Fuvest - História 2024
01. (Fuvest 2024) Observe o mapa da expansão da cafeicultura nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro nos séculos XIX e XX.

- Iniciada no Vale do Paraíba do Sul, entre São Paulo e Rio de Janeiro, na década de 1830, a cafeicultura teve pouco êxito nessa região pelas dificuldades de cultivo, em função do clima frio e da escassez de trabalho escravizado.
- A expansão da produção cafeeira no estado de São Paulo se deu em direção à zona oriental do estado, na década de 1850, em decorrência da infraestrutura de transporte existente na região e da presença de trabalho assalariado.
- O início da cafeicultura no estado de São Paulo se deu na região oeste, na década de 1930, em decorrência da expansão da produção no norte do Paraná, com expansão para o oeste paulista, aproveitando-se da qualidade do solo.
- A produção cafeeira, nos séculos XIX e XX, concentrava-se nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com a introdução de novas variedades altamente produtivas e resistentes ao clima frio dessas regiões.
- Expandindo-se na direção oeste do território paulista, a produção cafeeira impulsionou, nos séculos XIX e XX, a estruturação econômica do estado de São Paulo, impactando o desenvolvimento da malha ferroviária e portuária.
02. (Fuvest 2024) “Industrializar é uma condição de vida, é uma absoluta e imperiosa necessidade, é mesmo um dever de que já não está ao nosso alcance declinar. Nem que o quiséssemos, não poderíamos sobreviver conservando-nos nação pastoril e agrícola, no velho estilo, exportando café e umas poucas matérias-primas [...] Industrializar um país não é uma obra mágica que possa ser feita sem preparo, ao simples sopro de uma aspiração. É necessário que exista uma mentalidade industrial, um estado de espírito propício ao desenvolvimento, é necessário que existam gerações preparadas para a ação.”
OLIVEIRA, Juscelino Kubitschek de. Industrialização: batalha pela própria sobrevivência da nacionalidade. São Paulo: Serviço de Publicações da Federação e Centro das Indústrias do Estado de S. Paulo, 1957. p.9-10.
A “mentalidade industrial”, proposta pelo então presidente Juscelino Kubitschek, concretiza-se em seu governo (1956- 1961) sob a forma
- de grandes investimentos na educação básica e na fundação de centros de pesquisa.
- de incentivos à diversificação e mecanização da produção agrícola.
- da implantação de formas racionais de organização do trabalho.
- da ação governamental embasada em concepção nacionalista e trabalhista.
- de um projeto desenvolvimentista amparado por incentivos e captação de recursos estrangeiros.
03. (Fuvest 2024) O mapa a seguir retrata o Nordeste da África e a Península Arábica, no século IV.

Considerando as rotas comerciais representadas no mapa, pelas quais se transportavam, por exemplo, cereais, marfim e escravizados, e que envolviam sociedades antigas, em especial os reinos de Axum, Cuxe e Egito, é correto afirmar que
- o comércio praticado no nordeste da África isolava a região de outras áreas do continente.
- os comerciantes do Egito participavam apenas de rotas comerciais marítimas.
- as atividades mercantis do Reino de Axum conectavam o Mediterrâneo ao Oceano Índico.
- as rotas terrestres e marítimas na África e na Península Arábica não se conectavam umas às outras.
- a cidade de Berenice se colocava como obstáculo ao comércio do Mediterrâneo com o interior da África.
04. (Fuvest 2024) A charge de Angelo Agostini foi publicada em 1880, em meio aos debates sobre a Lei dos Sexagenários no parlamento brasileiro.

