República Velha
Lista de 12 exercícios de História com gabarito sobre o tema República Velha com questões do Enem.
Confira as videoaulas, teoria e questões sobre: Brasil República.
01. (Enem 2016) As camadas dirigentes paulistas na segunda metade do século XIX recorriam à história e à figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da colonização, os habitantes de Piratininga (antido nome de São Paulo) tinham sido responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integração territoral que promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda como fundadores da unidade nacional. Representavam a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil.
ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 34, 1 jul. 2008 (adaptado).
No período da história nacional analisado, a estratégia descrita tinha como objetivo
- promover o pioneirismo industrial pela substituição de importações.
- questionar o governo regencial após a descentralização administrativa.
- recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café com leite.
- aumentar a participação política em função da expansão cafeeira.
- legitimar o movimento abolicionista durante a crise do escravismo.
02. (Enem 2014) O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos estados é a política nacional”.
CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado).
Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma estratégia política no sentido de:
- governar com a adesão popular.
- atrair o apoio das oligarquias regionais.
- conferir maior autonomia às prefeituras
- democratizar o poder do governo central.
- ampliar a influência da capital no cenário nacional
03. (Enem 2014) A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que começa a ser construída apenas em 1905, foi criada, ao contrário das outras grandes ferrovias paulistas, para ser uma ferrovia de penetração, buscando novas áreas para a agricultura e povoamento. Até 1890, o café era quem ditava o traçado das ferrovias, que eram vistas apenas como auxiliadoras da produção cafeeira.
CARVALHO, D. F. Café, ferrovias e crescimento populacional: o florescimento da região noroeste paulista. Disponível em: www.historica.arquivoestado.sp.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2012.
Essa nova orientação dada à expansão ferroviária, durante a Primeira República, tinha como objetivo a:
- articulação de polos produtores para exportação.
- criação de infraestrutura para atividade industrial.
- integração de pequenas propriedades policultoras.
- valorização das regiões de baixa densidade demográfica
- promoção de fluxos migratórios do campo para a cidade
04. (Enem PPL 2013) No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato, uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições de vida da população.
BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro. In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A.N. O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
O texto refere-se à reforma urbanística ocorrida na capital da República, na qual a ação governamental e seu resultado social encontram-se na:
- Cobrança de impostos — ocupação da periferia.
- Destruição de cortiços — revolta da população pobre.
- Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.
- Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana.
- Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores.
05. (Enem PPL 2013)
Eu mesmo me apresento: sou Antônio:
sou Antônio Vicente Mendes Maciel
(provim da batalha de Deus versus demônio
Com a res publica marca de Caim).
Moisés, do Êxodo ao Deuteronômio,
Sou natural de Quixeramobim,
O Antônio Conselheiro deste chão
Que vai ser mar e o mar vai ser sertão.
ACCIOLY, M. Antônio Conselheiro. In: FERNANDES, R. (Org.). O clarim e a oração: cem anos de Os sertões. São Paulo: Geração Editorial, 2001.
O poema, escrito em 2001, contribui para a construção de uma determinada memória sobre o movimento de Canudos, ao retratar seu líder como
- crítico do regime político recém-proclamado.
- partidário da abolição da escravidão.
- contrário à distribuição da terra para os humildes.
- defensor da autonomia política dos municípios.
- porta-voz do catolicismo ortodoxo romano.
06. (Enem PPL 2011) Antes de tomar posse no seu cargo, ainda na Europa, Rio Branco agira no sentido de afastar o perigo imediato do Bolivian Syndicate, empresa estadunidense, e propusera a compra do território do Acre. Recusada essa ideia, propôs o Governo brasileiro a troca de territórios e ofereceu compensação, como a de favorecer, por uma estrada de ferro, o tráfego comercial pelo rio Madeira, entendendo-se diretamente com o Bolivian Syndicate.
RODRIGUES, J. H.; SEITENFUS, R. Uma História Diplomática do Brasil: 1531-1945. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995 (adaptado).
O texto aborda uma das questões fronteiriças enfrentadas no período em que José da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores (1902-1912).
A estratégia de entendimento direto do Brasil com a empresa Bolivian Syndicate, que havia arrendado o Acre junto ao governo boliviano, explica-se pela
- proteção à população indígena.
- consolidação das guerras de conquista.
- implementação da indústria de borracha.
- negociação com seringueiros organizados.
- preocupação com intervenção imperialista.
07. (Enem 2011) Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado).
A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.
TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado).
Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização:
- A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças
- As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período.
- As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas
- A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
- A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias.
08. (Enem 2011) “Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural.”
(LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976 (adaptado))
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social:
- igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda.
- estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes.
- tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica.
- ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia.
- agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional.
09. (Enem PPL 2010)
O mestre–sala dos mares
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre–sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam nas costas
dos negros pelas pontas das chibatas..
BLANC, A.; BOSCO, J. O mestre–sala dos mares. Disponível em: www.usinadeletras.com.br. Acesso em: 19 jan. 2009.
Na história brasileira, a chamada Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, e descrita na música, foi
- a rebelião de escravos contra os castigos físicos, ocorrida na Bahia, em 1848, e repetida no Rio de Janeiro.
- a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de marinheiros dos navios que faziam o tráfico negreiro.
- o protesto, ocorrido no Exército, em 1865, contra o castigo de chibatadas em soldados desertores na Guerra do Paraguai.
- a rebelião dos marinheiros, negros e mulatos, em 1910, contra os castigos e as condições de trabalho na Marinha de Guerra.
- o protesto popular contra o aumento do custo de vida no Rio de Janeiro, em 1917, dissolvido, a chibatadas, pela polícia.
10. (Enem PPL 2009) Na primeira República, uma grande parcela da população brasileira vivia na mais extrema miséria, ou seja, convivia com os baixos salários, sem terras, devido à concentração fundiária, e explorada pelos coronéis. Uma forma de reação era a organização da população por meio de movimentos sociais, tendo alguns caráter messiânico, e outros sendo caracterizados como banditismo social. Os movimentos messiânicos misturavam misticismo, revolta e política.
Entre os fatos importantes que marcaram os movimentos messiânicos, inclui-se
- o combate do governo brasileiro ao movimento de Antônio Conselheiro e seus seguidores, os quais pregavam a abolição da propriedade privada, recusavam-se a pagar os impostos e manifestavam sua aspiração monarquista.
- a extrema violência da quarta e última expedição contra o arraial de Canudos, durante a qual as casas foram saqueadas e incendiadas, os conselheiristas, mortos e degolados, e apenas as crianças foram poupadas.
- a Guerra do Contestado, liderada pelo beato José Maria, ocorrida após a conclusão da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul, quando cerca de oito mil operários ficaram desempregados e, então, se juntaram ao beato para fundarem uma aldeia milenarista e republicana.
- a liderança político-religiosa do Padre Cícero, que propunha a necessidade de se criar a sociedade justa pregada por Jesus Cristo, para corrigir e punir as injustiças, e, por causa disso, foi perseguido pelos coronéis.
- a conclamação à população sertaneja feita por José Virgulino, conhecido por Lampião, para pegassem as armas e impedissem a assinatura do Pacto dos Coronéis, pelo qual vários chefes políticos cearenses pretendiam unir-se para sustentar a oligarquia Acciolly.
11. (Enem PPL 2009) Leia o fragmento sobre as manifestações musicais da sociedade brasileira no início da República apresentado a seguir.
O carteiro Joaquim dos Anjos não era homem de serestas e serenatas, mas gostava de violão e de modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estimado, não o sendo atualmente como outrora. Acreditava–se até músico, pois compunha valsas, tangos e acompanhamentos para modinhas. Aprendera a "artinha" musical na terra do seu nascimento, nos arredores de Diamantina, e a sabia de cor e salteado; mas não saíra daí.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. In: Flávio Moreira da Costa (org.) Aquarelas do Brasil: contos da nossa música popular. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações de Passatempos e Multimídia Ltda, 2006, p.59.
A expressão “artinha” revela
- a absorção de manifestações culturais influenciadas pela alta burguesia.
- o lugar de destaque que as modinhas sempre ocuparam na vida do brasileiro.
- o reconhecimento da música ao lado de manifestações culturais, como serenatas e serestas.
- o preconceito que existia em relação às manifestações musicais de origem popular.
- o gosto do brasileiro por músicas clássicas, cuja origem remonta ao interior do Brasil.
12. (Enem 2006) No principio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São Paulo. João de Laet davalhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.
*homiziados: escondidos da justiça Nelson Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comercio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no inicio do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo e, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico:
- maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina.
- atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e Recife, associado à escravidão, inexistente em São Paulo.
- avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo comercio dessa cidade com as Índias.
- desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e industrial no Sudeste.
- destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco quando da ocupação holandesa.