

depois de tanto rodar;

pede paz — morte — mergulho

no poço mais ermo e quedo;

desta hora tenho medo.

Hora de delicadeza,

agasalho, sombra, silêncio.

Haverá disso no mundo?

É antes a hora dos corvos,

bicando em mim, meu passado,

meu futuro, meu degredo;

desta hora, sim, tenho medo.

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

  1. defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.
  2. desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.
  3. olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.
  4. exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.
  5. espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

Resposta: C

Resolução: No fragmento, a expressividade lírica demonstra um olhar pessimista das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado, com base no contexto da Segunda Guerra Mundial. O poema descreve a hora do anoitecer como uma hora de medo, onde há somente ruídos desagradáveis e falta de tranquilidade e paz. A hora do anoitecer é descrita como uma hora de delicadeza, agasalho, sombra e silêncio, mas esses aspectos parecem estar ausentes na realidade da guerra. O poema revela uma visão poética pessimista e cética das instituições humanas e sociais submetidas ao conflito armado.

15. (Enem PPL 2016) A partida de trem

Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.

Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:

— A senhora deseja trocar de lugar comigo?

Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão no briche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:

— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)

  1. comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada.
  2. anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.
  3. incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.
  4. constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.
  5. sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

Resposta: E

Resolução: No fragmento, o narrador enfatiza o sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento, através da descrição da personagem Dona Maria Rita e suas interações com a personagem Angela Pralini. A obra de Clarice Lispector é marcada pela descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano, evidenciando-se na descrição detalhada e sensível das ações e sentimentos das personagens.

16. (Enem PPL 2016)

O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, estou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.

(ANDRADE, M, Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993)

O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre:

  1. solidão e a multidão.
  2. a carência e a satisfação.
  3. a mobilidade e a lentidão.
  4. a amizade e a indiferença.
  5. a mudança e a estagnação.

Resposta: A

Resolução:

17. (Enem PPL 2016) Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980)

No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela:

  1. atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal.
  2. utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico.
  3. indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada.
  4. enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.
  5. apresentação de elementos próprios da noticia, tais como quem, onde, quando e o quê.

Resposta: E

Resolução: Sim, o poema "João Gostoso" de Manuel Bandeira apresenta uma narrativa que se assemelha a uma notícia, apresentando informações básicas sobre a história de um personagem, como quem ele é, onde vivia e o que aconteceu. Ao mesmo tempo, o poema também utiliza elementos poéticos, como a brevidade e a simplicidade das frases, para dar sentido a história e transmitir uma mensagem mais profunda sobre a vida e a morte de João Gostoso e sua relação com a sociedade.

18. (Enem PPL 2016) Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo

Na minha casa da rua Lopes Chaves

De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu
Deus! Muito
longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...

(ANDRADE, M, Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987)

O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de:

  1. resgatar o passado indígena brasileiro.
  2. criticar a colonização portuguesa no Brasil.
  3. defender a diversidade social e cultural brasileira.
  4. promover a integração das diferentes regiões do país.
  5. valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

Resposta: C

Resolução: Sim, o poema Descobrimento de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. A construção poética problematiza a representação nacional, defendendo a diversidade social e cultural brasileira, mostrando a distância e a falta de conexão entre o indivíduo e o país, e questionando a ideia tradicional do "descobrimento" como marco fundador da nacionalidade brasileira.

19. (Enem PPL 2016) O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente.

Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a:

  1. forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano
  2. imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
  3. imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.
  4. natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
  5. forma apresenta contornos e detalhes humanos.

Resposta: B

Resolução: O modernismo brasileiro teve uma forte influência das vanguardas europeias, e que esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira de forma definitiva a partir da Semana de Arte Moderna. No quadro "O mamoeiro", é possível observar que a imagem retratada privilegia uma ação moderna e industrializada, que é característica do movimento modernista.

20. (Enem PPL 2015) O peru de Natal

O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.

