UFU - Sociologia 2025.2

81. (UFU 2025.2) Resumindo: o Brasil se caracteriza por uma grande massa de pessoas de baixa renda que difere de um grupo pequeno de pessoas bem mais ricas que as demais. [...] Metade da população brasileira levaria ao menos dois anos para receber o que o mais pobre do 1% mais rico recebe em um mês.

MEDEIROS, M. Os ricos e os pobres: o Brasil e a desigualdade. SP: Cia das Letras, 2023.

Sobre a desigualdade socioeconômica, é correto afirmar que

  1. decorre das muitas diferenças existentes entre os indivíduos, notadamente no aspecto trabalhista, no qual algumas pessoas têm mais destaque que outras, por conta de fatores não econômicos.
  2. é uma característica da sociedade brasileira, diferenciando os mais ricos dos mais pobres em uma proporção tão grande que dificulta a ascensão material e social da maioria da população.
  3. faz parte das sociedades humanas, está presente em todos os países e deve ser entendida como condição inerente à nossa existência, na medida em somos diferentes.
  4. tende a cair na medida em que mais pessoas compreendam a importância da educação financeira, tenham melhor formação profissional e construam bons objetivos materiais.

Resposta: B

Resolução:

82. (UFU 2025.2) O conceito de imigração pode ser definido por um fenômeno

  1. cultural, no qual uma pessoa se desloca temporariamente de um país para outro, buscando se integrar a uma nova sociedade que atenda melhor seus anseios materiais.
  2. econômico, no qual uma pessoa se desloca temporária ou definitivamente de um país para outro em busca de novas experiências sensoriais e emocionais.
  3. social, no qual uma ou mais pessoas se deslocam de um país para outro para nele se estabelecer temporária ou definitivamente, em busca de melhores condições de vida e de segurança política.
  4. político, no qual uma ou mais pessoas se deslocam de um país para outro para nele se estabelecer temporária ou definitivamente, em busca de conhecer novas culturas e modos de vida diversos.

Resposta: C

Resolução:

83. (UFU 2025.2) Em “Do Espírito das Leis”, de 1748, Montesquieu lançou as bases da Teoria da Separação dos Poderes, ou ‘Freios e Contrapesos’, afirmando que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são autônomos e devem atuar de modo independente e harmônico entre si, de modo

  1. que o Legislativo se dedique a aplicar as leis que o Executivo criou, sendo ambos fiscalizados pelo Judiciário em seu papel político.
  2. a controlar a atuação um do outro, impondo limites, distinguindo funções e coibindo abusos, sem ferir sua autonomia.
  3. a possibilitar a livre atuação de cada poder, sem interferência externa em suas ações e decisões, dentro dos limites da Constituição.
  4. que o Executivo possa legislar, sendo fiscalizado pelo Judiciário que, por sua vez, deve prestar contas ao Legislativo sobre suas decisões.

Resposta: B

Resolução:

84. (UFU 2025.2) Dentre as muitas formas de participação política, que consistem em ações que possam influenciar direta ou indiretamente a tomada de decisões políticas, estão os movimentos sociais, que podem ser definidos como uma ação coletiva que visa modificar a sociedade. Nesse sentido, podem ser considerados exemplos de movimentos sociais, dentre outros,

  1. partidos políticos, escolas de samba, associações não-governamentais que defendem o meio ambiente e torcidas organizadas sem bandeira de lutas específicas.
  2. grupos de leitura, empresas de economia criativa, associações de moradores; organizações não governamentais.
  3. grupos de oração, grupos de caridade, movimento de defesa dos direitos dos animais, grêmios estudantis.
  4. sindicatos, movimentos estudantis, associações de moradores e movimentos de defesa dos direitos de grupos específicos.

Resposta: D

Resolução:

85. (UFU 2025.2) Se os velhos e persistentes enquadres estruturantes do racismo brasileiro colocavam as práticas da macumba para fora do espaço de legitimação do religioso, tomando a macumba como expressão paradigmática do que Luiz Simas descreve como a atribuição aos povos da diáspora negra de uma incapacidade de produzir cosmogonias que ultrapassem o limite de práticas curativas, no Brasil contemporâneo macumba é simultaneamente reclamada por intelectuais como uma epistemologia negra decolonial e fustigada com renovada veemência racista pelo fundamentalismo político de direita como expressão do culto ao diabo pelas religiosidades afro-brasileiras.

CARDOSO, V. Z. 2023. Desdizendo a Performance: Macumba E a proliferação Do Incerto. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 8 (1).

Ao relacionar o argumento de Luiz Simas à forma como as Ciências Sociais se propõem a desnaturalizar a realidade social, diferenciando-se do senso comum, é CORRETO afirmar que

  1. ao reproduzir o racismo, o uso de termos do senso comum, como “macumba”, reduz a dimensão crítica das Ciências Sociais.
  2. todo conhecimento é originado por um grupo social, assim como a macumba, cabendo às Ciências Sociais se afastarem criticarem esta origem.
  3. as Ciências Sociais devem propor uma forma de conhecimento racional capaz de desfazer as crenças religiosas.
  4. a macumba deve ser entendida pelas Ciências Sociais como uma forma de saber, rompendo com as concepções racistas.

