Papel e Limites Do Humor
UFRGS 2013 - Papel e Limites Do Humor
Chamamos atenção para isto: não há comicidade fora do que é propriamente humano. Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou feia, porém jamais risível. Riremos de um animal, mas porque teremos surpreendido nele uma atitude de homem ou certa expressão humana. Riremos de um chapéu, mas, no caso, o cômico não será um pedaço de feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu, o molde de fantasia humana que ele assumiu. [...] Já se definiu o homem como "um animal que ri". Poderia também ter sido definido como um animal que faz rir, pois se outro animal o conseguisse, ou algum objeto inanimado, seria por semelhança com o homem, pela característica impressa pelo homem ou pelo uso que o homem dele faz.
BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
O trecho acima foi extraído do livro O riso, uma reunião de três artigos publicados por Bergson, em 1899, que constituem um verdadeiro tratado sobre o humor.
O tema abordado pelo filósofo permanece atual, como se pode depreender do aumento significativo do espaço social reservado às manifestações humorísticas. No Brasil, muito se produz em matéria de humor. Nos jornais de grande circulação, escritores e chargistas fazem diariamente a crônica bem humorada da política e dos costumes. Emissoras de rádio destinam espaços valorizados a programas que debatem temas atuais em uma atmosfera descontraída, com estímulo a brincadeiras e a comentários jocosos. Emissoras de televisão, além de contarem com os tradicionais programas humorísticos, têm investido em novos formatos, como entrevistas com apresentadores comediantes e programas que fazem um misto de jornalismo e humor. Casas de teatro têm sido palco para uma nova leva de humoristas, que, com apenas um microfone e muitas histórias para contar, divertem plateias cada vez mais numerosas. Na internet, além dos sites que reproduzem piadas de autoria desconhecida, há os que apresentam uma produção própria, com textos, vídeos e charges animadas, satirizando políticos e celebridades.
A profusão dessas manifestações revela uma ampla liberdade de expressão, para cuja conquista o humor também teve sua parcela de contribuição. Jornalistas, escritores e comediantes saúdam essa liberdade, entendendo que o espaço para o humor não está a serviço apenas da diversão, mas também da crítica social. Há, contudo, quem considere que, no exercício dessa liberdade, excessos estejam sendo cometidos. Em resposta a isso, alguns afirmam não ser possível provocar o riso sem incomodar, já que o humor se constrói a partir de um olhar crítico sobre o comportamento humano.
Considerando a popularidade atual do humor, manifestado nas mais diversas formas, em diferentes meios de comunicação, e as reações da sociedade a essas manifestações, redija uma dissertação sobre "o papel e os limites do humor na sociedade".
Instruções:
A versão final do seu texto deve:
1. conter um título na linha destinada a esse fim;
2. apresentar argumentos para a defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto;
3. ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas;
4. ser escrita, na folha definitiva, à caneta e com letra legível, de tamanho regular.