(ANDRADE, M. In: MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. São Paulo: Objetiva, 2000)

No fragmento do conto de Mário de Andrade, o tom confessional do narrador em primeira pessoa revela uma concepção das relações humanas marcada por:

  1. distanciamento de estados de espírito acentuado pelo papel das gerações.
  2. relevância dos festejos religiosos em família na sociedade moderna.
  3. preocupação econômica em uma sociedade urbana em crise.
  4. consumo de bens materiais por parte de jovens, adultos e idosos.
  5. pesar e reação de luto diante da morte de um familiar querido.

Resposta: A

Resolução: No fragmento do conto de Mário de Andrade, o tom confessional do narrador em primeira pessoa revela uma concepção das relações humanas marcada por distanciamento de estados de espírito acentuado pelo papel das gerações, especificamente pela figura do pai. O narrador descreve a falta de lirismo e exemplaridade do pai e como isso afeta a felicidade familiar, e como as ações dele impedem o aproveitamento da vida e o gosto pelas felicidades materiais.

21. (Enem PPL 2015) Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.

Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

(ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008)

O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar:

  1. resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.
  2. ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.
  3. referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.
  4. descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.
  5. uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

Resposta: E

Resolução: Sim, é correto afirmar que no fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei, a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar o uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional. O uso da linguagem coloquial e a referência aos mitos e lendas brasileiras contribuem para criar uma atmosfera autêntica e próxima da realidade brasileira, e ajudam a valorizar a cultura popular nacional.

22. (Enem 2015) Cântico VI

Tu tens um medo de Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.

Que morres no amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que te renovas todo dia.

No amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que és sempre outro.

Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.

Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

(MEIRELES. C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963)

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,

  1. a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
  2. o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
  3. o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
  4. a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.
  5. um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

Resposta: A

Resolução: Sim, é correto afirmar que a poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em "Cântico VI", o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana, a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar. O poema sugere que a vida é cíclica, e que constantemente estamos morrendo e renascendo em diferentes aspectos de nós mesmos. E o medo de morrer é o que impede a verdadeira eternidade. e a liberdade espiritual.

23. (Enem PPL 2015) Famigerado

Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.

O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá:

— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?

ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque

  1. o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.
  2. o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de aranha”.
  3. entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais.
  4. a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.
  5. a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos incomunicáveis.

Resposta: E

Resolução: Sim, é correto afirmar que a linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos incomunicáveis. O personagem, um sertanejo, tenta entender o significado de uma palavra desconhecida e o narrador se esforça para seguir o seu raciocínio e intenções, mas ainda assim, a comunicação entre eles é difícil e fragmentada. O uso da linguagem peculiar de Guimarães Rosa contribui para a criação de um clima de tensão e ambiguidade, e para a construção de personagens complexas e profundas.

24. (Enem 2014) Camelôs

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:

O que vende balõezinhos de cor

O macaquinho que trepa no coqueiro

O cachorrinho que bate com o rabo

Os homenzinhos que jogam boxe

A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado

E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma.

Alegria das calçadas

Uns falam pelos cotovelos:

− "O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto.

Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”

Outros, coitados, têm a língua atada.

Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.

E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...

E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007)

Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque:

  1. realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira.
  2. promove um reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos.
  3. traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira.
  4. introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova.
  5. constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil

Resposta: C

Resolução: É correto afirmar que uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência ao descrever os camelôs e seus brinquedos de tostão, e como eles oferecem alegria e lições de infância para as pessoas que passam pelas ruas. A descrição desses elementos do cotidiano e a transformação das coisas simples em algo poético e significativo, é o que dá força e expressividade ao poema. A linguagem lírica utilizada pelo autor também contribui para a criação de um clima de nostalgia e saudade do mundo infantil.

Clique Para Compartilhar Esta Página Nas Redes Sociais



Você acredita que o gabarito esteja incorreto? Avisa aí 😰| Email ou WhatsApp