Resposta: D

Resolução: As Ciências Sociais têm como um de seus papéis principais desnaturalizar ideias e práticas tidas como óbvias ou "naturais" pelo senso comum. No texto, a macumba é reivindicada como uma epistemologia negra, ou seja, uma forma legítima de produzir conhecimento. A alternativa D é a que melhor expressa essa perspectiva crítica e decolonial.

86. (UFU 2025.2) Para outros fins e conhecimento (por exemplo, jurídicos) ou de finalidades práticas, por outro lado, pode ser conveniente e mesmo inevitável tratar de determinadas formações sociais ("Estado", "cooperativa", "sociedade por ações", "fundação") como se fossem indivíduos (por exemplo, como detentores de direitos e deveres ou como agentes em ações juridicamente relevantes). Para a interpretação compreensível das ações pela Sociologia, ao contrário, essas formações nada mais são do que desenvolvimentos e concatenações e ações específicas de pessoas individuais, pois só estas são portadoras compreensíveis para nós de ações orientadas por um sentido.

WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UnB, 1999.

Essa abordagem weberiana das instituições sociais permite analisar o Estado como

  1. um conjunto de processos pelos quais os indivíduos passam a reconhecer a autoridade estatal.
  2. uma instituição política monolítica dotada de uma lógica de funcionamento própria.
  3. uma forma de dominação legítima baseada na imposição de uma fidelidade tradicional.
  4. uma associação política que restringe seu alcance às atividades econômicas individuais

Resposta: A

Resolução: Segundo Weber, instituições como o Estado são compreendidas como resultado das ações individuais orientadas por significados. Assim, o Estado não é visto como uma entidade com vontade própria, mas como algo construído socialmente. A alternativa A reflete essa ideia, destacando o processo de legitimação da autoridade.

87. (UFU 2025.2) Foi da época da guerra entre a quadrilha de Manoel (da quadra) com a de Zé Pequeno (dos apartamentos) e a de Timbó (das casas de triagem da quadra 13) que me ficaram as representações que mais claramente associavam a "área" ou o "pedaço" a seus defensores "bandidos". Nesta representação positiva dos bandidos, os moradores os consideram como o vingador de seu povo, do seu "pedaço", e o defensor da inviolabilidade do território que ocupam. São eles que efetivamente impedem a entrada de outros bandidos, pivetes, ladrões ou estupradores que não só ameaçariam a segurança dos trabalhadores como manchariam a honra e a dignidade dos moradores daquele local. É essa associação que lhes permite distinguir entre o "bandido formado", isto é, o que conhece as regras do jogo e não ultrapassa os limites de sua atuação, garantindo o respeito e proteção entre moradores, e demais bandidos. Um bandido "formado" não mexe com o trabalhador de sua área, mas o respeita e o defende nesse vácuo deixado por uma ação policial e judiciária ineficiente e pervertida. E precisamente isso que cria a simbiose entre eles, esse infeliz, mas necessário casamento.

ZALUAR, A. A Máquina e a Revolta. Editora Brasiliense. São Paulo, 1985.

Esse trecho é parte da pesquisa realizada pela antropóloga Alba Zaluar sobre diferentes dimensões da vida dos moradores da favela Cidade de Deus, entre elas, a criminalidade. O argumento acima indica como a criminalidade urbana abarca a

  1. irracionalidade dos trabalhadores frente à violência dos bandidos e os limites do sistema judiciário.
  2. associação necessária entre a criminalidade e a pobreza, fruto das desigualdades sociais.
  3. criação de um Estado com regras impostas apenas pelos bandidos, dado a inabilidade da força policial.
  4. presença de categorias locais de classificação da violência, que não correspondem as formas estatais.

Resposta: D

Resolução: A pesquisa de Zaluar mostra como os moradores distinguem entre tipos de "bandidos", criando classificações próprias baseadas em critérios de proteção e respeito à comunidade. Isso evidencia um sistema local de classificação da violência, diferente da lógica estatal e jurídica formal.

88. (UFU 2025.2) No geral, o capital humano é o conjunto de competências, conhecimentos e habilidades dos profissionais que fazem parte da organização, ou seja, é a combinação das qualidades dos profissionais, somados à capacidade de: desenvolver as atividades conforme as necessidades do projeto, gerar inovação e melhoria nos processos, produtos e serviços e realizar o trabalho alinhado aos objetivos e metas da empresa. Esses componentes ajudam o colaborador a desempenhar suas atividades e contribuir efetivamente para os objetivos e metas do negócio.

REVISTA EXAME, 2022. Disponível em: https://exame.com. Acesso em: 28 jan. 2025.

Considerando que o texto acima insere-se no debate em torno do conceito de neoliberalismo, o capital humano é entendido como

  1. um conjunto de disposições subjetivas e práticas que reduzem o indivíduo a uma lógica economicista do mundo.
  2. parte do processo de mercadorização dos indivíduos por meio do fortalecimento da regulação estatal.
  3. uma busca pelo controle do trabalhador em meio a um contexto de consolidação do sindicalismo.
  4. elemento do trabalho flexível que permite ao trabalhador-empreendedor assumir o controle sobre o seu trabalho.

Resposta: A

Resolução: O neoliberalismo enfatiza o indivíduo como um "empreendedor de si", responsável por investir continuamente em si mesmo para se tornar competitivo no mercado. O conceito de "capital humano", nesse contexto, reduz a subjetividade a uma lógica de desempenho e produtividade, como aponta a alternativa A.