Revolta dos Farrapos
Em 1835, a Farroupilha eclodiu. Liderados por Bento Gonçalves, Davi Canabarro, Bento Manuel Ribeiro e contando com a participação do italiano José Garibaldi, os revoltosos tomaram Porto Alegre. Com a ajuda das "companhias de guerrilhas", organizadas pelos estancieiros, o movimento estendeu-se por toda a província.
Proclamação da República de Piratini pelos farrapos, em 1838. Óleo sobre tela de Antônio Parreiras, 1915. Domínio público, Museu Antônio Parreiras
Os farrapos conseguiram algumas vitórias, até que, em 1836, as forças imperiais conseguiram retomar Porto Alegre. No mesmo ano, Bento Gonçalves foi preso e enviado para a Bahia (Forte do Mar). O comando dos farrapos passou para José Gomes de Vasconcelos Jardim.
Em setembro de 1837, Bento Gonçalves conseguiu fugir da prisão – ao que parece, com a ajuda dos maçons –, embarcando para Buenos Aires, de onde voltou para o Rio Grande do Sul, reassumindo o comando rebelde.
Expedição a Laguna, em Santa Catarina, onde os farrapos proclamaram a República Juliana, em 1839. Óleo sobre tela de Lucílio Albuquerque. Domínio público, Instituto de Educação Flores da Cunha
Em 1838 foi proclamada a República de Piratini, ou Rio-Grandense. Por meio de manifestos, o governo da nova República esclarecia as razões do movimento e atacava diretamente "a corte viciosa e corrompida".
Em 1839, a revolta atingiu a província de Santa Catarina, onde os rebeldes tomaram Laguna e proclamaram a República Juliana. Foi em Santa Catarina, nesse mesmo ano, que Garibaldi conheceu sua mulher, a brasileira Ana Maria de Jesus Ribeiro, chamada de Anita Garibaldi. Anita Garibaldi, heroína brasileira, teve participação ativa ao lado de Garibaldi e, em 1848, quando o marido voltou para a Itália, ela o acompanhou e lutou junto com ele pela Unificação Italiana.
Com o Golpe da Maioridade, que deu início ao governo pessoal de D. Pedro II, em 1840, o governo concedeu anistia aos presos políticos do Período Regencial. Os rebeldes gaúchos não a aceitaram e continuaram a luta.
Eles não queriam a separação da província do resto do Império, o que causaria a perda do mercado interno do charque, formado pelas outras províncias, principalmente as do Centro-Sul. Defendendo ideias federalistas, procuravam na verdade preservar sua autonomia política e administrativa e seus interesses econômicos.
Em 1842, Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, que acabara de esmagar a Balaiada, foi nomeado presidente e chefe militar da província do Rio Grande do Sul. Iniciando a chamada política de pacificação, Caxias, com o apoio de Bento Ribeiro, antigo líder dos farrapos, aproveitou-se das divisões entre os rebeldes para fazer acordos em separado com seu chefes. Além disso, conseguiu impedir que os farroupilhas continuassem a receber armamentos vindos do Uruguai.
Cavalaria farroupilha. O acordo de paz proposto pelo então Barão de Caxias incluía a reintegração ao Exército dos militares que haviam aderido à revolta. Óleo sobre tela de Guilherme Litran, 1893. Domínio público, Museu Júlio de Castilhos
Em 1845, Caxias firmou com Davi Canabarro a Paz do Ponche Verde. Encerrava-se a Revolta dos Farrapos. O acordo de paz foi muito vantajoso para os farroupilhas: anistia aos revoltosos; integração dos oficiais rebeldes ao Exército Imperial com suas patentes; liberdade para os escravos que haviam participado da guerra; taxação sobre o charque platino importado; pagamento, pelo Império, das dívidas da guerra; e indicação, pelos farrapos, do presidente de sua província.
Ao contrário do que ocorrera em outras províncias, o tratamento dispensado aos rebeldes do Sul foi bastante diferente. O governo mais negociou e cedeu do que reprimiu. Afinal de contas, os farrapos não deixavam de fazer parte da "boa sociedade". Embora o movimento não tenha realizado a federação, consolidou o poder dos estancieiros no Sul. Ainda em 1845, D. Pedro II visitou o Rio Grande do Sul, concretizando a reaproximação entre os membros da "boa sociedade", os que governavam a casa – as estâncias – e o Estado – o governo. Luís Alves de Lima e Silva foi eleito senador pela província, recebendo o título de Conde de Caxias.
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