A charge
- endossa a defesa, pelos setores políticos liberais, do emprego de trabalhadores brancos, representados nas laterais do monumento.
- critica a concepção de independência manifesta na estátua equestre de Pedro I e a defesa da extinção do tráfico de escravizados.
- expõe a contradição entre a liberdade expressa na estátua equestre de Pedro I e as mazelas enfrentadas pelos escravizados.
- defende a manutenção da escravidão, em oposição à exploração do trabalho compulsório de indígenas e de imigrantes europeus.
- expressa a indignação dos proprietários rurais, grupo social hegemônico, diante da redução gradual do trabalho escravo.
05. (Fuvest 2024) “Para praticar a agricultura, os tupis derrubavam árvores e faziam a queimada – técnica que iria ser incorporada pelos colonizadores. Plantavam feijão, milho, abóbora e principalmente mandioca, cuja farinha se tornou também um alimento básico da Colônia. A economia era basicamente de subsistência e destinada ao consumo próprio. Cada aldeia produzia para satisfazer a suas necessidades, havendo poucas trocas de gêneros alimentícios com outras aldeias.
Mas existiam contatos entre elas para a troca de mulheres e de bens de luxo, como penas de tucano e pedras para se fazer botoque. Dos contatos resultavam alianças em que grupos de aldeias se posicionavam uns contra os outros. A guerra e a captura de inimigos – mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico – eram elementos integrantes da sociedade tupi. Dessas atividades, reservadas aos homens, dependiam a obtenção de prestígio e a renovação das mulheres.”
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. p.40.
De acordo com o texto, é correto afirmar que, no período colonial brasileiro, as sociedades pertencentes ao tronco linguístico Tupi
- praticavam o canibalismo devido à escassez de alimentos nas regiões em que viviam.
- desenvolviam uma cultura agrícola de subsistência que não abolia a existência de sistemas de troca.
- cultivavam produtos agrícolas que deixaram de ser consumidos após a chegada dos colonizadores.
- organizavam-se em unidades políticas autônomas, que evitavam contatos comerciais entre si.
- realizavam rituais em que homens e mulheres desempenhavam funções idênticas.
06. (Fuvest 2024) “O plano dos Estados Unidos de derrubarem a Revolução já estava esboçado na ocasião em que Mikoyan [vice-líder no governo soviético de Nikita Kruschev] visitou Havana, em fevereiro de 1960 (...). A CIA propunha a sabotagem das refinarias de açúcar de Cuba, a principal fonte de riqueza da ilha. (...)
Como prometido, Fidel Castro reagiu contra os Estados Unidos (...). Ele anunciou a nacionalização de todas as propriedades norte-americanas importantes da ilha. (...) Numa frase sinistra (...), Castro salientou que a Cuba revolucionária tinha agora o apoio militar de fora do continente. Cuba ‘aceitaria com gratidão’, disse ele, ‘a ajuda dos foguetes da União Soviética (...)’.
Naquele mês, a lenha fora jogada na fogueira, quando Castro chegou a Nova York para falar na Assembleia Geral da ONU, instalando-se no Harlem. (...)
Castro ficou no [hotel] Theresa, cercado por um grupo de admiradores (...) e numa tarde memorável foi visitado pelo líder soviético. (...) Kruschev escreveu nas suas memórias que ‘indo a um hotel negro num bairro negro, nós estávamos fazendo uma dupla demonstração contra as políticas discriminatórias dos Estados Unidos em relação aos negros, assim como em relação a Cuba’”.
GOTT, Richard. Cuba: uma nova história. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. p.210-213. Adaptado.
As tensões políticas abordadas no texto referem-se
- à indecisão de Fidel Castro sobre o alinhamento político de Cuba na Guerra Fria e ao isolamento da ilha em relação a outros debates políticos da época.
- às garantias do governo revolucionário em Cuba aos capitais norte-americanos e à salvaguarda dos direitos civis da população negra na ilha.
- à aliança entre Cuba e URSS selada na origem da guerrilha em Sierra Maestra e à consequente oposição dos EUA ao movimento insurgente.
- ao gradual alinhamento entre Cuba e a URSS e ao aceno dos dois governantes de apoio ao movimento negro norteamericano.
- à articulação entre os governos da URSS e dos EUA para enfraquecer Fidel Castro e os movimentos sociais no Harlem.
07. (Fuvest 2024) “Em uma onda sem precedentes de medo, confusão e pânico, hoje quase 13 milhões de ações mudaram de mãos na Bolsa de Valores de Nova York. Corretores atordoados atravessaram um mar de papel segurando ordens de investidores assustados para ‘vender a qualquer preço’.”
“Wall Street cai”. The Guardian (Londres), 24/10/1929, p.1.
“O mercado esteve ontem numa situação de verdadeiro pânico. Em São Paulo pedem-se a moratória e a emissão de papel-moeda. O presidente da República receberá hoje uma comissão do comércio de Santos.”
“A crise do café”. Correio da Manhã (Rio de Janeiro), 29/10/1929, p.1.
Os excertos, extraídos de matérias jornalísticas publicadas à época, relatam reações ante a Crise de 1929.
Essa crise
- atingiu as atividades agrícolas, incentivou a mecanização do processo produtivo e a absorção dos trabalhadores pelo setor industrial.
- afetou as bases do liberalismo econômico, obrigando a intervenção do Estado por meio de regulações e investimentos.
- impulsionou a indústria do entretenimento, responsável por forjar comportamentos que se opunham ao pessimismo.
- favoreceu a substituição do dólar pela libra esterlina enquanto moeda empregada no comércio internacional.
- contribuiu para o desenvolvimento industrial com a substituição de importações e a ampliação do crédito para investimentos.
08. (Fuvest 2024) “Na coluna do ativo como na do passivo, seria difícil exagerar o papel do açúcar na história do Brasil colonial. Se ele foi o produto que proporcionou a base inicial solidamente econômica para o esforço do colonizador, foi também o que plasmou o regime de propriedade latifundiária, instalou a escravidão africana na América portuguesa e, no seu exclusivismo, inibiu o desenvolvimento da policultura (...), embora estimulando, em áreas apartadas, a pecuária e a lavoura de subsistência. (...) Ele desenvolveu um estilo de vida que marcou a existência de todas as camadas da população que integrou, reservando, contudo, seus privilégios a uns poucos.”
MELLO, Evaldo Cabral de. Um imenso Portugal: História e historiografia. São Paulo: Ed. 34, 2002. p.110.
O texto indica que, no Nordeste açucareiro dos séculos XVI e XVII,
- a mão de obra de escravizados de origem africana e indígena era empregada nos canaviais, na pecuária e na lavoura de subsistência.
- a distribuição de terras baseava-se na concessão, pela Coroa portuguesa, de privilégios e pequenos lotes a donatários.
- os privilégios concentravam-se nas mãos dos senhores de engenho, em detrimento da população escravizada ou livre e pobre.
- o desenvolvimento de relações socioeconômicas fundadas na horizontalidade recebia estímulos governamentais.
- o modo de produção feudal prevaleceu na exploração agrícola pela metrópole.