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Trovadorismo

O Trovadorismo foi um movimento literário e poético que se iniciou no século XI, tendo o seu fim no século XIV, sendo o primeiro movimento artístico da língua portuguesa.

O que foi o Trovadorismo?

O Trovadorismo foi um movimento literário e poético que se iniciou no século XI, tendo o seu fim no século XIV, sendo o primeiro movimento artístico da língua portuguesa, e um dos mais importantes da época, juntamente com os romances ou novelas de cavalaria que foi um gênero literário que se encontra, principalmente, em prosa.

O Trovadorismo se inicia ligado à formação do Estado de Portugal, sendo a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia), o registro histórico mais antigo, sendo escrito em galego-português.

O Trovadorismo unia fortemente a música e a poesia, sendo composto pelas cantigas líricas e satíricas.

As cantigas líricas tinham como o seu foco os sentimentos e emoções.

Já as cantigas satíricas continham críticas diretas (muitas vezes citando nomes), ou indiretas.

Contexto Histórico

O Contexto Histórico do trovadorismo está inserido na Idade Média, período marcado pelo domínio da igreja católica na Europa, resultando em uma sociedade religiosa, lembrando que a maior parte da população não sabia ler, sendo assim a maior parte do registro oral.

No período existia a dominância da ideia do teocentrismo, onde Deus era o centro do mundo, e segundo a igreja católica, o rei tinha o seu poder dado por Deus, logo os reis eram cristãos.

O sistema econômico vigente era o feudalismo, sendo os feudos grandes extensões de terras, que tinham como seus donos, os senhores feudais. Os donos dos feudos ofereciam pedaços de terras e segurança, em troca de impostos e lealdade das parte dessas pessoas, criando uma relação de suserania.

O Suserano é aquele que oferece proteção, uma vez que era muito comum guerras e invasões, e vassalagem que vivia em uma situação bem crítica, produzia alimentos, artefatos etc.

Cabe ressaltar que a sociedade era estratificada, ou seja, era improvável subir na pirâmide da sociedade da época.

Classificação das cantigas

As cantigas são os principais registros da época, tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer.

Cantigas Líricas

A cantiga de amor

Nela o cavalheiro idealiza a mulher amada, que é de uma posição maior na estrutura social, logo a consolidação desse amor é impossível. Um ponto a se observar é que a amada é chamada de “senhor”, umas vez que palavras terminadas em or no galego-português não tinha feminino.

Estes meus olhos nunca perderan,

senhor, gran coyta, mentr’ eu vivo fôr;

e direy-vos, fremosa mia senhor,

d’estes meus olhos a coyta que an:

choran e cegan, quand’alguen non veen,

e ora cegan por alguen que veen.

Guisado teen de nunca perder

meus olhos coyta e meu coraçon,

e estas coytas, senhor, mias son:

mays los meus olhos, por alguen veer,

choran e cegan, quand’alguen non veen,

e ora cegan por alguen que veen.

E nunca ja poderey aver ben,

poys que amor já non quer nen quer Deus;

mays os cativos d’estes olhos meus

morrerán sempre por veer alguen:

choran e cegan, quand’alguen non veen,

e ora cegan por alguen que veen.



O Alaúde era um dos instrumentos usados pelos trovadores

A cantiga de amigo

O eu poético da cantiga de amigo é feminina, porém os seus autores são homens.

Mal me tragedes, ai filha,

porque quer'haver amigo,

e pois eu, con vosso medo,

non o hei, nen é comigo,

non hajade-la mia graça

e dé-vos Deus, ai mia filha,

filha que vos assí faça,

filha que vos assí faça.


Sabedes ca sen amigo

nunca foi molher viçosa,

e, porque mi o non leixades

haver, mia filha fremosa,

non hajade-la mia graça

e dé-vos Deus, ai mia filha,

filha que vos assí faça,

filha que vos assí faça.


Pois eu non hei meu amigo,

non hei ren do que desejo,

mais, pois que mi por vós vẽo,

mia filha, que o non vejo,

non hajade-la mia graça

e dé-vos Deus, ai mia filha.

filha que vos assí faça,

filha que vos assí faça.


Per vós perdí meu amigo,

por que gran coita padesco,

e, pois que mi o vós tolhestes

e melhor ca vós paresco,

non hajade-la mia graça

e dé-vos Deus, ai mia filha,

filha que vos assí faça,

filha que vos assí faça.


Cantigas Satíricas

A cantiga de escárnio

Tem críticas indiretas, e o alvo não é identificado, além de ter em sua estrutura o uso de trocadilhos e ambiguidades.

As mias jornadas vedes quaes som,

meus amigos, meted'i femença:

de Castr'a Burgos e end'a Palença,

e de Palença sair-mi a Carrion

e end'a Castro; e Deus mi dê conselho,

ca vedes: pero vos ledo semelho,

muit'anda trist'o meu coraçom.


E a dona que m'assi faz andar

casad'é, ou viúv'ou solteira,

ou touquinegra, ou monja ou freira;

e ar se guarde quem s'há por guardar,

ca mia fazenda vos dig'eu sem falha;

e rog'a Deus que m'ajud'e mi valha

e nuncas valh'a quem mi mal buscar.


E nom vos ous'eu dela mais dizer

de como...............................

nom há i tal que logo nom..........

.....................que em seu parecer

nom...............................

[...]


A cantiga de maldizer

A cantiga de maldizer é mais pesada, sem o uso de duplo sentido, porém trazendo sátiras diretas, e palavras de baixo calão, trazendo ou não o nome da pessoa alvo.

"Ai dona fea! Foste-vos queixar

Que vos nunca louv'en meu trobar

Mais ora quero fazer un cantar

En que vos loarei toda via;

E vedes como vos quero loar:

Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!

E pois havedes tan gran coraçon

Que vos eu loe en esta razon,

Vos quero já loar toda via;

E vedes qual será a loaçon:

Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei

En meu trobar, pero muito trobei;

Mais ora já en bom cantar farei

En que vos loarei toda via;

E direi-vos como vos loarei:

Dona fea, velha e sandia!"