A aventura da colonização criava a colônia, um território e sua população submetidos à dominação política e jurídica de uma metrópole. A colonização do vasto sertão sob a direção da Coroa portuguesa estabelecia uma relação colonial.
Colônias enquanto regiões submetidas ao poder de um Estado metropolitano existiram em diferentes momentos das experiências históricas vividas pelos homens. E, em cada um desses momentos, a experiência da relação colonial assumiu um caráter particular.
Durante a Idade Moderna, as relações entre a metrópole – o Reino português – e a colônia – a Terra do Brasil – estiveram sempre referidas aos sentidos ou objetivos da expansão marítima. Naquela época, a colônia era vista como o espaço que possibilitava a concretização dos interesses mercantis e religiosos que moviam aquela expansão. Era o território onde deveria ocorrer a expansão da Fé e do Império, ampliando-se, assim, o número de súditos da monarquia portuguesa e de fiéis da Igreja. E a colônia deveria existir em benefício da metrópole, assegurando-lhe riqueza, poder e prestígio no conjunto dos Estados modernos europeus.
O Mapa dos Dois Hemisférios do Mundo, de Cornelis van Wytfliet, publicado no final do século XVI, mistura a mitologia grega – de que a Terra seria sustentada por Atlas – ao conhecimento adquirido com a descoberta de novos mundos pelos europeus. Domínio público. In: The Scottish Geografical Magazine, 1900
As relações metrópole-colônia nos tempos modernos possuíam uma outra marca distintiva, também decorrente do modo como se dera a expansão marítima: o monopólio ou o "exclusivo", como então se costumava dizer.
Os navegadores portugueses haviam enfrentado o Mar Tenebroso. Desejavam controlar, com exclusividade para o Reino, o comércio dos produtos que encontrassem e os caminhos que a eles conduzissem. Os missionários aproximavam-se dos pagãos e infiéis para convertê-los à fé cristã, ou seja, monopolizar suas almas. E o soberano português esperava transformar as populações que habitavam terras distantes em súditos do Estado absoluto que governava.